
A notícia que um livro foi apreendido como se fosse arma no Rio de Janeiro (e justo o Mate-Me Por Favor!) é outro indício de autoritarismo latente que ronda esses dias estranhos que estamos vivendo e mais do que motivo para ficarmos atento à tomada de nossas liberdades. O próprio Ivan Pinheiro Machado, dono da L&PM que publicou o livro apreendido, dá o tom de indignação frente uma situação dessas no blog de sua editora:
“Meu pai era um inimigo da ditadura militar de 1964. Por isso nossa família sofreu vários tipos de intimidações e perseguições. Minha casa foi invadida várias vezes pela repressão. A que mais me marcou foi o dia em que a polícia política (DOPS) invadiu nossa casa e prendeu centenas livros da grande biblioteca do meu pai. “Vamos queimar esta imundície comunista”, dizia o delegado, jogando ensaios de Marx e Schopenhauer numa caixa de lixo.
Ontem eu vi um delegado exibindo na TV um livro publicado pela L&PM Editores: Mate-me por favor dos jornalistas e críticos musicais Legs McNeil e Gillian McCain apreendido na casa de um suposto vândalo.
Não me interessa o que o rapaz fez. Mas o que me chamou a atenção foi a naturalidade com que o delegado apreendeu o livro. Um delegado que não serve a uma ditadura e apreende um livro é porque tem a vocação do autoritarismo. E nenhum respeito por um livro. Mate-me por favor é um livro maravilhoso, editado por minha indicação. Não faz a apologia da violência. Muito pelo contrário. Ele trata de jovens que foram abandonados pelo sistema e elegeram a música como uma forma de protesto. E esta música foi uma bofetada no sistema. Esta música fez com que os delegados e os políticos voltassem os seus olhos para uma enorme legião de jovens sem futuro e sem emprego nos idos dos anos 80. A L&PM Editores, meu caro delegado, já foi vítima durante sua história nos anos sombrios da ditadura de vários delegados que odiavam livros.
O que me surpreende é que um bom livro seja alinhado junto a facas e correntes e exibido na TV como se fosse uma arma. E ninguém diz nada. Lembrou-me o tira ignorante que invadiu a casa do meu pai nos anos 70 para prender os “livros comunistas”. Ele não teve dúvidas; atirou-se na estande e pegou o O vermelho e o negro de Stendhal como um símbolo desta “corja vermelha que quer tomar conta do país…”
Inevitável lembrar não apenas da ditadura militar brasileira, mas na viagem que fiz à Berlim há pouco me deparei com uma frase de uma peça de 1821 citada em uma placa no meio da Bebelplatz, a praça alemã que serviu de palco para a fogueira de livros promovida pelos nazistas em maio de 1933:
“Das war ein Vorspiel nur, dort wo man Bücher verbrennt, verbrennt man am Ende auch Menschen.”
Onde começam queimando livros, terminam queimando gente. Não dá pra aceitar isso numa boa.

O designer Simon James, da Standard Designs, resolveu homenagear sua banda favorita, o Radiohead, transformando cada canção de seus álbuns em um livro de uma coleção específica, reunindo as faixas em prateleiras de volumes que formam cada um dos discos da banda – e está vendendo, online, pôsteres de cada “coleção” (Pablo Honey, The Bends, OK Computer, Kid A, Amnesiac, Hail to the Thief, In Rainbows e The King of Limbs). Reuni todos aí embaixo, saca só:

Duas lendas vivas da história do rock, Neil Young e Patti Smith recém enveredaram pelas páginas de papel, aproveitando o estrelato para contar suas próprias memórias e na Book Expo America deste ano a poetisa foi chamada para conversar com o velho cacique do folk canadense, num encontro memorável, abaixo:
Só a parte em que ela arranca de Neil que ele voltou a tocar com o Crazy Horse porque sentiu saudade da banda ao escrever o livro já vale a entrevista toda.

• Games sociais: Na entressafra • A Zynga faz mal para o Vale do Silício • Vida Digital: Giancarlo Ruffato • Impressão Digital (Alexandre Matias): A geração digital quer apenas fazer – e está fazendo • Homem-Objeto (Camilo Rocha): Samsung Galaxy Note – Feito para desenhar • Combo Nexus • Para gostar de ler • No Youtube, usuários dão dicas de livros • #HashtagÉArte • ‘Tenho um mau pressentimento sobre isso’ • Servidor •
Feito pelo designer norte-americano Jared Fann.
Esse curta que a Penguin encomendou para o animador Woof Wan-Bau para lançar sua Penguin English Library tem quase tudo que eu gosto: animação, livros, psicodelia, ficção científica, eletrônica e bichos.
Só faltou umas gatas dançando, mas peraê que eu dou um jeito nisso…
O Flavorwire escolheu as vinte livrarias mais bonitas do mundo. Dessas aí conheço quatro: a Livraria da Vila daqui de São Paulo, a Ateneu de Buenos Aires, a Shakespeare & Co. de Paris e a Lello, no Porto, em Portugal. As outras entram na fila, um dia eu passo por elas.
…que prateleira foda, hein?