Todo o show: R.E.M. ao vivo na Alemanha, em 1985

Vi no Marcelo.

Why Pink Floyd?

No final do mês, a EMI começa a dissecar toda a discografia do Pink Floyd em uma série de lançamentos e caixas de discos que fazem parte do projeto Pink Floyd Discovery. A primeira etapa do cronograma é o relançamento de Dark Side of the Moon, Wish You Were Here e The Wall em caixas que os esmiuçam ao nível da paranóia. Sente o tamanho do problema, a partir do disco do prisma:

Wish You Were Here segue o mesmo padrão (veja o vídeo aqui), como deverá seguir The Wall, ainda sem trailer. O Marcelo dá mais detalhes dos lançamentos – e quem deu a dica foi a Fernanda.

John Lennon e Paul McCartney em 1960

Ainda tou digerindo isso, é muito pra cabeça do cidadão: que tal essas gravações caseiras de John e Paul em 1960, sem bateria, com o baixo ocasional de Stuart Sutcliffe nas únicas gravações que se tem notícia do sujeito? Ainda não consegui assimilar, mas esse presentaço que o Marcelo arrumou nos 46 do segundo tempo deste ano (todos os MP3 aqui) já se firma como um dos grandes momentos de 2010. Que ano!


John Lennon + Paul McCartney – “One After 909

Legião Urbana FAIL


Compare a largura das faixas nas duas versões (foto: Marcelo Costa)

O Marcelo flagrou uma cagada master em pelo menos um dos itens da reedição da discografia do Legião Urbana em vinil. Não sem antes dar uma espezinhada necessária com o preço do novo formato (pra lá dos 100 reais, um preço claramente chutado pra cima), Mac compara o lado B do primeiro disco do Legião, batizado apenas com seu nome. Embora o rótulo dos vinis apresente a ordem correta, o que se ouve nos sulcos é um shuffle analógico, que em nada lembra a ordem escolhida pela banda, inicialmente.

Para quem não liga para música é só um detalhe, mas este não é o público consumidor deste material. No novo primeiro disco do Legião, o lado B que abriria com “O Reggae” começa com “Teorema” e depois emenda em “Por Enquanto”, a faixa melancólica e inerte que o grupo escolheu para fechar o disco. Continuando, “O Reggae” frequenta meio o lado B seguido por “Baader-Meinhoff Blues” e concluindo o último lado com “Soldados”, uma música cujo significado é quase oposto ao da canção bolada para realmente fechar o disco. “Soldados” é esparsa, vacilante, desesperada – fechar o primeiro disco de uma banda com uma música dessas é quase uma assinatura niilista, tornando a estréia mais punk e desesperada do que o disco imaginado para fechar com “Por Enquanto”, faixa que é quase um por do sol musical e que é, escancarada, uma canção feita para encerrar o assunto.

Guardadas as devidas proporções, imagina começar o lado B do Dark Side of the Moon com “Any Colour You Like” em vez de “Money”, ou o lado B de Sgt. Pepper’s terminando com “When I’m 64” em vez de “A Day in the Life”. Ou, em exemplos brasileiros, o Ventura do Los Hermanos terminar com “Deixa o Verão” em vez de “De Onde Vem a Calma” ou se o lado B de Nós Vamos Invadir Sua Praia, do Ultraje, começasse com “Jesse Go” em vez de “Inútil”.

Em todo o caso, um desrespeito para quem está disposto a torrar uma grana para comprar possivelmente um disco que já tem em casa. E isso se estivermos falando só desta edição…

Ainda Crumb


Foto: Tasso Marcelo, via Jotabê

Todo mundo já sabe que a mesa de Crumb e Shelton na Flip foi uma piada sem graça com momentos de vergonha alheia. Assisti a menos que dois minutos da transmissão online – que eu nem sabia que ia rolar – e desliguei quando o assunto descambou pra história da vida sexual do casal Crumb. TMI, nobody deserves.

Mas a vinda do pai do quadrinho underground americano ao Brasil ao menos proporcionou bons momentos, como esse encontro de Crumb com Rafael Coutinho, mediado pela Mona Dorf:

E a própria mesa realizada em São Paulo, longe da redoma de literatura-cosplay que é a Flip, foi bem melhor do que a participação oficial, pelo que consta:

Sua visita ainda valeu uma ida de Crumb à loja de discos, devidamente stalkeada pelo Mac, e um ótimo papo de comadre da Raq com as esposas dos dois visitantes, Aline e Lora. E a própria Raq ajuda a tirar a aura de grosso e inconveniente que parece ter grudado à personalidade do sujeito :

Ontem joguei aqui algumas frases ditas por Crumb durante a entrevista, e o post foi linkado num blog que chamava para o que seria um ”show de grosserias e mau humor” do cartunista. Daí reli e pensei que talvez, fora de contexto, pudesse sim ter essa leitura. Mas não é assim. Crumb é muito menos ranzinza do que parece. Ou melhor, ele reclama mesmo de tudo, mas está longe de ser grosseiro. Ele se sente sufocado com o assédio, é fato, detesta ser fotografado como se fosse galã e reage quase como criança. Ele é, como definiu Aline, “um cara doce”. O que não significa que não seja também um bocado debochado.

Se alguém tiver mais dúvida, dá uma sacada no documentário que leva seu sobrenome, que está sendo relançado agorinha mesmo, em reedição da Criterion, com os seguintes extras:

• New, restored high-definition digital transfer
• 2010 audio commentary with Zwigoff
• 2006 with Zwigoff and critic Roger Ebert
• Outtakes and deleted scenes
• Stills gallery
• A booklet featuring an essay by critic Jonathan Rosenbaum

Aliás, se você não sabe nada sobre Crumb e não entende porque esse velho magrelo é tratado – com razão – como um deus, o documentário do Zwigoff é a melhor introdução ao tema.

Todo Supercordas



Antes da banda existir, eu gravei muitas coisas num porta-estúdio de fita. Primeiro com uma banda ultra-psicodélica chamada ‘Psylocibian Devils’, depois como Bonifrate mesmo e depois me juntei ao Valentino pra gravar como ‘Vitrola Photossintética’. Tudo isso nunca passou dos nossos porões musguentos e mofados até formarmos os ‘Supercordas’. No ano passado meu disco ‘Os Anões da Villa do Magma’ foi lançado pela Peligro e até tenho feito uns showzinhos por aí, com banda (Os Anões) ou só com o violão e o Giraknob nas ambientações. Falando no Giraknob, ele também faz os trabalhos eletroacústicos dele. Tem um disco lançado pela Fronha Records daqui do Rio e algumas faixas a serem lançadas. Nosso mais novo integrante, o Digital Ameríndio, é baterista, mas também um baita de um compositor genial. Em breve vou postar uns discos dele no blog da Shroom Records. O Kauê também faz canções, mas ainda não as lançou. Talvez alguma entre no próximo disco dos Supercordas.

Dica do Marcelo: os Supercordas têm um blog em que despejam toda sua produção, inclusive o que não foi lançado não-oficialmente. E o blog Eu Ovo, de onde eu tirei a aspa acima (do Bonifrate), ainda compilou uma coletânea que encontrou numa pasta “2006 Outtakes Demos Covers Etc” de um usuário do Soulseek chamado supercuerda.

Cérebro novo

Tiago lembra que o Cérebro Eletrônico já está na produção de seu próximo disco – devidamente registrada num diário online – cujas novas faixas (como “Cama” no vídeo acima) devem aparecer no show que a banda faz na festa do Scream & Yell, tocada pelo próprio Tiago ao lado do Mac, o dono do site, que agora rola na Dissenso, a casa que o Elson abriu em Pinheiros.

Fala, Rômulo Fróes!


Foto: Liliane Callegari

“Outro dia dei uma dura numa menina que toda vez que me encontra fica dando conselhos batidos. A pessoa não tem noção de como é a minha vida. Primeiro reclama que você não leva metais pro Studio SP. Velho, eu já pago do bolso pra três caras, como é que eu vou levar metais? E se levar, ninguém vai ouvir por que o som é uma bosta. E eu não consigo ensaiar. A vida é outra. Não tem mais o negócio de chamar o iluminador, fazer cenário e etc. Então eu fazia aquele som, nego não ouvia, não tinha lugar pra tocar e eu fui sacando. Não é também que mudei só porque neguinho queria me ouvir, porque aí pode parecer meio ridículo. Lógico que eu já gostava de outras coisas. Só acelerou o processo. Então, se (violão de) sete cordas não dava mais, vamos logo chamar um guitarrista. Só que eu queria juntar o guitarrista com o sete cordas, que se recusou a fazer isso. Tudo vai acontecendo e vai te acelerando na vida, te joga pra um lado e pra outro. Não tem muito glamour intelectual. Claro, tem no sentido de você sacar as coisas e ir tocando. Eu podia deprimir, ter o perfil do gênio que não consegue… Porém, como estou a fim, eu vou tocar. Então a menina vira pra mim, no Rio de Janeiro, e fala: “Gostei muito do seu show, mas você devia ter tocado algumas covers conhecidas, pras pessoas saberem de onde você vem”. No Rio ninguém tem dinheiro pra me levar, então arrumei uma banda carioca pra tocar. Dream team: Kassin, Domenico e Bubu. Puta banda foda. Passei de cara 10 faixas, os caras tiraram, fiz um ensaio de três horas e toquei. Pô, estou no Rio de Janeiro, fazendo meu melhor, não gostou do show, beleza, mas não fala de coisa que não tem a ver! O mundo não é assim. Eu não estava com a minha banda, não ensaiei, não ganhei dinheiro – aliás, paguei pra ir – não dá pra ter metais. Esse show que ela queria ver eu já fiz, no Sesc. Tinha metais, piano de cauda, figurino, cantoras, já foi. Você estava nesse? Não? Esquece. Agora é rock n’ roll. É vida real. Minha geração é essa também, faz do jeito que dá. Neguinho pode achar que é meio capenga, mas a gente ainda faz muito. Tudo isso melhorou. E toda vez que encontro com músico de fora de São Paulo, então, parece que a gente mora em Nova York. Salvador é um deserto, terra arrasada. Tem gente foda fazendo musica foda e se fudendo na Bahia, em Belo Horizonte, Recife, no Rio de Janeiro. O Kassin toca mais em São Paulo do que no Rio. O Brasil não expande, vai ficando cada vez mais só em São Paulo. E não é nem no interior. Acabei de passar no primeiro edital da minha vida, no Sesi. Vou tocar em Marilia, Franca. A chance de tocar para quatro pessoas é enorme. Não tem mercado. Mas beleza, vou ser pago pra isso. Fui tocar no Sesc Ribeirão Preto e tinha mais gente no palco do que na platéia. Em São Paulo não, se você tocar uma vez por mês está bom”

E por falar em música brasileira, quem desanda a falar sobre o papel da cena atual e sua importância é o Rômulo Fróes, que deu essa imensa entrevista ao Marcelo e ao Tiago em que dá seus pitacos sobre a situação da música brasileira do século 21. Deixa a preguiça de leitor de Twitter de lado e vá fundo.

Pelo segundo ano consecutivo

Esqueci de agradecer aos 17 leitores que elegeram esse lugar como o melhor blog brasileiro do ano passado na votação do Scream & Yell. Valeu aê. De quebra, OEsquema ainda pegou o terceiro lugar na categoria melhor saite (atrás do Twitter e do MySpace, na frente do Omelete, do Pitchfork, do All Music Guide e da Last.fm – nada mal, hein…), o que deve ter roubado alguns votos meus e dos blogs individuais dos meus compadres aqui da casa. E é esse o espírito – já já temos mais novidades em nome dos quatro.

E se você tá nessa pilha de votar, eu e o Bruno tamos na finaleira de melhor blog no site da DJ mag. Mas já aviso – nem eu votei! 😛