…que passou a manhã twittando o que viu ontem. Leia de baixo pra cima:
A idéia original era uma mixtape de verão, chamando alguns DJs brasileiros para remixar hits gringos naquele final de 2008 hoje distante. Mas já era verão no Brasil e os DJs estavam soltos pelo país – impossível achar alguém que pudesse dar uma certeza sobre a data de entrega das versões, fora a possibilidade de deixar o projeto banguela caso algum artista remixado se incomodasse com o resultado ou com o fato de estarmos deixando sua faixa para download em MP3. Depois de algumas madrugadas pendurados no Gtalk, trocando emails e um ou outro telefone, eu e o Bruno desvirtuamos completamente o conceito original a partir das limitações: em vez de pedir para mexer em músicas alheias, pedimos versões para músicas próprias; em vez de remixes que inevitavelmente daria ao disco um clima meio esquizofrênico, pedimos versões acústicas, minimalistas, usando apenas o violão. E antes de começarmos a pedir músicas para músicos e artistas que são mais amigos e comadres do que propriamente astros e estrelas (prefiro assim), percebemos que o formato acústico tinha mais a ver com aquele verão que ia acabando do que uma mixtape para dançar. Mais do que isso: à medida em que os artistas demoravam para entregar o material (alguns, houve quem entregasse em fevereiro), percebíamos o quanto a compilação ganhava ares de fim de verão, quase outonal. E, ouvindo as faixas no inverno do ano passado, decidimos lançá-la quase na Páscoa, como se o clima das “Águas de Março” de Tom Jobim pudesse ser espalhado por toda uma compilação.
Decidido o nome, chamamos a querida Caroline Bittencourt para bolar uma capa para a coletânea. Ela foi além: propôs um ensaio na oficina de um luthier conhecido dela, o Murilo. Ao vermos as fotos, nem tivemos dúvida: o instrumento era tão central ao trabalho que não havia outro nome para dar à coletânea, juntando artigo e substantivo só para fazer o paralelo com OEsquema. Pelo meio do segundo semestre do ano passado, OViolão estava completo.
OViolão é o terceiro lançamento dOEsquema. Mas não somos um selo, não nos estranhe. Depois de termos lançado discos de amigos – o Bruno sugeriu o Big Forbidden Dance do João Brasil e eu desenterrei o Alguma Coisinha do Dodô, ambos discos coalhados por samples -, resolvemos ampliar o conceito só pelo prazer do lançamento. E apesar de ser um trabalho de dedicação minha e do Bruno, ele vem sendo acompanhado, de perto, por nossos dois outros sócios, Mini e Arnaldo, que sugeriram nomes, fizeram convites e propuseram soluções.
A forma de distribuição dOViolão é simples: durante os próximos dias, despejaremos, tanto no Trabalho Sujo quanto no Urbe, cada uma das faixas da compilação, numa média quase diária. Elas estarão apresentadas tanto num vídeo embedado do YouTube, sempre com uma foto diferente de Caroline, e num link para download da canção. Ao final, juntamos tudo num arquivo compactado para quem quiser ouvir o disco na ordem que imaginamos. Não ganhamos um tostão para fazer isso – nem nós, nem os artistas envolvidos. Pagamos apenas o custo das fotos de Caroline. É um trabalho coletivo feito principalmente com carinho. E nessa época de volume no talo e enxurrada de informações, estamos propondo algo para ouvir baixinho. Sob o sol, mas baixinho. Não tem release, nem rodada de entrevistas com os artistas, não tem foto de divulgação, nem assessoria de imprensa. Vamos blogar e twittar: linka quem quiser, baixa quem tiver vontade. Pra que pressa, né?
Começo a semana com a inédita de Lulina “Mentirinhas de Verão”, gravada em fevereiro do ano passado. Ela explica: “É uma versão com som de fim de verão da música ‘Mentirinhas’, composta por mim e lançada no final do ano passado (2008), no disco caseiro Aos 28 Anos Dei Reset Na Minha Vida. Quem produziu esta nova versão foi Missionário José, nos estúdios da Jardel Music, tocando todos os instrumentos e fazendo um arranjo tão melancólico quanto voltar para a realidade depois de umas boas férias”. O produtor completa dizendo que a faixa “se destaca pelo aspecto Led Zeppelin do final“. Do outro lado da linha, o Bruno apresenta uma inédita da Ava Rocha, veja lá.
E amanhã tem mais.
Que isso não pareça puxa-saquismo nem autopromoção, mas fui pegar a URL do site do Mini para o post anterior e vi que há muito tempo não dava uma passada no Conector.
Vacilo meu.
Desde que ele deu um tempo no carnaval postando desenhos, não passei mais por lá, mas ao visitar seu site desta última vez, percebi como ele está se tornando um dos principais cronistas desta transição analógico-digital aqui no Brasil. E, como bagagem, ele conta com o fato de ser publicitário, budista e ser guitarrista da melhor banda de rock do Brasil atualmente. Isso parece depor contra a qualidade dos textos (publicitário-budista-roqueiro?), mas, pelo contrário, só os aprofunda. Convido-os a ler o Mini falando do impacto da câmera digital nos não-fotógrafos e do Photoshop na vida real, da volta do relógio de bolso, de um jeito moderno de lidar com o stress, de como a mente humana vem se tornando cada vez mais cenário de filmes, do envelhecimento da geração digital, de mobilização digital ou sobre rock gaúcho (usa uma entrevista do Wander para falar sobre o papel do produtor, descobre a ótima Mess e entrevista o Andrio do Superguidis), sobre ficar numa boa, sobre o Avatar, festejando Mulatu ou house fuleiro, ou ainda escrevendo os volumes esparsos da Biblioteca Conector para Estudo de Mídias Variáveis (ã?) e nos entupindo de metáforas (“advogar pureza de métodos e mundos na busca por uma nova solução em qualquer área é como entrar no carro e sair dirigindo com o freio de mão puxado”, “Julie e Julia é, então, uma agradável e consistente Sessão da Tarde com um brinquedinho a la Kinder Ovo incluído pra quem se interessa por comunicação”).
Leiam e vejam se eu estou falando bobagem. Maior orgulho de ser da mesma trupe desse sujeito (Bruno e Arnaldo sabem).
O Wilsera fez mais uma coleta foda, desta vez dedicada à melhor banda de rock em atividade no Brasil, os Walverdes do meu compadre e sócio nOEsquema Gustavo Mini Bittencourt (é oficial, aboli as aspas de seu nome do meio). Se você concorda comigo no fato da tríade guitarra, baixo e bateria ser uma das grandes invenções do século 20, aumente o volume para ouvir uma das poucas bandas no mundo que não grilam de ser rotuladas como grunge (embora, no fim das contas, seja apenas rock mesmo). O disco pode ser baixado aqui.
O Mini comentou esse curta do uruguaio Federico Alvez um dia antes do diretor Sam Raimi chamá-lo para produzir um filme em Hollywood.
Como vocês podem ver, o cara não é fraco, não…
Mini manda um Neil Young.
Little Joy acústico na KCRW, de Los Angeles. O Mini compilou mais vídeos desse show no Conector, cola lá – e se você quiser ler o que eu, o Bruno e o Mini achamos dos shows da banda no Brasil, é só seguir os links aí.
E se o domingo tá nesse clima, dá uma passada lá no Mini, que ele separou todo o I’m Telling You For The Last Time do Seinfeld, legendado em português. Imperdível.
Deixa o Mini falar um pouco dessa vez.