Inconsciente livre
(Foto: Pedro Clash/Divulgação)
Lembro quando Juliano Gauche me procurou para testar no palco do Centro da Terra o disco que havia acabado de gravar em São Paulo. Ele estava repensando os próximos passos da carreira no início de 2020, quando lançou o EP Bombyx Mori, um mês antes da chegada da pandemia que paralisou nossas vidas, e havia acabado de mudar-se para a praia de Manguinhos, no Espírito Santo, depois de um tempo morando no interior daquele estado. Como aconteceu com muitos, o período de isolamento social o colocou em contato mais intenso com seu inconsciente e ele passou a dar atenção ao que acontecia em seus sonhos. Inspirado em questões metafísicas levantadas por estas viagens, Gauche reduziu a sonoridade de suas canções a arranjos mínimos, conduzidos e produzidos pelo comparsa Klaus Sena, que coproduziu seu novo álbum, além de tocar pianos, teclados, xilofones e sintetizadores, deixando sua voz mostrar as paisagens sonoras que recolhia após dormir. Tenho Acordado Dentro dos Sonhos, este novo disco, foi apresentado ao vivo em novembro do ano passado e além de Sena, Gauche também contou com a guitarra e o violão de Kaneo Ramos, que também participa do disco. De fora daquele show, apenas o vocalista da banda mineira Moons, André Travassos, com quem divide os vocais da única música em inglês do disco, “Ondas Que Acordam”. “Das vinte músicas que escrevi nesse período de isolamento, escolhi as sete que foram mais direto nas feridas, as que para mim traduziram melhor as mudanças ocorridas, as que abordaram tudo pela ótica espiritual”, explica Juliano, que lança o novo trabalho nesta sexta-feira, mas antecipa o disco na íntegra aqui pro Trabalho Sujo, não sem antes apontar para o próximo estágio: “As mais violentas e eufóricas ficaram para o próximo.”
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