A ficção científica de Arnaldo Baptista

Eis a capa do primeiro livro de ficção do eterno mutante Arnaldo Baptista, antecipada em primeira mão para o Trabalho Sujo. ““Eu achei que ficou um apanhado de nebulosas, condensadas num aglomerado, transmitindo uma notícia do que eu queria fazer, que seria uma melhora em função de olhar para o futuro”, explica Arnaldo sobre o design da capa de Ficções Completas, que a editora Grafatório lança no início de dezembro, e que já está em pré-venda em seu site. “Os furinhos na capa do livro são aglomerados de estrelas, né. Adorei a ideia, ficou bem egípcia. E tem ainda a linguagem binária”, conclui o músico, que reúne neste livro três longos contos de ficção científica: O Abrigo, The Moonshiners e Rebelde Entre os Rebeldes, este último o único que já foi publicado. Resta saber para onde a imaginação de Arnaldo viaja quando fala de alienígenas, espaço sideral e questões filosóficas levantadas por este gênero literário: ““O livro fala de retrospecto, evolução e todas as coisas que estão mudando nos últimos tempos”, completa Arnaldo. Veja a capa abaixo:  

A conexão entre livros e discos

Só vi agora essa matéria que a Renata fez pro Metrópolis me pedindo pra traçar a conexão entre alguns livros e discos clássicos, mostrando como a literatura é fonte de inspiração pra música pop.

Assista abaixo:  

Minha Cabeça Trovoa: todo Maurício Pereira

Ponte entre a geração que viu o mercado independente nascer no fim do século passado e a atual, que desfruta da existência deste, Maurício Pereira vem construindo uma obra depois de seu primeiro grupo com André Abujamra cuja lírica acaba de ser reunida em um livro. Minha Cabeça Trovoa reúne todas as letras do cronista paulistano comentadas por ele mesmo em uma edição caprichada editada pela pequena Mireveja. A pré-venda do livro começa nesta quarta-feira no site da editora.

O primeiro livro de Ana Frango Elétrico

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“E eu pintava um belo quadro com mostarda e ketchup enquanto comia as batatinhas”: A cantora e compositora carioca acaba de anunciar seu primeiro livro Escoliose: Paralelismo Miúdo, que reúne seus poemas, gravuras e ilustrações feitos entre 2015 e 2019, que será lançado pela editora Garupa em setembro e já está em pré-venda. O livro já estava previsto desde o início do ano e materializou-se agora por conta da quarentena, que obrigou Ana a adiar planos sobre shows (ela que iria passear pela Europa no primeiro semestre, colhendo os frutos de seu ótimo Little Electric Chicken Heart, um dos melhores discos do ano passado). Heloísa Buarque de Hollanda escreve no posfácio que “Trata-se de uma poesia com outro DNA geracional, um DNA quase insolente, que, partindo radicalmente para o testemunho pessoal e localizado, desmistifica toda e qualquer aura da poesia (pelo menos aquela dos nobres tempos dos cânones masculinos) em prol da liberação de uma fala corporal, libertária”. A Ana é foda, sabemos.

Tudo Tanto #49: Psicodelia de Natal

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Bati um papo com Bento Araújo, do Poeira Zine, sobre o novo volume de seu livro Lindo Sonho Delirante na minha coluna Tudo Tanto desta semana – e fica a dica como presente de Natal para quem gosta de música brasileira – leia aqui.

Uma nova geração de startups

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Fui convidado para escrever sobre o livro As Upstarts, do jornalista Brad Stone, sobre a ascensão do Uber e do Airbnb, no blog da editora Intrínseca, que está lançando-o por aqui.

Faça da Liberdade uma Carreira

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Mais uma tradução com a minha assinatura, A Arte da Criatividade, do historiador de arte e consultor inglês Rod Judkins, lançado no Brasil pela editora Rocco, reúne histórias improváveis de personalidades do mundo da arte e da cultura que ajudam a driblar problemas da vida em geral. É um livro para ser lido de forma não-linear e tem capítulos com títulos como Seja Praticamente Inútil, Faça da Liberdade uma Carreira, Jogue-se em Você Mesmo, Se Não Estiver Quebrado Quebre, Seja uma Arma de Criação em Massa e Envelheça Sem Crescer, estrelando os Beatles, Frida Kahlo, Salvador Dali, Robert De Niro, Einstein, J.K. Rowling, James Joyce e Picasso. A foto que ilustra o post saiu do Instagram da editora.

David Bowie em 100 livros

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A personalidade do mítico popstar reflete-se na escolha de seus 100 livros favoritos de sua biblioteca, lista que republiquei em meu blog no UOL.

Uma biblioteca talvez seja uma das melhores formas de entrar dentro da cabeça de qualquer pessoa – e quando essa pessoa é David Bowie, conhecer suas leituras é a porta de entrada para uma viagem e tanto. Geoffrey Marsh e Victoria Broackes, curadores da exposição David Bowie Is, que agora chega à Art Gallery of Ontario, no Canadá, acabam de revelar uma lista contendo uma centena de livros que figuram entre os favoritos do ícone pop que morreu em janeiro do ano passado. É uma lista de fôlego considerável, tanto em termos de variedade de temas quanto sobre profundidade dos assuntos, reunindo livros sobre política, psicologia, história, arte, sociedade, religião, música, comportamento e clássicos da literatura, como a Ilíada de Homero, o Inferno da Divina Comédia de Dante, 1984 de George Orwell, O Grande Gatsby de F. Scott Fitzgerald e Pé na Estrada, de Jack Kerouac. Mas saltam à vista livros sobre crítica cultural (de Charlie Gillete, Otto Friedrich, George Steiner e Colin Wilson), cultura pop (como os de Jon Savage, Greil Marcus e Nik Cohn), sobre magia (os de Edward Bulwer-Lytton, Elaine Pagels e Eliphas Lévi), revistas de humor e de quadrinhos, ousados romances contemporâneos de autores como Richard Cork, Don DeLillo, Julian Barnes, Martin Amis, Ian McEwan, Michael Chabon e Anthony Burgess, além do curioso Nova Técnica de Convencer: Persuasão oculta, domínio do público pelo subconsciente, sugestão subliminar, um item interessante dentro da biblioteca de um mestre do convencimento global. Consegui encontrar algumas versões em português para alguns livros citados, mas parte deles não foi lançada em nosso idioma. Se alguém encontrar alguma versão em português para algum livro mencionado em inglês, por favor acrescente nos comentários. E se quiser ver a lista original basta acessar o site da revista canadense Open Book:

The Age of American Unreason – Susan Jacoby (2008)
A Fantástica Vida Breve de Oscar Wao – Junot Diaz (2007)
The Coast of Utopia (trilogia) – Tom Stoppard (2007)
A Criação da Juventude – Jon Savage (2007)
Na Ponta dos Dedos – Sarah Waters (2002)
O Julgamento de Kissinger – Christopher Hitchens (2001)
Mr. Wilson’s Cabinet of Wonder – Lawrence Weschler (1997)
Tragédia de um Povo: A Revolução Russa 1891-1924 – Orlando Figes (1997)
O Ataque – Rupert Thomson (1996)
Garotos Incríveis – Michael Chabon (1995)
O Pintor de Pássaros – Howard Norman (1994)
Kafka Was The Rage: A Greenwich Village Memoir – Anatole Broyard (1993)
Beyond the Brillo Box: The Visual Arts in Post-Historical Perspective – Arthur C. Danto (1992)
Personas Sexuais: Arte e Decadência de Nefertite a Emily Dickinson – Camille Paglia (1990)
David Bomberg – Richard Cork (1988)
Sweet Soul Music: Rhythm and Blues and the Southern Dream of Freedom – Peter Guralnick (1986)
O Rastro dos Cantos – Bruce Chatwin (1986)
Duplo Diabólico – Peter Ackroyd (1985)
Nowhere To Run: The Story of Soul Music – Gerri Hirshey (1984)
Noites no circo – Angela Carter (1984)
Grana – Martin Amis (1984)
Ruído Branco – Don DeLillo (1984)
O Papagaio de Flaubert – Julian Barnes (1984)
A Vida e a Época de Little Richard – Charles White (1984)
A People’s History of the United States – Howard Zinn (1980)
Uma confraria de Tolos – John Kennedy Toole (1980)
Entrevistas com Francis Bacon – David Sylvester (1980)
Darkness at Noon – Arthur Koestler (1980)
Poderes Terrenos – Anthony Burgess (1980)
Raw (revista em quadrinhos) (1980-91)
Viz (revista) (1979 –)
Os evangelhos gnósticos – Elaine Pagels (1979)
Metropolitan Life – Fran Lebowitz (1978)
In Between the Sheets – Ian McEwan (1978)
Escritores em Ação – As famosas entrevistas à Paris Review – editado por Malcolm Cowley (1977)
The Origin of Consciousness in the Breakdown of the Bicameral Mind – Julian Jaynes (1976)
Tales of Beatnik Glory – Ed Saunders (1975)
Mystery Train – Greil Marcus (1975)
Selected Poems – Frank O’Hara (1974)
Antes do Dilúvio: Um retrato da Berlim nos anos 20 – Otto Friedrich (1972)
No Castelo do Barba Azul: Algumas notas para a redefinição da cultura – George Steiner (1971)
Octobriana and the Russian Underground – Peter Sadecky (1971)
The Sound of the City: The Rise of Rock and Roll – Charlie Gillete (1970)
Em Busca de Christa T. – Christa Wolf (1968)
Awopbopaloobop Alopbamboom: The Golden Age of Rock – Nik Cohn (1968)
O Mestre e Margarida – Mikhail Bulgakov (1967)
Journey into the Whirlwind – Eugenia Ginzburg (1967)
Última Saída Para o Brooklyn – Hubert Selby Jr. (1966)
A Sangue Frio – Truman Capote (1965)
As Cidades da Noite – John Rechy (1965)
Herzog – Saul Bellow (1964)
Puckoon – Spike Milligan (1963)
The American Way of Death – Jessica Mitford (1963)
O Marinheiro que Perdeu as Graças do Mar – Yukio Mishima (1963)
Da Próxima Vez, o Fogo: Racismo nos EUA – James Baldwin (1963)
Laranja Mecânica – Anthony Burgess (1962)
Dentro da Baleia e outros ensaios – George Orwell (1962)
A Primavera da Srta. Jean Brodie – Muriel Spark (1961)
Private Eye (revista) (1961 –)
On Having No Head: Zen and the Rediscovery of the Obvious – Douglas Harding (1961)
Silence: Lectures and Writing – John Cage (1961)
Strange People – Frank Edwards (1961)
O Eu Dividido: Estudo Existencial da Sanidade e da Loucura – R. D. Laing (1960)
All The Emperor’s Horses – David Kidd (1960)
Billy Liar – Keith Waterhouse (1959)
O Leopardo – Giuseppe Di Lampedusa (1958)
Pé na Estrada – Jack Kerouac (1957)
Nova Técnica de Convencer: Persuasão oculta, domínio do público pelo subconsciente, sugestão subliminar – Vance Packard (1957)
Almas em Leilão – John Braine (1957)
A Grave for a Dolphin – Alberto Denti di Pirajno (1956)
O Outsider: O Drama Moderno da Alienação e da Criação – Colin Wilson (1956)
Lolita – Vladimir Nabokov (1955)
1984 – George Orwell (1948)
The Street – Ann Petry (1946)
Black Boy – Richard Wright (1945)
The Portable Dorothy Parker – Dorothy Parker (1944)
O Estrangeiro – Albert Camus (1942)
O Dia do Gafanhoto – Nathanael West (1939)
The Beano (quadrinhos) (1938 –)
O Caminho para Wigan Pier – George Orwell (1937)
Os destinos do Sr. Norris – Christopher Isherwood (1935)
English Journey – J.B. Priestley (1934)
Infants of the Spring – Wallace Thurman (1932)
The Bridge – Hart Crane (1930)
Vile Bodies – Evelyn Waugh (1930)
Enquanto Agonizo – William Faulkner (1930)
Paralelo 42 – John Dos Passos (1930)
Berlim Alexanderplatz – Alfred Döblin (1929)
Passing – Nella Larsen (1929)
O Amante De Lady Chatterley – D.H. Lawrence (1928)
O Grande Gatsby – F. Scott Fitzgerald (1925)
A Terra Devastada – T.S. Eliot (1922)
BLAST – editado por Wyndham Lewis (1914-15)
McTeague: Uma história de S. Francisco – Frank Norris (1899)
Dogma e Ritual da Alta Magia – Eliphas Lévi (1896)
Os Cantos de Maldoror – Lautréamont (1869)
Madame Bovary – Gustave Flaubert (1856)
Zanoni – Edward Bulwer-Lytton (1842)
Inferno, da Divina Comédia – Dante Alighieri (1308-1321)
A Ilíada – Homero (800 a.C.)

Sobre a importância de Deuses Americanos

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Escrevi para a editora Intrínseca sobre a edição do autor do primeiro romance de Neil Gaiman, Deuses Americanos, que vira série no ano que vem, e que ainda não teve seu impacto medido.

A nova mitologia de Deuses Americanos

Ainda não chegou o tempo em que olharemos para trás e reconheceremos que Deuses americanos foi um marco na literatura fantástica mundial. O livro que lançou a carreira de Neil Gaiman como escritor para além dos quadrinhos completa quinze anos em 2016, e sua adaptação para série de TV já está sendo filmada e estreia em 2017. O aniversário traz de volta a versão integral que Gaiman mandou a seu primeiro editor, que podou dezenas de páginas. Nessa Edição Preferida do Autor as páginas extras são resgatadas, além de outros textos de Gaiman sobre o livro, como uma nova introdução e uma entrevista.

Em Deuses americanos, Gaiman explora a possibilidade de mitologias acompanharem seus povos em migração. A história se passa na virada do milênio, mas também volta no tempo para mostrar os Estados Unidos em formação, explicando como cada povo e cada tribo deixou a Europa rumo à América levando consigo suas crenças — e como estas foram se transformando no novo continente, que, ao mesmo tempo, via o nascimento de novos deuses.

Assim como acontece na extensa saga em quadrinhos Sandman, publicada entre 1989 e 1996, a sombra que Deuses americanos projeta sobre a fantasia atual ainda está em lento crescimento, sendo apresentada a novos públicos e espalhando-se para além daquele momento inicial de seu lançamento.

Na nova introdução, Neil Gaiman explica que concebeu o título do livro antes mesmo de saber sobre o que escreveria. E, ao apresentá-lo para sua editora, recebeu de volta uma capa já pronta com a clássica imagem do relâmpago ao longe, no horizonte de uma estrada. A imagem icônica surgiu antes mesmo de Gaiman determinar exatamente qual história queria contar e qual tom daria à nova saga.

De certa forma, Deuses americanos pode ser visto como uma continuação do universo que Gaiman começou a explorar em Sandman, embora por outro ponto de vista. Com a série da DC Comics, o autor britânico escolheu um personagem de terceiro escalão da editora e foi em sua essência, descobrindo que o nome Sandman estava vinculado ao personagem do sonho em todas as mitologias. Criou um universo no qual sete irmãos — os Perpétuos — atravessam todas as narrativas da história humana. Eles são entidades que existem desde a aurora dos tempos — Destino, Morte, Sonho, Destruição, Desejo, Desespero e Delírio (todos com D, em inglês) — e cuja interação afeta diretamente a vida dos seres humanos. Sandman era um enorme xadrez da eternidade, em que diferentes deuses e personagens fantásticos brincavam com a mortalidade humana.

Deuses americanos nos faz ver esses universos mitológicos do ponto de vista mortal. O protagonista, Shadow, cruza os Estados Unidos de carro em busca de divindades de outras culturas que estiveram na base da formação do país, mas que aos poucos foram perdendo a importância, ao mesmo tempo em que viram o nascer de novos deuses, aqueles que batizam o livro. E, mesmo que tenha uma história fechada, o universo de Deuses americanos acabou por invadir e dar origem a outros livros de Neil Gaiman, que aos poucos vai desenhando seu próprio universo ficcional.

A adaptação do livro para a TV amplia ainda mais as fronteiras desse universo. A princípio produzida pela HBO, a série passou para o canal fechado Starz e conta com nomes como Bryan Fuller (da série Hannibal) e Michael Green (que fez Heroes e Kings e atualmente produz Gotham e escreve a continuação de Blade Runner), além do próprio Neil Gaiman, que acompanha de perto o projeto desde o início. Gaiman já admitiu ter participado do roteiro dos primeiros episódios da série, que teve seu primeiro teaser exibido — e recebido com aplausos — na Comic Con de San Diego deste ano, o principal evento de cultura pop do mundo.

Ao chegar à TV durante uma grande entressafra que coincide com a fase final do fenômeno de fantasia Game of Thrones, há uma grande chance de a série encontrar um público ávido por novas histórias que misturem mitologia e realidade. Em Deuses americanos, assim como em toda obra de Neil Gaiman, os fãs encontrarão um enorme manancial de contos, fábulas e épicos.

Mas ainda há muito pela frente. Outras obras fantásticas — como O senhor dos anéis, Harry Potter e o próprio Game of Thrones — só atingiram o auge da popularidade quando saíram do papel e chegaram às telas do cinema e da TV, sendo que apenas os autores dos dois últimos — J.K. Rowling e George R.R. Martin — puderam curtir o ápice de popularidade e alcance de suas criações, ajudando-as a crescer nesta transição. A nova edição de Deuses americanos e a iminente série são as primeiras provas de que esse universo pode — e deve — ser bem explorado nos próximos anos.

Lendas pixeladas

A Penguin reempacotou clássicos da literatura infanto juvenil com umas capas inspiradas nos games dos anos 80, dentro da coleção Puffin Pixels Series, que ainda promete outros nomes, como Drácula e Frankenstein:

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