…Teagan…
…Bree…
…Alektra…
…Juelz…
…Tori…
…e Francesca são algumas usuárias do Instagram que, por coincidência, também são atrizes pornô de renome e estão entre os nomes na lista compilada pelo Rafa. Mesmo que inevitavelmente algumas fotos sejam NSFW, no geral temos galerias de fotos que não diferem muito daquelas que outras meninas – que não são atrizes pornô – publicam em suas próprias contas.
E na minha coluna da edição de segunda do Link escrevi sobre a minha rendição ao Instagram.
Um oásis de quietude dentro do oba-oba das redes sociais
Comecei ‘lurker’ e logo passei a fotografar o céu
Me rendi ao Instagram.
Não havia aderido ao aplicativo de fotos pelo simples fato que não tenho iPhone e o aparelho era o único que permitia o uso do aplicativo. Até o mês passado. A versão para o sistema operacional móvel do Google chegou e instalei o programinha no meu telefone para ver como ele funcionava.
A princípio, me comportei apenas como um lurker (no jargão digital, lurker é aquele que só observa e não participa – boa parte dos usuários do Twitter, por exemplo, são lurkers, o que quer dizer que nunca twittaram, se limitando a ler o conteúdo dos outros). Muitos no Instagram também se comportam dessa mesma forma, sem publicar nenhuma foto e, portanto, sem seguidores.
De cara, percebi uma mudança drástica em comparação com outras redes sociais. Por não prezar por textos, os usuários do Instagram se comunicam por fotos. Mas há uma diferença crucial entre a publicação de fotos no Instagram e, por exemplo, no Facebook. Ao permitir apenas fotos – e não vídeos, textos, links e todo tipo de conteúdo que pode ser compartilhado e curtido no Feice –, o Instagram tem um ar zen, que mistura a contemplação com a paciência, o silêncio com a luz.
Por isso ele é bem diferente do oba-oba típico do Facebook. Sim, as pessoas postam fotos de comida, dos próprios animais, de paisagens, dos amigos, mas os ângulos são diferentes e a abordagem, díspar. Quando você sai para jantar com amigos e posta fotos no Facebook, a imagem é quase sempre da mesa cheia, todos sorridentes, olhando para a câmera. No Instagram, o foco vai apenas para o prato. As fotos de festas são difusas, quase impressionistas, ao contrário da eterna coluna social das fotos de festas no Facebook, em que é possível taguear todos os amigos que foram ao evento. Enquanto no Facebook e no Twitter há uma urgência em mostrar o que está acontecendo naquele exato momento, no Instagram, a impressão que temos é que o tempo parou. Para sempre. E sempre num momento lúdico, tranquilo, satisfeito – nada eufórico, corrido ou megalomaníaco como em outras redes sociais.
Por isso, antes de começar a tirar fotos e postá-las no Instagram, me limitava a ver os recortes visuais para a vida de amigos e conhecidos. Empurrando a barra de rolagem para baixo com o polegar, entrava em um oásis de tranquilidade e calma sempre que lembrava de visitá-lo. Como é uma rede que se movimenta basicamente pelo celular, os comentários são poucos e breves, quase sempre no tom contemplativo das fotos. Não há discussões ferrenhas, confrontos de opiniões nem listas intermináveis de bate-bocas entre pessoas que mal se conhecem. Pelo mesmo motivo, não é preciso ficar checando a rede o tempo todo. Tira-se alguns momentos do dia para visitar esta clareira pacífica na selva de informações que a internet se transformou.
Depois de um tempo, comecei a publicar fotos. E entre trechos de livros, rótulos de discos de vinil, imagens tiradas da TV ou de cantos específicos de lugares onde estou, comecei a tirar fotos do céu. Deve ser um dos três principais clichês do Instagram (os outros dois são fotos de comida e de bichos), mas deixei a arrogância de lado e comecei a tirar fotos do céu.
Foi quando percebi uma mudança na minha rotina. Não dirijo, vivo de táxi para cima e para baixo e quase sempre alterno o olhar entre algo dentro do carro (quase sempre o celular, maldito Angry Birds!) ou para a rua, sem atenção. Mas foi só começar a fotografar o céu que me peguei algumas vezes olhando para cima enquanto o taxista me levava rumo ao meu destino.
E semana passada o Facebook anunciou a primeira novidade relacionada ao Instagram após comprá-lo por um bilhão de dólares, ao revelar um aplicativo que permite que se tire fotos com os filtros vintage da outra rede social. Mas o Facebook Camera é mais poluição informativa para uma rede social em polvorosa. A graça do Instagram está em ser um canto de quietude e introspecção longe do desfile de egos e opiniões deformadas que infestam a internet.
• Aaron Swartz: Hacker réu • Facebook e Instagram: Feitos um para o outro • Alan Turing: Big bang binário • Homem-objeto (Camilo Rocha): Bem do seu tamanho • Impressão Digital (Alexandre Matias): A internet ajuda até quem não está conectado a ela • No Arranque (Filipe Serrano): Compra do Instagram é modelo para futuro dos negócios digitais • Brian Chesky, CEO e cofundador do Airbnb • Cinemagram e outros grams • Google no tribunal, Facebook mais transparente, e-book combinados e Macs infectados •
Helô deixou o Link para ir para o Paladar, mas arrumamos um jeito de continuar nossa indefectivel parceria – e a partir dessa sexta, eu e ela assinamos a coluna FYI semanal no blog do Instituto Moreira Salles. Para começar, misturamos Lana Del Rey com Nigella com Instagram com Adele com Foodspotting para falar do lado bom de vivermos uma época de aparências:
Se a high society virou a Sociedade do Espetáculo e as redes sociais ajudam qualquer um a criar sua própria alta sociedade, é natural que a mudança de sentido do termo social venha acompanhada de uma preocupação exagerada com a aparência. Não que isso seja novidade na história da humanidade. Índios botocudos aumentavam os lábios, as mulheres gir afa da Birmânia alongam o pescoço e todo mundo se olha no espelho antes de sair de casa. Mas estamos assistindo a uma evolução da consciência da aparência que vem alinhada à possibilidade de mudar drasticamente como nos vemos e somos vistos – além de acompanhar a repercussão dessas mudanças quase instantaneamente.
E na minha coluna na edição de segunda do Link, falo sobre a “maldita inclusão digital” de que tantos gostam de reclamar.
A ‘orkutização’ do Instagram e a natureza gregária da internet
O Instagram criou uma bolha de falso glamour
Iphoneiros em polvorosa: “Vão poluir minha timeline!”, reclamavam usuários do celular da Apple tanto no Brasil quanto no exterior. Eles haviam recebido a notícia de que o aplicativo Instagram havia ganhado, na semana passada, uma versão para Android, o sistema operacional rival do iOS, do iPhone. Por aqui, a indignação veio no inevitável tom de piada característico da nossa vida digital tropical, com a criação de tumblrs como o androidnoinstagram.tumblr.com ou orkutgram.tumblr.com, entre outros. O teor dos tumblrs – e das piadas – era sempre o mesmo: agora o Instagram perderia o seu status, pois uma tal “horda de pobres” começaria a usar o aplicativo.
Para quem não conhece, o Instagram é mais do que um software para celular que permite tirar fotos com filtros vintage. Criado pelo brasileiro Mike Krieger, o aplicativo também funciona como uma rede social – em que é possível assinalar contatos e personalizar perfis como em qualquer site deste tipo, com duas diferenças cruciais. A primeira: é uma rede social feita para o celular. Ela se replica, ao gosto do freguês, pelo Twitter e Facebook, mas seu ambiente nativo é a internet móvel. A segunda é o fato de não existir perfil público. Quem quiser ver a página de alguém no Instagram, ao contrário da maioria das redes sociais, precisa criar uma conta lá.
Eis o motivo da chiadeira. Enquanto era uma rede fechada para usuários de iPhone, o Instagram criou uma bolha de falso glamour que fazia qualquer fotinha vagabunda parecer cool só porque vinha com um tom sépia, com um amareladinho com cara de foto tirada nos anos 70. A reclamação dos antigos usuários levantou a velha falácia repercutida sempre que qualquer serviço online deixava de ser exclusivo de uns poucos early-adopters – a tal “orkutização”.
O termo surgiu, claro, depois que o Orkut começou a se popularizar no País. Antes restrita a quem trabalhava com comunicação ou tecnologia, a rede social aos poucos foi compreendida por pessoas que não passam o dia inteiro na frente do computador. Mais do que isso: à medida em que os anos 2000 foram passando, mais gente pôde comprar um computador e, com isso, a rede social perdeu o ar de ser exclusividade de grupos pequenos. E aos poucos começariam a aparecer perfis de pessoas que não eram descoladas e modernas, mas apenas… normais.
E riam “kkkkkk” ou tiravam fotos em quaisquer situações (parte delas indo parar em sites como perolas.com ou tolicesdoorkut.com) ou não se preocupavam com o português correto ou com “about me” espertinhos. A orkutização vinha acompanhada de uma reclamação obtusa, que resmungava sobre a “maldita inclusão digital” num tempo em que nem todo mundo tinha acesso à internet.
Em menos de dez anos, este quadro mudou – radicalmente. Não só ficou mais fácil comprar computador como a internet móvel trouxe uma imensa leva de pessoas para o dia a dia eletrônico das redes sociais. E cada novidade descoberta pelos primeirões era, em pouco tempo, “orkutizada”. Foi assim com o Twitter, com o Facebook e agora aconteceu com o Instagram.
“Em vez de crème brûlée vamos ver fotos do Habib’s”, alguém twittou, como se os usuários do Instagram não tirassem foto de qualquer PF com um filtro para parecer que não estavam comendo em um restaurante self-service. Ou como se os celulares que rodam o sistema operacional Android não custassem, em alguns casos, até mais do que o preço de um iPhone 4S.
A “orkutização” ou a “maldita inclusão digital” fazem parte da natureza da internet. A rede não é um clubinho exclusivo para uns poucos e bons. Até o fim desta década, todos estaremos conectados a ponto de nem percebermos a separação entre o online e o offline.
Reclamar que mais gente está desfrutando de serviços e produtos que, até determinada época, eram exclusivos de um número pequeno não é apenas reacionarismo barato – é não entender que a natureza digital agrega em vez de separar. Se você tem vergonha de estar na mesma rede social que pessoas que considera “menores”, não tenha dúvida: o problema é seu.
• República eletrônica: Três anos de Casa de Cultura Digital • Laboratório de vivência • A voz do futuro • TVs também ‘entendem’ português • Impressão Digital (Alexandre Matias): A ‘orkutização’ do Instagram e a natureza gregária da internet • Homem-Objeto (Camilo Rocha): Filmes na parede • P2P (Tatiana de Mello Dias): Punição contra a pirataria não reverte prejuízo da indústria • Google e a visão além do alcance • Notas •
Aproveitei o mote do Pinterest na capa do Link para falar da novidade que todos esperam na minha coluna.
Qual será a grande rede social de 2012?
Será o Pinterest? Creio que não…
Começou com o Orkut, aí veio o MySpace, depois o Twitter, Facebook, Tumblr, Google Plus e, em poucos anos, nos acostumamos à ideia de que periodicamente seremos apresentados a mais uma rede social que teremos de conhecer e habitar. A consequência natural desta lógica deixou de se materializar na forma de palpites ou achismos de analistas de mídia e consultores digitais para virar uma grande questão online, discutida por todos: “Qual é a próxima?”. Ou, mais especificamente, qual vai ser a grande rede social de 2012?
Daí o interesse no Pinterest, assunto da capa do Link desta edição, que, devido a seu veloz crescimento na virada do ano, vem liderando a bolsa de apostas como a principal resposta para a pergunta acima. Mas é bem pouco provável que as pessoas passem a usar o Pinterest em vez do Facebook, ameaçando o reinado digital de Mark Zuckerberg. Mesmo porque o Pinterest não é propriamente uma rede social.
É uma rede social de nicho – a maior delas hoje, em fevereiro de 2012, mas não a única. Compare com o Canv.as, que o criador do 4chan, Christopher “Moot” Poole, lançou no ano passado. Os sites são bem parecidos, inclusive estruturalmente – com o agravante do Canv.as ainda contar com um software online embutido que permite que as pessoas remixem as imagens ali postadas. O Chill.com também segue a mesma lógica, mas é voltado apenas para vídeos. Como os três, há inúmeras outras, que dão a impressão de ser redes sociais porque pressupõem a criação de um perfil online e a interação entre os usuários.
A ascensão do Pinterest tem mais a ver com outro assunto recorrente e que é paralelo ao crescimento das redes sociais: a “morte dos blogs”. Ponho entre aspas porque é um tema que volta à pauta sempre que uma nova plataforma permite a publicação de uma espécie de diário, seja em texto, vídeo ou fotos. Foi assim quando, por exemplo, o Facebook permitiu que as pessoas usassem suas “Notes” como área para blogar.
O próprio Twitter ainda é constantemente referido como “microblog”, mesmo que já tenhamos entendido que ele não funciona como um blog – e que ninguém abandonou seu próprio blog para dedicar-se apenas ao Twitter.
Outros termos ajudaram a criar essa expectativa, como o “life streaming” – de sites como Posterous e FriendFeed –, o “reblog” – popularizado pelo RT do Twitter e pelo Tumblr – e o “social bookmarking” – de sites como Digg, Reddit, Delicious e StumbleUpon.
Todos estes serviços têm, em comum, o fato de facilitar ainda mais a vida de quem quer postar algo online. Como aconteceu com o próprio conceito de blog, que, quando surgiu, vendia a possibilidade que qualquer um poderia publicar na web sem saber nada de programação ou de linguagem HTML.
Daí o Pinterest e outros integrantes desta tendência de rede social de nicho serem apenas mais um passo rumo à autopublicação para completos leigos digitais. E a notícia de que seu crescimento espetacular vem do fato de que seus primeiros usuários não pertencerem ao perfil tradicional dos early adopters (donas de casa do Meio-Oeste americano impulsionaram a ascensão do site) só comprova isso.
Não acho que o Pinterest será a grande rede social de 2012, pois creio que o site que cumprirá esta expectativa não será desenvolvido para desktop. Acredito que a próxima rede social realmente importante – aquela em que todos precisamos conhecer e habitar – será feita para funcionar a partir do celular.
E já há vários lutando por esse posto. Entre eles o californiano Path.com, fundada pelo criador do Napster Shawn Fenning e por um dos fundadores do Facebook, Dave Morin, mas que já enfrenta problemas graças a críticas sobre o uso que o serviço faz dos dados de seus usuários.
A próxima grande rede social deve funcionar mais ou menos como o Instagram do brasileiro Mike Krieger, senão for o próprio. Atualmente ele ainda é restrito a usuários de iPhone, mas há rumores sobre o lançamento de um aplicativo para Android em breve.
Vamos aguardar.
O Bruno viu o sol do Rio pelo filtro de um aplicativo de fotos para celular.
Que delírio, que maravilha é o verão. Tem muito mais lá no URBe.
• Febre aviária • Análise: Console é coisa para os pais, crianças aprendem em tablet • Os 15 melhores games do ano • Saman Khan: simples como 2+2=4 • Memória externa: apps recontam o passado • E-books sob suspeita, Instagram no Android, iPapa, novo Twitter •
Sinal dos tempos: os tumultos em Londres renderam altas fotos no Instagram. Tem mais lá no blog do aplicativo.