Letrux 2020: “O choro é livre – e que bom”
Letícia aos poucos começa a revelar seu próximo álbum e adiantou para o jornal O Globo o título e a arte da capa: Letrux Aos Prantos é o nome do sucessor do ótimo Em Noite de Climão, que ela apresentou anunciando que “o choro é livre e que bom, pelo menos isso ainda nos é permitido. Sorte de quem chora, como eu”. A pintura que faz parte da capa – e não é a capa em si – foi feita por Maria Flexa a partir de uma foto feita por Victor Jobim: “Coloquei uma composição de Bach que me faz chorar desde criança e ele me fotografou”, explica a cantora carioca, que ainda antecipou participações de Lovefoxxx e Liniker no novo disco, que será lançado no dia 13 de março.
Como pede o clima intenso das faixas (“Tem de tudo, até samba. Um samba meio Twin Peaks, meio David Lynch, mas é um samba”, disse ao jornal), o disco não terá single de apresentação e chega todo de uma vez só.
Atualização (12 de fevereiro): Letícia finalmente revelou a capa de seu novo disco (ointura da Maria Flexa, foto Ana Alexandrino e arte gráfica de Pedro Colombo) e escreveu sobre o conceito por trás dela:
Desde criança, choro com o concerto para 2 violinos em Ré menor do Bach. Meu pai tinha alguma coletânea de música clássica (mais tarde Thiago Vivas me ensinou que deveria ser coletânea barroca, risos). Eu amava dar play, ouvir tudo deitada na cama, e tinha a hora exata do pranto. Eu sentia o trajeto da lágrima inteiro dentro de mim e tinha o auge momento de botar pra fora. Passei anos sem ouvir, depois lembrei de tal obra magnânima e que alegria ela sempre existir. Quando fui no ateliê da Maria Flexa, pintora que fez o quadro, levei minha caixinha de som e convoquei Bach pra chorar na frente dela e do namorado, Victor Jobim, que me fotografou (analogicamente), chorando. Nunca tinha visto Maria nem Victor na vida. Mas chorei na frente deles. Choro um bocado. Sempre fui llorona. E sempre me foi permitido ser. “Menina não chora”. Isso não rolava. Isso nos era permitido. E eu aproveitei. Choro de tristeza, de raiva, de horror, de gozo, de saudade, de alegria. Choro com vídeos de superação, luto, bichinhos nascendo, bebês aprendendo algo. Choro de gargalhar (the lícia esse choro). Convoquei Ana Alexandrino minha fotógrafa de sempre, caprina, pra me registrar segurando esse quadro da Maria. O Climão teve aquele meu carão na capa. Aos prantos tenho outro rosto, em forma de pintura. Sou antiga, não posso evitar cronos pra mim. Já havia trabalhado com Pedro Colombo fazendo o clipe de Puro Disfarce. Pedro conseguiu reunir elementos dessa fotografia, desse quadro, desse álbum, dessas músicas, da minha água, e elaborar essa belíssima capa do próximo disco. Vestido Ateliê Guto Carvalhoneto, styling Luiz Wachelke.
E lá vou eu ouvir o concerto para 2 violinos em Ré menor. Recomendo.
E ainda linkou o tal concerto: “quem quiser chorar, 4:22 era a hora em que eu não sabia se estava viva”.
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