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Foto: Gabriel Basile

Foto: Gabriel Basile

Prestes a lançar seu segundo disco, batizado de Volume Único, na próxima semana, o grupo de improvisação instrumental paulista Música de Selvagem se entrega às canções a partir de uma temporada que fizeram com compositores como Tim Bernardes, Pedro Pastoriz e Sessa na Associação Cultural Cecília há dois anos. O trabalho começa a ser revelado com a colaboração que o grupo fez com Luiza Lian, quando ela ainda produzia o trabalho que depois se tornaria o vídeo-álbum-instalação Oyá Tempo. À época, o grupo registrou os rascunhos que se tornariam as faixas “Cadeira” e “Tem Luz” numa pequena peça chamada “Dois Blocos”, mostrada pela primeira vez no Trabalho Sujo. Filipe Nader, o Chile, saxofonista e cofundador do grupo ao lado de Arthur Decloedt, fala sobre a concepção da música: “Lembro que na época que fizemos a residência na Associação Santa Cecília a Luiza estava fazendo a pré-produção do Oyá Tempo. Pedimos umas músicas para ela para fazermos uma versão e o que acabou rolando foi que ela mandou dois poemas. Daí juntamos os dois e fizemos essa música em três partes com dois blocos de poemas e uma improvisação à quatro vozes no meio – dois saxofones barítono, eufônio e canto. A coisa toda foi gravada em dois takes lá na Voz do Brasil. De todas as faixas do disco que sai na semana que vem essa é a que mais tem improvisação vocal, a Luiza deu um show improvisando junto com a gente.” Sente só:

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A partir do mês de junho, começo a ministrar a série de cursos Cabeça Aberta, que idealizei para falar sobre obras revolucionárias na Unibes Cultural, em São Paulo. O subtítulo do curso – Discos, filmes e livros que criaram o mundo de hoje – explicita melhor o viés utilizado para escolher as obras a serem analisadas, que nesta primeira edição resumem-se em quatro: o disco de estreia do grupo Velvet Underground, The Velvet Underground & Nico, o famoso disco da banana, é o tema da primeira aula, dia 2; seguido do clássico de Stanley Kubrick, 2001 – Uma Odisseia no Espaço, tema da segunda aula, dia 9; depois temos o terceiro disco dos Mutantes, A Divina Comedia ou Ando Meio Desligado, no dia 23; e encerramos no dia 30, com a obra-prima de Alan Moore, a série em quadrinhos Watchmen. São aulas que evidenciam o potencial revolucionário destas quatro obras e dissecam suas origens, influências e impacto cultural para mostrar que a cultura tem o poder transformador de capturar ansiedades e expectativas de diferentes épocas e transformá-las radicalmente com um disco, um filme ou uma história em quadrinhos. Os cursos acontecem sempre aos sábados, na Unibes Cultural (Rua Oscar Freire, 2.500, ao lado da estação Sumaré do Metrô, telefone: 11 3065- 4333), das 14h às 17h, e podem ser feitos separadamente, embora quem fizer os quatro contará com um desconto (mais informações aqui).

deserthorse

E aos poucos o disco novo de Melody Prochet, nossa querida musa psicodélica que lidera o Melody’s Echo Chamber, vai ficando mais claro – e mais estranho. Depois de mostrar algumas músicas do disco no ano passado antes de sofrer um acidente, ela retomou o projeto do zero e lançou “Cross My Heart” para mostrar que tinha voltado à ativa. O novo álbum, agora batizado de Bon Voyage, teve sua pré-venda anunciada para o dia 15 do próximo mês e agora ela lança mais uma nova faixa, a estranhíssima “Desert Horse”, que mistura sua voz adocicada com guitarras invertidas e uma dose de psicodelia bad vibe que remete tanto ao Unknown Mortal Orchestra quanto ao disco mais recente dos Boogarins.

Imagina como será o disco…

Foto: Fabio Heizenreder

Foto: Fabio Heizenreder

Patrimônio vivo da música brasileira e um dos maiores nomes de nossa psicodelia, Arnaldo Baptista é reverenciado esta semana em São Paulo, em uma série de apresentações suas na Caixa Cultural de São Paulo que começam nesta quinta-feira e vão até sábado, culminando com um show no domingo em homenagem à sua obra (mais informações aqui). As primeiras apresentações fazem parte da série Sarau O Benedito em que o próprio Arnaldo, sozinho ao piano, lembra de músicas de seu repertório e clássicos de sua formação, com músicas de Bob Dylan, Animals, Beatles e peças de música erudita que lhe vierem à cabeça. No domingo, o baixista da banda Cachorro Grande, Rodolfo Krieger, reúne vários nomes para celebrar a música de Arnaldo, como Lulina (que cantará “Tacape”), China (que cantará “Ciborg”), Helio Flanders (que cantará “I Fell in Love One Day”), o próprio Rodolfo (que cantará “Sunshine”) e Karina Buhr, que gravou com exclusividade para o Trabalho Sujo as duas músicas que tocará no show, “Sentado à Beira da Estrada” e “Trem”, no Studio 8, onde também entrevistei o próprio Arnaldo.

A conversa com Arnaldo foi curta, mas animada, e falamos sobre diferentes temas – dos cinquenta anos da Tropicália à sua rotina no interior de Minas Gerais, além dos shows desta semana e discos favoritos. Ele lembrou de Gilberto Gil, Rogério Duprat, dos próprios Mutantes, mas prefere pensar no aqui-agora e revelou a quanta andas seu novo álbum, Esphera.

Como você mexe no repertório do Sarau o Benedito?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-como-voce-mexe-no-repertorio-do-sarau-o-benedito

Você aceita pedidos do público?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-voce-aceita-pedidos-do-publico

Quais são seus discos favoritos?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-quais-sao-seus-discos-favoritos

Você escuta seus próprios discos?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-voce-escuta-seus-proprios-discos

Qual seu disco favorito dos Beatles?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-qual-seu-disco-favorito-dos-beatles

Como é sua rotina atualmente?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-como-e-sua-rotina-atualmente

Você continua compondo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-voce-continua-compondo

Como você vê a Tropicália, da qual você fez parte, 50 anos depois?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-como-voce-ve-a-tropicalia-da-qual-voce-fez-parte-50-anos-depois

Foi Duprat quem apresentou os Mutantes ao Gilberto Gil?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-foi-duprat-quem-apresentou-os-mutantes-ao-gilberto-gil

Você lembra deste primeiro encontro com o Gil?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-voce-lembra-deste-primeiro-encontro-com-o-gil

Você tem lembranças dos momentos importantes dos Mutantes?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-voce-tem-lembrancas-dos-momentos-importantes-dos-mutantes

Qual sua expectativa sobre esses próximos shows Sarau O Benedito?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-qual-sua-expectativa-sobre-esses-proximos-shows-sarau-o-benedito

Considerações finais…?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/arnaldo-baptista-2018-consideracoes-finais

moons

A banda mineira Moons, projeto paralelo do André Travassos, guitarrista da falecida banda mineira Câmera, está prestes a lançar seu segundo álbum, antecipa mais um single “Fire Walks With Me” em primeira mão para o Trabalho Sujo.

O single foi obviamente inspirado pelo seriado de David Lynch, como explica o próprio André: “Passei anos da minha vida ouvindo amigos falarem mil maravilhas de Twin Peaks. Me lembro vagamente da série sendo exibida na TV aberta do Brasil mas até o final do ano passado não tinha tido interesse suficiente para uma aproximação. Foi quando me deparei com um vídeo onde o compositor da trilha Angelo Badalamenti, sentado a beira de um fender Rhodes, narra como foi guiado por David Lynch para compor a música tema de Laura Palmer. Dali em diante mergulhei de cabeça na série. Me apaixonei por diversos personagens, o carisma de cada um deles, a história surreal e envolvente, a bucólica cidade, suas matas, mistérios e o típico café americano Double R. E, apesar de toda tensão, desejei por vezes estar ali. Poucas vezes me identifiquei tanto com personagens com Harry, Andy, Agent Cooper, Hawk e Gordon! Ah como eu queria ser um dos Bookhouse Boys. Fire Walks with Me, a música, não é propriamente sobre a série em si. Mas faz referência direta já que seu nome vem da frase que permeia toda a série e acompanha Dale Cooper como uma charada a ser desvendada.” O single estará disponível em todas as plataformas digitais a partir dessa sexta-feira e o disco, Thinking Out Loud, será lançado na próxima semana.

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Depois de anunciar seu novo disco com dois singles, a cantora e compositora sueca Lykke Li mostra mais uma faceta do novo álbum, So Sad So Sexy, que parece ser mais introspectivo que os anteriores. A nova faixa – “Utopia”, que ela descreve como “utopia é tudo que minha mãe quis pra mim e tudo que eu quero para meu filho” – reforça ainda mais essa sensação e foi apresentada em um vídeo que reúne cenas da jovem Li com sua mãe e dela hoje com seu filho pequeno, em comemoração ao recém passado dia das mães.

O disco será lançado no dia 8 de junho.

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O clipe que Rincon Sapiência fez para a ótima “Crime Bárbaro”, a faixa que rasga a abertura de seu excelente Galanga Livre com um sample de Tom Zé, resume alguns séculos de história do Brasil:

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Mais uma faixa do próximo disco do Chromeo na área e embora “Bad Decisions” não saia do funk oitentista típico da dupla canadense, ela desce um pouco o tom e o BPM, soando como “um tipo de funk bop lento anos 80 dos Talking Heads e meio tipo as coisas do Funkadelic”, como explicou Dave1 ao radialista Zane Lowe em seu programa na rádio Beats.

Sonzeira. Head Over Heels, o próximo disco da dupla, sai em junho.

Foto: Rui Mendes

Foto: Rui Mendes

Maurício Pereira gentilmente disseca seu belo sétimo disco, Outono no Sudeste (que ele antecipou com a faixa “Quatro Dois Quatro” há uma semana), produzido por Gustavo Ruiz e lançado nessa sexta-feira, exclusivamente para o Trabalho Sujo. Fala Maurício!

Abaixo o novo disco do mestre, na íntegra.

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Entrevistei Fernando Dotta e Rafael Farah para a revista Trip, fundadores da Balaclava Records, núcleo de produção indie que, com a nova edição de seu festival, dá passos firmes para se estabelecer como um dos principais players do mercado independente brasileiro. Um trecho da conversa com os dois:

O selo ainda contou com a sorte ao fechar a vinda de sua primeira turnê com um artista gringo poucos meses antes de seu disco projetá-lo para um público maior: “Foi um choque”, lembra Dotta. “Era uma aposta, a gente fechou o show dele um mês antes do lançamento do disco Salad Days e o disco tinha acabado de vazar na internet. No dia do show todas as pessoas estavam cantando todas as músicas no Sesc Belenzinho”. Farah completa ao lembrar de outro momento emblemático com o indie alto astral. “Um ano depois tínhamos a Audio lotada para ver o show dele e uma turnê que passava por sete cidades do Brasil — e isso só um ano depois do primeiro show. E o mais legal foi que o Mac era o único headliner gringo e o povo chegou cedo, pra ver as outras bandas brasileiras”.

A segunda vinda de DeMarco para o Brasil foi na segunda edição do Balaclava Fest, que o selo lançou em abril de 2015 no Centro Cultural São Paulo, ao trazer o fundador do Superchunk e dono da gravadora Merge para apresentar-se sozinho em São Paulo. Em novembro daquele ano, trouxeram Mac DeMarco acompanhado de artistas como Mahmed, Terno Rei, Séculos Apaixonados, Jovem Palerosi e Nuven. As outras edições do Balaclava Fest trouxeram o Swervedriver (no Cine Joia, em maio de 2016), Mild High Club (no Clash Club, em novembro daquele ano), Slowdive, Clearance e Widowspeak (no Cine Joia, em maio de 2017) e Washed Out e Homeshake (no Tropical Butantã, em novembro do ano passado), além de uma edição em Porto Alegre (com Yuck e Tops, em novembro de 2016). Todas as edições do Balaclava Fest contaram com pelo menos duas bandas brasileiras em cada show, e não apenas bandas que pertenciam ao selo. Além dos artistas do festival, também fizeram shows do Sebadoh e do Tycho, além de levar as bandas Câmera e Terno Rei para tocar no festival espanhol Primavera em 2015.

Mas eles sabem que não conseguiriam fazer o que fazem se não fossem os pioneiros do rock independente brasileiro, como o selo carioca Midsummer Madness, que citam como referência. “Um cara que nos ajudou muito foi o [produtor mineiro Marcos] Boffa, que nos ajudou muito e deu várias consultorias, e também o [produtor sergipano] Bruno Montalvão, que já tinha uma expertise de produção, a gente não sabia como começar uma planilha”, reconhecem. Mas mesmo estando numa fase relativamente estável, sabem que não é fácil. “É mais insistência. A gente sabe que não pode deixar a bola baixar, porque senão acaba”, resume Dotta.

A íntegra pode ser lida aqui.