Em mais uma matéria que fiz para a revista da UBC, conversei com Jadsa, Josyara e Anelis Assumpção sobre uma mudança no mercado de música e no processo criativo da música brasileira deste início de século que é a ascensão de mulheres ao cargo de produtora musical, território dominado pelas três a partir de diferentes experiências pessoais. Leia abaixo: Continue
Nascida na Albânia e criada em Nova York desde os oito anos de idade, a cantora e compositora Suzy Clue surge no horizonte com um single perfeito lançado nessa sexta-feira 13: “Remember Me” lida com questões amorosas mal resolvidas e pergunta se a pessoa para quem a canção foi feita ainda “guarda minhas fotos em seu telefone?”. Mas o que chama atenção mesmo, além da doçura e candura do vocal de sua autora, é como a canção vai crescendo do que parece ser apenas uma balada metal dos anos 80 para tornar-se um colosso ruidoso entre o indie rock, o emocore e o shoegaze, ecoando referências clássicas dos anos 90 e 00, empilhadas pelo produtor Dan Carey da gravadora Speedy Underground, que também trabalhou com Fontaines D.C., Kae Tempest e Wet Leg . Uma joia – e é só seu primeiro single. Ouça abaixo: Continue
Dua Lipa apagou todos os posts do seu Instagram e postou apenas essa foto, ruiva, perguntando se o público estava sentindo falta dela. Ô se estamos – e aí tem!
Tristeza saber da morte de mais um irmão Isley, Rudolph, fundador de um dos grupos mais importantes de música negra norte-americana do século passado. A princípio formado por Rudolph e seus três irmãos – O’Kelly, mais velho, que faleceu em 1986, Ronald, agora único remanescente da formação original, e Vernon, que morreu ainda nos anos 50 -, os Isley Brothers foram um dos primeiros grupos a aproximar a soul music, o doo-wop e o gospel do novíssimo rock’n’roll nos anos 50, compondo algumas dos primeiros hits do novo gênero, como “Shout” e “Twist and Shout”, duas faixas que ganharam sobrevida na década seguinte ao serem incluídas no repertório dos Beatles, em especial a última, que encerrava o primeiro disco dos quatro de Liverpool e tornou-se um de seus baluartes. Atravessaram os anos 60 com um certo Jimi Hendrix como guitarrista e assinaram com a gravadora Motown, onde emplacaram a eterna “This Old Heart of Mine (Is Weak for You)”. Ao sair da gravadora em 1968, começaram a fazer a transição da soul music para outro novo gênero, o funk, emplacando o hit “It’s Your Thing” ao mesmo tempo em que abriam espaço para os dois irmãos mais novos, Ernie e Marvin e o cunhado Chris, que ajudaram o novo sexteto a garantir seu lugar da década de 70, com os sucessos “That Lady”, “Summer Breeze”, “Pop That Thang”, “Fight the Power” e “For the Love of You”, garantindo seu lugar na história do pop do século passado. Rudolph. que faleceu aos 84 anos, deixou o grupo no final dos anos 80, quando abraçou a vida de cantor na igreja como pastor, enquanto o grupo seguiu na ativa até hoje, com apenas dois outros sobreviventes, Ronald e Ernie (Chris Jasper saiu nos anos 80 e Marvin morreu em 2010). Rudolph morreu dormindo.
Eis a capa do primeiro livro de ficção do eterno mutante Arnaldo Baptista, antecipada em primeira mão para o Trabalho Sujo. ““Eu achei que ficou um apanhado de nebulosas, condensadas num aglomerado, transmitindo uma notícia do que eu queria fazer, que seria uma melhora em função de olhar para o futuro”, explica Arnaldo sobre o design da capa de Ficções Completas, que a editora Grafatório lança no início de dezembro, e que já está em pré-venda em seu site. “Os furinhos na capa do livro são aglomerados de estrelas, né. Adorei a ideia, ficou bem egípcia. E tem ainda a linguagem binária”, conclui o músico, que reúne neste livro três longos contos de ficção científica: O Abrigo, The Moonshiners e Rebelde Entre os Rebeldes, este último o único que já foi publicado. Resta saber para onde a imaginação de Arnaldo viaja quando fala de alienígenas, espaço sideral e questões filosóficas levantadas por este gênero literário: ““O livro fala de retrospecto, evolução e todas as coisas que estão mudando nos últimos tempos”, completa Arnaldo. Veja a capa abaixo: Continue
Quando Nath Calan me explicou a ideia que estava propondo para a primeira das duas apresentações no Centro da Terra seria um concerto de música cênica, apresentando obras que a aproximaram desta escola musical, mencionou os trabalhos que equiparavam timbres de percussão com fonemas, gestos com unidades de ritmo e como isso misturava-se com textos, que também apresentaria enquanto desdobrava em seus instrumentos de percussão: um vibrafone, uma percuteria, uma bateria e o próprio corpo. Mas o impacto dos dez primeiros minutos, quando quase em silêncio, atravessou as duas obras que a trouxeram para este universo (“Silence”, do músico e cineasta belga Thierry de Mey, que gritava sem som que “o silêncio deve ser”, e “?Corporael”, do trombonista e compositor francês Vinko Globokar) e suspendeu até a respiração de todos os presentes, que embarcaram em sua proposta num arrebatamento cênico promovido apenas por uma artista e seu próprio corpo, numa apresentação que estava entre a performance e as artes cênicas, mas transpirava música. E dali em diante, Nath estava com o jogo ganho, percorrendo outros momentos igualmente mágicos, como “Toucher”, também de Globokar, em que um texto da peça Vida de Galileu, de Bertolt Brecht, era lido em francês enquanto cada um de seus fonemas era associado a um timbre respectivo entre os muitos tambores à sua mão. Ao vibrafone, percutiu “A Última Curva”, de Martin Herraiz, para depois percorrer o texto “Lisboa Revisitada”, de Fernando Pessoa, acompanhado do solo de bateria escrito por Moisés Bernardes, voltar ao vibrafone para mostrar sua “Um Pouco de Stela”, escrita a partir de textos de Stela do Patrocínio, e mostrar um texto que leu num livro infantil para seu filho e que transformou-se em “Terra”, tocada enquanto percutia uma cabaça e batia em garrafas e formões pendurados à sua frente. E encerrou a apresentação com dois momentos pessoais. Primeiro ao musicar o texto “Subalternidades do Atlântico Sul”, escrito por seu companheiro Danislau TB (também integrante do Porcas Borboletas, que está voltando!), e depois ao mostrar seu próprio texto musicado em percussão, “Falo”, que puxou mais uma vez à bateria. Uma noite mágica.
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Enorme satisfação de materializar no palco do Centro da Terra não apenas uma, mas duas apresentações solo da sensacional percussionista e baterista Nath Calan, que dividiu seu convite em duas noites distintas. Na primeira delas, neste dia 10, ela mostra sua desenvoltura na área que domina, a percussão cênica, apresentando um concerto que também funciona como um bê-a-bá para quem quiser entender como este tipo de instrumento conversa com o palco do teatro na noite que batizou de Música Cênica do Princípio Ao Fim. Na próxima terça, dia 17, ela abraça sua alma pop ao cantar canções – tocando bateria – de artistas com quem já acompanhou no palco, indo de Maurício Pereira a Porcas Borboletas, passando por Crianceiras, Malu Maria e Fernanda Takai, na noite que chamou de As Canções Que Toquei Por Aí, quando toca com Carlos Gadelha (guitarra) e Eristhal (contrabaixo). Os espetáculos começam pontualmente às 20h e os ingressos podem ser comprados neste link.
Apesar de ter entrado para a história como a banda da dupla Mick Jagger e Keith Richards, a verdade é que os dois que mais tarde encarnariam os Rolling Stones, entraram na banda depois que ela foi fundada – e seu fundador chama-se Brian Jones. Foi o guitarrista loiro demoníaco quem vislumbrou a possibilidade de montar uma banda de rhythm’n’blues elétrico em Londres e até Ian Stewart, eterno tecladista da banda que foi limado da formação original porque o primeiro empresário da banda, Andrew Loog Oldham, o considerava grandalhão demais para um grupo juvenil, tocava com os Rolling Stones antes da entrada de Keith e Mick. A aliança entre o vocalista e o outro guitarrista, que fez o grupo começar a compor suas próprias músicas, foi firmada para contrapor o peso da liderança de Brian, sujeito do novo documentário de Nick Broomfield, que dirigiu Kurt & Courtney (1998), Biggie & Tupac (2002), Whitney: Can I Be Me (2017) e Marianne & Leonard: Words of Love (2019). The Stones and Brian Jones contará a história do ponto de vista do Stone mais elétrico, mais endiabrado e mais ousado dos cinco integrantes originais – e como o peso do sucesso foi lhe tirando a importância dentro de sua própria banda. O filme estreará nos EUA em novembro, não tem previsão de lançamento no Brasil (alô In Edit!) e o primeiro trailer traz imagens inacreditáveis de Jones, veja abaixo: Continue
Paula Rebellato começou sua temporada com um show maiúsculo. Convidando Mari Crestani e Thiago França para acompanhá-la em uma noite em que mostraria novas canções, ela preferiu preparar o território musical lentamente chamando primeiro os dois convidados a uma levada de percussão circular para lentamente trazer seus instrumentos aos holofotes, pilotados por Mau Schramm: enquanto Mari desembainhava seu saxofone, Thiago fazia o mesmo e ainda trazia uma flauta como contraponto, enquanto Paula regia tudo com seu teclado e efeitos que disparava inclusive sampleando os outros dois músicos. Uma lenta parede de drone foi sendo construída camada a camada, tudo para o momento final da noite, quando, depois de uma hora de improvisos, Paula soltou a voz, grave, sem efeitos ou alterações de timbres, em canções gélidas e quentes ao mesmo tempo, como se uma lufada de vento polar pudesse carregar a memória táctil do sol. A melodia etérea surgiu logo depois que adicionou ecos em sua voz e nos saxes, deixando as notas suspensas como ondas de rádio sobre uma paisagem sem interferência humana, não importa se deserto, floresta, tundra, geleira ou mar. Foi uma noite que deixou claro que seu domínio do palco vai além da intensidade da performance, dos efeitos eletro-eletrônicos e do mero improviso. Paula pisa com força e firmeza em um território que sabe que sempre pertenceu. Essa temporada Ficções Compartilhadas promete.
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Imenso prazer em receber mais uma vez Paula Rebellato no palco do Centro da Terra, desta vez para encarar uma temporada para chamar de sua. Em Ficções Compartilhadas ela convida comparsas e cúmplices para visitar diferentes partes de sua personalidade artística, à medida em que vai talhando sua carreira solo. A jornada começa nesta segunda-feira, dia 9, quando ela convida dois saxofonistas – ninguém menos que Mari Crestani e Thiago França- para apresentar novas composições. Na próxima segunda, dia 16, ela parte para o improviso com velhos camaradas como Bernardo Pacheco, Cacá Amaral e Romulo Alexis. No dia 23 é a vez de vararmos o Madrugada, projeto de krautrock que ela montou com Otto Dardenne, Raphael Carapia e Yann Dardenne, para encerrar essa viagem com um verdade tour-de-force: a recriação, no palco, da obra-prima Desertshore, talvez o disco mais belo da alemã Nico, que visita ao lado de João Lucas Ribeiro, Mari Crestani e Paulo Beto. Os espetáculos começam sempre às 20h e os ingressos podem ser comprados antecipadamente neste link.