Bruxaria noise

Mais um Inferninho Trabalho Sujo que deixou o Picles intenso, dessa vez com jorros de energia elétrica capturados por duas bandas que mal têm registros fonográficos e puxadas por vocalistas endiabradas. A noite começou com a força do Fernê, grupo que conta com dois Pelados (o baterista Theo Cecato e a vocalista Manu Julian) e um Chico Bernardes em sua formação, cada um deles mostrando facetas musicais bem diferentes das que são mais conhecidas. A banda é completa com a guitarra noise de Max Huszar e o baixo de Tom Caffé, passeou por músicas próprias e versões personalíssimas para “Terra” (Caetano Veloso) e “Hunter” (Björk) e é impressionante como Manu torna-se outra vocalista com essa formação, completamente entregue ao palco e deixando sua voz voar solta. Logo depois foi a vez do quinteto Madrugada solapar o público com sua parede de krautrock improvisado, com os irmãos Dardenne (Yann na bateria e Otto no baixo), puxando bases hipnóticas e pesadas desta vez acompanhadas de um novo integrante, o percussionista Thalin, que também toca na Dupla 02, nos Fonsecas e no Eiras e Beiras, e deu um tempero especial ao molho dos irmãos. À frente, dois dos donos do Porta (o guitarrista Raphael Carapia e a tecladista e vocalista Paula Rebellato) soltam os cachorros do barulho em cima do público, Paula especialmente catártica, conduzindo a pequena massa com seus gritos dilacerantes, efeitos sonoros entre o terror e o pesadelo e o carisma enfeitiçado de sempre. Depois desse choque de som, eu e Fran seguimos à noite quase sem fôlego, mas lá pelas duas da manhã a pista estava pegando fogo! E a próxima edição é na sexta que vem, hein!

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Fernê e Madrugada

Sentindo falta do Inferninho Trabalho Sujo, né? Pois não dá pra terminar esse intenso setembro sem aquecer corações e mentes mais uma vez lá no Picles, reunindo outras duas bandas que, quem conhece sabe: a primeira delas é o Fernê, que reúne Chico Bernardes, Manu Julian e Theo Cecato em uma avalanche de noise e doçura, enquanto a segunda, Madrugada, reúne os irmãos Dardenne, capos do Seloki, à Paula Rebelatto do Porta, em um transe kraut da pesada. E como de praxe, depois dessas duas surras de som alto é a vez de queimar a pista até se acabar de felicidade comigo e a Fran misturando R&B, pop brasileiro, música eletrônica, indie rock, K-pop e o que mais der na nossa telha! Lembrando que quem chegar antes das 21h não paga para entrar e que o Picles fica no número 1838 da Cardeal Arcoverde, no coração de Pinheiros. Vamos que vai ser épico!

De volta às bandas

Um dos motivos que me fizeram criar o Inferninho Trabalho Sujo foi a percepção de que há uma mutação acontecendo no cenário musical brasileiro. A tragédia pandêmica que nos isolou por tanto tempo fez com que voltássemos de forma muito viva aos encontros presenciais. Shows, peças, blocos de carnaval, jantares de família, restaurantes, botecos, casas de amigos: todo mundo está se encontrando muito mais e de forma mais intensa do que fazia antes da praga, talvez por uma questão de compensação ou mais provável por uma sensação de que perdemos algo que tínhamos como certo, então ninguém quer perder a oportunidade de estar junto com outras pessoas.

Isso também está acontecendo do ponto de vista artístico. A profissionalização do mercado de música brasileiro dos últimos anos colocou o artista solo (seja ele intérprete, músico, DJ, cantautor, produtor) como unidade básica do mercado. Os motivos são fáceis de entender (é mais fácil gerir a carreira de uma pessoa do que de um grupo), o que fez com que as bandas parassem de surgir, pode reparar.

Mas isso mudou depois da pandemia. Ter uma banda hoje não pressupõe gestão de carreira, gastos de produção, divisão de cachê e de tarefas. Comecei a notar bandas surgindo pelo motivo que sempre deveriam ter surgido: porque é legal tocar junto com outras pessoas. As bandas voltaram a ser turmas de amigos, mais do que CNPJs da indústria do entretenimento. E bandas que tocam em qualquer quintal, qualquer buraco, qualquer lugar em que elas possam ser ouvidas. E do mesmo jeito que não são empresas, fogem das tendências de mercado, inclusive estéticas. Estão buscando rumos artísticos novos e diferentes só porque é legal fazer isso. E bastou que eu começasse a frequentar o Picles para saber que aquele era o palco perfeito para uma festa pensada para essas bandas.

A edição desta quinta-feira do Inferninho Trabalho Sujo era exatamente o que eu havia pensado quando o conceituei. Duas bandas novíssimas, quase desconhecidas, fazendo música de um jeito muito pessoal e particular, ambas melódicas e barulhentas na mesma medida. E lembro ter conversado com integrantes das duas bandas (especificamente a Anna d’Os Fadas e a Stéfanie do André Medeiros Lanches), mesmo antes de começar a festa, sobre a necessidade da existência de um lugar como esse. De alguma forma é o antônimo do trabalho que estou fazendo no Centro da Terra, mas paralelo e complementar. Ver as duas bandas tocando para um público feliz e lotado mostrou as coisas estão dando certo. Que venham os próximos!

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Os Fadas e André Medeiros Lanches

A semana começou quente, mas depois baixou esse frio nada a ver e a gente só sabe combatê-lo de uma forma: se acabando! Então toma mais uma Inferninho Trabalho Sujo que vem em dose dupla de rock deste século. Quem começa a noite é a explosão de ruído e melodia dos paulistanos Os Fadas, que são seguidos logo depois pelo quarteto de Juiz de Fora André Medeiros Lanches, enfileirando mais doses de canções e barulho na cabeça dos presentes. E depois eu e a comadre Francesca Ribeiro derretemos a pista com aquela mistura quente de dance music, R&B, hip hop, rock e música brasileira (e uma pitada de Kpop, por que não?) que deixa a pista cheia até o fim da madrugada. O Picles fica no no número 1838 da Cardeal Arcoverde e se você chegar antes das 21h não paga para entrar. Vem!

Pop mundano

Lá vou eu de novo comentar sobre a festa que eu mesmo faço, mas o Picles ficou pequeno pro Xepa Sounds do Thiago França. Cheguei logo depois do show do Garotas Suecas e o bicho já estava pegando – Juka me chamou num canto e falou: “cê tá fudido Matias, eles já tocaram todas as músicas que você toca”. É que a verve mundana do projeto mais low profile do maestro da Santa Cecília toca nos mesmos pontos da minha discotecagem: é Spice Girls e Dua Lipa por um lado, Rouge e Caetano Veloso por outro e o cabra ainda terminou a noite mandando “Total Eclipse of the Heart”. Restou pra mim e pra Bamboloki a inglória tarefa de manter a pista cheia, mas depois de uma sequência nortista emendamos Wanderley Andrade com electrosummerhits, passando por RBD e Maria Bethania, Strokes e New Order, Madonna e Run DMC, Lady Gaga e Specials. Foi insano – quem foi sabe. E a próxima é no dia 7 de setembro, com DUAS bandas.

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Xepa Sounds

Universos colidem nesta quinta-feira em mais uma edição do Inferninho Trabalho Sujo no Picles. A banda da vez é o trio Xepa Sounds, liderado por Thiago França e ancorado pela percussão de Pimpa e Samba Sam em uma noite de delírio pop que vai da dance music à pagodeira, só no beat e sax – e como essa edição vai pegar fogo, melhor garantir seu ingresso antes da hora pra não correr o risco de ficar de fora. Depois assumo a discotecagem até o fim da madrugada e quem me acompanha é esta que você já deve ter sonhado com ela sem saber de seu nome: Bamboloki, que traz o puro suco dos anos 2000 para a pista de dança. O Picles fica no coração de Pinheiros – enquanto ele ainda tem um – no número 1838 da Cardeal Arcoverde e se deixar o Thiago começa a tocar na hora que abre, às oito da noite. Vem!

Eruditos na pista

Quem diria que uma camerata à paulistana iria cair tão bem numa pistinha? Na edição dessa sexta do Inferninho Trabalho Sujo a Filarmônica da Pasárgada subiu ao palco do Picles com fagote, acordeão, clarinete, percussão e laptop para seguir a risca de uma tradição criada no Lira Paulistana, citando inclusive Rumo, Itamar, Arrigo e companhia para celebrar a cultura da cidade. E depois, ah depois, eu e a Fran seguimos incendiando a pista enfileirando escolhas improváveis e certeiras, de Jonnata Doll a Olivia Rodrigo, passando por Rosalía e Snoop Dogg. E a pista só acaba porque chega uma hora o Picles acende a luz. Daqui a duas semanas tem mais…

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Filarmônica da Pasárgada

Mais uma noite acesa pelo fogo da música, desta vez numa sexta! Toco fogo em mais um Inferninho Trabalho Sujo ali no Picles, que começa com a apresentação da banda Filarmônica da Pasárgada, que toca por volta das 22h, seguida da minha discotecagem ao lado da comadre Francesa Ribeiro, aquecendo corações e quadris até a hora que acendem a luz! O Picles fica no número 1838 da Cardeal, no coração do maltratado bairro de Pinheiros e quem chegar antes das 21h não paga para entrar! Vamos!

Contagem regressiva para a fervura

Mais uma noite quente no Picles – e nesta quinta quem começou os trabalhos no Inferninho Trabalho Sujo foi a dobradinha feita pelos shows do carioca Perdido e da pernambucana Lulina, ambos afiados para deixar tudo daquele jeito que a gente gosta. Os dois dividiram o palco ao compartilhar os vocais em uma versão synth para “Fuga pelo Miojo”, do CD-R Aos 28 Dei Reset na Minha Vida que Lu lançou há 15 anos, com sua clássica contagem regressiva para a fervura. Depois, eu e Fran seguimos costurando hits e pérolas feitas pra aquecer a madrugada (e toquei até uma do disco novo da Luiza Lian!).

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Inferninho Trabalho Sujo apresenta Lulina e Perdido

Bora tacar fogo nessa quinta-feira que neste dia 27 de julho tem mais um Inferninho Trabalho Sujo não com uma, mas com duas atrações ao vivo. O carioca Perdido abre os trabalhos ainda às 21h seguido da querida mestra indie pernambucana Lulina, que ajudam a aquecer a noite com canções que vão fazer todos arder de emoção. Depois eu e a Fran embebedamos esse incêndio com gasolina porque você sabe que quando a gente se junta a pista entra em ebulição e só termina antes do sol raiar porque a casa tem hora pra fechar (que é um pouco antes do sol raiar, diga-se de passagem). Nossa acabação feliz acontece no querido Picles (no número 1838 da Cardeal, no coração de Pinheiros) e quem chegar antes das 21h não paga pra entrar (se chegar depois é 25 contos, tá sussa, vai). Venha!