
Não bastasse lançar um dos melhores discos do ano (o inacreditavelmente empolgante Phantom Island, lançado na mesma semana em que Brian Wilson morreu quase como uma utopia sonora do que o beach boy original sonhou em seu Pet Sounds) e retirar quase todos seus 27 discos do Spotify, o inominável grupo psicodélico australiano King Gizzard & the Lizard Wizard deu um show nessa sexta-feira, em sua cidade natal australiana Melbourne, em que finalmente começou a colocar em prática uma vontade que tinham há tempos, ao estrear sua apresentação como um set de rave, depois de ficar um tempo sem fazer shows (após suas apresentações gigantescas no próprio festival que fizeram em agosto na Califórnia). Tal formato inclusive foi anunciado quando o grupo marcou as datas de sua turnê pela Europa nos próximos dias, quando alterna apresentações com orquestras (dia 4 agora com a Covent Garden Sinfonia na Inglaterra, dia 5 com a Orchestre Lamoureux na França, dia 7 com a Sinfonia Rotterdam na Holanda e 9 com a Baltic Philharmonic Symphony Orchestra na Polônia) com esta vibe dançante. As dúvidas sobre o teor da apresentação foram sanadas com o show que deram em Melbourne, quando seus seis integrantes tocam dispositivos musicais eletrônicos de diferentes eras e instrumentos acústicos de percussão, uma guitarra ali, um sax acolá, entre músicas inéditas e versões de outras antigas para este formato, além de citações aos Beastie Boys (“Intergalactic” e “Sabotage”) e Limp Bizkit (“Rollin’”) e gritos pela Palestina livre por inacreditáveis duas horas – assista à íntegra abaixo. Com esse formato passam pela Inglaterra (31, 1º e 2), Alemanha (10), República Tcheca (11), Áustria (12), Dinamarca (14) e Suécia (15). Ficou pequeno pra rave do Tame Impala, diz aí… Continue

Nossa mestra PJ Harvey festejou os 25 anos do lançamento de seu quinto álbum Stories from the City, Stories from the Sea nesta semana e resolveu compartilhar com os fãs o vídeo de bastidores que sua gravadora mandou para a imprensa junto com o novo álbum. Gravado na mansão Linford Manor na cidadezinha inglesa de Milton Keynes entre março e abril do ano 2000, o disco foi produzido pela própria Polly Jean ao lado dos compadres Mick Harvey (que havia produzido sua primeira colaboração com John Parish, Dance Hall at Louse Point, em 1996) e Rob Ellis (que produziu seu primeiro disco, Dry) e o vídeo recém-publicado mostra o clima informal e tranquilo por trás do disco que não é seu melhor álbum, mas que melhor sintetiza sua força musical, logo após ter composto álbuns díspares mas complementares (o magistral To Bring You My Love, o disco com Parish e o dramático e introspectivo Is This Desire?). Lançado logo após ela completar 31 anos, Stories from the City, Stories from the Sea acaba sendo a melhor introdução à obra de PJ e o título que mais conecta-se com todos os outros de sua discografia. Mas a participação de Thom Yorke, com quem ela divide os vocais em “This Mess We’re In”, sequer é mencionada.
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Os Pelados fizeram Contato e lançaram seu ótimo novo álbum (segundo? Terceiro? Quinto?) neste sábado na Casa Rockambole num show azeitadinho dirigido pela querida Olívia Munhoz (que também iluminou a apresentação). Sem banda de abertura e com uma única participação especial (o tangolo mango Felipe Vaqueiro, que também é a única participação no disco), o grupo paulistano lotou o antigo Centro Cultural Rio Verde numa noite em que fãs e amigos cantaram em coro todas as músicas – inclusive as novas. Com foco no disco recém-lançaram, deixaram as músicas que têm mais cara de indie rock tru fora do repertório, optando tocar apenas quatro músicas do excelente disco anterior, Foi Mal (“Vampirinhos do Amor”, “A Tênue Linha Entre Gostar e Nâo Gostar”, a vinheta “Medo de Ficar Pelado!!!”, que só começaram a tocar agora, e o hit “Foda Que Ela Era Linda”), e a íntegra do disco, além de uma música solo da vocalista Manu Julian, “E Aí Beleza?”, que ela tocou sozinha no palco com seu teclado (no que ela disse serem “os cinco minutos mais tensos da minha vida até o momento”) e outra dos Tangolo Mangos (“Armadura Armadilha”, para aproveitar a presença de Vaqueiro, que também tocou em “A Tênue…” e voltou na última música do bis, “Foda…”). Minha banda de rock paulistana favorita atualmente, os Pelados já tinham dado um passo ousado ao lançar um disco de música pop que deixaram o indie rock em que foram criados em segundo plano e fizeram um show à altura deste Contato, que ainda teve a graça de ser lançado no dia do aniversário do baterista Theo Ceccato, comemorado pelo público que puxou os parabéns antes do bis, que começou com a última música do disco novo, a transcendente “Instruções para Descongelar o Gilberto Gil no Espaço”. Coisa linda.
#pelados #casarockambole #trabalhosujo2025shows 232

Dirigido por Carlos Acosta e executado pelo Royal Birmingham Ballet, o espetáculo Black Sabbath Ballet contou com uma participação ilustre ao inaugurar sua segunda temporada nesta quarta-feira, quando o guitarrista fundador da banda que o balé homenageia, Tony Iommi, subiu no palco do teatro Sadler’s Wells, em Londres, na Inglaterra, para tocar o clássico solo de “Paranoid”, a música que encerra o musical. O espetáculo ainda conta com performances de outras músicas do grupo (“Black Sabbath”, “Iron Man”, “War Pigs”, “Solitude”, “Orchid”, “Laguna Sunrise” e “Sabbath Bloody Sabbath”) e contou com Iommi como supervisor musical quando foi concebido originalmente, mas é a primeira vez que o guitarrista sobe ao palco com o corpo de baile.
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Nem sou chegado em Empire of the Sun, mas é inegável a importância de “Walking on a Dream” como cápsula de um tempo em que dance music, indie rock e música pop se misturavam numa mesma cena híbrida, que incluía nomes tão distintos quanto Tame Impala, Phoenix, MGMT e LCD Soundsystem, entre inúmeras outras bandas que eram descobertas nos saudosos blogs de MP3. E é inevitável perceber a influência dessa cena na atual geração indie, momento retratado com perfeição quando o Wet Leg visita justamente o hit do Empire of the Sun em sua passagem pelos estúdios da BBC, em Londres. Olha que pérola.
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Mais um Inferninho Trabalho Sujo quente nesta quinta-feira no Fervo, quando reuni as bandas Nigéria Futebol Clube e Schlop, ambas reincidentes nestes dois anos de festa, para uma noite barulhenta na casa da Água Branca. Quem abriu a noite foi o Nigéria Futebol Clube, cujo show começou com o baterista Raphael “PH” Conceição puxando o público para dentro da casa com sua caixa enquanto o guitarrista Rodrigs e o baixista Eduardo preparando o terreno sonoro com ruídos e marcações de groove que lentamente se transformariam em um set extenso e contínuo, com o grupo misturando improvisos e momentos pré-definidos entre linhas de baixo pós-punk, guitarra ruidosa, bateria pesada e canções-manifesto, cantadas em sua maioria por PH. Um show completamente diferente do que havia feito com eles no Redoma no início desse semestre, mas igualmente elétrico.
Depois foi a vez da Schlop encerrar a noite em uma formação improvisada pois o novo baixista não pode comparecer, restando à guitarrista Lúcia Esteve assumir o instrumento, deixando a vocalista Isabella Fontes como única guitarrista de seu grupo, que ainda conta com Antonio Valoto na bateria e teve a participação especial do saxofonista Rômulo França, que solou durante a já clássica versão que o grupo fez para a balada do LCD Soundsystem sobre Nova York, que em português virou “São Paulo Eu Te Amo, Mas Tá Foda Demais”. Fora alguns deslizes no percurso – como a famigerada corda da guitarra estourando no meio do show -, o Schlop versão trio ainda pode apresentar músicas inéditas, que apontam o rumo do próximo álbum, que começa a se materializar, lentamente.
#inferninhotrabalhosujo #schlop #nigeriafutebolclube #fervo #noitestrabalhosujo #trabalhosujo2025shows 230 e 231

Morreu nesta quarta-feira, a força eletrônica de uma das primeiras manifestações do synthpop do mundo. Dave Ball, fundador, músico e produtor da dupla inglesa Soft Cell ao lado do vocalista Marc Almond, morreu dormindo em sua casa. Depois de várias questões de saúde, que inclusive o mantiveram por meses no hospital, ele conseguiu recuperar-se esse ano, voltar a fazer shows e terminar o disco que o grupo estava planejando, batizado de Danceteria e programado para ser lançado no ano que vem. Ao lado de Almond, ele não apenas criou um dos grupos mais importantes da incipiente cena eletrônica como inventou um parâmetro musical – composto de um crooner desenvolto e um produtor musical introspectivo – que funcionou como um modelo para inúmeras duplas que seguiram-se após a explosão mundial do grupo em seu primeiro álbum, em 1981, gravaram um velho hit soul norte-americano (“Tainted Love”) e transformaram-no em sua assinatura musical, além de entrar para a história da música pop apenas por seu disco de estreia, Non-Stop Erotic Cabaret, que abriu rumo musical para artistas como Gary Numan, Human League, Pet Shop Boys, Ultravox, entre inúmeros outros.

Na próxima quinta-feira, dia 23, teremos mais uma edição do @inferninhotrabalhosujo na @ocupacao.fervo, que fica pertinho do Sesc Pompeia. Nessa noite reunimos duas bandas reincidentes na festa, a Schlop e o Nigéria Futebol Clube, num evento que começa às 18h e vai até pouco depois da meia-noite — e como é no Fervo (que fica na R. Carijós, 248), a entrada é gratuita. Vamos nessa?

Nos dias 11 e 12 de dezembro, o Auditório Simon Bolívar, no Memorial da América Latina, em São Paulo, recebe dois encontros memoráveis. O projeto Noites no Memorial recebe, na sexta-feira, dia 11, o paraibano Chico César acompanhado da orquestra de percussão baiana Aguidavi do Jêje, que acaba de passar por São Paulo dentro da programação do Sesc Jazz. No dia seguinte, num sábado, é a vez de dois cariocas recém apresentados – Ana Frango Elétrico e Marcos Valle – encontrarem-se pela primeira vez no palco. Os dois shows terão abertura do cantor e compositor Joaquim. Os ingressos já estão à venda.

E já que Charli XCX estava dando sopa em Los Angeles – tanto que Lorde a chamou para participar de seu show no fim de semana -, quem também aproveitou a presença da popstar inglesa na costa oeste dos Estados Unidos foi a sensação Addison Rae, que está passeando com o show de seu disco de estreia pelo país e convidou a amiga para uma dobradinha: começando com sua “2 Die 4” e emendando com o remix que ela fez para a parte 2 do Brat que Charli lançou no ano passado, quando as duas emendaram o hit bate-estaca “Von Dutch”. Veja a íntegra das duas músicas abaixo: Continue