Lee Ranaldo 2017: “Now that you are free…”

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O grande Lee Ranaldo, o cientista louco do Sonic Youth, segue desbravando o território da canção e acaba de anunciar mais um disco solo. Electric Trim, que só será lançado no meio de setembro, foi gravado com a mesma banda com quem gravou seu disco mais recente, Last Night on Earth de 2013, os mesmos The Dust (formados pelo ex-baterista do Sonic Youth Steve Shelley, o guitarrista Alan Licht e o baixista Tim Luntzel), mas ainda conta com participações especiais de Neils Cline, do Wilco, e Sharon Van Etten, que faz vocais em seis canções. “Eu estou bem animado com esse disco, representa novos caminhos e direções para mim e não vejo a hora de voltar para a estrada e tocar essas músicas ao vivo”, ele disse em um post no Facebook. O velho Lirra abre os trabalhos do disco revelando a capa (feita pelo mesmo Richard Prince que fez a capa do disco Sonic Nurse, do Sonic Youth) e a ordem das músicas, além do primeiro single (“Circular (Right As Rain)”), todos abaixo:

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“Moroccan Mountains”
“Uncle Skeleton”
“Let’s Start Again”
“Last Looks (feat. Sharon Van Etten)”
“Circular (Right As Rain)”
“Electric Trim”
“Purloined”
“Thrown Over the Wall”
“New Thing”

O disco já está em pré-venda, pela gravadora Mute.

A volta do Can

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O tecladista Irmin Schmidt (abaixo), um dos fundadores da clássica banda krautrock Can, anunciou um único show em celebração à história da banda alemã com a participação de outros integrantes originais, como o baterista Jaki Liebezeit e o vocalista Malcolm Mooney e os dois guitarristas do Sonic Youth, Thurston Moore e Lee Ranaldo. A apresentação acontece no teatro Barbican, em Londres, no dia 8 de abril do ano que vem e infelizmente já está com ingressos esgotados. O show começa com uma apresentação da obra An Homage to Can, que Schmidt escreveu usando referências de várias faixas clássicas da banda e que deve ser tocada ao lado da London Symphony Orchestra. Depois desta apresentação será exibido um filme da banda original tocando no Sporthalle de Colônia, na Alemanha, em 1972, para aí sim começar outra homenagem, incluindo Liebezeit, Mooney, Moore e Shelley. Tomara que eles se animem para fazer outras apresentações. Não há informações sobre porque o show não terá as participações do baixista Holger Czukay e do vocalista Damo Suzuki, dois remanescentes vivos da formação clássica, que ainda contava com o guitarrista Michael Karoli, morto em 2001.

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Lee Ranaldo e o pixo

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Estrela da Mês da Cultura Independente deste ano, Lee Ranaldo falou sobre sua relação com São Paulo com o site oficial do evento e revelou sua paixão pelo pixo brasileiro:

Uma coisa que eu procuro e que eu amo em São Paulo — nem sei se é legal dizer esse termo — é a pixação. Eu gosto muito da pixação. A gente conheceu um pixador de São Paulo, o Jey77, e ele fez o nome da banda como pixação. Foram feitas umas camisetas com a estampa! E eu vi umas no East Village, em Nova York, há pouco tempo.

Na entrevista, ele também falou sobre Inhotim, comida brasileira, música brasileira e uma possível volta do Sonic Youth. Lê lá.

Lee Ranaldo de graça em São Paulo

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O alquimista sonoro do Sonic Youth vem mais uma vez para o Brasil e faz show de graça no Largo da Batata dia 26 de setembro. Agradeça ao povo da Desmonta, responsáveis por esse feito heróico. Abaixo, vídeos que fiz das apresentações do velho Lirra em sua primeira turnê solo por essas bandas, em julho de 2013:

Vazou o disco novo do Lee Ranaldo

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Aquele que a gente ouviu bem antes de virar disco

O outro Lee Ranaldo

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Depois de dois shows com o pé na música pop, o sonic youth Lee Ranaldo mostrou seu lado artsy ao se apresentar na semana passada no mesmo Sesc Pompéia em que mostrou seu disco solo mais recente, só que atravessando o lado da rua, no Teatro da unidade, e não mais na Choperia. Sozinho no palco do teatro, ele desbravou o terreno da microfonia e do barulho sem as muletas da melodia, do refrão ou de letras. Dedicou sua apresentação ao puro ruído elétrico, transformando sua guitarra em uma antena reverberadora de sons muito mais do que um instrumento musical. Mexendo nos botões dos pedais e de dois amplificadores espalhados pelo palco, ele usava um arco de violoncelo e baquetas para vibrar a eletricidade sonora pelas cordas da guitarra, além de arrastá-la no chão, pendurá-la numa corda no palco e girá-la sobre a própria cabeça. O teatro só tinha uma das metades abertas pois a apresentação – chamada “Sight Unseen” contava com uma apresentação em vídeo, feito pela esposa Leah Singer, projetada num telão atrás de Lee. O filme intercalava cenas de árvores ao vento a cenas de diferentes platéias em situações distintas, colando as imagens com sons de diálogos, ruídos de multidão e palavras repetidas. Na primeira performance, na terça-feira passada, ele ficou sozinho no palco e não sentou em momento algum. No dia seguinte, empunhou seu instrumento como guitarra por poucas vezes, convidou um grupo de percussionistas brasileiros (Maurício Takara entre eles) para tocar aleatoriamente ampliando o próprio caos elétrico, além de passear pelo público. Dois shows distintos e bem diferentes do que ele fez na semana anterior. Em comum, apenas o entusiasmo em conversar com o público ao final e, claro, paredes de microfonia, marca registrada do sujeito. Fiz uns vídeos aí embaixo, olha só:

 

Lee Ranaldo, o cientista maluco

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O fim do Sonic Youth parece ter liberado seus integrantes do ruído e da microfonia – pelo menos foi isso que deu para entender a partir dos primeiros trabalhos que dois de seus fundadores lançaram. Demolished Thoughts, o segundo disco solo de Thurston Moore, lançado em 2011, era quase todo composto ao violão e a produção do Beck enfatizava o lado bucólico e solitário das canções. O de Lee Ranaldo, Between the Times and the Tides, também segundo disco, lançado no ano passado, também tinha maior foco em canções quase sessentistas de tão perfeitinhas. Mas os shows dos dois guitarristas no Brasil mostrou que o que eles gostam mesmo é de barulho. Thurston, em abril do ano passado, trouxe uma banda de apoio que meses depois se tornaria o Chelsea Light Moving, uma banda elétrica o suficiente para não ter nada a ver com o disco que a reuniu. Agora é a vez de Lee Ranaldo, que se apresenta no Brasil em quatro datas – duas no formato rock e a banda The Dust, e duas no formato arte, ao lado da esposa Leah Singer.

Na tradição do Sonic Youth, Lee Ranaldo era o cientista maluco, o desbravador das fronteiras da eletricidade sonora, enquanto Thurston era o maníaco do punk rock, o autor de “Teen Age Riot”. E por mais que seu disco mais recente soasse domesticado e pop, quando ele o trouxe para o palco da choperia do Sesc Pompéia, abria espaços entre refrões, introduções e letras para espasmos sonoros descontrolados e eufóricos, sendo acompanhado por músicos na mesmíssima sintonia de sua antiga banda – um deles, o mestre baterista Steve Shelley, eterno baterista do SY. O guitarrista Alan Licht ia da microfonia e ao discreto apoio ao líder da banda, enquanto o baixista Tim Luntzel criava contrapontos musicais impensáveis na formação do Sonic Youth, com um dedo no jazz e outro no rock clássico. Mas por mais que brilhassem como músicos, o holofote caía sempre em Lee Ranaldo.

Muito à vontade, ele não apelou para o populismo de tentar falar em português e assumiu que seu público entendia o inglês que falava – e não parava de falar. A cada nova música, conversava com a platéia explicando a origem da música (“Xtina as I Knew Her” era sobre sua colega adolescente mais promissora, uma pessoa que ninguém nunca mais sobre dela; “Shouts” foi composta a partir do movimento Occupy Wall Street, etc.) e todos reagiam como se estivessem assistindo a um velho conhecido contar o que fez da vida o tempo todo que esteve fora. Além das músicas do disco do ano passado, emendou algumas que ainda não existem em disco, como “Lecce”, “Keyhole”, “Fire Island (Phases)” e “Last Night on Earth”.

E matou a vontade do público brasileiro de ouvir suas faixas no Sonic Youth mesmo sem tocar nenhuma música da banda há mais de ano em seus shows. Na sexta-feira foi de “Genetic” e no sábado foi de “Karen Revisited (Karenology)”. No mesmo sábado ainda brincou com o público, anunciando “Teen Age Riot” antes de rir dizendo que era uma piada. E além do Sonic Youth, discorreu por outras versões, ao lembrar que, quando tinha apenas as músicas do primeiro álbum, gostava de tocar músicas que o influenciou – e para não perder a oportunidade, tocou “She Cracked” dos Modern Lovers na sexta-feira e outras três – “Everybody’s Been Burned” dos Byrds, “Thank You for Sending Me an Angel” dos Talking Heads e “Revolution Blues” do Neil Young – no sábado.

Ao final dos dois shows, correu para falar com os fãs. No primeiro dia, estava conversando com um amigo quando Lee Ranaldo, seguido de Steve Shelley, saiu correndo dos bastidores para o público, perguntando “cadê as pessoas?”. Conversou, tirou fotos e autografou discos – demorou tanto tempo que, no sábado, a casa de shows achou melhor organizar o encontro do lado de fora. E, mais uma vez, cruzei com ele quando estava saindo, ele fazendo a mesma pergunta (“cadê as pessoas?”) com os olhos esbugalhados e ar impaciente. Era ainda o mesmo cientista louco que tornou o Sonic Youth uma das bandas mais importantes de sua geração.

Agora é a vez de seus shows performáticos. Vamos ver o que acontece.

Fiz uns vídeos aí embaixo, saca só:

 

Hoje é dia de Lee Ranaldo

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E já já o mestre Lee Ranaldo se apresenta sozinho pela primeira vez em São Paulo, no Sesc Pompéia. Hoje e amanhã ele toca na choperia com a banda The Dust (que ainda conta com o também sonic youth Steve Shelley na bateria) e apresenta as músicas do ótimo primeiro disco solo após o fim da banda, no ano passado. Terça e quarta, ele se apresenta com sua mulher Leah Singer em uma performance no teatro da mesma unidade do Sesc. Vou nos quatro dias. E ele tem tocado músicas do Neil Young, dos Byrds e do Talking Heads, tão sabendo?


Lee Ranaldo – “Revolution Blues”


Lee Ranaldo – “Thank You For Sending Me An Angel”

A do Byrds (“Everybody’s Been Burned”) eu não achei no YouTube. Mas será que rola alguma do Sonic Youth?

Já comprou seus ingressos pros shows do Lee Ranaldo em São Paulo?

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Não dê mole: o cientista louco do Sonic Youth faz quatro shows em São Paulo no mês que vem e os ingressos já estão à venda no Sesc – são dois ao lado de sua banda, The Dust, na choperia e dois com sua mulher Leah Singer, no teatro. Metade banda de rock, metade projeto artístico – quatro vezes o experimentalismo elétrico do velho Lee. Imperdível.

Lee Ranaldo no Brasil!

leeranaldo

Quem crava é o Floga-se, que avisa que o cientista louco do Sonic Youth agora em carreira solo toca na choperia do Sesc Pompéia por duas noites, 18 e 19, em julho. Que massa!