Retrospectiva OEsquema 2012: Instagram

insta-birds

Acho meio irônico o fato de a primeira foto que postei no Instagram ser a da imagem uma versão 8-bits para o jogo Angry Birds (acima). Até o lançamento do aplicativo com filtros de fotos vintage para o Android, meu app favorito era o joguinho dos pássaros e eu achava que o Instagram era só isso – um jeito de tirar onda de fotógrafo cool com a câmera de seu celular. Ledo engano. Ao me embrenhar na versão orkutizada do aplicativo antes restrito para iPhone, descobri que os filtros das fotos são o de menos. O que importa no aplicativo é o elemento de rede social minimalista, onde as longas discussões do Facebook e bate-bocas do Twitter ficam em segundo plano em detrimento de monólogos contemplativos de alto astral. Com um celular no bolso e a internet móvel, começamos a experimentar a sensação de independência do desktop, com seu teclado e mouse tão impositivos como grilhões com bolas de ferro ao tornozelo. O Instagram é o primeiro ambiente digital e social em que o celular é o protagonista e o texto é acessório. Não por acaso desbravei uma das únicas áreas da comunicação que ainda não tinha explorado (a da fotografia), ao entender que o recorte oferecido pelo aplicativo-rede social era um ponto de vista introspectivo e bem pessoal, bem diferente do coro de links e opiniões repetidos em outros ambientes digitais. Não dá pra discordar no Instagram (a fonte de todas imagens desta retrospectiva).

Tumblr do dia: Cambistagram

Galera tá reclamando que o Instagram mudou suas politicas de uso e agora teoricamente pode vender fotos tiradas através do aplicativo. Não é bem assim, mas sempre tem algum brasileiro pra salvar a histeria com humor, como é o caso do CAMBISTAGRAM, veja abaixo:

 

Marcelo Adnet e o Instagram

Lá vai ele de novo…

Dica do Cosko.

Link – 12 de outubro de 2011

Sem quererMeme acidentalHomem-Objeto (Camilo Rocha): Maior, mais leve e quase igual • Entre boatos e a verdade • E o vencedor das eleições nos EUA foi o TwitterImpressão Digital (Alexandre Matias): Jornalismo, tecnologia, web e o que eu tenho a ver com isso • Marco Civil: Em busca de consenso • No Arranque (Filipe Serrano): Os novos programas de escritório na era da mobilidade • O fim do Messenger e o início do Instagram na web

Novos gestos

E o WTF do dia vai para Bruno Medina, do Los Hermanos, propondo gestos pra sintetizar ações ligadas ao meio digital.

Os gestos acima significam “só conheço na web”, “momento Instagram”, “dá um Google nisso” e “tá bombando no YouTube”. Poizé.

Uma canção para o Instagram

Dica da Carol, que completou um quarto de século neste sábado. Parabéns, menina!

Link – 27 de agosto de 2012

Sorria você está sendo rastreadoCatálogo de brasileiros • Universo em construçãoImpressão digital (Alexandre Matias): Considerações sobre meu novo brinquedo favorito, o Instagram • Homem-Objeto (Camilo Rocha): Smartphone antenadoP2P (Tatiana de Mello Dias): Se as leis permitirem, o streaming será o futuro • Startup Brasil

Impressão digital #120: Mais sobre o Instagram

E na edição dessa semana do Link, totalmente capitaneada pelo Filipe, dediquei minha coluna à minha rede social favorita atualmente.

Considerações sobre meu novo brinquedo favorito, o Instagram
Mesmo alienante, app é refúgio do presente

Desde o fim do ano passado tenho me interessado cada vez mais pelo Instagram. Apostei que o aplicativo-rede social será a próxima onda digital a ser aderida por todos neste 2012. Isso antes de a versão para Android ter sido lançada – e, portanto, antes de ter me tornado usuário da rede. E são vários os motivos que tornam o Instagram tão promissor.

Para começar, o aplicativo tem pouquíssimos recursos. É simples entendê-lo e usá-lo. Além dos filtros de imagem, seu primeiro atrativo e diferencial, o app só permite gostar e comentar as fotos. Basta pressionar a tela duas vezes para avisar ao dono da imagem que você gostou dela. É ainda mais simples do que curtir no Facebook via celular porque você pode pressionar em qualquer lugar da foto – em vez acertar exatamente no link “like”. E, por ser usado principalmente no celular, o Instagram não é tão convidativo a comentários e discussões alongadas.

A interface de navegação é simples, exigindo apenas o polegar para acompanhar as atualizações. Não é preciso acertar botões com precisão ou digitar no teclado. A facilidade de navegação torna a utilização do Instagram quase lúdica. É tão fácil quanto brincar. Por isso gosto de dizer que o Insta é meu brinquedo portátil favorito atualmente.

A comunicação que prioriza a imagem causa uma mudança drástica em relação às demais redes sociais. Uma vez que ele é mais subjetivo, pouco importam as notícias ou o que aconteceu nos últimos minutos – ou até mesmo horas. Os assuntos mais comentados são secundários e os temas das imagens quase sempre partem para o cotidiano, o trivial, o doméstico, o singelo.

Por isso a abundância de fotos de crianças, animais domésticos, paisagens, horizontes, viagens, pratos de comida, livros, discos, programas de TV, passeios, detalhes de casa ou do ambiente de trabalho. Isso nos afasta um pouco da enxurrada de informações das outras redes – e de uma certa angústia com o fluxo sem fim de notícias e links.

No Instagram, o ponto de vista é a primeira pessoa – e não a terceira. Por isso é mais comum vermos imagens pelos olhos de quem as tirou do que ver a própria pessoa. E as fotos dos outros funcionam como janelas em que podemos ver os cantos da cidade e do mundo, em imagens que não vão sair no jornal no dia seguinte. Para alguns, a desconexão com o presente noticioso pode parecer alienante. Para outros é um refúgio contra o acúmulo de pessimismo e novidades que brotam sem parar.

Junte tudo isso ao fato de que ele foi pensado para o celular e temos outro motivo de seu sucesso. Qualquer sala de espera é uma oportunidade para ver o que os amigos ou conhecidos andam observando. Qualquer cena mais simpática pode ser registrada facilmente e compartilhada. E o aplicativo permite que as imagens sejam reproduzidas em outras redes sociais, como Tumblr, Twitter, Facebook, Foursquare e Flickr.

Todos esses motivos dão algumas ideias do que deve acontecer com as redes sociais num futuro próximo. Elas precisam ser mais fáceis de usar. E entupir um serviço com muitos recursos pode deixá-lo ruim, além de pesado. Elas não precisam ser abrangentes e onipresentes. Podem se dedicar a trechos específicos das vidas de cada um. E vão para além do texto, permitindo novas formas de comunicação.

Alguns meses depois de ter sido vendida para o Facebook, dá para entender o interesse da maior rede social do mundo. Primeiro, o aplicativo é mais confortável do que o app do próprio Feice (embora muitos tenham elogiado a nova versão para iOS, lançada semana passada). Segundo, as fotos estão se tornando cada vez mais a língua franca da internet. E, finalmente, se o Instagram continuasse crescendo, poderia se tornar um rival sério para o Facebook.

Resta saber o que acontecerá entre 2012 e 2013. O Instagram vai se integrar cada vez mais ao Facebook ou o Facebook vai ficar cada vez mais parecido com o Instagram? Ambas opções são possíveis – embora uma anule a outra – e podem determinar o futuro não só do Facebook mas do ambiente digital móvel em que vamos habitar.

#Instagramporescrito: viral sem querer e o 360º da ironia

A redescoberta da ingenuidade

Começou ainda no Alberta. Tentei postar uma foto tirada da cabine da pista da Noite Trabalho Sujo (a foto da Bárbara tirando fotos da cabine acima), como faço toda madrugada de sexta pra sábado e o Instagram não respondia. Pensei que fosse o sinal de Wi-Fi da casa, mas saí pra pegar ar e sinal de telefone – e o 3G também não dava sinal de vida no aplicativo. Desisti, voltei pra festa e quando acordei horas depois, retomei o ritual depois de fotografar o céu (“#CliMatias”, diz o Bruno). E nada. Pensei que o problema fosse só comigo, mas bastou abrir qualquer rede social para perceber que um certo volume considerável de pessoas resmungando sobre o fato. O Twitter do Instagram avisava que uma “tempestade elétrica” tinha tirado os servidores do ar. A mesma tempestade atingiu Netflix e Pinterest, que voltaram a funcionar aos poucos. Mas nada do Instagram. Como tinha um programa pré-almoço na agenda saturnina e não queria perder meu registro diário. Fui para o Twitter e twittei um instagram por escrito:

Em questão de segundos, minha fiel colaboradora do Sujo Gi Ruaro, lá de Londres (que recém casou, podem dar os parabéns), pegou carona na minha idéia e a expandiu em uma hashtag:

Como o meu tweet anterior já havia sido replicado algumas vezes, resolvi aproveitar carona na hashtag da Gi e tuitei meu instagram por escrito de fato:

Quando cheguei no Parque do Ibirapuera, onde iria me encontrar com um casal de amigos em um piquenique, o instinto me levou a procurar algum sinal de vida na rede social do aplicativo de fotos com filtro, ainda sem sucesso. Mas bastou passar pelo Twitter para ver que…

A hashtag havia colado. Tanto de maneira sincera – gente tuitando o que deveria estar postando no Instagram – quanto, principalmente, irônica – gente ridicularizando fotos e atitudes na rede social:

Até O Globo

…e a Fernanda Paes Leme entraram na onda:

A avalanche de tweets colocou a hashtag no topo dos trending topics no Brasil (meta pra muito xoxomidia tupiniquim) e explicitou três aspectos que já venho percebendo há algum tempo – dois óbvios, um nem tanto. Os dois primeiros beiram o ridículo da evidência: o Instagram popularizou-se de vez no Brasil a ponto de sua linguagem ter sido completamente assimilada pelo menos por quem está online (o que não é pouca gente) e que os trending topics do Twitter já não são o que foram um dia; medem o pulso de uma rede social específica, não mais o de toda comunidade online.

A terceira constatação é bem interessante e diz respeito à utilização da ironia. Diferente de uma forma de humor (como pensa a maioria dos que se acham irônicos), ironia é uma figura de linguagem que quer dizer justamente o contrário do que está sendo exposto. A frase “só uma pessoa muito inteligente para perceber isso”, por exemplo, é irônica ao sutilmente xingar de burra a pessoa em questão.

O problema é que a ironia funciona melhor em doses homeopáticas. Muita ironia cria a síndrome do menino que gritava lobo – e não é mais possível perceber se o que está sendo escrito ou dito é de verdade ou é só uma sacada esperta. Muitos tweets com a hashtag Instagramporescrito caminhavam nesse fio da navalha. Eram tão irônicos que poderiam ser de verdade. Não dava pra saber se o autor estava brincando ou sendo brincado. E assim completavam o loop da ironia – se a ironia é uma volta de 180 graus, a ironia da ironia é a volta completa para continuar no mesmo lugar.

E isso não era exclusividade da hashtag do sábado passado. O humor na internet quase sempre esbarra nesse duplo sentido e o que parece idiota para alguns, para outros é brilhante (exemplos abundam: Cersibon, o humor involuntário do Yahoo Respostas, Homem Aranha Anos 60), pulverizando assim o tal “bom gosto” do fazer rir ao tornar ainda mais tênue a distinção entre a grosseria e o humor politicamente incorreto ao mesmo tempo em que transforma qualquer grosseiro em novo “gênio do humor”.

Essas fórmulas estão se desgastando e o humor como provocação vai perdendo espaço para outro tipo de reação – que não necessariamente parte do humorismo – que também é típica da internet: o nonsense total, o esvaziamento do excesso de referências do século 21. Talvez seja uma redescoberta da ingenuidade ou só uma forma de exorcizar esse loop de significado protagonizado pela ironia da ironia. Não deixa de ser uma boa notícia.

Link Estadão @ Instagram

E a partir desta segunda-feira, o Link começa a expandir seu território digital também pelo Instagram. Vamos ver como é cobrir cultura digital em uma rede social que privilegia a imagem. Começamos hoje, lá de São Francisco, onde a Apple mostra novidades a partir das 13h. Siga o Link pelo @linkestadao.