Kris Kristofferson (1936-2024)

, por Alexandre Matias

Kris Kristofferson, que morreu neste sábado, revolucionou a música country sem criar alarde – mesmo porque este papel é um tanto contraditório para um gênero tradicionalmente conservador. Ele já merecia um lugar na história do gênero ao entrar pela porta dos fundos do gênero no final dos anos 60, quando quis chamar atenção de seus ídolos, como quando tentou abordar Bob Dylan quando era faxineiro na gravadora Columbia, ou quando apareceu na casa de Johnny Cash com um helicóptero, quando frilava como piloto no mesmo período. Tais abordagens surtiram efeito e logo ele trazia referências da contracultura sessentista ao centro musical do conservadorismo nos EUA, falando de alcoolismo, sexo fora do casamento e mensagens contra a guerra do Vietnã na época em que o country era a trilha sonora do status quo político daquele país. Alimentou o movimento que mais tarde ficou conhecido como “country fora-da-lei” e musicalmente trouxe elementos do folk hippie para aquele universo musical. Autor de músicas que tornaram-se conhecida nas vozes de outros cantores (como “Help Me Make It Through the Night”, “Sunday Mornin’ Comin’ Down” e “Me and Bobby McGee”, ele também firmou carreira como ator no cinema ao estrelar filmes como Pat Garrett & Billy the Kid (de Sam Peckinpah), Alice Não Mora Mais Aqui (de Scorsese) e Nasce uma Estrela (de Frank Pierson), este último lhe garantiu o Globo de Ouro de melhor ator em 1976. Nos anos 80, criou o grupo Highwaymen ao lado de Johnny Cash, Waylon Jennings e Willie Nelson e sempre esteve ao lado das causas progressistas, mesmo seguindo firme como um ídolo country.

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