Tirei a Raquel no amigo oculto da firma
Human League – “Don’t You Want Me”
Pet Shop Boys – “West End Girls”
Fleetwood Mac – “Dreams”
Zizi Possi – “O Amor Vem Pra Cada Um”
Pepeu Gomes – “Mil e Uma Noites de Amor”
Alceu Valença – “Morena Tropicana”
Men at Work – “Down Under”
Elvis Costello – “Watching the Detectives”
Police – “Spirits in a Material World”
Genesis – “Turn it On Again”
Joe Jackson – “Steppin’ Out”
Titãs – “Toda Cor”
Daryl Hall & John Oates – “Private Eyes”
Metrô – “Cenas Obscenas”
Lobão – “Cena de Cinema”
Sempre Livre – “Fui Eu”
Pretenders – “Back on the Chain Gang”
Simples Minds – “Don’t You Forget About Me”
Telex – “Só Delírio”
Kiko Zambianchi – “Rolam as Pedras”
Zero – “Quimeras”
Cure – “Just Like Heaven”
INXS – “Need You Tonight”
Buggles – “Video Killed the Radio Star”
Tokyo – “Humanos”
Tears for Fears – “Head Over Heels”
Crowded House – “Don’t Dream It’s Over”
Fine Young Cannibals – “She Drives Me Crazy”
Wang Chung – “Dance Hall Days”
Echo & the Bunnymen – “Lips Like Sugar”
Alphaville – “Big in Japan”
Peter Schilling – “Major Tom”
Bangles – “Manic Monday”
Spandau Ballet – “True”
Berlin – “Take My Breath Away”
David Bowie + Queen – “Under Pressure”
Depeche Mode – “Enjoy the Silence”
Erasure – “Chains of Love”
Blondie – “Call Me”
Level 42 – “Something About You”
Lulu Santos – “Adivinha O Quê”
Wham! – “Wake Me Up Before You Go-Go”
Kenny Loggins – “Footloose”
Michael Sembello – “Maniac”
Phil Collins + Philip Bailey – “Easy Lover”
Kim Wilde – “You Keep Me Hanging On”
Bon Jovi – “Livin’ On a Prayer”
Dire Straits – “Walk of Life”
Leo Jaime – “A Lua e Eu”
No sábado, o Lobão reclamou em vídeo sobre o Lollapalooza:
E agora vem o Perry Farrell falar mal do Lobão na Folha:
Ah, o carinha que ficou bravo? Olha, entendo o ponto de vista dele como artista. Quando o Coachella me põe para tocar às 14h, também fico chateado, mas não falo nada porque sei que é assim que as coisas funcionam. As escalações de line-up são feitas de forma política. Sempre o nome que atrai mais gente fica por último. Vou dar um conselho a ele: grave um disco muito bom, um que todo mundo ame, e faça as pessoas quererem vê-lo ao vivo. Então, ele poderá ser headliner de um festival.
É só o novo capítulo de um livro recente: a crise do rock de gravadora, que começou com o Ultraje brigando com o Peter Gabriel e não deve terminar tão cedo. Mas é sério que é essa a discussão? Sério que o debate sobre a valorização do artista brasileiro depende das brigas de artistas com mais de trinta anos de carreira, que não fazem nada relevante há eras? Sério que eu tenho de escolher entre ficar do lado do Lobão ou do Perry Farrell? Ambos até têm importância específica para a música independentes de seus países quando usaram seu estrelato para canalizar safras inteiras de artistas (com a criação do Lollapalooza e com a revista Outracoisa, respectivamente), mas esse bate-boca só alimenta uma ladainha que, convenhamos, não vai dar em nada, além dessa comparação de egos.
Fala sério: o nível da discussão tem que ser melhor do que esse. E o problema é só o nível do embate – a discussão. Trocar farpas, argumentos e palavras virou regra de quem se dispõe a falar em público (seja online, na TV, no jornal ou na mesa de bar) e todo mundo tem que ter opinião sobre qualquer assunto, como se fosse possível mudar opiniões alheias com alguns poucos minutos de pregação. Inevitável lembrar do cartum do Arnaldo:
Tire Caetano da piada e ela segue intacta. É como se todo mundo que tivesse nem que seja só uma conta no Twitter se dispusesse a virar um polemista de plantão e cuspisse toda a verborragia que lhe for necessário para se parecer esperto. Há abutres salivando à menor fagulha hipster ou hype, mas essa patrulha contra tudo é um fenômeno muito mais presente e mais pentelho do que o deslumbre por qualquer modinha da vez.
Enquanto isso, só pro papo continuar na música, uma geração inteira de artistas não tá muito preocupada em escalação de megafestival ou se vão ser colocados pra tocar antes ou depois de quem – e segue fazendo seu trabalho, diariamente, sem se preocupar com esse tipo de posicionamento…
Falar é fácil.
Bem boa a extensa entrevista que o Lobão deu pro PAS no IG, mas um trecho específico causa até paranóia involuntária, se liga:
E teve o episódio do Herbert Vianna, que foi o que mais perturbou a minha carreira. Podem dizer que sou maluco, que isso nunca aconteceu, mas que influenciou minha psique e minha vida, mesmo eu estando completamente equivocado, é um fato. Por 20 anos, senti aquela presença indevida e aviltante, onipresente.
O que você sentiu quando a carreira dele foi truncada pelo acidente (em 2001)?
Tem partes que eu tirei do livro, sabe? Achando que ele estava me copiando, eu abdicava das coisas para não ficar igual a ele. Faço “Cena de Cinema” (1982), ele faz “Cinema Mudo” (1983), com a voz igual à minha. Tive que trocar de voz. Não é um plágio, mas é o conceito. Faço “Me Chama” (1984), ele faz “Me Liga” (1984). Chamo Elza Soares, o cara chama Elza Soares. Vou fazer um disco de samba para fugir dele, eles vêm com “Alagados” (1986) e se tornam pioneiros! Pô, é para enlouquecer. E eu fugindo, pegando as minhas reservas.Você ficava paranoico em relação a ele? As coisas podem estar no ar, e vários pegam ao mesmo tempo.
Não, porque a gente sabia as fontes. A minha empresária, Leninha Brandão, tinha escritório ao lado do do empresário deles (José Fortes). Ele chegou no escritório, leu “Revanche” (1986) e disse: “Eureca! A favela é a nova senzala!”. Porra. Levo lata no Rock in Rio, tô tocando na Mangueira desde 1987 com Ivo Meirelles, meu parceiro. Dez anos depois, vem uma pessoa, que é a Fernanda Abreu, pega todo aquele conceito. Você vai checar: quem está produzindo e compondo todo o disco dela? É o cara.
Aí vem a parte que não contei. Vou fazer música eletrônica, vou fazer “Noite” (1998). Soube que eles iam fazer um disco de música eletrônica, era para “Hey Nana” (1998) ser eletrônico. Consegui botar a música “Me Beija” na rádio Cidade a duras penas. A gravadora (Virgin) estava puta comigo porque eu tinha recusado fazer Faustão, estava me dando a última chance. Então vamos fazer Canecão em dia pobre, terça-feira. Na véspera do show, a rádio Cidade anuncia show-surpresa dos Paralamas no Metropolitan! Ia ter matéria minha de uma página no “Jornal do Brasil”. Abro o jornal no dia seguinte e tem duas páginas sobre ensaio dos Paralamas! Quando chego no Canecão, estava às moscas. Falei: “Regina, é o fim. Acabou”. O disco foi pro vinagre.
Até esse momento, a Regina duvidava seriamente da minha sanidade mental em relação ao Herbert (risos). Fomos almoçar no dia seguinte, Herbert tá no rádio falando do sucesso do show deles: “Quero mandar um abraço para um grande ídolo meu, Lobão”. Comecei a ter tiques nervosos. Entramos no Fashion Mall, um restaurante vazio, está Herbert Vianna, com a mulher e os três filhos. Não, não é possível. Quando me levanto, sabe o que ele faz? Sai correndo, feito um camelô! Deixou a família. “Regina! Atrás dele!”
Durante todo esse período, eu tentei falar com ele, chamei para ser parceiro, telefonei: “Já que você fala que sou ídolo, por que a gente não faz parceria? A gente divide o royalty direito, você ganha 50, eu ganho 50, não é legal?”. Ele até ficou emocionado, chorou de um lado, eu chorei do outro. “Não posso agora, tô indo para Tóquio”. Nunca mais ligou.
Aí Ivo Meirelles me chama para almoçar. Me dá esporro: “Pô, cara, você é uma língua solta mesmo, para de falar essas coisas do cara aí. Ele é poderoso, tem conexão, todas as rádios tão com o cara. Todos os jornais, todos os músicos do Brasil tão com o cara, só você que é um idiota. E tem uma coisa: eu tô com ele, porque ele tem mais talento que você”. Ele tinha convidado o Ivo e o Funk’n Lata para tocar com ele no show! Comecei a espumar, né? Não aguento mais, tô enlouquecendo, fui fazer análise por causa disso. Tinha outros problemas, mas esse foi o mote, muito mais importante do que ter matado a minha mãe. O que mais me fez sofrer e ter ódio na vida foi isso. Passava o dia inteiro com ódio, meu coração doía, ficava exausto de tanto odiar.O que sentiu quando ele se acidentou?
Fiquei com um sentimento horroroso, parecia que eu estava sendo enterrado vivo. Cara, e agora, como vai ficar minha história? O cara não pode mais se defender! Mas sabe como fecha essa história? Ele se recupera, volta do coma, fala uma coisa em espanhol, outra em inglês, outra em português e imediatamente pede um violão. A primeira coisa que cantou? “Chove lá fora e aqui…” (de “Me Chama”)! O epílogo do epílogo foi que em 2005 nos encontramos no VMB (premiação da MTV). Ele foi um amor, meio que perdeu a pose, né? Me abraçou, fiquei emocionado, senti carinho por ele. Até fui a um show deles. Tentei me adestrar, porque era muito ódio acumulado. Não fico achando isso das pessoas, é uma coisa pontual. Quando fui escrever o livro, fiquei num dilema terrível, não queria falar mal dele, mas precisava contar minha história.
Doideira doida.
O autor do vídeo batizou o trecho dessa entrevista como se o Lobão estivesse achincalhando essas bandinhas novas pós-emo, os tais “coloridos”, mas perceba que o alvo de sua entrevista é o meio rádio e que os entrevistadores vão desviando a conversa pra falar mal das bandas teens à medida em que percebem que são os criticados pelo velho cantor. Lobão sempre fala demais e isso às vezes dá preguiça de seu discurso (“Lula times”, diria um amigo meu), mas suas observações sobre rádio e internet valem e independente de ele puxar a sardinha para o seu lado (normal, quem não?), fala umas boas verdades sobre o estado das coisas no Brasil e no mundo.