E as Haim anunciaram novo single, “Relationships”, preâmbulo de seu quarto álbum, mas sem dizer qual vai ser a data do lançamento da música nova, cuja capa parece ter sido inspirada na clássica foto em que teoricamente Nicole Kidman sai do escritório de seu advogado após ter assinado o divórcio de Tom Cruise, no início do século (que, apesar de ter virado meme, a própria atriz negou ser uma cena real e sim um outtake de um filme, veja abaixo). Mas como parecem dizer as irmãs californianas que não lançam nada desde 2020, quando a lenda é melhor que a realidade, publique a lenda… Continue
Morreu nesta terça-feira o escritor mineiro Affonso Romano de Sant’anna em sua casa em Ipanema, no Rio de Janeiro. Um dos principais poetas brasileiros da segunda metade do século passado, também era conhecido por seu trabalho ensaístico e acadêmico e além de lecionar literatura brasileira na PUC do Rio e de ter dirigido seu Departamento de Letras e Artes, também realizou uma extensa pesquisa sobre Carlos Drummond de Andrade em seu doutorado, Drummond, o Gauche no tempo. Como gestor público, dirigiu a Biblioteca Nacional nos anos 1990, quando criou Sistema Nacional de Bibliotecas e o Programa Nacional de Incentivo à Leitura, que funcionam até hoje. Autor de livros como Que País é Este? (1980), O Canibalismo Amoroso (1984), O Imaginário a Dois (1987, ao lado de sua mulher, a também escritora Marina Colasanti, que faleceu no início do ano), Intervalo Amoroso (1998), Tempo de Delicadeza (2007), e Como Andar no Labirinto (2012), ele sofria de Alzheimer desde 2017 e há quatro anos estava acamado.
A Cinemateca Brasileira fez bonito com essa Retrospectiva Alfred Hitchcock, mas olha essa Mostra Chantal Akerman, que o Cine Brasília está fazendo aqui no cerrado: são 17 filmes da diretora belga, entre curtas e longas, incluindo seu clássico Jeanne Dielman, 23, quai du Commerce, 1080 Bruxelles nas três primeiras semanas de março. Não à toa esse é um dos melhores cinemas do Brasil (e responsável pela minha formação fílmica desde moleque). Grande Cine Brasília! Confira a programação no site do cinema. E não é só o Cine Brasília: o Sesc Digital, aplicativo de streaming do Sesc, também está fazendo sua própria mostra da cineasta belga e exibe, até o dia seis de maio, os filmes Eu, Tu, Ele, Ela (1974), Jeanne Dielman (1975), Notícias de Casa (1976), Os Encontros de Anna (1978), Toda Uma Noite (1982) e A Prisioneira (2000). Mais informações no site do sesc.digital
O lendário Jello Biafra, fundador e antigo líder do clássico grupo de hardcore Dead Kennedys, participou do show do grupo Cavalera Conspiracy, formado pelos ex-Sepultura Max e Iggor Cavalera, nesta segunda-feira, no Marquis Theater, em Denver, nos EUA, e aproveitou o encontro — e o momento bizarro que seu país está atravessando — para atualizar o clássico hino de sua antiga banda, “Nazi Punks Fuck Off”, mas não sem antes soltar o verbo, como ele sempre faz. “Somos uma família há muito tempo, cara. Eu vi (o Sepultura) pela primeira vez em Denver com o Ministry e o Helmet. Aquele show aconteceu neste lugar que na época ainda era chamado de Mammoth Gardens. Agora a Live Nation também tem suas garras neste lugar. Eu não venho pra cá desde que eles compraram este lugar; essa empresa é o Elon Musk das empresas de show. E muitos de vocês conhecem essa música. Ela foi escrita originalmente sobre pessoas sendo realmente violentas no meio do público e agindo como um bando de nazistas. Então, quando chegou a lugares que tinham ditadores e fascistas de verdade, como o Brasil e a Europa Oriental, se tornou mais do que isso, se tornou uma espécie de grito revolucionário. Então, nada de deixar a música de lado, especialmente porque, pela primeira vez, estamos olhando para ditaduras fascistas reais e vivas com camisas vermelhas, brancas e azuis por todo o país. Vai demorar um pouco para eles me pegarem, mas já estou na lista negra o suficiente pelo que disse sobre o sujo Donnie Trump… e tudo mais, nunca se sabe. Então, agora, essa música tem um nome um pouco diferente, acho que todos podemos nos identificar. Nazistas trumpistas, vão se foder!”
Assista abaixo: Continue
Ninguém tá falando muito disso porque o calor de Ainda Estou Aqui ainda é grande, mas Marcelo Rubens Paiva já está com livro novo na praça, mais uma vez autobiográfico, contando a história seguinte ao livro que Walter Salles transformou em nosso primeiro filme nacional a levar um Oscar. O Novo Agora fala do Brasil pós-ditadura militar e da paternidade do próprio Marcelo, misturando ainda mais sua história pessoal com a nossa história brasileira recente. E não custa perguntar: será que vão adaptar seu clássico Feliz Ano Velho novamente para o cinema? Porque a adaptação feita por Roberto Gervitz com Marcos Breda e Malu Mader em 1987 é até OK, mas esse momento Oscar brasileiro pede por uma nova versão — ainda mais que o livro, como Ainda Estou Aqui, estão entre os livros mais vendidos no Brasil hoje.
Com a morte do guitarrista Joey Molland, que deixou este plano no primeiro dia deste mês, morre o Badfinger, banda galesa que ganhou notoriedade por ser descoberta pelos Beatles e ser a primeira banda de rock contratada pelo selo da banda inglesa, Apple. Molland mantinha o grupo em atividade apesar da morte de todos os outros integrantes, dois por suicídio (o vocalista e guitarrista Peter Ham e o baixista Tom Evans) motivados por tretas dentro da banda. Além de participar de todas as formações do grupo, Molland também era conhecido – como os outros integrantes da banda – por sua proximidade com os Beatles (cujo assessor de imprensa e diretor da Apple, Neil Aspinall, batizou a banda), inclusive após a separação da banda: tocou guitarra no álbum Imagine de John Lennon (inclusive em “Jealous Guy”) e em dois álbuns de George Harrison, além de dividir o palco com ele em “Here Comes the Sun” no famoso concerto beneficente para Bangladesh, organizado pelo beatle caçula. Sua banda teve singles produzidos por Paul McCartney (“Come and Get It”, também escrita por Paul), George (“Day After Day”) e pelo faz-tudo dos Beatles Mal Evans (a clássica “No Matter What”), além de ter trabalhado com Tony Levin e Todd Rudgren. A banda terminou após o suicídio do vocalista e guitarrista Peter Ham em 1975, cujo bilhete de despedida culpava o empresário Stan Polley por sua morte. A banda voltou a reunir-se a partir da motivação de Molland, que seguiu em atividade até o ano passado. Embora a causa de sua morte não tenha sido revelada, ele já estava mal desde o início do ano, com vários problemas de saúde, inclusive pneumonia.
Não estarei em São Paulo nos primeiros dias, mas essa retrospectiva do Hitchcock que a Cinemateca começa nessa quinta-feira (todos filmes com entrada gratuita, com ingressos distribuídos a partir de uma hora antes da sessão) está maravilhosa e reúne os principais clássicos e filmes de todas as fases do mais norte-americano dos diretores ingleses. Olha essa programação abaixo: Continue
Se você é fã de Led Zeppelin, um apelo e uma ressalva meio spoiler, mas vamos lá: VÁ VER BECOMING LED ZEPPELIN SE POSSÍVEL NO IMAX. O documentário oficial sobre a banda é um delírio se visto em uma tela imensa e com o som bem alto, porque boa parte do filme é composto por cenas da banda tocando ao vivo (muitas delas já conhecidas dos fãs). O importante spoiler – e digo isso porque já sabia antes do filme começar, o que me deixou bem menos angustiado do que poderia ficar – é que o filme conta como o grupo surgiu e vai até… o segundo disco. Nada de “Stairway to Heaven”, nada do tempo que a banda era o maior espetáculo da terra, dos discos soberbos, dos excessos e dos limites de estar no alto do panteão do rock clássico em plenos anos 70. Saber disso salva o filme porque, quando ele ultrapassa sua primeira hora de duração a banda começa a decolar e a segunda hora é dedicada ao ano em que eles deixam de ser um delírio de um guitarrista megalomaníaco que não queria que sua banda lançasse singles e se tornam uma das maiores bandas do mundo, em 1969, quando lançaram seus dois primeiros discos e entraram numa turnê interminável pelos EUA e se transformaram num fenômeno. Se você não sabe disso, corre o risco de achar que eles vão reduzir a principal década de atuação da banda a meros quinze minutos, o que felizmente não acontece. Dito isso, o filme é uma aula sobre a banda contada por seus protagonistas e esmera-se ao mostrar – em entrevistas e imagens de arquivo – a formação de cada um dos integrantes e como desde a primeira vez que tocaram juntos, Robert Plant, Jimmy Page, John Paul Jones e John Bonham descobriram que eram uma banda única e que precisavam mostrar isso pro mundo. É um delírio vê-los elogiando sua própria dinâmica ao mesmo tempo em que assistimos a trechos inteiros de suas músicas ao vivo. Por ser chapa branca, derrapa em alguns pontos (não cita, por exemplo, que o nome da banda veio de uma piada incrédula de Keith Moon e esquece de citar John Paul Jones na fase psicodélica dos Stones), mas traz uma banda delirando ao descobrir-se foda ao vivo, junto ao público e apesar da crítica. E como uma das entrevistas é uma gravação em áudio inédita do baterista, morto em 1980, é muito bonito ver Plant, Page e Jones ouvindo a voz do velho amigo falando sobre si mesmo e sobre sua banda. Mas fico aqui pensando se esse documentário não seria o primeiro volume de uma trilogia… Imagina…
Assista a um trecho que é mostrado no filme abaixo, a participação da banda num programa de TV na Dinamarca: Continue
Como disse o John Waters sobre a morte de David Johansen, neste sábado, o “punk rock perdeu um pedaço de sua alma”. O vocalista dos New York Dolls não era apenas a estrela mais brilhante da banda que conectou a Nova York do Velvet Underground à do CBGBs, unindo dois momentos únicos da história da metrópole norte-americana como uma cronologia; ele também era o elo perdido entre o lado mais selvagem do rock clássico ainda nos anos 60 com a música pop daquele mesmo período e o rock do futuro, que descortinaria a partir de sua banda mais famosa. Falastrão e galã, era um showman nato e a versão norte-americana de Mick Jagger e mesmo depois de sair da banda da qual compôs todas as músicas que embalou a cena surgida sob o infame – e literalmente decadente – Mercer Arts Center, manteve sua moral e fama vivendo diferentes personagens no showbusiness dos EUA, às vezes com o pseudônimo que inventou depois dos Dolls, Buster Poindexter, cantando, atuando ou apresentando programas de TV. Infelizmente sua morte não é uma surpresa, pois desde o início ele já reclamava online das dores de um câncer enfim terminal. Uma pena, um ícone do rock.
Já está virando tradição. A primeira foi há um ano, em fevereiro do ano passado, quando a dupla formada pelo ator Michael Shannon e pelo guitarrista Jason Narducy (que toca com Bob Mould) passaram pela cidade-natal do R.E.M. com o show que estavam fazendo em homenagem ao disco de estreia da banda, Murmur, mas naquela ocasião, embora Michael Stipe, Peter Buck, Mike Mills e Bill Berry tivessem subido ao palco, eles participaram de algumas canções e nunca estiveramm os quatro ao mesmo tempo. Isso foi resolvido meses depois, quando o grupo foi entronizado ao Songwriters Hall of Fame, em junho do ano passado, em Nova York, e subiram juntos no palco como não faziam há 17 anos para tocar “Losing My Religion”. A cena se repetiu nessa quinta-feira, na nova versão do show de Shannon e Narducy, que agora revisita o disco Fables Of The Reconstruction, de 1985, e mais uma vez passou pela cidade do grupo, tocando outra vez no mesmo 40 Watt que passaram no passado. E desta vez os quatro estiveram no palco ao mesmo tempo para cantar “Pretty Persuasion”. A noite ainda contou com a presença do guitarrista de Patti Smith, Lenny Kaye, que subiu ao palco para acompanhar a dupla e Peter Buck em duas versões para músicas do Velvet Underground, “Femme Fatale” e “There She Goes Again”. Será que eles voltam algum dia a fazer shows juntos? Assista abaixo: Continue