Jornalismo

O jovem maestro Bruno Bruni sobe mais uma vez ao palco do Centro da Terra nesta terça-feira, desta vez para antecipar o final de sua trilogia de discos grooveados. Mas resolveu experimentar e em vez de chamar sua tradicional big band, vem com sua MPC e convida vocalistas como Marina Marchi, Flavia K e Marina Nemésio, além de outros músicos que serão anunciados na hora da apresentação para mostrar suas novas músicas pela primeira vez ao vivo. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link.

Um novo Futurama

Não sei o que é mais impressionante: o fato de ninguém ter notado o quanto Futurama fez falta nos últimos dez anos ou que o segundo desenho animado mais conhecido de Matt Groening estar voltando ao ar como se nada tivesse acontecido. O serviço de streaming Hulu encomendou 20 novos episódios da série estrelada por Fry, Bender e Leela no início do ano e acabou de liberar o trailer da nova – a décima primeira – temporada do desenho, que estreia no próximo dia 24 e terá dez episódios, o que nos faz supor que a décima segunda temporada já está sendo produzida. O desenho estreou em 1999 e é uma extensa e hilária crítica à ideia de que o futuro é brilhante e que a tecnologia é nossa redentora. Pelo trailer, o desenho parece querer tirar o atraso dos anos sem o seriado com piadas sobre temas já manjados como criptomoedas e testes de covid, mas só o fato de termos seus episódios de volta nos faz dar um desconto para que seu universo em suspensão possa voltar a se realinhar com o nosso. Mesmo sem a popularidade dos Simpsons, a obra mais conhecida de seu criador, Futurama é mais complexo e certeiro que o seriado da família amarela (“não é ficção”, brincam seus autores desde o primeiro episódio, quando levam um jovem do final do século 20 para o ano 3000) e sua volta deve ser celebrada, abrindo uma nesga de esperança que o mundo possa voltar aos trilhos que parecem ter evaporado a partir de 2013.

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Transe infinito

Partes iguais de jazz funk e rock psicodélico diluídas em brumas de dreampop com pitadas de música erudita, beats eletrônicos, indie rock e noise e o resultado foi um pós-rock tão doce quanto intempestivo, uma apresentação ao vivo ao mesmo tempo improvisada e familiar, que convertia a estranheza do que era inventado instantaneamente numa sensação de sonho, tirando nossa noção de tempo enquanto nos mergulhavam no transe infinito. Assim foi a última noite da temporada Mil Fitas que Sue e Desirée Marantes fizeram no Centro da Terra nesta segunda-feira, quando reuniram o trio instrumental Ema Stoned, a produtora e musicista gaúcha Saskia e o guitarrista goiano Dinho Almeida. Estas almas se convertiam em música ao trocar de instrumentos para explorar novas fronteiras e assim Desirée revezava-se entre o violino, teclados e o piano, também explorado pela guitarrista do Ema Stoned Al Duarte e pela gaúcha Saskia, que também aventurou-se pelos vocais e com o baixo, enquanto a baterista Theo Charbel assumiu os vocais em certa passagem, enquanto a baixista de sua banda, Elke Lamers, experimentava nos teclados e synths enquanto Dinho cantava e tocava guitarra, como Sue, que também disparava beats e samples de vozes faladas. Foi a primeira vez que os seis tocaram juntos e parecia que se conheciam há anos de palco. Uma apresentação mágica, pronta para circular pelos palcos do Brasil – e que fechou lindamente a safra de shows conduzida pelas duas produtoras.

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E que tal essa: Kendrick Lamar no Brasil! O rapper norte-americano é a mais nova atração do festival GPWeek, que acontece nos dias 4 e 5 de novembro no estádio do Palmeiras e já tinha anunciado Swedish House Mafia, Halsey, Machine Gun Kelly e JXDN em sua programação. Além de Kendrick, também foram anunciados shows do baixista Thundercat e da dupla Sofi Tukker. Pesado, hein? Mais informações neste e neste link.

A gente não tá pronto pra esses shows do Cure que vem aí: postei lá no #trabalhosujo a íntegra do primeiro show que o grupo fez em Nova York na semana passada e putaqueopariu vai ser muito foda. Há quem reclame que o começo do show é só música nova ou desconhecida e que os hits ficam pro final, mas esses infiéis nem deveriam pisar num show do Cure, que é muito mais do que sucessos comerciais pra se cantar junto e sim a criação dessa atmosfera pesada, melancólica e doce ao mesmo tempo. Dá uma sacada nesse setlist (aí embaixo) e na encostadinha de cabeça no ombro que o Robert Smith dá no Simon Gallup no final de “A Forest”. E a voz do sujeito, intacta! Vai ser foda demais 🖤

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Sem avisar ninguém, o guitarrista dos Boogarins, Benke Ferraz, lançou seu primeiro disco solo a partir de uma série de experimentos que vinha fazendo sempre que começava alguma produção, seja dos trabalhos de sua banda ou para outros artistas. Rock eletrônico lo-fi sem cara de canção, o disco tem cinco músicas e foi lançado com o nome Benkes, que o guitarrista usava quando ainda lançava suas músicas no Last.fm, antes dos Boogarins existir. “No meu processo de criação e produção eu acabo acumulando muitas ideias e propostas nos HDs e nas máquinas, tentando atingir sonoridades que façam jus ao que a galera espera”, ele me explica por Whatsapp, falando sobre o disco que só lançou no YouTube, batizado de Babymonster, “esses sons vêm desse lugar totalmente seguro da criação”. O título do disco é referência tanto à recém-patenidade do produtor (o EP sai no mesmo dia em que seu filho Rafael, que estampa a capa, completa cinco meses) quanto ao universo do pop coreano, que foi apresentado por sua filha mais velha, Letícia, que participa do disco tanto quanto sua mãe, Ana Garcia, a dona do festival Coquetel Molotov, que estreia sua voz em disco. “O nome Babymonster assim com os títulos das músicas em coreano tem muito a ver com a minha imersão no mundo do Kpop, não em termos estéticos e sonoros, mas tentar entender quão aleatório esse algoritmo que tanto nos sabota, pra jogar esse rock eletrônico com riffs, beats e sujeira pra uma molecada que nem saberia como procurar esse tipo de som”.

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E o senhor Robert Smith acaba de confirmar no site de sua banda as últimas datas da turnê do Cure pela América do Sul. Além das confirmações nas edições locais dos Primavera Sound que comentei essa semana, o grupo toca em shows fora de festival (ou seja, três horas de show) no Peru (dia 22 de novembro, em Lima), no Uruguai (dia 27, em Montevidéu) e no Chile (dia 30, em Santiago). Os ingressos começam a ser vendidos no dia 28 agora (ou no dia 26, se você se cadastrar na lista de emails da banda neste link).

Dos maiores nomes do free jazz, um deles era europeu e morreu dormindo nesta sexta-feira: o alemão Peter Brötzmann ajudou a espalhar a palavra dessa incrível música abstrata no velho continente e seu Machine Gun, lançado com o octeto que liderava em 1968, até hoje é um dos grandes clássicos do gênero.

A obra-prima do grupo indie norte-americano Magnetic Fields, o disco triplo 69 Love Songs, completa 25 anos no ano que vem e o dono do grupo, o grave crooner Stephen Merritt, resolveu revisitar o trabalho na íntegra em uma série de shows em março de 2024. Serão cinco sessões duplas em que o grupo retoma o álbum pela primeira vez em duas décadas com a formação original que gravou o disco: Claudia Gonson, John Woo, Sam Davol e Shirley Simms, além de dois integrantes da atual formação do grupo Chris Ewen e Anthony Kaczynski, além do próprio Merritt (a única ausência é o tio LD Beghtol, que morreu em 2020). Os shows acontecerão entre março e abril de 2024 e o grupo estreia no Museu de Arte Contemporânea de Massachusetts, seu estado-natal (dias 22 e 23 de março), depois passam por Nova York (única cidade em que o disco será visitado em duas ocasiões, 3, 4, 5 e 6 de abril), Chicago (19 e 20), Los Angeles (23 e 24) e São Francisco (26 e 27). Os ingressos começam a ser vendidos do dia 11 de julho, mas os fãs já podem reservar a pré-venda no site do grupo. E se você não conhece este disco, faça-se esse favor ouvindo-o abaixo: Continue

Juçara Marçal levou mais uma vez seu Delta Estácio Blues para a Casa de Francisca e eu nunca nem tinha visto esse show soando tão alto nem nenhum show tão barulhento como este no palacete do centro de São Paulo. O quarteto formado por Juçara, Kiko Dinucci, Marcelo Cabral e Alana Ananias deixa esse disco ao vivo cada vez mais afiado e dessa vez veio em minitemporada, com dois velhos camaradas do grupo dividindo respectivas noites. Não pude ver a participação de Maria Beraldo na terça-feira, mas vi quando Fernando Catatau juntou-se ao quarteto não apenas para tocar sua “Lembranças Que Guardei” que dividiu com Juçara no já clássico disco de 2021 como visitar mais uma vez “Os Monstros”, do primeiro disco solo do guitarrista cearense, como já haviam feito no show de lançamento do disco há quase um ano e meio no Sesc Pinheiros. Mas a grande surpresa da noite foi quando Catatau pegou o contrabaixo elétrico e apresentou uma parceria com Juçara que deverá estar em seu próximo disco solo, que foi fermentado na temporada Frita que ele fez em outubro do ano passado lá no Centro da Terra. Catatau ainda voltou pro bis quando tocou mais uma vez sua parceria com Juçara no Delta Estácio Blues, além de ele mesmo anunciar que o disco terá mais do que uma parceria com a dona do show desta quarta. “Aguarde e confie”, como brincou a própria Ju.

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