Neste sábado discoteco mais uma vez para esquentar a chegada da Charanga do França, repetindo aquele clima de baile de carnaval das Noites Trabalho Sujo do começo do ano. E aproveitando o match musical, chamo mais uma vez a querida Francesa Ribeiro para discotecarmos só música brasileira antes da banda começar no Cineclube Cortina. A noite começa às 21h e vai saber que horas acaba… Os ingressos estão à venda neste link.
Não bastasse a força do single “Vampire”, Olivia Rodrigo acaba de soltar a ordem das músicas de seu segundo disco, Guts, que sai só em setembro, e quase todo título é uma pedrada no meio da testa no que diz respeito a como batizar uma canção pop no século 21:
“All American Bitch”
“Bad Idea Right?”
“Vampire”
“Lacy”
“Ballad Of A Homeschooled Girl”
“Making The Bed”
“Logical”
“Get Him Back!”
“Love Is Embarrassing”
“The Grudge”
“Pretty Isn’t Pretty”
“Teenage Dream”
Deixando a Lana Del Rey de fora porque ela é hors concours (e pode, segundo rumores, estar presente neste mesmo Guts), desde que Dua Lipa anunciou os nomes das músicas de seu Future Nostalgia eu não tenho tanta vontade de ouvir um disco só por conta dos títulos das faixas. Esse disco promete…
E o espetáculo que Laura Lavieri realizou nesta terça-feira no Centro da Terra, por mais que tivesse cânticos indígenas e mantras indianos que justificassem o título da noite (Mântrica), não ficou apenas em repetições e círculos musicais ancestrais e, auxiliada por Estevan Sincovitz, Regis Damasceno e Igor Caracas, ela invadiu o terreno da canção popular e levou essa lógica musical cíclica para clássicos de Cole Porter, Tincoãs, Radiohead, Beatles (e George solo!) e até Can, fazendo tudo correr como parte de um mesmo fluxo criativo, como por exemplo quando enfileirou a eterna “É Preciso Perdoar” com “As Esferas” de Ava Rocha e Negro Leo. Uma noite plena.
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Começamos os trabalhos de agosto no Centro da Terra com uma apresentação que Laura Lavieri criou especialmente para esta ocasião. No espetáculo Mântrica, a cantora e compositora abraça poemas circulares pelas ondas da música, trabalhando elementos que estão ligados à sua produção artística e à forma de relacionar-se com o mundo, como controle, proteção, concentração, expurgo. Nessa imersão musical e terapêutica, ela vem acompanhada dos amigos Estevan Sincovitz, Regis Damasceno e Igor Caracas. O espetáculo começa pontualmente às 20h e ainda há ingressos à venda neste link.
Quem está para lançar disco novo são os camaradas do Wilco, que acabaram de anunciar Cousin, seu décimo terceiro álbum – e o primeiro que não é produzido pela própria banda desde Sky Blue Sky, lançado há quinze anos – para o finzinho de setembro (o disco já está em pré-venda). “Sou primo do mundo”, brinca o líder da banda, Jeff Tweedy, ao anunciar o novo álbum. “Não acho que seja uma relação sangûínea, é como se eu fosse um primo emprestado”. O disco é produzido pela artista galesa Cate Le Bon, que trouxe um rol de novos instrumentos para o estúdio da banda de Chicago, como saxofone, guitarras japonesas baratas e um vibe de new wave de bateria eletrônica, embora não dê pra perceber pelo primeiro single que o grupo disponibilizou (bem como a capa e o nome das músicas) nesta terça, “Evicted”, veja abaixo: Continue
Morreu, neste domingo, o criador e intérprete do personagem Pee-Wee Herman.
E que tal arrematar um mês de 400 dias que começou com Edu Lobo com mais um show do velho Macau? Nunca tinha ido ao Tranquilo SP, série de shows acústicos que são realizados toda segunda-feira em São Paulo pelo simples motivo de que às segundas estou curtindo a colheita das minhas provocações no Centro da Terra, mas a Julianna Sá acabou de assumir a curadoria da noite e me soprou não só que a nova edição da noite (que não tem local fixo) iria acontecer no mágico salão do União Fraterna (onde fiz, com o Thiago França, os três bailes de carnaval pós-pandemia em 2022), que é pertinho do Centro da Terra, como a apresentação final desta primeira segunda sob sua batuta aconteceria após às 22h (portanto, após o fim do show no teatro) e com ninguém menos que Jards Macalé. Mesmo tendo assistido à sua apresentação no sábado, Jards Macalé nunca é demais, e pude mais uma vez reverenciá-lo, desta vez apenas tocando seu violão. Ele repetiu os hits e as histórias que contou nos shows do fim de semana (era inevitável), mas guardou sua pouco tocada “Gotham City” para o público dócil do Tranquilo, que assistiu a todos os shows sentados no chão. E lembrou de quando tocou essa sua parceria com Capinam arranjada originalmente por Duprat no IV Festival da Canção, em 1969, e tomou uma barulhenta vaia do público no Maracanãzinho. “Me vaiaram de pé e com o dedo pra baixo”, lembrou, antes de dizer que estava “com saudade daquela vaia”, pedindo às centenas de presentes que repetissem aquela reprovação sonora, com um risinho no canto da boca satisfazendo sua própria vingança política – e estética.
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Maria Beraldo encerrou sua temporada no Centro da Terra nesta segunda-feira convidando seus compadres Lello Bezerra e Marcelo Cabral para tocar músicas que ela compôs depois do lançamento de seu primeiro disco solo, Cavala, e entre canções feitas por encomenda para outros artistas e estudos de músicas que ainda estão tomando forma, ela burilou seus rascunhos e mostrou o rumo que seu próximo trabalho pode tomar. Algumas canções estão completas (como “Baleia” que escreveu para o Delta Estácio Blues de Juçara Marçal, completamente desconstruída, logo na abertura do show, e “Truco”, composta para o filme Regra 34, de Julia Murat, e a inédita “Ninfomaníaca”), outras estão sem letra (como uma que fez para uma série que pediram uma música “meio Clube da Esquina”), outras têm apenas um trecho e algumas são exercícios instrumentais. Entre as músicas, Maria foi explicando seus contextos e traçando um possível rumo em que elas podem se encontrar num futuro – álbum – próximo. Foi lindo.
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Finalmente o Primavera São Paulo liberou a escalação de quem toca que dia nos dois dias de evento no início de dezembro. E vamos combinar que tá bem dividido: Cure e Beck num dia e Killers e Pet Shop Boys no outro faz dois públicos distintos escolherem dias diferentes para frequentar o festival e quando você enfileira Cansei de Ser Sexy, Marina Monte, Grimes, Black Midi, Hives, Muna e Slowdive de um lado e Bad Religion, Carly Rae Jepsen, Marina Sena, Roisin Murphy e Soccer Mommy do outro, há uma distinção que vai além de gêneros musicais… Os ingressos começam a ser vendidos a partir do meio-dia nesta terça, mas só pra quem é cliente Banco do Brasil. O restante começa a ser vendido na sexta que vem, também ao meio-dia.
Como sempre, um disco de Ava Rocha ganha novas camadas quando vai para o palco e, mais uma vez, ela foi além. Se seu Nektar gravado ao lado de Thiago Nassif e Jonas Sá já é um dos grandes acontecimentos musicais do ano, sua versão ao vivo abre novas janelas sensoriais a partir simplesmente da presença da cantora e compositora. A banda que ela reuniu (Chicão e Vini Furquim nos teclados, Gabriel “Bubu” Mayall no baixo, Charles Tixier na bateria e efeitos e Yandara Pimentel na percussão – uma banda sem guitarra) recriou o disco à risca, deixando-a à vontade para que ela o transcendesse. Ava é uma artista única e tem a capacidade de imantar o público com gestos e movimentos que, feitos por qualquer outro artista, não funcionariam. Ela consegue reunir qualidades do teatro, do cinema, do circo e da performance, colocando tudo a serviço de sua música, transformando gestos mundanos – como jogar papel picado pro alto, brindar cachaça, deixar a saia cair, equilibrar um copo na cabeça, enroscar-se num plástico – em sublimes. Completamente entregue, ela transforma seu corpo em veículo para a oração que é sua música e o néctar de purificação que extraiu de seu disco invadiu o público do Sesc Pinheiros neste domingo, grande parte dele formado por outros tantos artistas contemporâneos de Ava, todos bestificados com sua presença. Ela passeou por todo novo repertório e costurou com seus próprios hits (“Transeunte Coração”, “Você Não Vai Passar” e “Joana Dark”) com outros sucessos gigantescos (a trágica “Todo Mundo Vai Sofrer” de Marília Mendonça e o clássico samba “Conselho” de Almir Guineto, com a qual fechou o show), numa apresentação transcendental.
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