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Essa é uma das atrações que veremos no parque temático de Guerra nas Estrelas que a Disney está fazendo na Flórida – mais informações lá no meu blog no UOL.

Lógico que a principal expectativa para este ano em relação a Guerra nas Estrelas é o lançamento do Episódio VIII da saga Skywalker que, esperamos, nos conte quem são, na verdade, os mencionados últimos Jedi. Mas não há como desviar o olhar da construção dos parques temáticos dedicados ao universo imaginado por George Lucas durante os anos 70. Principalmente quando a própria Disney revela um vídeo mostrando a construção de AT-ATs em tamanho real.

Clássicos tanques andadores de inúmeras batalhas em uma galáxia muito distante, os All Terrain Armored Transport (nome completo dos bichos) são apenas uma das inúmeras atrações materializadas nos dois parques de diversões dedicados ao tema – um em Orlando, na Flórida, e outro em Anaheim, na Califórnia -, que serão inaugurados em 2019. Anunciados há dois anos (as imagens abaixo são os primeiros esboços deste parque), os parques deverão ter uma cantina cheia de robôs e alienígenas, uma réplica (dirigível) da Millenium Falcon, recriações de cenários em Hoth, Endor e Tattooine, além de referências aos novos filmes.

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Duas convenções este ano devem contar mais novidades sobre os parques, em suas cidades específicas. A primeira delas, a Star Wars Celebration, que desta vez acontece em Orlando entre os dias 13 e 16 de abril, e deverá trazer mais novidades sobre o filme que será lançado no final deste ano, o primeiro filme, er, solo de Han Solo, além de novidades sobre outros filmes específicos fora da saga principal e alguma coisa sobre o Episódio IX. A outra convenção, a D23, acontece em Anaheim entre os dias 14 e 16 de julho, mostrando novidades sobre tudo que é Disney, que inclui, além de Guerra nas Estrelas, novidades sobre os filmes da Marvel, da Pixar, da própria Disney e, claro, os parques temáticos.

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Talvez o Matrix 4 seja um prequel contando como o guru de Neo, Morpheus, vivido por Lawrence Fishburne, descobriu a fábrica da realidade em que habitava – falei mais disso no meu blog no UOL.

E a especulação se confirmou nesta quarta-feira: a Warner vai realmente mexer na trilogia Matrix em um novo filme. O que a princípio era apenas uma vaga possibilidade cogitada a Keanu Reeves como um exercício de imaginação confirmou-se quando o site Hollywood Reporter noticiou que o estúdio Warner irá voltar a usar os personagens da trilogia criada pelos irmãos – hoje irmãs – Wachowski.

A notícia, no entanto, é vaga: o estúdio não disse se o novo filme seria uma continuação, um prequel ou uma reinvenção da saga adaptada para os dias de hoje. Não a menor menção sobre qualquer um dos integrantes do elenco original ou das próprias Wachowski (condição básica para Reeves voltar ao papel de Neo). As únicas referências ditas até agora colocam nomes como o escritor Zak Penn (que escreveu o segundo X-Men e a primeira versão de Os Vingadores) e ator Michael B. Jordan (de Creed) como potencialmente envolvidos com o novo filme.

O fato de Jordan estar envolvido com o filme deu origem a especulações que o novo filme contaria a história de Morpheus, o personagem vivido por Laurence Fishburne, sobre como ele poderia ter descoberto a Matrix e se tornado o guru do futuro escolhido, Neo. Esta especulação, no entanto, mexe com o centro da escolha da Warner em voltar à franquia. Talvez o interesse do estúdio não seja apenas continuar a história da trilogia que no mês que vem completa 18 anos (faz tempo, né? Telefones fixos e orelhões ainda eram utilizados normalmente), mas de criar todo um multiverso a partir da história original, imitando o sucesso da nova fase de Guerra nas Estrelas, dos heróis da Marvel ou do mundo de Harry Potter, que renderão filmes, livros, desenhos e parques temáticos por muitos anos ainda.

O problema é que a Warner é o mesmo estúdio que aos poucos vem assassinando a reputação da DC justamente na tentativa de criar um multiverso desta natureza, portanto resta saber se Matrix pode ressuscitar ou virar só um produto multimilionário sem alma.

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E se alguém conseguisse condensar as cinco temporadas de Breaking Bad em um filme? Alguém fez isso – publiquei o vídeo lá no meu blog no UOL.

Quantos seriados assistimos pensando que alguns episódios talvez pudessem ser cortados ao meio ou em alguns casos eliminados para que a história pudesse ganhar em agilidade? Quantas séries épicas com várias temporadas e dezenas de episódios poderiam se beneficiar de um formato mais enxuto e direto como um filme com algumas horas? Breaking Bad é uma das primeiras séries a ser submetidas a este tratamento e foi reduzida a um filme de duas horas, editado por um fã. Se ficou bom? Confira você mesmo:

https://vimeo.com/video/206717304

Poderia ter ficado melhor? Pior? Diferente? Tanto faz. Há toda uma discussão sobre formatos e pós-produção que pode ser iniciada a partir deste exemplo – e quaisquer outros tipos de remixes existentes hoje em dia – que deveria estar no centro de nossa cultura atual.

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Há meio século, The Velvet Underground and Nico mudava o curso da cultura ocidental – escrevi sobre o disco no meu blog no UOL.

Um disco mudou a história da cultura ocidental em 1967. Ao elevar a discussão sobre a música popular para outro patamar, ele obrigou as próximas gerações de músicos e artistas pop a terem mais consciência sobre seus gestos e propósitos, despertando um instinto artístico que ia muito além de canções radiofônicas, refrões pegajosos e riffs memoráveis. A partir deste único disco, o impacto adolescente do rock murchava inofensivo, tornado caricato quase que instantaneamente. E sua influência transcendeu para além da música, provocando impactos decisivos em áreas tão diferentes quanto o cinema, as artes plásticas, as performances e o teatro. É o momento exato em que a música pop se reconhece como obra de arte e vice-versa, quando não parece haver distinção entre o disco e a banda, o cantor e a canção. Um disco lançado no mesmo ano do igualmente influente Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band dos Beatles, um divisor de águas na carreira da banda e na música pop. Mas o lançamento de The Velvet Underground and Nico, o disco de estreia do Velvet Underground, teria uma importância ainda maior para a cultura que veríamos nas décadas seguintes. Um disco que começou com um encontro de pólos distintos, uma amizade que começou com um pacto.

Duas personalidades opostas, Lou Reed e John Cale não poderiam ter origens mais diferentes. Reed, judeu nova-iorquino, havia cantado em grupos de doo-wop na adolescência e foi submetido a eletrochoques nessa mesma época por questões psiquiátricas, trabalhava como compositor contratado da microgravadora Pickwick tentando emplacar um hit ao mesmo tempo em que estudava literatura na universidade Syracuse com o poeta Delmore Schwartz. Tinha aspirações pop e literárias simultaneamente, mas não cogitava as duas possibilidades como uma só até encontrar o galês John Cale. Erudito e moderno, Cale era um fino aluno de música contemporânea e mudou-se do Reino Unido para Nova York para aprofundar-se nesta área, trabalhando com Theatre of Eternal Music do compositor La Monte Young. Também participou da primeira execução pública da composição de “Vexations”, de Erik Satie, que durou 18 horas, ao lado de seu mestre John Cage. Os dois seguiam rumos opostos até que, a partir do sucesso monumental dos Beatles, perceberam que poderiam aprofundar-se em suas obsessões se cruzassem para o outro lado.

O encontro dos dois selou uma missão: fazer música sem fazer concessões. Um olhava para o outro como uma fronteira a ser cruzada: Reed era uma máquina de fazer hits pop mesmo que nenhum deles tenha feito sucesso, apaixonado pelo rock’n’roll e pela eletricidade musical que optava por transcender os horizontes ingênuos do pop da época. Cale havia percebido no pop um limite que poderia ser transposto pela música erudita como uma forma de atingir mais pessoas naquela cruzada artística que parecia restrita a poucas pessoas. Reed pegou uma guitarra e Cale empunhou sua viola, cujas cordas foram trocadas por cordas de aço, dando ao instrumento um timbre estridente e tenso distante de sua natureza sonora original.

Aos poucos cercaram-se de músicos ímpares. O guitarrista Sterling Morrison equilibrava-se entre a tensão monocórdica e riffs velozes, inventando uma forma de tocar seu instrumento completamente nova a partir do duelo de personalidades musicais de Reed e Cale. A baterista Maureen “Moe” Tucker usava sua falta de habilidade com o instrumento como uma virtude, transformando a percussão de seu som em um estrondo único, um bate-estaca que funcioanva como um metrônomo da destruição. Este peso fez que ela trouxesse latas de lixo para seu kit de bateria, aumentando ainda mais o impacto do som.

Juntos, os quatro embrenhavam-se por fronteiras musicais estranhas, guiados pelas letras de Lou Reed, elas mesmas explorando universos virgens na canção popular. Reed começara cantando a estranheza e o mal estar, sensações alheias à música pop dos anos 60, e a partir deste rumo embrenhava para temas ainda mais extremos, como o uso de drogas, o sexo grupal, o sadomasoquismo, o submundo. O próprio nome da banda – The Velvet Underground – havia saído de um livro barato que um amigo da banda, Tony Conrad, havia encontrado jogado na rua, que descrevia atividades sexuais consideradas tabu à época. O título do livro lembrara a banda do conceito de cinema underground ao mesmo tempo em que a palavra “veludo” funcionava como um contraponto à barra pesada.

Enquanto os Beatles mencionavam ficar “altos” no lado B de Help! e os Rolling Stones sugeriam roubar anfetaminas do armário de remédios dos pais em “Mother’s Little Helper”, o Velvet Underground descrevia uma suruba entre travestis e marinheiros em “Sister Ray”, batizavam uma música com o título do clássico do sexo masoquista “Venus in Furs”, falavam de tráfico de drogas em “Waiting for the Man” e na paranoia e ressaca moral na balada “Sunday Morning”. As aspirações literárias de Lou Reed chegavam ao extremo quando o compositor tentava descrever a sensação de estar torpe de drogas em uma canção de dois acordes batizada simplesmente de “Heroin”.

Lou Reed, John Cale, Maureen Tucker, Nico e Sterling Morrison

Lou Reed, John Cale, Maureen Tucker, Nico e Sterling Morrison

Aquele universo musical atingiu o artista Andy Warhol em cheio. Pai da chamada pop art, Warhol era um provocador que insistia que as artes plásticas estavam presos em uma encruzilhada entre a estética e o comércio. Ao insistir que a arte havia se transformado em produto, começou vendendo fotos de acidentes de trânsito como se fossem obras de arte para em seguida utilizar itens de consumo em ícones artísticos, usando latas de sopa e imagens de Elvis Presley e Marilyn Monroe como suas musas. A ironia pós-moderna de Warhol era idolatrada por uma elite artística de Nova York e aos poucos seu ateliê – chamado cinicamente de Factory (fábrica) – tornava-se referência na metrópole norte-americana – e no mundo. Quando Warhol ouviu o Velvet Underground, percebeu que ambos habitavam a mesma fronteira e dispôs-se a apadrinhar o grupo.

Trouxe o Velvet para a Factory e lá percebeu que o grupo tinha uma falha. Todos vestiam-se de preto e tocavam de óculos escuros à noite, formando o protótipo de uma gangue musical que seria a origem de todas as bandas punk que vieram a seguir. Warhol sentia falta da luz. De um contraponto claro e brilhante que ofuscaria aquela escuridão evocada pelo quarteto. E encaixou a atriz alemã Nico naquele grupo.

Nico era uma história à parte. Uma deusa germânica, loira de sotaque pesado e timbre grave, a atriz e modelo era a musa de onde quer que fosse. Apareceu no Dolce Vita de Fellini, teve um filho com o ator Alain Delon, foi inspiração para Brian Jones, dos Rolling Stones, e Bob Dylan e enfiou-se na trupe nova-iorquina de Warhol. Era exatamente a luz o que Andy achava que o Velvet precisava e, ao encantar tanto Reed quanto Cale, não encontrou dificuldade em entrosar-se com a banda, ganhando, inclusive, músicas que seriam capitais na estreia da banda, como “Femme Fatale”, “I’ll Be Your Mirror” e “All Tomorrow’s Parties”.

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Juntos, Velvet Underground e Nico eram a trilha sonora de um novo espetáculo de Andy Warhol, que ele havia começado no dia 13 de janeiro de 1966, chamado Up-Tight!, em que o grupo tocava suas músicas enquanto integrantes da trupe de Warhol – como o dançarino Gerard Malanga e a atriz Edie Sedgwick – dançavam à frente do palco, com filmes de Andy projetados sobre eles. O Up-Tight! metamorfoseou-se no show Exploding Plastic Inevitable, que tornou-se uma atração itinerante, inclusive saindo de Nova York (com Nico ao volante do ônibus da turnê). Os shows causaram burburinho na intelligentsia nova-iorquina e o lançamento de um disco era inevitável.

The Velvet Underground and Nico produced by Andy Warhol foi lançado no dia 12 de março de 1967, depois de diversas gravações feitas no ano anterior. Apesar do nome do disco explicitar a produção de Warhol, o artista plástico foi mais o provocador do disco do que seu produtor de fato, crédito que ficou, na verdade, com o mítico Tom Wilson, que entraria para a história como produtor dos discos mais clássicos de Bob Dylan, da fase áurea de Simon & Garfunkel, dos primeiros discos de Frank Zappa e por clássicos de Sun Ra. Wilson também foi visionário ao puxar o disco para sua gravadora, o selo Verve da MGM Records, depois que ele foi dispensado pela Atlantic (que não gostou das referências às drogas) e pela Elektra (que não gostou do som da viola de Cale). E além de ter tornado o disco possível, Warhol também assinou sua antológica capa, colocando a icônica banana sob um fundo branco que, em sua versão original, podia ser “descascada”, com o adesvio da casca amarela colado sobre uma pervertida versão rosa da fruta sem casca.

O clássico começa com a bucólica “Sunday Morning”, cuja doce melodia esconde uma letra sobre ressaca e paranoia, e descamba em seguida na nervosa “Waiting for the Man”, uma canção de ritmo martelado que espera a chegada do traficante de drogas. “Femme Fatale”, escrita para Nico, apresenta a vocalista em terceira pessoa, numa letra que descreve sua presença de musa implacável. A hipnótica “Venus in Furs” segue o tenso lado A com um drone sonoro barulhento, entrecortado por chibatadas elétricas da viola de Cale, numa letra inspirada no livro homônimo de Leopold Von Sacher-Masoch. “Run Run Run” aguça um clima frenético ao referir-se a anfetaminas, antes do lado A do disco terminar com a monumental “All Tomorrow’s Parties”, composta com apenas um acorde e cantada de forma sisuda por Nico – uma música que parecia retratar a vibração da Factory de Warhol, embora Reed a tenha composto antes de conhecê-la.

O lado B começa sem trégua com “Heroin”, uma das músicas mais sensacionais da história do rock, com seus sete minutos que vão do sussurro ao delírio, da calmaria ao transe, tentando retratar o barato da droga que a batiza. Ao vivo, a música chegou a ter versões que duravam mais de vinte minutos e era um dos grandes momentos do Exploding Plastic Inevitable, quando Malanga simulava injetar a droga em público. O soul “There She Goes Again” começa sampleando a introdução de “Hitch Hike”, que Marvin Gaye havia composto cinco anos antes, regravada anos depois pelos Stones, e é a faixa mais inofensiva do disco. Nico reparece pela última vez na narcisista “I’ll Be Your Mirror”, que antecipa as duas jam sessions barulhentas que encerram o álbum, “The Black Angel’s Death Song” e “European Son”, que exploravam os limites do barulho para muito além da canção.

O disco não foi um sucesso comercial e só apareceu na parada dos discos mais vendidos da Billboard no final de 1967, mas isso não impediu seu impacto artístico – pelo contrário, apenas ampliou sua longevidade estética. As onze músicas que compõem The Velvet Underground and Nico influenciaram – e influenciam até hoje – diferentes gerações de músicos e artistas. Seus primeiros filhotes foram os ingleses do glam rock – Bowie, Roxy Music e T-Rex têm grande débito para com a banda e, especificamente, este disco. Brian Eno, do Roxy Music, é autor da clássica frase que diz que “todas as 30 mil pessoas que compraram o primeiro disco do Velvet montaram uma banda”. E o aspecto faça-você-mesmo do grupo é crucial para entendermos o movimento punk global.

The Velvet Underground and Nico também é o disco cult em essência, aquele antissucesso comercial que ganhou fama e força com o passar dos anos. Mas, mais do que isso, é a obra que fez a cultura pop e a grande arte olharem uma para a outra com um estranhamento que tornou-se encanto, principalmente quando uma percebeu que pode tornar-se a outra, mudando assim o curso da cultura ocidental.

Lebowski vive!

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Jeff Bridges revive o Dude na homenagem a John Goodman na calçada da fama – publiquei os vídeos lá no meu blog no UOL.

Podia ser apenas a celebração a mais um artista que recebe sua estrela na calçada da fama no bairro de Hollywood, em Los Angeles, nos EUA, mas o homenageado da vez era John Goodman e quem iria tecer os elogios ao amigo Jeff Bridges. Era inevitável que houvesse alguma referência ao grande filme que os dois fizeram juntos, o notável O Grande Lebowski, uma das maiores comédias do cinema, de 1998, dirigido pelos irmãos Coen. Mas nem Goodman acreditou quando Bridges tirou o casaco-poncho da bolsa que seu personagem The Dude usava no filme, antes de fazer o discurso saudando o amigo, na tarde desta sexta-feira, dia 10.

É demais ver Goodman gargalhando durante toda a fala de Bridges. O discurso inteiro – aparentemente improvisado, vago e sem rumo – fez referência ao discurso que o personagem de Goodman no filme – o insano Walter Sobchak – faz em homenagem ao terceiro integrante da turma, o Donny vivido por Steve Buscemi. O vídeo abaixo contém spoilers de uma das cenas mais hilárias do filme – mas que vergonha se você ainda não tiver visto esse filme, viu… Tsc, tsc…

O vídeo com a íntegra da cerimônia de homenagem a Goodman pode ser assistido a seguir:

É a segunda vez que um personagem do clássico filme volta à ação, depois do Jesus vivido por John Turturro. E a continuação do filme parece inevitável…

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O fundador do Pink Floyd une esforços com o produtor do Radiohead para lançar seu primeiro disco em doze anos – mais informações lá no meu blog no UOL.

Nigel Godrich, produtor inglês que ajudou o Radiohead a consolidar sua reputação a partir do disco The Bends, é a arma secreta de Roger Waters em seu primeiro disco solo desde 2005. O baixista do Pink Floyd anda atarefado cuidando de seu passado tanto na turnê Us + Them, que percorrerá os Estados Unidos este semestre mirando munição em Donald Trump, quanto na exposição sobre o grupo que ajudou a fundar que estreia em maio na Inglaterra, mas isso não lhe tirou tempo de compor um novo disco solo e de forte teor político, seguindo a linha de seus outros álbuns, como a ópera Ça Ira, sobre a Revolução Francesa, que lançou em 2005, seu disco mais recente. E para ajudá-lo a buscar este novo som, chamou Godrich, que além de trabalhar com o grupo de Thom Yorke assinou a produção de discos do Beck, Paul McCartney, R.E.M., Pavement, U2, Air, Warpaint e Red Hot Chili Peppers, entre outros. Is This The Life We Really Want? será lançado em maio e o músico soltou trechos do novo disco em seu canal no YouTube.

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A história do baterista que foi um beatle por 13 dias vai virar filme – escrevi sobre isso lá no meu blog no UOL.

O posto imaginário de “quinto beatle” é uma das mais clássicas disputas dessa síndrome compulsiva e até então sem cura chamada beatlemania. Ao tentar decifrar o enigma que torna os quatro cabeleiras do pós-calypso uma das mais sólidas entidades da história da cultura popular contemporânea, fãs de todo o mundo começaram um jogo que cogita incluir um quinto elemento no quarteto perfeito formado por John, Paul, George e Ringo. Não faltam candidatos: do empresário Brian Epstein ao produtor George Martin, passando pelos ex-integrantes Pete Best e Stuart Sutcliffe e integrantes do círculo interno do grupo, como Neil Aspinall, Derek Taylor e Mal Evans, até o radialista Murray the K, autor do termo que batiza o jogo.

Mas se há tantos candidatos a quinto integrante, a concorrência torna-se menor no posto de “quarto beatle”, um papel formado apenas por bateristas, uma vez que a tríade formada por John Lennon, George Harrison e Paul McCartney em 1957 só se separou depois que a banda acabou, em 1970. Ringo Starr foi o último integrante a entrar no grupo e segurou-se nos três no exato momento em que eles começaram a fazer sucesso. Antes de Ringo veio o já citado Pete Best e até o baterista de estúdio Andy White, que George Martin chamou para gravar a primeira versão “Love Me Do” por não sentir firmeza em Starr, também entrou nessa roda. Mas um único candidato, o desconhecido baterista inglês Jimmie Nicol, ocupou o posto oficialmente no auge da beatlemania e sua história agora vai virar filme.

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O livro The Beatle Who Vanished (O Beatle que desapareceu), autopublicado pelo jornalista e pesquisador norte-americano Jim Berkenstadt em 2013, teve seus direitos para o cinema comprados por Alex Orbison, filho do clássico baladeiro de voz doce Roy Orbison. “Descobri que Jimmie Nicol foi convidado nos bastidores e foi um beatle de verdade que dava entrevistas, ganhava todos os louros e estava ali apenas para ser deixado de lado em um aeroporto”, explica Orbison à revista Billboard sobre a intenção de contar aquela história, que teoricamente terminaria com Nicol ganhando 500 libras ao final do trabalho para depois ser esquecido pela história. “A segunda parte da história é um mistério. Parece ter um enorme apelo”, conclui o produtor.

Nicol substituiu Ringo no início de junho de 1964, quando o baterista original foi hospitalizado com amigdalite às vésperas da primeira turnê do grupo para o Oriente. Ele pode terminar a excursão que os Beatles faziam na Europa, fazendo um show em Copenhagen, na Dinamarca, e dois na Holanda, antes de voarem para o outro lado do planeta e se apresentarem uma vez em Hong Kong e duas em Adelaide, na Austrália. Era o exato momento em que o fenômeno beatle deixava de ser um modismo inglês que havia dado certo nos Estados Unidos e e começava a ganhar contornos épicos de fato. Abaixo, uma reportagem de uma emissora holandesa sobre a passagem dos Beatles pelo país – em holandês – com cenas de Nicol atuando como um beatle – tanto no palco quanto fora dele.

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Mark Renton volta pra casa na continuação de Trainspotting, que estreia este mês no Brasil, e a trilha sonora conta com Clash, Iggy Pop remixado pelo Prodigy, Blondie e Run DMC, entre outros… Escrevi sobre o filme lá no meu blog no UOL.

Eis o último trailer de Trainspotting 2, que mostra o protagonista Mark Renton (vivido por Ewan McGregor) voltando para sua cidade-natal depois de morar um tempo em Amsterdã, na Holanda. Os flashbacks são inevitáveis, bem como as referências ao primeiro filme e os reencontros, que parecem dar a tônica da continuação do clássico que Danny Boyle dirigiu no meio dos anos 90.

Acompanhando a trajetória de uma turma de viciados em heroína na capital escocesa, Edimburgo, o filme de 1996 entrou para a história do cinema ao capturar a sensação dos anos 90 como poucos filmes conseguiram – e nisso a trilha sonora funcionava como uma arma secreta, misturando hits da época com clássicos de outras eras para traduzir em música a colagem de sensações proposta pela história, inspirada no hoje clássico livro homônimo de Irvine Welsh. A continuação, que conta com todos os atores do elenco original, segue as pegadas do primeiro filme e escala uma trilha igualmente misturada, que conta com o clássico de Iggy Pop, “Lust for Life” (trilha da antológica cena de abertura, citada no novo trailer), desta vez remixado pelo Prodigy, uma das principais bandas de música eletrônica da década do primeiro filme. O resultado é uma pedrada:

Mas o carro-chefe da trilha do novo filme é a contagiante “Shotgun Mouthwash”, do High Contrast, alter ego do produtor Lincoln Barrett, que recria a base de “Ooh La La“, do grupo Goldfrapp, como se fosse um riff de rock, capturando o clima sujo, dance e violento que paira sobre o que associamos a Trainspotting.

A trilha oficial ainda conta com três faixas dos novatos Young Fathers, Run DMC remixado por Jason Nevins e hits imbatíveis do Queen, Blondie e Clash, além de uma resposta do próprio Underworld para a música que o catapultou para o sucesso junto com o filme, “Born Slippy”. “Slow Slippy” parece que foi remixada pelo Primal Scream do início dos anos 90:

A trilha completa é esta:

Iggy Pop – “Lust For Life (The Prodigy Remix)”
High Contrast – “Shotgun Mouthwash”
Wolf Alice – “Silk”
Young Fathers – “Get Up”
Frankie Goes To Hollywood – “Relax”
Underworld & Ewen Bremner – “Eventually But”
Young Fathers – “Only God Knows”
The Rubberbandits – “Dad’s Best Friend”
Blondie – “Dreaming”
Queen – “Radio Ga Ga”
RUN-DMC vs. Jason Nevins – “It’s Like That” –
The Clash – “(White Man) In Hammersmith Palais”
Young Fathers – “Rain or Shine”
Fat White Family – “Whitest Boy On the Beach”
Underworld – “Slow Slippy”

Trainspotting 2 está previsto para estrear no Brasil no dia 23 de março. Também não vejo a hora.

Matrix… 4?

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Keanu Reeves tirou o gênio da lâmpada ao cogitar voltar a viver Neo – com algumas condições… Escrevi sobre isso no meu blog no UOL.

John Wick é fácil fácil um dos melhores filmes de ação da década e sua continuação – que ainda está em cartaz nos cinemas – consegue manter bem o ritmo do original. Parte do mérito vem do fato de seu diretor, Chad Stahelski, haver sido dublê e saber tanto coreografar cenas de luta como filmá-las. A outra parte é culpa de Keanu Reeves, que não tem o physique du role apropriado para um matador de aluguel temido pela simples menção de seu nome, mas que funciona bem e não compromete o filme em nenhum momento, saindo-se melhor do que o previsto nos dois filmes feitos até agora.

Stahelski e Reeves já haviam trabalhado juntos anos atrás, quando o primeiro foi o dublê do segundo no papel do mítico Neo da trilogia Matrix – aquela que começa com o filme brilhante de 1999 e termina com o vergonhoso filme de 2003. Mas a parceria da dupla, além de um ótimo e inesperado easter egg no decorrer do segundo filme e a sanha atual de indústria de entretenimento norte-americana por continuações, remakes e revivals, tornava inevitável a possibilidade da série original ser ressuscitada e o primeiro passo foi dado por Keanu Reeves, em entrevista à sucursal inglesa do site Yahoo Movies.

“As Wachowskis teriam de estar envolvidas”, cravou o ator sem pestanejar logo que o repórter lhe cogita a possibilidade de um Matrix 4, mencionando as autoras da saga, os antigos irmãos Larry e Paul Wachowski, que mudaram de gênero e agora atendem por Lana e Lilly Wachowski. “Elas teriam que escrever e dirigir. E aí veríamos qual seria a história, mas, sei lá, seria estranho, mas, por que não? As pessoas morrem, as histórias não. As pessoas nas histórias não”, empolgou-se o ator.

Não custa lembrar que o terceiro filme termina em aberto, com a possibilidade de um novo capítulo, que poderia materializar-se mais rápido que imaginamos. Afinal os três atores que protagonizaram a trilogia, Reeves, Carrie Anne Moss e Laurence Fishburne, se reencontraram em público em uma das sessões de lançamento do novo filme de Stahelski, no início do ano.

Mas será que Matrix 4 é uma boa ideia? Isso também é uma questão deixada em aberto – vamos ver como isso se desenrola…

Trocando as bolas

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E se Kylo Ren virar Jedi e Rey virar Sith no Episódio VIII de Guerra nas Estrelas? Escrevi sobre essa hipótese no meu blog no UOL.

Principal protagonista do filme que ressuscitou Guerra nas Estrelas, a Rey de Daisy Ridley ainda é um mistério que intriga todo mundo que acompanha a série. Por mais que ela tenha conquistado os fãs com seu ar inocente e sua prontidão para o ataque, sua origem e seu passado ainda são completamente desconhecidos para quem não trabalha na produção dos filmes. Ela é filha de Luke Skywalker? Filha de Leia e de Han Solo – e, portanto, irmã de Kylo Ren? Neta de Obi Wan Kenobi? Ela pode ser uma Jedi? A última cena do Episódio VII é o início de seu treinamento com Luke?

Ou seria justamente o contrário? Será que nosso encantamento por Rey não seria uma forma de despistar a possibilidade da jovem heroína não ser a protagonista da nova trilogia – e sim a vilã? O diretor do sétimo episódio, J.J. Abrams, fala sobre algo interessante na faixa de comentários de O Despertar da Força, bem no momento do duelo final entre Rey e Kylo Ren:

“Uma das novas relações que estávamos colocando em foco era entre Kylo Ren e Rey. Eles nunca se encontraram, mas ele ouviu falar daquela garota. E então acontece o momento em que seu encontro é inevitável. E agora de volta à nossa heroína. E neste momento ela está prestes a, pela primeira vez, ser confrontada por Kylo Ren, um personagem com quem ela terá uma relação bem interessante no futuro.”

Há duas questões neste comentário. A primeira é o fato de que Kylo Ren e Rey não se conhecem. Nunca se conheceram. O que destrói uma teoria que dizia que Rey era filha de Luke e havia testemunhado – ou salva de assistir – o massacre que os Cavaleiros de Ren, a nova ordem liderada por Kylo, provocaram na escola Jedi que Skywalker havia criado após tornar-se ele mesmo um Jedi. Havia a possibilidade de Kylo lembrar-se de Rey daquele período, o que parece não ser o caso, segundo J.J. Abrams.

O segundo ponto diz respeito à relação entre Kylo e Rey. Ao comentar que os dois terão uma “relação bem interessante no futuro”, J.J. Abrams abre um mar de especulações que reforça a rivalidade entre os dois ou até mesmo abre a possibilidade de um romance. Mas há uma terceira hipótese, que casa com a teoria de que Kylo Ren seja um agente infiltrado no lado obscuro da Força e que tenha matado o próprio pai como uma prova de sua lealdade ao Supremo Líder Snoke. Esta teoria cogita que Kylo se revelará no próximo episódio, renascendo para o lado claro da Força e alcançando sua redenção ao mesmo tempo em que torna-se um Jedi. O que pode fazer que Rey mude de time simultaneamente, numa revelação tão inesperada quanto o fato de Luke ser filho de Darth Vader, feita em O Império Contra-Ataca.

Uma teoria elaborada por um fã em busca de uma explicação sobre o personagem de Benicio Del Toro – escalado para o Episódio VIII, mas sem nenhuma informação sobre seu papel – casa-se com esta possibilidade. O fã que se autodenomina Darth_Hodor escreveu na rede social Reddit que o ator porto-riquenho deverá encarnar uma versão mais velha de Ezra Bridger, personagem do programa de TV Star Wars Rebels, que, em sua teoria, cairá para o lado negro. E, mais do que isso, ele seria o pai de Rey:

“Colocando de forma simples, acho que Benicio Del Toro será o pai de Rey.

Nenhuma das outras teorias sobre Rey fazem muito sentido. Ela não vai ser uma Skywalker (além disso, já temos um deles na forma de Kylo Ren), ela não é uma Kenobi ou qualquer um que já conhecemos. Acho que a ideia de ela ter alguma relação com Palpatine seja interessante, mas eles iam ter que forçar bem a barra pra conseguir isso e eu não acho que a maioria do público vá engolir essa.

Mas isso não quer dizer que Del Toro fará o papel de um novo personagem. Acho que ele fará uma versão adulta de Ezra Bridger (do programa Star Wars Rebels). Ele tem a idade certa e há teorias que dizem que Rebels termina com Ezra (e Kanan, se ele ainda estiver vivo) entrando na nova Academia Jedi de Luke.

Mas por que ela foi deixada em Jakku?

A teoria que eu cogito é que Ezra cai para o lado negro. Ele se une a Snoke e juntos eles começam a manipular os Jedi, começando por Ben Solo. Antecipando isto, Luke esconde Rey de seu pai que, em retaliação, com ou através de Kylo Ren, destrói a Academia Jedi. Luke foge e Del Toro fica sem saber onde sua filha está escondida.

Gosto desta teoria pois ela permite uma “queda dupla” no Episódio VIII. Arma a queda para o lado negro de Rey (que pode ser incrível se for realizada da forma correta) e Kylo Ren já está marcado para um arco redentor próprio (uma “queda” para a luz). Isso deixaria tudo pronto para um final fantástico para estes dois personagens no Episódio IX.”

Mesmo que seja só especulação, ia ser demais ver a doce Rey tornando-se uma nova vilã – e um desafio e tanto para sua intérprete Daisy Ridley. Só saberemos no final do ano, quando o Episódio VIII estreia dia 15 de dezembro, em todo o mundo. Mas é bem provável que vejamos um novo trailer por esses dias…