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Eis a estréia da minha coluna sobre cultura digital ontem. A coluna Impressão Digital completa o meu blog no Link e sai todo domingo, no Caderno 2.
Depois de muita espera, o trailer da sequência do clássico de ficção científica Tron (1982) foi “decifrado” nesta semana. Explico: em vez de ser apenas lançado, o trailer do filme anunciado em 2008 na feira de cultura pop Comic Con (com nomes de peso como a dupla francesa Daft Punk na trilha sonora e Jeff “Lebowski” Bridges no elenco) teve de ser desvendado em uma espécie de competição online. As pistas foram espalhadas por sites com mensagens cifradas. Coletivamente, os fãs solucionaram os enigmas que, reunidos, revelavam o caminho para encontrar o trailer do filme.
O formato não é novo. Chama-se “narrativa transmídia” e é usado em quase todo grande lançamento hoje em dia. Filme, série, disco e livro ganham vida para além de seus formatos originais para se espalharem por outras mídias. O aclamado disco In Rainbows (2007), da banda inglesa Radiohead, só foi disponibilizado gratuitamente para download depois que pistas enigmáticas foram deixadas pelo grupo em seu site. O mesmo acontece com a série Lost, em que dicas deixadas pelos produtores tanto nos episódios quanto em sites estimulam a interação com o telespectador.
Toda esta complexidade parece intransponível para quem apenas observa de fora. A chegada do computador e da internet à indústria cultural fez que este processo múltiplo fosse acelerado. E o que estamos assistindo nestes novos anos 10 é a maturidade da cultura pop.
O pop surgiu durante a Depressão norte-americana, quando diversões baratas como quadrinhos, cinema, discos, literatura pulp e fliperamas se difundiram como opção de entretenimento para as massas.
No pós-Guerra, esta mesma cultura tornou-se jovem, e o adolescente – encarnado em nomes como James Dean e Elvis Presley -, público-alvo. Desde os anos 60, contudo, este mercado já não é composto apenas por sucessos descartáveis. E graças a nomes como Beatles, Bob Dylan, Zappa, Velvet Underground, Crumb e as revistas Mad e Rolling Stone, o pop foi engrossando a sua voz.
Diferentes autores localizam momentos específicos em que o que parecia ser banal ficou sério. O escritor Steven Johnson define que este momento é a série policial Hill Street Blues, dos anos 80, em que pela primeira vez os protagonistas não tinham a obrigação de aparecer em todos os episódios. O crítico Chuck Klosterman aponta para os anos 90, quando, na terceira temporada do reality show Real World, da MTV, o elenco começou a perceber que poderia atuar num programa que primava pela espontaneidade. Há outros: a chegada da geração inglesa (Neil Gaiman, Alan Moore) à HQ americana, a ida de David Lynch para a TV (em Twin Peaks), o momento em que DJs tomaram consciência do que poderiam fazer com a música alheia e o excesso de referências de Matrix, além da própria contracultura.
A era digital fez que os muros entre os nichos do pop desabassem e a paisagem cultural se tornasse eletrônica no novo século. Nela, todos estão conectados entre si e os polos emissores e receptores da comunicação se confundem. Não é à toa que Lady Gaga lançou nesta semana um clipe (“Telephone”) que não é só um vídeo promocional mas um curta, com direito a citação literal de Tarantino – e que foi lançado, como o trailer de Tron Legacy, direto na internet.
“I’m out and I’m gone!”
Beastie Boys x ‘Galactica’
O dono do login katamaran78 no YouTube fez um mashup reeditando o clipe de “Sabotage”, dos Beastie Boys, com imagens do seriado de ficção científica Battlestar Galactica. Busque pelos termos “Sabotage” e “Galactica” no site. Ele ainda editou um vídeo em que mostra as versões – o clipe original e seu mashup – para comparar as duas.
“Play it again”
A segunda vinda do Keyboard Cat
Fatso, hit no YouTube tocando teclado, morreu vinte anos antes de virar mania. Esta semana seu dono revelou sucessor para o bichinho, chamado Bento.
O Estadão muda de cara depois de amanhã, tanto no site quanto em papel, e o meu blog lá no Link ganha uma versão impressa. A partir do dia 14 comando a coluna Impressão Digital, que sairá todo domingo e traz os temas do Link para o leitor do Caderno 2. Nem vou pedir pra você comprar o jornal, porque eu prefiro sugerir a edição de segunda-feira – e o Link tá fodaço (mais do que normalmente é).
• A vez da web como plataforma cidadã • Imagem e semelhança • Não-ficção científica: Bailenson e os avatares na vida real • ‘Narrativa transmídia pode superar obra que a gerou’ • Notas • O Photoshop do Google • ‘God of War 3’ chega ao Brasil no final deste mês • Vida Digital: Amaury Jr. •
• Ano de Copa do Mundo, ano de TV nova… • Convergência e resolução puxam as TVs de 2010… • Philips quer reproduzir clima de cinema… • Antes de escolher uma TV nova, conheça suas opções… • Aonde vai parar o tubo… • TVs de tubo ainda são maioria no Brasil • ‘I know it’s only Rick Roll, but I like it’… • ONU: ‘O desafio do Brasil é se abrir para o mundo’… • Bullying • Bem além do Kindle • Discussão binária em torno do ‘Maoísmo digital’… • Vida Digital: William Kamkwamba, estudante •
Texto que escrevi pra matéria de capa sobre televisão que publicamos esta segunda no Link.
Ano de Copa do Mundo, ano de TV nova
Como sempre, o mercado aproveita o torneio para lançar novas tecnologias; convergência, transmissão digital e TV 3D são as de 2010
A Copa do Mundo não é o evento esportivo mais popular do planeta só pelo fato do futebol ser o esporte mais popular do mundo – mas também por ter a TV como sua principal aliada. Televisionado desde a edição de 1954, na Suíça, o evento ganhou ainda mais popularidade graças a avanços tecnológicos que foram introduzidos tanto nos aparelhos quanto na transmissão do torneio.
Não vai ser diferente em 2010, com um agravante: esta será a primeira Copa em que a internet surge como principal ameaça real à audiência da TV. Além disso, a legislação brasileira exige que qualquer aparelho de TV com 32 polegadas ou mais venha com decodificador de TV digital embutido até julho.
Junte essas novidades à corrida tecnológica que vem acontecendo na última década e temos o encerramento de um ciclo: TVs de tela fina deixaram de ser artigo de luxo para entrar na rotina das pessoas.
Isso sem contar uma série de recursos e tecnologias que vêm invadindo o vocabulário. A antiga divisão entre LCD e plasma de alguns anos já rendeu novas terminologias, como LED, HDMI, Full HD e TV 3D.
Com os novos modelos que se conectam à rede e ao PC, a TV ressurge não como um eletrodoméstico que estimula a passividade, mas como central de entretenimento doméstico que conecta internet, computador, game, celular, players portáteis e pendrives – tudo num mesmo aparelho que, aos poucos retoma o papel central que já teve na casa das pessoas e que ficou para trás com a ascensão da dupla computador e internet.
Este ciclo de renascimento não vai fechar em 2010. Mas durante este ano já veremos o que é promessa há alguns anos chegar ao mercado de fato.
Por outro lado, a popularização da tela fina ainda não foi o suficiente para determinar o fim da velha TV de tubo, que ainda é o modelo que mais vende no Brasil – embora não seja o tipo de aparelho mais popular no mundo. Além de emperrar a onda de conectividade total dos modelos mais novos, o tubo de raios catódicos, quando descartado, agride muito mais o meio ambiente do que as TVs finas.
Nesta edição, tentamos entender o que irá acontecer com um dos aparelhos mais populares que existem em um ano que pode definir de vez seu papel nos lares do mundo.
• O antiAndroid • Como é o Windows Phone • O que Bill Gates diria aos funcionários se ainda estivesse no comando: uma ficção • Todos contra a Apple • Por que você envia um texto para alguém? • Flerte pelo Twitter? Conheça o Flitters • ‘Operadoras vão tornar os celulares gratuitos’ • Nada de marchinhas: tocou, tem que pagar • Chatroulette extermina o tédio • Servidor: Net 3D, File Prix Lux, Facebook + PayPal e MySpace no Google • Kevin Smith não coube no voo e resolveu reclamar • Shuffle: Mass Effect 2, Guitar Hero online e scanner que digitaliza livros em MP3 • Novela Google Books se aproxima do fim • Vida Digital: Mães blogueiras •
É oficial: a partir desta quarta-feira meu Twitter se desdobra em dois – quem quiser saber novidades sobre cultura digital, acompanhe o @link_matias. Quem quiser saber das novas daqui do Trabalho Sujo, siga no @trabalhosujo. No fim, dá no mesmo.
• Google e Facebook fazem tudo pelo social • Conheça o Google Buzz • Facebook de cara nova • O brasileiro do Google Buzz • Um erra onde o outro acerta • Há smartphones que têm mais cara de ‘dumbphone’ • Novidades móveis em Barcelona • Usabilidade garante sobrevida de netbook • ‘Bioshock 2’ mete mais medo que o primeiro • Parem tudo! ‘No More Heroes 2’ voltou pesado • ‘Flattr quer contornar a necessidade de pirataria’ • O Google quer entrar no meio da sua conversa • Financiamento esvazia lan houses • 50 milhões hipnotizados por Bejeweled • Cem pessoas querem Orkut Ouro • Biblioteca Britânica de graça no Kindle • Vida Digital: Jason Rohrer •
Meus dois centavos sobre o Google Buzz…
Lembra de quando o Google apareceu? Seu visual clean mostrava que não eram necessários todos aqueles links e diretórios – característicos do Yahoo, o grande mecanismo de busca dos anos 90 – em uma página dedicada apenas a procuras feitas online. A solução do Google era um ovo de Colombo: só com um campo de busca sob um logo colorido, ele relembrava a todos que menos era mais.
Lembra de quando o Facebook apareceu? Seu visual clean mostrava que uma rede social não precisava parecer uma penteadeira de madame (o MySpace) nem uma sala de pré-escola (o Orkut). A solução do Facebook foi arquitetônica nos dois sentidos: ao oferecer um ambiente em que se deve reter o público-alvo, o site apresentava-se agradável, organizado, hierárquico, cool. Tanto sua arquitetura de informação quanto seu acabamento visual têm exatamente o mesmo peso. O site deve ser fácil de ser entendido, utilizado e percorrido, além de, por que não, agradável.
Eis os dois gigantes da internet hoje em dia. E agora, ao lançar um serviço de mensagens instantâneas muito parecido com o Twitter integrado ao seu e-mail, o Google tenta se reinventar de olho em tempos mais – para usar uma palavrinha da moda– “sociais”.
Em outras palavras, assumiu que o Facebook – a maior rede social do mundo – é seu principal rival.
Mas entre o Buzz e uma rede social envolvendo todos os serviços e produtos Google, há um longo caminho. O serviço recém-lançado, no entanto, não é o primeiro flerte do gigante rumo a uma plataforma mais social. O YouTube e o seus Maps já têm elementos de rede social, seu Reader permite compartilhamento de conteúdo. Mas foi com o Buzz que o Google assumiu que quer mudar sua natureza.
Eis o problema central: o Facebook sempre foi uma rede social. É um ambiente murado, em que todos que querem estar ali concordam em ficar apenas ali. Já o Google é o oposto disso. Começou como uma porta de entrada para a internet e está aos poucos crescendo um muro ao redor dela. E se, para usar o Google, for preciso estar dentro destas paredes, muita gente vai pular fora.
Isso fora a questão da interface, que ainda é bisonha – confusa, feia, sem hierarquia, quase aleatória. Parece um rascunho do Google Wave. Não seria o caso de o Google lembrar de como era quando começou?