Segundo Eric Hobsbawm, isso não existe. E, de quebra, ele comenta os tumultos em Londres no ano passado e o movimento Occupy:
E não levanta uma sobrancelha ao dizer o quanto tudo aquilo foi previsível – e sobre o papel da música como veículo que pode acompanhar o que realmente está acontecendo. (Se o vídeo estiver dando pau, assista-o aqui.)
Sinal dos tempos: os tumultos em Londres renderam altas fotos no Instagram. Tem mais lá no blog do aplicativo.
Lembra que no Vinteonze da semana passada a gente deu uma pausa entre um disco e o outro do N*E*R*D? Foi porque eu tinha que dar uma entrevista para o programa do Paulo Miklos, da @NairBello (é, o twitteiro é esse cara aí, conheci o Gustavo no dia seguinte, no YouPix) e da Marina Santa Helena, o Dose Tripla, na Mix TV. Me pediram para falar sobre os tumultos em Londres e eu falei – a partir dos 10 minutos do vídeo abaixo.
Do Guardian:
The prime minister said last week that the government would investigate whether social networking platforms should be shut down if they helped to “plot” crime in the wake of the riots.
The 20-year-old from Colchester was arrested on Friday after Essex police discovered the alleged plans circulating on the BlackBerry Messenger service and Facebook.
The unnamed man has been charged with “encouraging or assisting in the commission of an offence” under the 2007 Serious Crime Act, police said.
He was arrested with another 20-year-old man the day the water fight was allegedly due to take place, and has been bailed to appear before Colchester magistrates on 1 September. The second man was released without charge.
E há quem ache que eu exagero… A foto é do ano novo tailandês (comemorado à base de água) e eu peguei no Telegraph.
Muito boa essa entrevista com o sociólogo polonês Zygmunt Bauman no Globo, dica do Fernando:
Esses distúrbios eram uma explosão pronta para acontecer a qualquer momento. É como um campo minado: sabemos que alguns dos explosivos cumprirão sua natureza, só não se sabe como e quando. Num campo minado social, porém, a explosão se propaga, ainda mais com os avanços nas tecnologias de comunicação. Tais explosões são uma combinação de desigualdade social e consumismo. Não estamos falando de uma revolta de gente miserável ou faminta ou de minorias étnicas e religiosas reprimidas. Foi um motim de consumidores excluídos e frustrados. (…) Estamos falando de pessoas humilhadas por aquilo que, na opinião delas, é um desfile de riquezas às quais não têm acesso. Todos nós fomos coagidos e seduzidos para ver o consumo como uma receita para uma boa vida e a principal solução para os problemas. O problema é que a receita está além do alcance de boa parte da população.
Silvio Caccia Bava confronta uma apresentadora de TV que usa termos como “gente de bem”.
Não sabe do Chile?
Escrevi no caderno Internacional do Estadão de hoje sobre o pacote de medidas do governo inglês que pretende tirar os manifestantes de Londres da internet.
Londres ameaça um direito humano, o acesso à internet
O que aconteceu na capital britânica não diz respeito apenas à mobilização online
Revoluções árabes no Facebook, o Twitter incomodando o Irã, a China invadindo e-mails do Google. O universo digital vem andando de mãos dadas com a cena política mundial desde que as redes sociais se tornaram parte da rotina. Houve um tempo em que era comum querer saber qual era a utilidade desse tipo de serviço. Esse tempo passou.
Hoje, as redes sociais fazem parte da comunicação da maior parte dos moradores das grandes cidades. Popularizaram-se tanto quanto os telefones celulares. E por mais que tenham tentado rotular os levantes em Londres como “a revolta BBM” – em referência ao programa de bate-papo dos celulares BlackBerry, que foram usados pelos manifestantes para organizar ataques e fugir da polícia –, o que aconteceu na capital britânica não diz respeito apenas à mobilização online.
Como ocorreu antes nos países árabes, na Espanha, no Chile e até no Brasil (não dá para dissociar o Churrascão da Gente Diferenciada ou as marchas que tomaram a Paulista este ano de suas intenções políticas), as mídias digitais foram utilizadas por ser populares. Se não fossem os celulares e as redes sociais, outras formas de comunicação os substituiriam. Ninguém chamou a Revolução Iraniana, de 1979, de “o levante das fitas cassetes”, ainda que essa mídia tivesse sido usada para mobilizar os cidadãos daquele país.
A tentativa do primeiro-ministro britânico, David Cameron, de banir manifestantes das redes sociais para tentar conter os tumultos não condiz com a tradição democrática daquele país e mais lembra atos de Estados ditatoriais. É censura e controle. Primeiro, tira-se as redes sociais, depois, proíbe-se o uso de celulares e, em pouco tempo, confina-se todos em um gueto. Já vimos essa história.
Numa época em que o acesso à internet é defendido como um direito humano pela própria ONU, tal decisão soa autoritária e drástica. Uma vergonha para a tradição do país.
Pra fechar a semana dos tumultos em Londres…