Jornalismo

O rapper mineiro FBC vai conseguir livrar-se da fórmula do Baile, disco de 2021 que gravou com o produtor Vhoor celebrando o funk brasileiro da virada do milênio. Puxado pelos hits “Se Tá Solteira”, “De Kenner” e “Quando o DJ Toca”, o disco atingiu a nostalgia de públicos completamente diferentes no momento em que as festas e shows estavam começando a se tornar uma realidade depois que começamos a ser vacinados contra o coronavírus e transformou a nova dupla em sucesso nacional, com hits unânimes numa época tão fragmentada. Mas colocou um de seus autores numa encruzilhada: FBC sempre percorreu diferentes facetas musicais, sempre com os pés no rap, mas o sucesso de um disco tocando funk carioca talvez o tornasse refém de um gênero musical específico e não conseguisse manter a mesma unanimidade – e aos poucos vem sinalizando um disco puxado pra música eletrônica. O primeiro single “Químico Amor“, resvala demais na conexão Olivia Newton-John com a Dua Lipa no limite do pastiche – as referências são tão explícitas, inclusive no clipe, que a música parece presa à sonoridade alheia. Mas o passo dado no single que ele lançou nessa sexta-feira é firme: “Madrugada Maldita” trabalha naquele território dos sintetizadores oitentistas em que Giorgio Moroder e John Carpenter se juntam num back to back para inventar o Daft Punk, mas acerta mesmo na letra, ao reverenciar num hit irrepreensível esse lugar não-lugar da noite e da internet em que nos perdemos “online por aí”, perambulando pelos insones, falando com segundas (e terceiras e quartas) possíveis companhias e intenções, entre carretas de vacilo, benditas almas pequenas e de quem te chama na DM pra “te livrar do perigo do textão”. Se o disco for pra esse lado, o Baile pode ficar pequeno.

Assista abaixo: Continue

Este dia 14 de julho marca os vinte e cinco anos de um dos principais discos do fim do século passado e um dos discos mais subestimados dos Beastie Boys – também pudera, Hello Nasty foi lançado após uma sequência de quatro álbuns fundamentais para a segunda metade do século (Licensed to Ill, Paul’s Boutique, Check Your Head e Ill Communication) e quando materializou-se em 1998 já vivíamos a realidade imaginada pelo trio de Nova York há mais de uma década. Mas se o impacto da época não teve tanta repercussão para os iniciados, foi o disco que apresentou os Beastie Boys como autores e popstars para o resto do mundo, carregando hits como “Body Movin’”, “Intergalactic” e “Three MCs And One DJ” enquanto passava por baixo dos panos uma colaboração com Lee Perry aqui, uma bossanovinha com uma das minas do Cibo Matto acolá, entre outras preciosidades. A festa de aniversário acontece em vinil, quando o grupo lança uma versão quádrupla no próximo mês de setembro, que já está em pré-venda, e reúne vários remixes e faixas inéditas, além de camisetas comemorando o aniversário. Dá uma sacada no material inteiro abaixo: Continue

Nem vou entrar em detalhes sobre o calor da pishteenha que eu e Fran aquecemos nessa madrugada porque quem tá frequentando o Inferninho Trabalho Sujo tá vendo que nosso trabalho é sério e não deixa ninguém parado, mas é preciso deixar registrado a explosão de energia que foi o primeiro show da banda mineira Varanda em São Paulo. Habitando aquele lugar impreciso entre o rock clássico e a MPB, o quarteto está pronto e em ponto de bala para conquistar palcos Brasil afora, com o trio instrumental formado pelo baixista Augusto Vargas, o baterista Bernardo Merhy e o guitarrista Mario Lorenzi entrelaçado o suficiente para permitir que sua vocalista, a apaixonante Amélia do Carmo, conquiste o público sem parecer que está se esforçando pra fazer isso. E além de dar aquele tchauzinho para o Sidney Magal (numa versão intensa para “Meu Sangue Ferve por Você”)) o grupo encerrou a apresentação convidando Laura Lavieri para juntar-se a eles nos vocais do primeiro single, a contagiante “Gostei”. Terminaram sem fazer bis e fazendo todo mundo se perguntar quando é o próximo.

Assista aqui: Continue

Na centésima edição do meu programa de entrevistas, convidei a Luiza Voll, da Contente, para falar sobre o papel do trabalho em nossas vidas – tanto à luz deste momento pós-pandêmico que ainda atravessamos quanto a partir das cobranças que a sociedade conectada impõe, tema de uma das iniciativas de sua empresa, #otrabalhoqueagentequer. Conversamos sobre como essa mudança do trabalho impacta em nossa rotina não apenas do ponto de vista prático, mas também afetivo e emocional, nos obrigando a repensar nossas rotinas para além das nossas agendas.

Assista aqui: Continue

Conto d’Os Fadas


(Foto: Filipe Vianna/Divulgação)

Qual foi a minha surpresa quando descobri que a fotógrafa Anna Bogaciovas, que encontrava por aí registrando shows em São Paulo, também tinha uma banda! Ela toca guitarra e canta n’Os Fadas, cuja inspiração óbvia – desde o nome – são os Pixies e que ainda conta com Augusto Coaracy na bateria, Gabriel Magazza, que também toca no Culto ao Rim, na guitarra, e Rafael Xuoz, no baixo. O grupo está prestes a lançar seu disco de estreia – o EP Sono Ruim – e antecipa o primeiro trabalho com o single “Sei Lá Vie”, que alterna os vocais pontiaguados de Anna com o peso dos instrumentos e chega às plataformas digitais nessa sexta. Mas a banda antecipou pra cá e o single já pode ser ouvido em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.

Ouça abaixo: Continue

Morreu nesta terça-feira o autor tcheco de livros clássicos como A Insustentável Leveza do Ser e Amores Risíveis.

Mais uma festa no Picles e desta vez o Inferninho Trabalho Sujo recebe a presença da banda mineira Varanda, em sua primeira apresentação em São Paulo – e quem for vai lembrar-se deste momento, acredite. Mais festa minha com banda tocando ao vivo no sobrado-resistência no coração daquele bairro canteiro de obras que vai se tornar um novo Itaim – e quem chegar até às 21h não paga pra entrar. Depois do Varanda, mais uma vez eu e a querida Francesca Ribeiro derretemos quadris e corações com hits pra ninguém ficar parado – e você sabe que ninguém fica! O Picles fica na Cardeal, 1838, e – de novo – quem chegar até às 21h não paga pra entrar (quem chegar depois, paga R$ 25). Simbora!

Bem bonita a apresentação que Rodrigo Coelho fez nesta terça-feira no Centro da Terra, ao conduzir, entre sintetizadores e um piano, sua peça Six Sines, tocada pela primeira vez ao vivo. Trabalhando entre camadas horizontais de texturas e ciclos sintéticos que se sobrepunham, o compositor foi conduzindo o público por uma paisagem ao mesmo tempo solitária – como ele mesmo no palco – e intensa, devido à quantidade de informações que reunia enquanto disparava os samples que havia preparado. Ele ainda aproveitou a parte final do concerto, quando não contava mais com as projeções feitas por Fernando Velázquez e Leticia RMS para mostrar algumas novas peças que vem trabalhando.

Assista aqui: Continue

Cøelho: Six Sines

Satisfação receber mais uma vez Rodrigo Coelho no palco do Centro da Terra nesta terça-feira, quando apresenta um trabalho com nova identidade – Cøelho – sozinho no palco. É a primeira vez que apresenta o espetáculo audiovisual Six Sines, que compôs sem usar instrumentos musicais, apenas sobrepondo filtros binários simples que ganhavam complexidades a partir destas superposições. Ele apresenta esta peça com sintetizadores modulares e piano, além de ter os gráficos feitos pelos artistas Fernando Velázquez e Leticia RMS ilustrando essa apresentação ao vivo. O espetáculo começa pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link.

Transe elétrico

Sem lançar discos desde 2021 (quando pariu o ótimo Things Take Time, Take Time no segundo ano da pandemia, nossa querida Courtney Barnett acaba de anunciar seu quarto álbum, em clima de despedida. O disco instrumental End Of The Day é a trilha sonora para o documentário Anonymous Club que o diretor Danny Cohen fez sobre a cantora no mesmo ano em que lançou seu disco mais recente e é também o último lançamento que Courtney faz de seu selo, Milk Records, que tinha com a também cantora e compositora Jen Cloher. Este ciclo é fechado com um álbum etéreo, transe elétrico de microfonias de guitarras primo dos experimentos ambient do Sonic Youth em sua gravadora. Para anunciar o disco que será lançado em setembro e já está em pré-venda, ela reuniu as três faixas que abrem o disco (“Start Somewhere”, “Life Balance” e ” First Slow”) num mesmo vídeo.

Veha a capa, o nome das músicas e o clipe com os primeiros singles abaixo: Continue