Jair Naves 2021: “Eu fui até onde eu pude”
“A essa altura, ter razão não me traz alívio algum, não me traz conforto algum”, cantarola, meio que lamentando, Jair Naves em mais um single que lança antes de seu próximo álbum. A melancólica “Vai” composta e tocada por Jair apenas ao violão ainda conta com acréscimos sonoros, como cordas, piano, efeitos, baixo e sintetizadores, mas é uma música essencialmente solitária e, apesar de descrever uma tensão em um relacionamento, também reflete o estranho momento político e social que atravessamos, como é característico de sua lida. Ele antecipou “Vai”, que será lançada nesta sexta nas plataformas digitais, em primeira mão para o Trabalho Sujo, ouça abaixo. É o segundo single que ele lança em 2021, depois de “Todo Meu Empenho“, que lançou em seu aniversário, no início do ano.
Morando em Los Angeles desde o ano passado, ele passou a dedicar-se de forma mais solitária à canção. “Em todos esses anos compondo e cantando minhas próprias músicas, me acostumei com o fato de que as letras muitas vezes mudam de significado com o decorrer do tempo”, me explica. “Tento escrever sobre um determinado sentimento ou situação e depois acabo descobrindo uma profundidade maior para aqueles versos. Ou então, em diversas oportunidades eu não sei muito bem do que se trata alguma música recém-escrita, cujo sentido só acaba se revelando depois de anos tocando essa determinada canção. De qualquer forma, essas situações não costumam se dar rapidamente. Costuma levar uns bons anos para que esse fenômeno ocorra.”
E continua: “‘Vai’ se encaixa em ambos os casos, com a diferença de que tudo isso aconteceu em menos de um semestre. Escrita e gravada entre janeiro e fevereiro de 2021, a princípio me parecia uma tentativa de encontrar paz em alguma inevitável despedida que ainda não estava exatamente acontecendo de fato na minha vida pessoal. Um balanço de como nos comportamos em nossas relações pessoais, uma admissão dos erros e acertos, uma busca pela paz de espírito necessária para amadurecer e seguir em frente. Passados poucos e difíceis meses desde então, alguns dos versos ganharam um peso enorme. As duas primeiras estrofes (“Vai, pode ir/ eu compreendo/ ninguém vai te culpar por desistir” e “Vai, se desprende de mim/ eu aguento/ não tem que doer mais do que já dói”) certamente soam muito diferentes depois de eu ter perdido recentemente pessoas queridas para a pandemia. E a conclusão do refrão, que diz “a essa altura, ter razão não me traz alívio algum, não me traz conforto algum”, ganhou também contornos muito mais abrangentes e agora reverbera de forma infinitamente mais inquietante dentro de mim.”
Ele deve lançar mais um novo single antes do lançamento do novo álbum em julho, quando volta ao Brasil para terminá-lo.
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