Impressão digital #0009: GloNet 2010

Local e global
Um evento em cinco cidades

“O aspecto mais excitante da cultura digital é a combinação de uma internet global com tecnologias que detectam localização, permitindo que você conheça lugares ao seu redor. Estamos conectados globalmente de formas diferentes e ao mesmo tempo descobrimos novos lugares e pessoas que estão próximos a nós mesmos e que passariam despercebidos se não fosse a rede. As pessoas estão cada vez mais conectadas e mais regionalizadas, ao mesmo tempo. ‘Glocal’ e ‘lobal’”.

Assim Drew Hemment, diretor do festival inglês FutureEverything, se anima com as possibilidades de uma nova geografia pós-internet. Ele é um dos idealizadores do evento GloNet, que será realizado na próxima quinta-feira, 13, em São Paulo e em outras quatro cidades do mundo. Além de São Paulo, Manchester na Inglaterra, Istambul na Turquia, Vancouver no Canadá e Sendai no Japão também sediam simultaneamente o evento, cujo mote é Geografia Imaginária.

“A cultura digital permite que possamos viajar sem nos movermos”, continua Hemment. “Cada vez mais pessoas têm acesso à internet e a serviços gratuitos como o Skype, que nos permite pular entre fusos horários e culturas apenas apertando um botão. Isso faz com que o mundo fique mais unido e pode criar choques culturais interessantes.”

Esta geografia digital não é apenas o tema de palestras e workshops que ocorrerão no Masp, mas também faz parte da própria dinâmica do festival, que pressupõe a interação entre os participantes das cinco cidades do evento.

Hemment é especialmente entusiasmado com o Brasil e diz que o País é conhecido mundialmente como o epicentro da cultura livre e da filosofia open source. O artista já passou pelo País, onde fez amigos, e adaptou a ideia dos Pontos de Cultura do Ministério da Cultura brasileiro em sua cidade-natal, Manchester. Ele se diz “fã” do Brasil e de São Paulo e diz que a cidade preserva muitos aspectos locais mesmo sendo uma metrópole global.

E é essa uma das principais questões levantadas pelo GloNet: como os âmbitos globais e regionais sobreviverão em uma sociedade totalmente conectada. “Prevejo a emergência de um novo tipo de regionalismo”, explica. “A cultura digital permite tanto conexões locais quanto globais. Em muitos lugares do mundo há um renascimento de estabelecimentos comerciais e comunidades regionais, que atualmente compete com a tendência de uma globalização ruim, sem os prazeres e diferenças que cada região pode ter.”

GloNet 2010
Realizado pelo Vivo Arte.mov em parceira com o British Council e o festival inglês FutureEverything, o evento será realizado na próxima quinta-feira, a partir das 11 h, no Masp em São Paulo. O programa conta com palestras de Lucas Bambozzi (Geografias Transitórias), Guilherme Wisnik (Cidade genérica x site-specific), Jorge Menna Barreto (Especificidade e (in)traduzibilidade), Giselle Beiguelman (Estéticas do Open Source), além de videoconferência e workshop com os artistas ingleses Paul Sermon e Dave Mee. O Masp fica na Avenida Paulista, 1.578 (telefone: 11 3251-5644) e a entrada para o GloNet é gratuita.

DEPOIS DE LOST
www.scariestthingieversaw.com. O endereço do site A Coisa Mais Assustadora Que Eu Vi apareceu em um microssegundo no trailer de Super 8, produção de Steven Spielberg com o criador da série Lost J.J. Abrams. Ainda vazio, o site deve iniciar mais uma mania online.

Link – 10 de maio de 2010

21 dias depois: nem notebook, nem celular, iPad ocupa novo lugarA vantagem do aparelho de uma tarefa sóLivraria Cultura vira palco para o LinkSó a Justiça pode tirar conteúdo do ar, redefine anteprojeto do Marco CivilComo registrar seu domínioA tecnologia dos celulares regerá o futuro dos tablets‘Prince of Persia’ vira filme dando sequência à evolução dos gamesE depois do anúncio do Plano Nacional de Banda Larga?A invasão dos ‘Androidphones’Vida digital: No espaço sideral

Link – 3 de maio de 2010

Eu, robôLink sai do papel na Livraria CulturaBrasil questiona mapa do Google de remoção de conteúdo“Born Free” e a censura do YouTubeO que é e como funciona o TumblrO iPhone do Gizmodo e o sensacionalismo tecnológicoO novo destino dos Papéis do PentágonoO roteiro do último episódio de ‘Lost’ vazou ou foi vazado?TV 3D já tem. Só falta o que verApple x AdobeNo Brasil, Ballmer mostra novo MSN e reclama do governoUma convenção de memes e viraisO dia das mães móveisVida Digital: Marcos Souza, coordenador-geral de direitos autorais do Ministério da Cultura

Impressão digital #0007: George Lucas e o sonho de Hitchcock

Coluninha do 2 de domingo.

Uma nova trilogia
George Lucas e o sonho de Hitchcock

No fim de semana passado, na convenção C2E2 em Chicago, nos EUA, o diretor de relações com fãs da Lucasfilm, Steve Sansweet, deixou escapar uma ponta de esperança para os fãs da maior saga da história do cinema, Guerra nas Estrelas. Ao responder a questões de fãs sobre os lançamentos dos filmes em Blu Ray, ouviu uma pergunta sobre possíveis “novas aventuras depois do Retorno de Jedi (o terceiro filme da série) com nossos personagens favoritos, Luke, Han e Leia”. Sem pestanejar, ele respondeu: “E você verá, com um novo tipo de animação.”

Guerra nas Estrelas (1977) mudou completamente a história do cinema e do entretenimento do fim do século passado ao colocar o fã como prioridade. Assistente de Francis Ford Coppola, seu criador George Lucas começou a chamar atenção quando seu segundo filme, American Graffiti (1973), recebeu indicações para o Oscar de melhor filme, direção e roteiro original. Foi o suficiente para que o estúdio Fox o contratasse e lhe desse liberdade para fazer o filme que quisesse.

Lucas não deixou barato. Imaginou um filme que tivesse a sensação de ficção científica sem que necessariamente fosse cientificamente verossímil. Sua intenção era recuperar a excitação que tinha ao frequentar as matinês de sua infância, em que sagas espaciais como Flash Gordon, aventuras de capa e espada como as de Robin Hood e filmes sobre a Primeira Guerra Mundial faziam crianças e adolescentes delirar na sala escura.

Depois da nouvelle vague francesa nos anos 60, o cinema tornou-se sério e adulto e perdeu o encantamento daqueles dias. Lucas recuperou estes elementos em uma história que muitos achavam que ia dar com os burros n’água. Gastou a maior parte do orçamento de US$ 10 milhões em efeitos especiais e deu maior ênfase a naves, alienígenas e robôs do que a atores. De quebra, conseguiu os direitos de marketing dos filmes e – com o sucesso da saga – fatura alto até hoje com a venda de produtos licenciados.

Tímido, George Lucas enfrenta até hoje a crítica de que é um péssimo diretor por não saber lidar com pessoas. A atriz Carrie Fischer, que vive a princesa Leia, ironizava nos bastidores que o elenco humano era conhecido como “efeito especial de carne”.

E desde o segundo filme, O Império Contra-Ataca (1980), começou uma lenta mudança ao transformar bonecos em atores, ao criar o guru alien Yoda. Quando resolveu fazer a segunda trilogia de filmes (1999- 2005), criou outros tantos personagens em animação computadorizada e, com a anunciada nova trilogia, deve levar isto às últimas consequências, dispensando atores para usar apenas computação gráfica.

Não é apenas um capricho de um nerd que se tornou ícone de várias gerações. Filmes sem atores remetem à máxima de Alfred Hitchcock, que dizia invejar Walt Disney. “Quando ele não gosta de um ator, simplesmente o apaga.” Agora George Lucas pode tentar realizar a tão sonhada utopia do mestre do suspense.

Link – 26 de abril de 2010

Site arqueológicoE o dia-a-dia vira históriaDigitalização recupera registros do passadoSimpósio sobre acervos terá transmissão onlineMáquina do tempoPersonal Nerd: Guerra nas EstrelasActa: o acordo que pode mudar a webMembros do 55chan atacam EstadãoUma questão complicada: o anonimato na internetVida Digital: We Feel Fine

Link – 19 de abril de 2010

Feio, sujo e surreal‘Criei o 4chan aos 15 anos’Zoológico bizarroOnde nascem e vivem os memes brasileirosA história contada por meio de tweetsA biblioteca na era digitalQual será a próxima música?Google na América LatinaPersonal Nerd: Turbine seu GmailObservatório da Web monitora candidatos em sites e redes sociaisVida digital: Jamie KingComo funciona o Vodo.net

Impressão digital #0005: South Park e o Facebook

O episódio da semana do South Park foi o gancho da minha coluna de domingo no Caderno 2.

“Minha avó no Facebook”
A criação de um ambiente virtual

“Até a minha avó está no Facebook!”, comentou com espanto o repórter Filipe Serrano durante o fechamento do Link da semana passada. Na quarta-feira anterior, nos EUA, o desenho animado South Park dedicava um episódio inteiro (You Have 0 Friends) à maior rede social do mundo – e o personagem Stan também ficava impressionado com o fato de suas tias e parentes mais velhos também terem perfis no site.

Criado em 2004 pelo estudante de Harvard Mark Zuckerberg, o site é uma rede social nos moldes do Orkut, só que com layout elegante e uma série de funcionalidades que o transformam em mais do que uma mera rede de relacionamentos.

Ancorado nos aplicativos (pequenos programas criados para rodar dentro do site), o Facebook é uma espécie de ambiente virtual, semelhante ao Windows. Nesse sentido, a grande diferença é que, como o sistema operacional da Microsoft foi criado antes da popularização da internet, foi criado para ser utilizado por uma pessoa por vez, sem conectar-se às outras – é um recinto quase privado. O Facebook age como um grande Windows online, que conecta estes universos virtuais em uma grande área de comunicação e troca de informações e experiências. “Queremos que as pessoas não precisem sair do Facebook para fazer o que quiserem na internet”, me disse seu criador quando veio ao Brasil em agosto do ano passado.

E o site é todo organizadinho. Sua interface clean facilita entender todos os níveis de interação da rede social. É isso que tem tornado o Facebook tão forte e onipresente. Ao contrário do Orkut, do Twitter ou do MySpace, que exigem que o usuário gastasse algum tempo online para entender a lógica por trás dos sites, o Facebook é didático e facilita a vida de quem não queria estar online, mas teve de mudar de planos por motivos óbvios.

Para quem vê de fora, o site parece uma alegoria da vida real, ironizada no episódio de South Park – em certa passagem, o pai de um personagem questionava a amizade com o filho só pelo fato dos dois não serem amigos no Facebook. Mas, seja na rede de Mark Zuckerberg, seja no Google ou em contas de redes fechadas como as da Apple, Nintendo, Sony ou Microsoft, é através dessas redes que aprendemos como funcionará a cultura e a sociedade num futuro próximo.

Por isso, não se espante se a sua avó aparecer no Facebook. Ela não está querendo ser moderninha – ela só percebeu que é na internet que as pessoas se comunicam, se divertem e se informam hoje em dia.

No mural
O Estado de S. Paulo e o Link também estão lá

E por falar em Facebook, esta semana foram inauguradas as páginas do Estado de S. Paulo e do caderno Link na rede social. Ao se tornar fã da página, você passa a acompanhar as notícias publicadas pelo jornal e por seu suplemento de cultura digital direto em seu perfil no site, além de poder comentar e discutir os assuntos abordados nas reportagens. Para adicionar as páginas à sua conta no site é só clicar em http://www.facebook.com/estadao e http://www.facebook.com/linkestadao.

Tudo online
Southparkstudios.com
No ar desde 2008, o site South Park Studios é uma aula de como a televisão pode usar a internet a seu favor. Todos os episódios da série estão disponíveis em streaming – até mesmo “You Have 0 Friends”, que acabou de ser exibido nos Estados Unidos.

Link – 12 de abril de 2010

Sem teclado nem mouseMudança começou com celularQuando a tecnologia vira sexto sentidoOs rumos do comandoMeio termo: mouse com supefície tátilControle na ponta dos dedosAnálise: Um à frente, dois para trásAnálise: iPad eleva nível da disputaProjeto de lei do Marco Civil aumenta as responsabilidades dos usuários Entenda o Marco Civil da internetA cultura sob a ótica do copyrightA linguagem da internet é o HTMLVida Digital: Tiger Woods

A interface e você

Eis meu texto de abertura do especial que fizemos pós-iPad no Link desta semana.

Sem teclado, nem mouse
A chegada do iPad é mais um degrau nas mudanças na forma de lidar com o computador. Touchscreen e sensores de movimento são só algumas das tecnologias que já existem

iPad, iPad, iPad. Desde o lançamento do tablet da Apple parece que não se fala em outra coisa quando o assunto é tecnologia, cultura digital ou comunicações. Lançado no início deste mês, o aparelho correspondeu às expectativas que o acompanham desde quando ele era só um rumor que ganhou força no final do ano passado, e só na primeira semana quase meio milhão de iPads foram vendidos.

Longe de ser uma unanimidade, o aparelho sublinha uma mudança maior do que a festejada pela Apple e seus fãs. Afinal, ele é um dos primeiros candidatos a substituir o computador pessoal abrindo mão de dois acessórios que o acompanham desde sua criação: o mouse e o teclado.

Essa mudança começou, não custa frisar, com o iPhone: foi o celular da Apple que levou ao abandono do conceito de telefone, substituído pelo de computador de bolso – o que alterou, inclusive, a forma como a internet se organiza, com a popularização dos aplicativos.

Mas entre o iPhone e o iPad, outras empresas apresentaram novidades que estão mudando completamente a forma de interação com as máquinas digitais.

Touchscreen e sensores de movimento aos poucos tornam a interação com o que está na tela mais intuitiva, menos burocrática e mais natural, liberando as mãos de quem tem de lidar com os aparelhos, sejam eles celulares, notebooks, netbooks ou tablets. Nesta edição, aproveitamos o furor em torno do iPad para falar sobre isto.

Link – 5 de abril de 2010

E agora, lan house?Deputados discutem regulamentaçãoInclusão social e digital na práticaAprendendo com os piratasChatroulette nos lembra da natureza aleatória da internetO iPad de duas carasUma orquestra de laptops no ABCYouTube e Twitter de cara novaPeças em streaming. Dá certo?Nuvem sujaApp Store no FacebookMapa do 3GVida Digital: Charles Martinet