Jornalismo

ricardoalexandre

O jornalista Ricardo Alexandre lança neste sábado, às 18h, seus dois novos livros sobre crítica cultural em uma conversa gratuita com o público a partir das 18h, na Praça das Bibliotecas do CCSP (mais informações aqui). Tudo é Música e Nem Tudo é Música são lançamentos da editora Arquipélago e reúnem textos de opinião que Ricardo escreveu em sua trajetória profissional e que não são mais encontrados online. Conversei com ele sobre os dois livros e o estado do jornalismo cultural no Brasil neste início de século.

tudoemusica-ricardoalexandre

Por que lançar dois livros de opinião numa época em que todo mundo tem opinião sobre tudo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ricardo-alexandre-por-que-lancar-livros-de-opiniao-numa-epoca-em-que-todos-tem-opiniao-sobre-tudo

Como você vê a crítica musical brasileira atualmente? O que você lê?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ricardo-alexandre-como-voce-ve-a-critica-musical-brasileira-atualmente-o-que-voce-le

E sobre a crítica cultural?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ricardo-alexandre-e-sobre-a-critica-cultural

Você encerra um dos livros falando sobre as eleições de 2018. A falta de pensamento crítico nos trouxe até aqui?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ricardo-alexandre-este-cenario-nas-eleicoes-de-2018-e-fruto-da-falta-de-pensamento-critico

Como anda o jornalismo musical brasileiro?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ricardo-alexandre-como-anda-o-jornalismo-musical-brasileiro

Fale sobre seus próximos projetos.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/ricardo-alexandre-fale-sobre-seus-proximos-projetos

jonnatadoll-passaroazul

Uma marcha fúnebre para estes tempos nefastos: assim é “Pássaro Azul”, música nova que o cearense Jonnata Doll lança em primeira mão no Trabalho Sujo e que chega às plataformas digitais nesta sexta-feira. Gravada dentro do programa Dragão Sessions, do Centro Cultural Dragão do Mar, ela foi produzida por Yuri Kalil – o sexto integrante do Cidadão Instigado – e foi inspirada pelo poema homônimo de Charles Bukowski.

“Um dia estava andando na rua da Consolação em São Paulo, lembrado do poema mais famoso do velho Bukowski, Pássaro Azul – se não, vá ler agora”, explica Jonnata. “O passarim do velho safado para mim, parecia ser a fragilidade, sensibilidade e a tristeza que ele escondia do mundo por baixo de uma casca de durão. Mas aí pensei: E eu? O que eu guardo dentro de mim e não mostro para geral? Luto, pelos amores perdidos, amigos mortos e amigos que morrerão, luto pela morte da minha capacidade de entender totalmente meus vícios a fim de extingui-los. Luto e ansiedade pelo sério risco de uma política governamental que pensa a diferença morrer de forma precoce neste país.”

Composta a letra, ela foi musicada pelo guitarrista dos Garotos Solventes, Edson Van Gogh, e juntos encontraram o andamento da música entre a batida de “Pavão Mysteriozo”, do conterrâneo Ednardo, e do maracatu cearense, “que é mais lento que o pernambucano e que para nós evoca a algo parecido com uma marcha fúnebre.” A bateria, gravada pelo paulistano Clayton Martin, também do Cidadão Instigado, segurou o ritmo original: “Acabou que não ficou exatamente um maracatu e sim uma intenção de maracatu, pois muitas vezes uma ideia que te inspira é só um ponto de partida”

Jonnata já está na pré-produção de seu novo álbum, que, segundo me contou, refletirá ainda mais as tensões políticas destes nossos dias e será produzido pelo guitarrista Fernando Catatau no final deste ano, para ser lançado do início de 2019.

roger-waters

Escrevi para o site Reverb sobre as motivações políticas que fizeram o ex-baixista do Pink Floyd compor The Wall – leia mais aqui.

Spotify, 10 anos

spotify-10anos

Escrevi sobre a primeira década do Spotify, completa exatamente neste domingo, para o site Reverb – siga o link.

pabllo-vittar-1

“Pabllo só por existir já é um pensamento político: uma drag queen que está na TV, que as avós das pessoas assistem, de quem as crianças são muito fãs… Só isso já é um tapa na cara, é um statement político” – conversei com o Rodrigo Gorky​, mentor e empresário de Pabllo Vittar​, que acaba de lançar seu segundo disco, para o site Reverb​ – e ele ainda falou sobre Charli XCX​, Rihanna​, K-Pop, Banda Raveli​, ÀTTØØXXÁ​, Kali Uchis​, PC Music​, Britney Spears​, Linn da Quebrada​, tecnobrega e Laraaji​.

Foto: Aline Sales

Foto: Aline Sales

Mítico vocalista do grupo punk pernambucano Devotos, Cannibal ataca em duas frentes neste final de 2018: lançando o livro Música Para Quem Não Ouve, que reúne as letras de sua histórica banda, e o disco novo do grupo de dub Café Preto, batizado de Oferenda. “Café Preto é minha valvula de escape depois do futebol”, explica Cannibal por email. “Adoro música, sou criado no Alto José do Pinho, esse bairro é uma rádio ligada em varias estações onde tudo rola, você sai andando pela comunidade e escuta tudo: samba, brega, rock, reggae, música cubana, afoxé, maracatu, de tudo… Sendo assim não tem como você ser bitolado a um estilo. Fiz a Café Preto no pensamento de musicar as letras que não entraram na Devotos”. Ele antecipa o primeiro single do disco, “120 Km” que tem a participação de Spok da Spok Frevo Orquestra, em primeira mão para o Trabalho Sujo.

https://www.youtube.com/watch?v=7tnonblNV8E&feature=youtu.be

“Não queria fazer uma banda, a ideia era só mostrar um lado meu que as pessoas não conheciam, mostrando as músicas as pessoas ficavam perguntando quando ia ter show e eu falava que não ia rolar porque a ideia era só gravar um disco com influencia na música jamaicana”, ele continua. “Foi tanto incentivo que resolvi montar a banda mas resolvi que teria um conceito, a Café Preto não é só musica. Então convidei um amigo estilista chamado Eduardo Ferreira para fazer o figurino, gosto muito dos cantores que se vestem para cantar: Marvin Gaye, David Bowie, Gregory Isaacs, Grace Jones, todos uma elegância impecável. O novo figurino é feito por Chico Marinho, os sapatos por Jaison Marcos e as fotos de Renato Filho.” A banda fez parte da geração que revelei como curador do Prata da Casa do Sesc Pompéia em 2012.

Cannibal_cafepreto

“O primeiro disco foi lançando em 2012 e teve como carro-chefe a música ‘Dandara’, que virou clipe, e a mixagem ficou por conta do mestre Victor Rice. O novo disco se chama Oferenda, o disco tem a mixagem e masterizarão de Pierre Leite, que é tecladista e efeitos na Café Preto. Oferenda tem as participações de Lucas dos Prazeres, Maestro Spok, Céu, Claudio Negrão no contrabaixo, poeta Miró da muribeca e Maria Vitória e Marina, minha filha e a de Pierre. É um disco com sonoridade diferente, apesar de também tem reggae, não sei rotular, mas é um disco com muitas músicas para dançar. As letras ao contrário da Devotos, na sua maioria são temas fictícios relacionadas ao cotidiano afetivo, relacionamentos e etc, só a música ‘O Samba’ que tem uma temática social. A capa foi feita por Mabuse e Haidde e o desenho por Ganjja”, ele conta, explicando que apesar das referências a orixás do candomblé, não é frequentador. “Respeito todas as religiões, mas tenho grande admiração pela umbanda e pelo candomblé.” Ele conta que nos shows também canta “Preciso Me Encontrar” e “Gostoso Demais”, imortalizadas respectivamente por Cartola e Dominguinhos – e o show de lançamento do disco em São Paulo vai acontecer no Sesc Carmo, dia 29 deste mês, com participação de Alessandra Leão (mais informações aqui).

cafepreto-oferenda

Sobre o livro, ele diz que a ideia surgiu porque muitos o abordavam na rua elogiam sua música mas dizendo que não entendiam as letras. “É engraçado, mas preocupante. Formamos a banda para mudar um quadro social através da música, conseguimos isso aqui na comunidade o Alto José do Pinho, que hoje é conhecida pela sua eferverscência cultural. Muitos problemas ainda precisam ser resolvidos, mas conseguimos resgatar a auto estima da comunidade.” A ideia do livro era ter a cara de fanzine dos anos 80, como se tivesse sido feito com máquina de escrever e fotos chapadas como se fossem xerox. “Os fanzines dos anos 80 eram nossa rede de informação, temos o maior respeito e consideração pelos fanzineiros, até hoje damos entrevista para fanzines”, continua. O livro também tem trabalhos de artistas plásticos convidados pelo grupo, como Darlon, Ganjah e Caio Cezar. “Todos maravilhosos. É bom trabalhar com pessoas que são fãs das banda, elas acompanham e sabem sua história, aí o trabalho flui positivamente.”

“A literatura faz você viajar e ter sua própria opinião em relação ao que está lendo, não tem uma massa sonora te influenciando a ter uma visão radical pelo fato do som ser punk rock”, ele continua explicando sobre o livro. “A sonoridade pode ser pesada, mas a letra pode ser romântica, a sonoridade pode ser uma balada mas a letra pode ser politizada. E aí que o legal do livro é que é só você e a letra, vpcê viajando no que se absorve das frases, dos refrões.”

Sobre o punk rock em si, ele segue ativista. “O movimento não tem a força dos anos 80, mas continua atuante, veja por exemplo os fanzines, que continuam sendo produzidos em varias categorias, as bandas que continuam suas produções e como tem surgido novas bandas”, ele continua. “A tecnologia separou bastante o movimento punk, apesar da facilidade de se conhecer através da internet, o lado humano de se encontrar, trocar ideia, fazer os eventos não é mais o mesmo, Hoje é como se tivesse vários movimentos punk dentro do próprio movimento, a ideologia de formar uma banda para protestar ou reivindicar ficou nos anos 80. Hoje a maioria que faz uma banda quer tocar em primeiro lugar ‘não importa onde’. Se a grande mídia não tivesse fudido o movimento punk hoje ele seria referência social como é o rap!”

O assunto inevitavelmente caminha para a atual situação política do país: “Não se muda um país com ódio, até para você reivindicar causas sociais você tem que fazer com ternura, mas nunca com ódio”, prossegue. “Eu sou a favor que não perdamos a liberdade de expressão que nossos pais conquistaram com muito suor, sangue e vidas ceifadas no período da ditadura. Demos passos muito positivos socialmente falando: as mulheres estão organizadas e se auto-afirmando cada vez mais, a classe LGBT e outros segmentos também estão se afirmando, mostrando que podem pertencer à sociedade sem ter que se esconder e que existe uma indústria de entretenimentos voltada para essas pessoas e essa industria tem um retorno financeiro muito, muito grande para o Brasil. Não há como ignorar essa classe e os tratar como enfermos como algumas igrejas propõe. O princípio da educação é o respeito. Não fecho os olhos para a corrupção, mas não acredito que uma politica de ideologia fascista vá resolver nossos problemas!” É isso aí.

geoff-emerick

Morre Geoff Emerick, o engenheiro de som que ajudou os Beatles a moldar sua sonoridade e a se aventurar no estúdio de gravação. Estive com ele no fim do semestre passado, em Porto Alegre, quando ele me contou sobre algumas das inovações que fez ao lado do grupo – e contei lá no Reverb.

Tika e Kika: Colar

tikakika-centrodaterra

Tika e Kika já tinham carreiras estabelecidas quando começaram a conversar sobre a possibilidade de se transformarem numa dupla – e as duas conversaram comigo sobre isso no mesmo dia sem avisar uma pra outra que fariam isso. Incentivei o gesto na hora, principalmente conhecendo o alcance vocal e as personalidades complementares das duas, e a partir disso elas criaram a temporada Colar, que apresentam nas próximas terças-feiras de outubro no Centro da Terra. As duas são acompanhadas por Igor Caracas e recebem amigos durante toda a temporada (mais informações aqui). Conversei com as duas sobre esta nova fase de suas carreiras e como irão fundir duas carreiras em uma só.

Como vocês duas se conheceram?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tika-e-kika-como-voces-duas-se-conheceram

O que já fizeram juntas?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tika-e-kika-o-que-ja-fizeram-juntas

Como surgiu a ideia de se transformar em uma dupla?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tika-e-kika-como-surgiu-a-ideia-de-se-transformar-em-uma-dupla

Por que a temporada chama-se Colar?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tika-e-kika-por-que-a-temporada-chama-se-colar

Como vão funcionar os shows?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tika-e-kika-como-vao-funcionar-os-shows

Passada a temporada, vocês vão lançar algo em dupla?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/tika-e-kika-passada-a-temporada-voces-vao-lancar-algo-em-dupla

charles-aznavour

Morre Charles Aznavour, um dos maiores ícones da canção do século 20 – escrevi sobre ele em minha primeira colaboração para o site Reverb, confere lá.

criolo-boca-de-lobo

Criolo lança “Boca de Lobo”, em que põe o dedo em várias feridas destes dias apocalípticos que vivemos no país num clipe que vê os bichos escrotos da política destruírem paisagens conhecidas de São Paulo.

A faixa abre com uma citação de Waly Salomão, cada verso da música é uma pedrada, até o refrão que desmonta “1 Por Amor, 2 Por Dinheiro” dos Racionais:

“Agora, entre meu ser e o ser alheio, a linha de fronteira se rompeu”

Aonde a pele preta possa incomodar
Um litro de Pinho Sol pra um preto rodar
Pegar tuberculose na cadeia faz chorar
Aqui a lei dá exemplo: mais um preto pra matar
Colei num mercadinho dum bairro que se diz “pá”
Só foi meu pai encostar pros radin’, tudin’ inflamar
Meu coroa é folgado das Barra do Ceará
Tem um lirismo bom lá, louco pra trabalhar
Num toque de tela, um mundo à sua mão
E no porão da alma, uma escada pra solidão
Via satélite, via satélite
15% é Google, o resto é Deep Web
A guerra do tráfico, perdendo vários ente
Plano de saúde de pobre, fi, é não ficar doente
Está por vir, um louco está por vir
Shinigami, deus da morte, um louco está por vir
Véio, preto, cabelo crespo
Made in Favela é aforismo pra respeito
Mondubim, Messejana, Grajaú, aqui é sem fama
Nos ensinamentos de Oxalá, isso é bacana
Na porta do cursinho, sim, docim de campana
LSD, me envolver, tem a manha
Diz que é contra o tráfico e adora todas as crianças
Só te vejo na biqueira, o ativista da semana

La La Land é o caralho
SP é Glorialândia
Novo herói da Disney
Craquinho, da Cracolândia
Máfia é máfia e o argumento é mandar grana
Em pleno carnaval, fazer nevar em Copacabana
Um por rancor, dois por dinheiro, três por dinheiro, quatro por dinheiro
Cinco por ódio, seis por desespero, sete pra quebrar a tua cabeça num bueiro
Enquanto isso a elite aplaude seus heróis
Pacote de Seven Boys

Nem Pablo Escobar, nem Pablo Neruda
Já faz tempo que São Paulo borda a morte na minha nuca
A pauta dessa mesa “coroné” manda anotar
Esse ano tem massacre pior que de Carajá
Ponto 40 rasga aço de arrombar
Só não mata mais que a frieza do teu olhar
Feito rosa de sal topázio
És minha flecha de cravo
Um coração que cai rasgado nas duna do Ceará
Albert Camus, Dalai Lama
A nós ração humana, Spock, pinça vulcana
Clarice já disse, o verbo é falha e a discrepância
É que o diamante de Miami vem com sangue de Ruanda
Poder economicon, cocaine no helicopteron
Salário de um professor: microscópico
Feito papito de papel próprio
Letra com sangue do olho de Hórus
É que a industria da desgraça pro governo é um bom negócio
Vende mais remédio, vende mais consórcio
Vende até a mãe, dependendo do negócio
Montesquieu padece, lotearam a sua fé
Rap não é um prato aonde cê estica que cê qué
É a caspa do capeta, é o medo que alimenta a besta
Se três poder vira balcão, governo vira biqueira
Olhe, essa é a máquina de matar pobre!
No Brasil, quem tem opinião, morre!

La La Land é o caralho
SP é Glorialândia
Novo herói da Disney
Craquinho, da Cracolândia
Máfia é máfia e o argumento é mandar grana
Em pleno carnaval, fazer nevar em Copacabana
Um por rancor, dois por dinheiro, três por dinheiro, quatro por dinheiro, cinco por ódio, seis por desespero, sete pra quebrar a tua cabeça num bueiro
Enquanto isso a elite aplaude seus heróis
Pacote de Seven Boys

Essa semana promete…