Não estarei em São Paulo nos primeiros dias, mas essa retrospectiva do Hitchcock que a Cinemateca começa nessa quinta-feira (todos filmes com entrada gratuita, com ingressos distribuídos a partir de uma hora antes da sessão) está maravilhosa e reúne os principais clássicos e filmes de todas as fases do mais norte-americano dos diretores ingleses. Olha essa programação abaixo: Continue
Se você é fã de Led Zeppelin, um apelo e uma ressalva meio spoiler, mas vamos lá: VÁ VER BECOMING LED ZEPPELIN SE POSSÍVEL NO IMAX. O documentário oficial sobre a banda é um delírio se visto em uma tela imensa e com o som bem alto, porque boa parte do filme é composto por cenas da banda tocando ao vivo (muitas delas já conhecidas dos fãs). O importante spoiler – e digo isso porque já sabia antes do filme começar, o que me deixou bem menos angustiado do que poderia ficar – é que o filme conta como o grupo surgiu e vai até… o segundo disco. Nada de “Stairway to Heaven”, nada do tempo que a banda era o maior espetáculo da terra, dos discos soberbos, dos excessos e dos limites de estar no alto do panteão do rock clássico em plenos anos 70. Saber disso salva o filme porque, quando ele ultrapassa sua primeira hora de duração a banda começa a decolar e a segunda hora é dedicada ao ano em que eles deixam de ser um delírio de um guitarrista megalomaníaco que não queria que sua banda lançasse singles e se tornam uma das maiores bandas do mundo, em 1969, quando lançaram seus dois primeiros discos e entraram numa turnê interminável pelos EUA e se transformaram num fenômeno. Se você não sabe disso, corre o risco de achar que eles vão reduzir a principal década de atuação da banda a meros quinze minutos, o que felizmente não acontece. Dito isso, o filme é uma aula sobre a banda contada por seus protagonistas e esmera-se ao mostrar – em entrevistas e imagens de arquivo – a formação de cada um dos integrantes e como desde a primeira vez que tocaram juntos, Robert Plant, Jimmy Page, John Paul Jones e John Bonham descobriram que eram uma banda única e que precisavam mostrar isso pro mundo. É um delírio vê-los elogiando sua própria dinâmica ao mesmo tempo em que assistimos a trechos inteiros de suas músicas ao vivo. Por ser chapa branca, derrapa em alguns pontos (não cita, por exemplo, que o nome da banda veio de uma piada incrédula de Keith Moon e esquece de citar John Paul Jones na fase psicodélica dos Stones), mas traz uma banda delirando ao descobrir-se foda ao vivo, junto ao público e apesar da crítica. E como uma das entrevistas é uma gravação em áudio inédita do baterista, morto em 1980, é muito bonito ver Plant, Page e Jones ouvindo a voz do velho amigo falando sobre si mesmo e sobre sua banda. Mas fico aqui pensando se esse documentário não seria o primeiro volume de uma trilogia… Imagina…
Assista a um trecho que é mostrado no filme abaixo, a participação da banda num programa de TV na Dinamarca: Continue
Como disse o John Waters sobre a morte de David Johansen, neste sábado, o “punk rock perdeu um pedaço de sua alma”. O vocalista dos New York Dolls não era apenas a estrela mais brilhante da banda que conectou a Nova York do Velvet Underground à do CBGBs, unindo dois momentos únicos da história da metrópole norte-americana como uma cronologia; ele também era o elo perdido entre o lado mais selvagem do rock clássico ainda nos anos 60 com a música pop daquele mesmo período e o rock do futuro, que descortinaria a partir de sua banda mais famosa. Falastrão e galã, era um showman nato e a versão norte-americana de Mick Jagger e mesmo depois de sair da banda da qual compôs todas as músicas que embalou a cena surgida sob o infame – e literalmente decadente – Mercer Arts Center, manteve sua moral e fama vivendo diferentes personagens no showbusiness dos EUA, às vezes com o pseudônimo que inventou depois dos Dolls, Buster Poindexter, cantando, atuando ou apresentando programas de TV. Infelizmente sua morte não é uma surpresa, pois desde o início ele já reclamava online das dores de um câncer enfim terminal. Uma pena, um ícone do rock.
Já está virando tradição. A primeira foi há um ano, em fevereiro do ano passado, quando a dupla formada pelo ator Michael Shannon e pelo guitarrista Jason Narducy (que toca com Bob Mould) passaram pela cidade-natal do R.E.M. com o show que estavam fazendo em homenagem ao disco de estreia da banda, Murmur, mas naquela ocasião, embora Michael Stipe, Peter Buck, Mike Mills e Bill Berry tivessem subido ao palco, eles participaram de algumas canções e nunca estiveramm os quatro ao mesmo tempo. Isso foi resolvido meses depois, quando o grupo foi entronizado ao Songwriters Hall of Fame, em junho do ano passado, em Nova York, e subiram juntos no palco como não faziam há 17 anos para tocar “Losing My Religion”. A cena se repetiu nessa quinta-feira, na nova versão do show de Shannon e Narducy, que agora revisita o disco Fables Of The Reconstruction, de 1985, e mais uma vez passou pela cidade do grupo, tocando outra vez no mesmo 40 Watt que passaram no passado. E desta vez os quatro estiveram no palco ao mesmo tempo para cantar “Pretty Persuasion”. A noite ainda contou com a presença do guitarrista de Patti Smith, Lenny Kaye, que subiu ao palco para acompanhar a dupla e Peter Buck em duas versões para músicas do Velvet Underground, “Femme Fatale” e “There She Goes Again”. Será que eles voltam algum dia a fazer shows juntos? Assista abaixo: Continue
E quem matou foi o Teams…
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E o New Order, que está em plena turnê pelo Japão, desenterrou, nesta terça-feira, em Ozaka, uma música que não tocava ao vivo desde 1987! “State of the Nation” saiu originalmmnte como uma faixa-bônus da versão em CD do disco da banda de 1986, Brotherhood, mas tornou-se mais conhecida ao entrar na clássica coletânea que o grupo inglês lançou no ano seguinte, Substance 1987. Será que eles estão aprontando alguma coisa, pra recuperar essa música sem nenhum motivo aparente?
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Um dos maiores atores do cinema norte-americano foi-se nesta quarta-feira numa morte bizarra, quando Gene Hackman, sua esposa Betsy Arakawa e o cachorro deles foram encontrados mortos em sua casa na Califórnia, nos EUA. Hackman tinha 95 anos e é tranquilamente um dos maiores nomes da história do cinema e mesmo que seu padrão de atuação não o coloque como um dos nomes que lemmbramos quando falamos dos grandes da sétima arte, seu currículo é a prova contrária disso: protagonista em clássicos como Operação França (em suas duas partes, em cada uma delas abrindo uma nova faceta obscura de seu detetive Jimmy “Popeye” Doyle), Bonnie e Clyde, A Conversação (em que carrega o melhor filme de Coppola praticamente nas costas), O Destino do Poseidon, O Jovem Frankenstein, três Superman (como Lex Luthor!), os Royal Tenenbaums de Wes Anderson, Mississipe em Chamas, Reds, Os Imperdoáveis de Clint Eastwood, A Firma, Maré Vermelha e A Gaiola das Loucas tem uma marca registrada que o torna tanto facilmente reconhecível como completamente novo, devido à sua forma de atuação mais contida e de baixo perfil, característica de sua criação como filho da classe operária da Califórnia. Um mestre.
Assista abaixo a cena final de A Conversação: Continue
Um dos shows mais clássicos da história do rock volta às telas de cinema em 2025 – inclusive no Brasil! Pink Floyd at Pompeii MCMLXXII traz o grupo britânico tocando nas ruinas de Pompeia em 1971, sem público, numa das apresentações mais memoráveis da história e será relançado pela primeira vez em áudio (em versões em vinil, CD e Dolby Atmos com áudio remixado e remasterizado); além de versões em Blu-ray, DVD e projeções em salas Imax por todo o mundo, no dia 24 de abril. As vendas começam no dia 6 de março e basta cadastrar-se no site do grupo para saber mais informações sobre as salas de exibição e sobre as vendas. É preparar-se do jeito certo e ir pro cinema. Vamo?
Assist a um trecho abaixo: Continue
Antes do carnaval ainda tivemos mais uma aula do curso Bibliografia da Música Brasileira que estou ministrando com a Pérola Mathias no Sesc Pinheiros e dessa vez entramos nos anos 1960 falando sobre como a bossa nova impactou sobre uma geração que, menos de dez anos depois, moldaria um novo conceito de música popular brasileira resumida por uma sigla quase homófona do nome do partido de oposição que a ditadura militar permitiu existir para fingir que não era uma ditadura, algo que conversa bastante com a própria existência deste momento da música brasileira que não é nem um gênero musical nem um movimento. Aproveitamos para falar sobre o surgimento do jornalismo cultural e da crítica de música popular no Brasil e como estes fomentaram as bases destas novas gerações em textos que circulavam tanto nos diários, semanários e revistas quantos nos livros que compilavam estes textos, sejam jornalísticos ou acadêmicos. Para isso, tomamos como centro da discussão livros de Zuza Homem de Mello, Nelson Motta e Ana Maria Bahiana, além do Balanço da Bossa e Outras Bossas, organizado por Augusto de Campos. Na próxima semana não temos curso (pois é quarta de carnaval), por isso só voltamos dia 12 de março, quando terminamos de falar sobre o século 20 antes da última aula. (📷: @anacarol_pmachado)
#bibliografiadamusicabrasileira #sescpinheiros
E vamos para mais um mês de atrações musicais no Centro da Terra e uma vez em março depois do Carnaval já podemos falar que 2025 está à toda. Às segundas-feiras quem segura as quatro apresentações de março é a banda Os Fonsecas, formada por jovens talentos da cena paulistana (o guitarrista Caio Colasante, o vocalista Felipe Távora, o baterista Thalin e o baixista Valentim Frateschi), que dividiu suas apresentações de sua temporada Quem Vê, Pensa em quatro noites distintas, dedicadas especificamente a uma leitura profunda de seu disco de estreia (Estranho pra Vizinha, com direito a convidados), outra só para releituras de autores contemporâneos, uma outra para improvisos e a última para apresentações de canções inéditas. Na terça (dia 11), os músicos Cacá Amaral e Paula Rebellato apresentam seu novo projeto, chamado Qamar, cujo título da apresentação (Significa Lua) traduz seu sentido. Na terça seguinte (dia 18), é a vez de Rômulo Alexis e Anaïs Sylla mostrarem um novo trabalho que estão desenvolvendo juntos, o coletivo de improviso Luz Negra, que reúne inúmeros artistas (Daisy Serena, Marcela Reis, Henrique Kehde, Monaju, Giba Fluxus, Ana Dan, Belle Neri, Cris Cunha, Du Kiddy Artivista, Minarê, Beatriz França, Lucas Brandino e Ivan Batucada, além dos dois) para misturar diferentes disciplinas, sob poética e política em um movimento contínuo de viabilização de novas estéticas, inspirados nas vanguardas experimentais afrodiaspóricas dos anos 1950 e 1960, no espetáculo Axioma. E a última terça-feira do mês assisti ao rebatismo da antiga Monstro Amigo, que agora torna-se Monstro Enigma, no espetáculo Rebatismo do Monstro, ritual sônico em que misturam dissonâncias e rítmicas tortuosas, do punk progressivo ao erudito neandertal a poesia urbana paulista, com a participação da cantora Daíra. Os espetáculos acontecem sempre pontualmente às 20h e os ingressos já estão à venda no site do Centro da Terra.
#centrodaterra2025