O caldo do FBC tá engrossando ainda mais…
O rapper mineiro FBC vai conseguir livrar-se da fórmula do Baile, disco de 2021 que gravou com o produtor Vhoor celebrando o funk brasileiro da virada do milênio. Puxado pelos hits “Se Tá Solteira”, “De Kenner” e “Quando o DJ Toca”, o disco atingiu a nostalgia de públicos completamente diferentes no momento em que as festas e shows estavam começando a se tornar uma realidade depois que começamos a ser vacinados contra o coronavírus e transformou a nova dupla em sucesso nacional, com hits unânimes numa época tão fragmentada. Mas colocou um de seus autores numa encruzilhada: FBC sempre percorreu diferentes facetas musicais, sempre com os pés no rap, mas o sucesso de um disco tocando funk carioca talvez o tornasse refém de um gênero musical específico e não conseguisse manter a mesma unanimidade – e aos poucos vem sinalizando um disco puxado pra música eletrônica. O primeiro single “Químico Amor“, resvala demais na conexão Olivia Newton-John com a Dua Lipa no limite do pastiche – as referências são tão explícitas, inclusive no clipe, que a música parece presa à sonoridade alheia. Mas o passo dado no single que ele lançou nessa sexta-feira é firme: “Madrugada Maldita” trabalha naquele território dos sintetizadores oitentistas em que Giorgio Moroder e John Carpenter se juntam num back to back para inventar o Daft Punk, mas acerta mesmo na letra, ao reverenciar num hit irrepreensível esse lugar não-lugar da noite e da internet em que nos perdemos “online por aí”, perambulando pelos insones, falando com segundas (e terceiras e quartas) possíveis companhias e intenções, entre carretas de vacilo, benditas almas pequenas e de quem te chama na DM pra “te livrar do perigo do textão”. Se o disco for pra esse lado, o Baile pode ficar pequeno.
Assista abaixo:
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