Um dos maiores nomes da música brasileira nos deixou precocemente no início do 2020 da pandemia: Moraes Moreira nos deixou com parcos 72 anos e vivendo sua carreira intensamente, como de praxe. Mas se por um lado sua vida foi interrompida de forma brusca, sua arte segue viva e cada vez mais presente, como registra o compadre Luciano Matos em seu blog El Cabong. Além de uma exposição sobre o cantor e compositor baiano (Mancha de Dendê não sai – Moraes Moreira, que já passou por Salvador e ainda passa pelo Rio de Janeiro, Fortaleza, Brasília e talvez Recife) e um disco de frevos inéditos que estava fazendo ao lado de seu filho, Davi Moraes, e do produtor e baterista Pupillo Oliveira (que além de arranjos escritos pelos maestros Spok, Nilson Amarante, Duda e Henrique Balbino, ainda conta com participações de Criolo, Céu, Lenine, entre outros), nove discos de carreira do velho Moraes chegam finalmente às plataformas de streaming, completando sua discografia online. Ainda há uma biografia escrita por seu irmão Walter Pires ao lado do cordelista e jornalista potiguar Crispiniano Neto, batizada de Moraes Moreira – De Cantor para Cantador, que será lançada pela editora cearense Imeph, que ainda pretende lançar outros dois livros inspirados em Moraes, o infantil A Lenda do Pégasus, escrito com Jorge Mautner com ilustrações de Silvana Menezes, e um livro de poemas. Além disso, a diretora carioca Cecília Amado (de Capitães da Areia e Reggae Resistência) está planejando uma série biográfica sobre a história do músico vai realizar um doc focado na vida e obra do artista. Luciano fala mais dessas novidades em seu site, além de resenhar cada um dos oito discos que começam o ano nas plataformas digitais: Moraes Moreira (1981), Coisa Acesa (1982), Pintando o Oito (1983), Mancha de Dendê Não Sai (1984), Tocando a Vida (1985), Mestiço é Isso (1986), Bahiano Fala Cantando (1988), República da Música (1988) e Cidadão (1991). Confere lá,
Em mais uma colaboração para o site da CNN Brasil, falo sobre como Salvador atravessa mais um ano sem Carnaval e o impacto disso na transformação cultural da cidade, quando converso com Goli Guerreiro, Pérola Mathias, Luciano Matos e Roberto Barreto, do BaianaSystem, que acaba de lançar um manifesto musical sobre este momento.
Em mais um programa dedicado à dissecar as idas e vindas do jornalismo que cobre música no Brasil, faço a conexão com Salvador para falar de um jornalistas mais influentes em cenas locais dos últimos anos, embora seu baixo perfil pareça colocá-lo alheio à cena. Luciano Matos cobre a cena soteropolitana há décadas em seu Elcabong e vem mexendo com a autoestima da cena da capital baiana para além do texto de seu site, em outras encarnações que vão para outros formatos, como festa, programa de rádio, festival e agora livro, uma novidade que ele conta em primeira mão.
A última edição do ano do Spotify Talks, ciclo de discussões que concebi ao lado do Spotify, acontece nesta quinta no CCSP, dentro da programação da Sim São Paulo. O tema da edição é Um Gênero Chamado Bahia e joga foco na produção musical atual do estado baiano, com as participações de Baco Exu do Blues, Larissa Luz e Giovani Cidreira e mediação feita pelo jornalista Luciano Matos, idealizador e produtor do programa Radioca e do festival de mesmo nome. O evento acontece no jardim suspenso do CCSP a partir das 13h e é gratuito para o público. A apresentação da discussão é minha. Eis a sinopse da discussão:
A música produzida na Bahia sempre foi fundamental em todos momentos de nossa história. Samba, bossa nova, tropicália, axé e até o rock nacional tiveram dedo de baianos – e muitas vezes as duas mãos. Nos últimos anos, um novo cenário de artistas, produtores e festivais vem ganhando força. Ofuscado por muito tempo pela indústria do axé, finalmente, esse universo fértil e criativo ganha atenção fora do estado. Diversos nomes mostram que novamente a Bahia tem algo novo e forte a dizer. Mais uma vez, a música baiana aparece tendo a diversidade e o diálogo como marcas. pop, samba reggae, mpb, rock, eletrônica, reggae, funk, dub, pagode, afro se frequentando e misturando. A tradição sendo visitada, mas não como algo intocável e imutável, muito menos apenas como uma revisita. Um olhar para o passado, mas apontando para o futuro. Espontaneamente, nos guetos, nas ruas e nos palcos. Os ritmos afros assumidos sem pudor, jazz com toques afros, rap com candomblé, rock com atabaques, eletrônica com samba reggae, orquestra com quebradeira, tudo junto de forma natural e autêntica. Samba de roda virando pagode e avançando ainda mais com trap, beats e sintetizadores. Uma Bahia meio misteriosa, meio sedutora, sempre cantada, mas pouco compreendida, que andava carregada de estereótipos e se mostra novamente viva, criativa e ativa. Um estado ainda muito pobre e muito desigual. Negro por essência, mas totalmente aberto e receptivo. Marcado por festas populares, pelo sincretismo, mas historicamente vanguardista. É um pouco dessa Bahia que artistas como BaianaSystem, Orquestra Rumpilezz, OQuadro, ÀttooxxÁ, Luedji Luna, Lívia Nery, IFÁ, Africania, Josyara, Opanijé, Maglore, Vivendo do Ócio e também Baco Exu do Blues, Larissa Luz e Giovani Cidreira, que participam deste último Spotify Talks do ano, que terá a mediação feita por Luciano Matos, do festival baiano Radioca.
Como sempre, apresento o painel, que faz parte da série de debates que concebi junto ao Spotify desde o ano passado.
Muito bom esse artigo do Jailton Andrade que o Luciano Matos publicou em seu site, o El Cabong, sobre como o BaianaSystem segue sendo ignorado pela grande mídia baiana justamente por estar cantando sobre o lado da população ignorado por esta mesma mídia:
O que tentam fazer com a BaianaSystem é o que fazem com nosso povo: esquecem, ignoram, sabotam, quando não esculacham com os cassetetes e tapas na cara, e quando convidam para cima do trio é para puxar aplausos, abraçar e se debruçar na virtude alheia por falta de uma, nada mais.
Mesmo que as mídias (ainda) hegemônicas finjam ignorar a existência do Invisível e que seus jornalistas se abaixem para o coito da concupiscência mercadológica das “máquinas de lucro”, a BaianaSystem não se submeterá aos caprichos e dengos da indústria baiana da exploração musical porque “cada palavra que tu guarda na boca vira baba”
Vale a pena ler a íntegra do texto lá no El Cabong.
O lado político do BaianaSystem está diretamente ligado ao seu lado musical e o lento – ê Baêa… – trabalho de formiguinha que o grupo vem fazendo torna sua importância social tão grande quanto seu peso artístico. E uma hora isso vai transbordar. Ah vai.
Embarco neste sábado mais uma vez rumo à capital baiana para conferir de perto o festival que o compadre Luciano Matos comanda a partir do certeiro programa de rádio que toca há anos em Salvador ao lado dos feras Beto Barreto e Ronei Jorge. Voltado para a música independente brasileira, o Radioca virou um festival que vai reunir bambas como Siba, Cidadão Instigado, Mulheres Q Dizem Sim, Anelis Assumpção e Apanhador Só a nomes locais em ascensão, como Pitombeira, Oquadro e Ifá. Participo também de uma mesa sobre a cultura independente brasileira neste domingo ao lado de bambas como Bruno Nogueira, Marcelo Costa, Marcelo Monteiro (do Amplificador) e o trio do Radioca. A programação completa do festival pode ser conferida lá no site deles.
Há um mês estava com tudo pronto pra comemorar o primeiro aniversário da festa soteropolitana A Bolha, do compadre Luciano Matos e da querida Carol Morena, quando uma greve da polícia militar tirou o sono da cidade e nos fez preferir adiar a celebração. Por isso, lá vou eu nesse sábado pra Salvador, comemorar um ano da festa e matar a saudade da noite da capital baiana. Segurem as pontas que eu tou chegando! As coordenadas seguem no site da festa ou na página do evento no Facebook.
Luciano conversou com Messias sobre a “volta” da banda em que é vocalista e letrista, a baiana Brincando de Deus, uma das bandas mais importantes do cenário independente brasileiro. O “retorno” (entre aspas mesmo, porque a banda não chegou a acabar de fato, apenas parou em 2005) acontece a princípio em um show nesta sexta, em Salvador, mas o próprio Messias já anunciou que em 2010 devem rolar mais novidades…
Aliás, tudo indica que ano que vem será fodaço.
Foto: Pink Lemonade <3
1) Feliz natal, Luciano e Bia (comercial de agência de publicidade)
2) Feliz natal, Babee e Danilo (top 45 discos de 2008)
3) Feliz natal, Flávia (Madonna no Brasil), Hec (projeto novo de HQ) e povo da Goma (especial Roberto Carlos especial de natal)
4) Feliz natal, Nogueira (RIAA não vai mais processar as pessoas por download ilegal)
5) Feliz natal, Fab e Mutli (um bate papo com Rogério Flausino)
6) Feliz natal, Pablo (quais os melhores games de 2008?)
7) Feliz natal, Nana Neri (Dezembrite)
8) Feliz natal, Bernardo e Bruno (Sobremúsica no Multishow)
9) Feliz natal, Luciano (novidades sobre o Vanguart e Ronei Jorge)
10) Feliz natal, Cardoso (a diferença entre um gênio e um pulha)
Chegando em Salvador pra um show e umas palestras do Trama Universitário, mas vou aproveitar pra tocar em duas feshteenhas:
Show de lançamento do Phodcast do Rock loco
com as bandas: Theatro de Séraphin, Berlinda e o vestido preto de Valentina
DJs: Luciano Elcabong, Brahminha, Chicão, Alexandre Matias e Mario Jorge (entre outros rockloquistas)
Dia: 09/06 (Sexta-feira)
Horário: 23:00
Local: Calypso (Travessa Prudente de Morais – Rio Vermelho)
Ingresso: R$ 7,00
Festa no Mangue, Bicho – com os DJs el Cabong, Ruy Santana, Alexandre Matias, Clayton Barros (Cordel) e Bac Simpson (Mundo Livre)
Aonde: Zauber Multiculticura, ladeira da Misericórdia, comércio – tel. 3326-2964
Quando: sábado, 10 de junho, às 2eh
Quanto: R$ 10
Obs: A casa aceita todos os cartões