Lost por Marcos Piangers
Assumo um preconceito injustificado com séries americanas. Nos meus early twenties achava uma forma de arte menor, como gibis, novelas da globo e filmes com o Mark Wahlberg. Foi vendo o Mutley correndo pra casa pra assistir Friends que eu dei chance pra essa coisas, ainda reticente com a possibilidade de ser um tremenda BICHICE. (Antes, pra mim, só havia Seinfeld, que eu e um amigo gravávamos em VHS todos os dias, em dois horários na Sony, o que nos fazia chegar atrasados no trabalho regularmente. Imagina nossa cara quando lançaram a coleção completa em DVD).
Lost não escapava de me fazer sentir NOVELEIRO. Assumo que assisti as partes mais açucaradas, os episódios do Jin e da Chan e praticamente toda a terceira temporada apertando o FF do controle remoto. Nego gosta de dizer que Lost é um seriado sobre pessoas – o que me deixa meio puto já que TODOS os seriados são sobre pessoas (tirando o Geeks and Chicks). Lost é sobre mistério. FODA foi ver um monstro matando o piloto; Locke andando; um urso polar no meio do mato; um avião cheio de drogas; outros sobrevivente na calda; Os Outros; o lance com mulheres grávidas; os vídeos da Dharma; a porra dos números; brasileiros no gelo; “We have to go back!”. Tira isso e seria um seriado sobre escotismo.
A habilidade pra colocar até o fã mais nerd de cabeça pra baixo foi o que fez de Lost esse CULTO. Infelizmente na sexta temporada o nível de ansiedade da tchurma era tão absurdo que a gente já sabia o que ia acontecer antes de ver o episódio. E, ao vê-lo, decepção inevitável. Qualquer teoria dos fãs era mais ducaralho que essas respostas oficiais. Meu polegar passeou pelo FF do controle remoto algumas vezes. Mas não é hora de apertar o botão. É hora de esperar a contagem terminar pra ver o que vai acontecer. Apertem os cintos.
* Marcos Piangers manda no Espelunca.
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