Impressão digital #0013: Kick Ass e Mark Millar

, por Alexandre Matias

Minha coluna no 2 de domingo…

Uma ajuda da internet
Mark Millar, quadrinhos e cinema

Kick Ass – Quebrando Tudo, que estreia na próxima sexta-feira nos cinemas do Brasil, pode até não ser candidato às listas de melhores filmes de 2010 feitas por críticos de cinema. Mas, desde que foi anunciado, ele já estava entre os filmes mais legais que seriam lançados este ano. Basicamente porque seu autor, o escritor Mark Millar, criou todo o conceito do novo super-herói pensando nos fãs. Mas antes de falar do filme, vale contar um pouco a história de Millar.

Escocês, ele decidiu que se tornaria um escritor de quadrinhos quando viu uma palestra de Alan Moore (autor de clássicos modernos como Watchmen e V de Vingança) e estreou no mercado norte-americano sob a guarida de outro ídolo, Grant Morrison (da série Os Invisíveis), em 1994. Em menos de cinco anos, ele já era festejado como um dos grandes nomes daquela indústria, continuando o trabalho de Warren Ellis em Authority, e criando uma das melhores histórias do Super-Homem, Red Son, que imagina o último sobrevivente de Krypton chegando à Terra pela antiga União Soviética.

No ano 2000, mudou-se para a Marvel e começou a virar do avesso aquele universo de super-heróis, primeiro reinventando o Homem-Aranha para o século 21 e fazendo, mais tarde, o mesmo com os X-Men, Capitão América, Hulk e Thor. Em comum, estas novas histórias tinham o fato de atualizar aqueles heróis para o mundo pós-internet (Peter Parker, por exemplo, era o estagiário que cuidava do site do Clarim Diário). Mas depois de muitos anos escrevendo histórias criadas por outros, decidiu inventar seus próprios mitos.

E, entre eles, Kick Ass. A minissérie em quadrinhos foi lançada mirando em sua adaptação para o cinema. Millar já brincava com as duas mídias na Marvel – em uma edição dos Supremos (sua versão para os Vingadores), os heróis discutem quem seriam os melhores atores a interpretá-los no cinema.

Com Kick Ass a metalinguagem vai além – e a internet ajuda a misturar realidade e ficção. Na história de Millar, um garoto resolve virar super-herói por conta própria – mas só se torna notado depois que uma briga em que se envolve é filmada por celular e vai parar no YouTube.

Estes pequenos detalhes mostram que Millar está atento não apenas às novidades, mas também disposto a não tratá-las como coisas de outro mundo, mas partes do cotidiano de cada um. O protagonista mede sua popularidade ao comparar o número de amigos em seu perfil do My-Space com o da identidade secreta que criou. E quando ele pergunta à pequena heroína de 10 anos, a adorável Hit Girl, onde ela conseguiu um lança-chamas, sua resposta é direta: “Ebay.”

Desta forma, Millar é o primeiro autor a pular dos quadrinhos para o cinema sem ser um mero contratado. Produtor executivo do filme, Kick Ass não é a primeira obra sua a ganhar vida na telona (a série Wanted virou o filme O Procurado, com Angelina Jolie). E não deverá ser a última.

Um mashup para a Copa do Mundo
http://365mashups.wordpress.com. Segue a árdua tarefa do produtor João Brasil que vai fazer um mashup por dia durante todo o ano de 2010. Uma das novidades dele é a mistura da nova versão de Umbabarauma de Jorge Ben com Mano Brown com Uma Partida de Futebol, do Skank.

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