Chama acesa

Que maravilha o #chamafestival2025 neste sábado na Casa Rockambole. Tudo funcionou lindamente e juntos transformamos uma noite fria de sábado numa celebração festiva de uma parcela considerável comunidade musical paulistana em formação. Artistas e bandas que estão, em sua maioria, nos primeiros anos de carreira, mostraram serviço enquanto se divertiam e faziam sua arte. A Orfeu Menino tacou fogo no festival de cara, botou todo mundo pra dançar e os sopros de Lalá Santos acentuaram o groove do quinteto. Depois o Saravá encaixou-se bem com Ricardo Paes, do Naimaculada, e seu tom meio blues e soul funcionou lindamente com a melancolia pesada do trio. Em seguida, o grupo D’Artagnan Não Mora Mais Aqui trouxe seu noise pós-punk torto e melódico, em que o guitarrista do Nigéria Futebol Clube, Rodrigs, não teve dificuldade para entrar – e prometeu a vinda de seu primeiro álbum. A Monstro Bom trouxe seu indie pop com as intervenções eletrônicas do Lauiz e também falou da vinda de seu disco de estreia. A alternância entre palcos funcionou e todos conseguiam ver tudo, sem perder o show anterior ou o seguinte. O Tutu Naná derreteu todos com ruído e melodia e Karin Santa Rosa tornou-se quinta integrante do grupo. Mas ninguém estava preparado pro que o Gabiroto iria fazer: ele começou o show tendo suas mãos tatuadas no palco (enquanto cantava) e, depois de convidar Trash para a noite, abriu uma clareira no público para a entrada de uma garota pendurada no teto por num tecido, um cara de pernas de pau e bailarinas com, um verdadeiro circo freak. A noite terminou com duas doses pesadas de rock: a psicodelia do Applegate com o hard rock do Malvisto e a crueza do Ottopapi com a presença efusiva da estreante da Isabella Gil. Shows que deixaram todos extasiados e felizes, com a casa cheia pra ver nomes que sequer tinham ouvido falar. E assim a curiosidade vence a apatia. Missão cumprida!

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Chama Festival | 13.9.2025

Ottopapi, D’Artagnan Não Mora Mais Aqui, Gabiroto, Orfeu Menino, Monstro Bom, Tutu Naná e Applegate são as atrações da primeira edição do Chama Festival, que tem como o intuito mostrar as novas bandas brasileiras que estão surgindo nesta década. Idealizado por mim e pelo Arthur Amaral (que criamos estes celeiros de talentos no Inferninho Trabalho Sujo e no Porta Maldita), o festival reúne oito bandas – que por sua cada uma delas recebe seus respectivos convidados: Ottopapi recebe Isabella Gil, D’Artagnan Não Mora Mais Aqui convidou o Rodrigs do Nigéria Futebol Clube, Gabiroto chamou o Trash, Orfeu Menino veio com a Lalá Santos, Monstro Bom trouxe o Lauiz, Tutu Naná convocou Karin Santa Rosa e Applegate acionou o Malvisto. O festival acontece no sábado dia 13 de setembro de 2025 a partir das 16h20 na Casa Rockambole. Os ingressos já estão à venda.

Criando uma tradição

Eu e Arthur Amaral, o capo da Porta Maldita, estamos criando uma pequena tradição nas edições do Inferninho Trabalho Sujo que realizamos naquele segundo andar da rua em frente ao Cemitério São Paulo, ao reunir bandas de diferentes públicos e sonoridades para trazer gente diferente, legal e interessada nos nomes que estão surgindo nesta década que, apesar de na metade, ainda tem cara de nova devido aos seus primeiros e terríveis anos. A noite desta quinta-feira começou com o trio Polly Noise & The Cracks, banda paralela do núcleo Der Baum, já clássica banda new wave synthpop do ABC paulista, desta vez liderada pela guitarrista Fernanda Gamarano, que deu a cara sem rosto ao grupo, que mergulha nos oceanos da melancolia gótica de Robert Smith. É o primeiro projeto paralelo do Der Baum, que vai preparando seu próximo álbum enquanto os outros integrantes da banda vão soltando seus novos trabalhos, como me disse Ian Veiga, que, como Fernanda, é fundador do Der Baum e que toca bateria como um dos Cracks, e que ainda conta com a videomaker Priscilla Fernandes no baixo gallupiano. Show curto, mas eficaz.

Depois foi a vez de Lauiz subir ao palco com a cozinha do grupo Celacanto num formato banda de rock, longe dos experimentos eletrônicos pop que caracterizam sua discografia – o que pode marcar o início de uma nova fase de seu trabalho, por assim dizer um “Lauiz rock”. Com Matheus Costa no baixo e Giovanni Lenti na bateria, ambos celebrando o lançamento do primeiro disco de sua banda em clima da farra na Porta Maldita, a nova formação do show de Lauiz ganhou inevitáveis peso e força, liberando inclusive seu comparsa Marcos M7i9 para soltar sua faceta guitarrística, chegando ao auge quando, depois de passar versões pesadas das músicas de seu Perigo Imediato e uma inédita, Lauiz – vestido com uma camiseta Pepsi Gangster – convidou o guitarrista Vicente Tassara, compadre tanto na banda Pelados quando no projeto de plunderfonia YouTube Shorts – para três músicas, duas delas versões de clássicos do indie rock com W maiúsculo: “Undone (The Sweater Song)” do Weezer e uma inacreditável versão para “Roses Are Free’, do Ween. E se o Lauiz antecipou a vibe country do Cowboy Carter de Beyoncé em seu último disco, talvez possa antecipar a fase rock da diva no próximo trabalho. A ver.

A noite fechou com um show inacreditável do Tutu Naná, banda de Chapecó baseada em São Paulo, cuja química mistura noise, shoegaze, free jazz, dream pop rock e até bossa nova numa formação precisa, com os vocalistas e guitarristas Akira Fukai e Jivago Del Claro (que reveza-se entre o baixo e a guitarra), a bateria à Keith Moon do impressionante Fernando Paludo e a flauta transversal da esplendorosa vocalista Carou Acaiah, que equilibram-se em linhas instrumentais que vão do esporro ao sussurro hipnotizando todos os presentes. A banda, que mora no mesmo lugar há um ano, é um segredo bem guardado da cena indie brasileira que deve começar a ser conhecido neste ano, quando possivelmente lançam dois (!) discos. Muito foda.

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Tutu Naná, Polly Noise & The Cracks e Lauiz @ Porta Maldita (17.4)

A próxima edição do Inferninho Trabalho Sujo acontece na véspera da sexta-feira da paixão, quando mais uma vez reúno na Porta Maldita três artistas de sonoridades díspares mas dentro de uma mesma lógica estética e geracional. Lauiz abre os trabalhos começando a despedir-se do disco do ano passado, Perigo Imediato, ao mesmo tempo em que aponta para novos rumos musicais, contando com possíveis participações especiais. A banda sem rosto Polly Noise & The Cracks vem em seguida mostrando sua sonoridade melódica e ruidosa para, no final, recebermos a presença do quarteto Tutu Naná, um dos nomes em ascensão da cena indie brasileira desta década. E entre os shows, toco umas músicas pra mexer com os quadris dos presentes. A Porta Maldita fica no número 400 da rua Luiz Murat, entre os bairros de Pinheiros e Vila Madalena. E comprando ingressos antecipadamente sai mais barato.

Estabelecido em alto patamar

O quarteto Celacanto propôs-se uma ideia ousada nesta terça-feira no Centro da Terra, quando decidiu mostrar na íntegra seu disco de estreia, que será lançado na quinta-feira da semana que vem. Fazendo uma apresentação sem bula para o público, a banda convidou os presentes a uma audição ao vivo, mostrando o álbum Não Tem Nada Pra Ver Aqui (frase que abre o disco e, portanto, o show) na mesma ordem que no disco. A diferença era justamente a natureza fluida das canções entre si – diferente do disco, o grupo decidiu fazer transições ao vivo entre as músicas, para tornar a costura das canções uma história coesa com o correr do show. Passeando entre o art rock e o rock progressivo, o grupo puxou suas canções que falam de relacionamentos e da própria existência com timbres de rock clássico e vocais e melodias melancólicas, bebendo da tristeza do indie rock, sempre conduzido pelas linhas de baixo melódicas de Matheus Arruda (que por uma música foi para a guitarra) e pela bateria matemática de Giovanni Lenti, enquanto Edu Barquinho passeia pela guitarra, piano e acordeão, sempre solando sem precisar exibir-se, e o principal compositor da banda, o líder e cantor Miguel Lian, aclimatava ainda mais o público com sua voz e guitarra ou quando foi ao piano, mostrar uma das músicas mais fortes da noite. A banda ainda contou com a participação do produtor Lauiz, que ajudou a banda a forjar o som desse primeiro disco e tocou sintetizadores e bateria eletrônica, além de sua presença sempre carismática, mesmo que muda, e com vídeos feitos pela dupla Giba e Aurora, derramando cores saturadas retrô sobre o grupo. A apresentação prova que o Celacanto já está num patamar musical avançado em relação ao seus contemporâneos, mesmo que ainda não tenha lançado nem seu primeiro disco. Vão longe.

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Celacanto: Falta Tempo

Nesta terça-feira temos a satisfação de receber uma das novas bandas mais promissoras da atual cena paulistana, quando o quarteto Celacanto, formado pelo vocalista e guitarrista Miguel Lian, pelo também guitarrista e sanfoneiro Edu Barquinho, pelo baixista Matheus Arruda e pelo baterista Giovanni Lenti, apresentam o espetáculo Falta Tempo, uma versão em que seu primeiro álbum Não Tem Nada Pra Ver Aqui, que ainda será lançado este mês, transforma-se num espetáculo audiovisual para ampliar o conceito da banda, que flerta tanto com o indie rock, a música brasileira, o art rock e o rock progressivo e contará com a participação de Lauiz nos teclados, integrante da banda Pelados que também é produtor deste primeiro álbum do grupo. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos estão sendo vendidos no site do Centro da Terra.

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Os 50 discos brasileiros mais importantes de 2024 segundo júri da Associação Paulista dos Críticos de Arte

Nesta segunda-feira, a Associação Paulista de Críticos de Arte reúne-se mais uma vez para escolher os grandes nomes do ano que passou e esta relação abaixo lista os 50 discos mais importantes de 2024 de acordo com o júri de música popular da Associação, da qual faço parte ao lado de Adriana de Barros (Mistura Cultural), Bruno Capelas (Programa de Indie), Camilo Rocha (Bate Estaca), Cleber Facchi (Música Instantânea), Felipe Machado (Times Brasil), Guilherme Werneck (Canal Meio), José Norberto Flesch (Canal do Flesch), Marcelo Costa (Scream & Yell), Pedro Antunes (Tem um Gato na Minha Vitrola) e Pérola Mathias (Poro Aberto).

Adorável Clichê – Sonhos Que Nunca Morrem
Alaíde Costa – E o Tempo Agora Quer Voar
Amaro Freitas – Y’Y
Bebé – Salve-se!
Black Pantera – Perpétuo
Bonifrate – Dragão Volante
Boogarins – Bacuri
Cátia de França – No Rastro de Catarina
Caxtrinho – Queda Livre
Céu – Novela
Chico Bernardes – Outros Fios
Chico César e Zeca Baleiro – Ao Arrepio da Lei
Crizin da Z.O. – Acelero
Curumin – Pedra de Selva
Duda Beat – Tara e Tal
Exclusive Os Cabides – Coisas Estranhas
Febem – Abaixo do Radar
Fresno – Eu Nunca Fui Embora
Giovani Cidreira – Carnaval Eu Chego Lá
Gueersh – Interferências na Fazendinha
Hermeto Pascoal – Pra você, Ilza
Ilessi – Atlântico Negro
Josyara – Mandinga Multiplicação – Josyara Canta Timbalada
Junio Barreto – O Sol e o Sal do Suor
Kamau – Documentário
Lauiz – Perigo Imediato
Luiza Brina – Prece
Maria Beraldo – Colinho
Milton Nascimento & Esperanza Spalding – Milton + Esperanza
Ná Ozzetti e Luiz Tatit – De Lua
Nando Reis – Uma Estrela Misteriosa
Negro Leo – RELA
Nina Maia – Inteira
Nomade Orquestra – Terceiro Mundo
Oruã – Passe
Papangu – Lampião Rei
Paula Cavalciuk – Pangeia
Pluma – Não Leve a Mal
Pullovers – Vida Vale a Pena?
Samuel Rosa – Rosa
Selton – Gringo Vol. 1
Sergio Krakowski Trio e Jards Macalé – Mascarada: Zé Kéti
Silvia Machete – Invisible Woman
Sofia Freire – Ponta da Língua
Tássia Reis – Topo da Minha Cabeça
Taxidermia – Vera Cruz Island
Teto Preto – Fala
Thalin, Cravinhos, Pirlo, iloveyoulangelo & VCR Slim – Maria Esmeralda
Thiago França – Canhoto de Pé
Zé Manoel – Coral

Os 75 discos de 2024 que mais curti: 69) Lauiz – Perigo Imediato

“São só palavras da boca pra fora…”

Ouça abaixo:  

Trabalho Sujo Apresenta Manu Julian, Lauiz e Thales Castanheira tocam o primeiro disco do Portishead

Por motivos de força maior, este show foi adiado para o dia 21 de janeiro, uma terça-feira – e todos que compraram ingressos antecipadamente serão ressarcidos através do site de compras.

O ano está chegando no fim, mas ainda não acabou, por isso conseguimos reunir mais uma vez Manu Julian, Thales Castanheira e Lauiz para uma segunda apresentação de Matar Um Homem Morto, em que celebramos os 30 anos do emblemático Dummy, o primeiro disco do Portishead, no dia 18 de dezembro. É a primeira vez que a Porta recebe a sessão Trabalho Sujo Apresenta, num espetáculo multimídia que conta com a minha direção e visuais feitos por Danilo Sansão e pela própria Manu. O disco de 1994 inaugurou o gênero trip hop e conta com músicas emblemáticas como “Sour Times”, “Mysterons”, “Glory Box” e “Roads” na mesma ordem do disco, trazendo aquela encruzilhada entre jazz, soul, trilha sonora de cinema dos anos 50, dub e funk para o século 21. A Porta fica no número 95 da rua Horácio Lane, entre os bairros Vila Madalena e Pinheiros, e os ingressos já estão à venda neste link.

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Sem embaraço

Desembaraçou! Sempre é bom ver um artista desabrochar e nesta terça-feira tivemos mais uma oportunidade no Centro da Terra de ver outra carreira musical tomando corpo naquele palco pela primeira vez. Quando Leon Gurfein me falou que queria soltar seu canto profissionalmente no palco, minha intuição disse que seu senso estético espalharia-se facilmente para a música. Há uma década convivendo com artistas de diferentes portes pelos bastidores (Leon faz cabelo, maquiagem e produção visual para nomes como Ava Rocha, Liniker, Tulipa Ruiz e Johnny Hooker, entre outros), ele mostrou sua familiaridade com o palco a partir de sua paixão pela música, que começou pela coleção de discos do pai nas proximidades daquele mesmo teatro, como fez questão de contar nos vários momentos em que conversou com o público e transformava o palco em seu salão e num divã ao mesmo tempo. A apresentação começou com uma cama ambient proposta por sua banda, que Leon batizou de Las Gatas Embarazadas, e Helena Cruz (guitarra, baixo e synthbass), Lauiz (teclas e MPC) e M7i9 (sintetizador, flauta, guitarra e saxofone) emudeceram a plateia por longos minutos, deixando a expectativa palpável para que a estrela da noite entrasse e cantasse suas próprias músicas – parte delas em espanhol – e versões, duas delas divididas com Manu Julian, que subiu ao palco para cantar duetos com Leon em versões em castelhano para “Little Trouble Girl” do Sonic Youth e em português para a clássica “Sea of Love”. Leon encerrou a noite misturando músicas de Ava Rocha, d’O Terno, Portishead e Luiza Lian a “Lágrimas Negras” e “Jorge da Capadócia”, como se invocasse proteção de seus orixãs pessoais da música para aquele momento, antes de cantar mais uma canção própria para fechar a noite. Ele nem esperou sair do palco para anunciar o bis, quando voltou à primeira música da noite acompanhado de um coral estelar formado por Manu, Lorena Pipa, Thiago Pethit, Laura Lavieri, Luiza Lian e Ana Frango Elétrico, espalhando a catarse que claramente sentia para o resto do teatro. Agora já está no mundo!

Assista abaixo: