Bom saber #005: Um impacto ainda maior que o da internet

Minha coluna de hoje no site da Galileu mistura a ascensão da impressão 3D com um futuro currículo escolar que possa incluir programação – e como isso pode ter um impacto a longo prazo.

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Um impacto ainda maior que o da internet
Impressoras 3D e programação no currículo escolar podem mudar ainda mais o mundo

Novamente junto dois assuntos para outro exercício de futurologia. Na semana passada, escrevi sobre como Big Data e ações coletivas poderiam dar o tom desta década. Hoje vou falar de outros dois assuntos que também irão mexer com nosso dia-a-dia – mas não logo: impressoras 3D e programação de dados na sala de aula.

Impressoras 3D ainda são novidade para a grande maioria das pessoas, mas o leitor de Galileu já acompanha este assunto há tempos (uma busca pelo termo em nosso site mostra um belo punhado de matérias sobre o tema – elas já estão imprimindo discos, carros, comida e até protótipos de ossos e órgãos humanos). Elas devem demorar algum tempo para se tornar realidade, mas, como toda nova tecnologia, em pouco tempo ela deve ser barateada a ponto de poder entrar no dia-a-dia das pessoas (embora já existam impressoras caseiras, inclusive que podem ser montadas em casa e já à venda no mercado brasileiro).

A princípio, imprimir em três dimensões parece fantástico: crie um modelo em três dimensões no computador, semelhante às maquetes digitais feitas por arquitetos, o envie para a impressora e ela começará a criar, a partir de camadas finíssimas feitas com diferentes tipos de substância (fibras sintéticas, plástico e até metais), o modelo físico.

Muitos podem se perguntar qual é o sentido de se imprimir um objeto em casa. Há quem diga que pode imprimir brinquedos para os filhos, outros – como o ex-editor da revista Wired, Chris Anderson, que lançou um livro (Makers, Ed. Campus) sobre o tema – acreditam que estamos às vésperas de uma “nova revolução industrial” (que é o subtítulo de seu livro, inclusive), que descentralizaria o conceito de fábrica, um conceito industrial, para transferi-lo para pequenas manufatoras caseiras movidas a impressoras 3D. Pode ser que isso ocorra, mas não nos próximos dez, vinte anos.

Num primeiro momento, impressoras 3D poderiam funcionar como uma forma de repor peças quebradas de aparelhos que ainda não foram descartados. Você perde a tampa que cobre a bateria do seu celular e faz o quê? Compra outra num camelô, anda sem a capinha ou talvez até compre outro celular. Num futuro próximo, talvez o fabricante de seu celular permita que você baixe o modelo 3D desta pecinha direto de seu site, da mesma forma que hoje você baixa o PDF com os manuais do usuário que antes vinham apenas em papel.

Mas isso nos leva a um outro momento que aí talvez nos aproxime da tal nova revolução industrial prevista por Chris Anderson. Quando as próximas gerações de estudantes começarem a aprender programação de dados na escola, veremos exemplos práticos do uso destas impressoras saindo do papel para a realidade. Já não é novidade vermos adolescentes criando softwares, aplicativos e outras soluções digitais pelo simples fato de terem começado a aprender a programar desde cedo, por conta própria. Há um forte movimento para que a programação de dados entre no currículo escolar básico, para que crianças e adolescentes possam desenvolver soluções para seus problemas a partir da criação de programas. Mas isso também não deve acontecer logo, embora não dá para ser pessimista e achar que isso não irá mudar.

Não custa lembrar que o conceito de escola foi criado durante a revolução industrial original para que os pais pudessem deixar seus filhos sozinhos em casa. A escola como a conhecemos hoje é análoga à fábrica: um grande complexo em que centenas de pessoas trabalham com horário fixo, regidas por autoridades solitárias e que não podem sair do script. Até a sirene da hora do recreio na escola é similar à sirene na hora do almoço na fábrica.

Mas do mesmo jeito que a fábrica pode cair em desuso, talvez a escola como a conhecemos hoje também caia. O professor deixa de ser a única fonte de conhecimento e uma autoridade punitiva para os desordeiros para se tornar um gestor de pessoas, levando em consideração as diferenças entre os indivíduos. A entrada do curso de programação na grade escolar certamente acelerará este processo.

E, inevitavelmente, mudará a forma como encaramos as impressoras 3D. Sua função atual está restrita a instituições, à grande escala de dinheiro. Mas em alguns anos isso pode começar a mudar – e quando isso começar a acontecer, pode ficar tranquilo que o impacto que a internet teve sobre a vida de todos será menor que o impacto que veremos no futuro.

Um papo com Slavoj Žižek

Bati um papo com o filósofo Slavoj Žižek quando ele esteve aqui no mês passado numa conversa que entrou na edição atual da Galileu. O Eugênio me acompanhou fazendo as fotos e os vídeos logo abaixo do texto da entrevista.

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Nós somos nossa tecnologia
Polêmico filósofo esloveno fala de nossa relação com as máquinas

Mal sou apresentado ao filósofo Slavoj Žižek no lobby do hotel na Alameda Santos, em São Paulo, em que ele se hospedou quando esteve no Brasil no mês passado, e ele aponta para a lata de refrigerante que está tomando: “Você sabe por que a Coca-Cola lançou a Coca-Cola Zero? Porque a Coca-Cola Light era associada ao público feminino, por ser ‘light’. Ao criar a versão Zero, neutra, conseguiram recuperar o público masculino”. E é nesse ritmo — uma enxurrada de ideias, pontos de vista, metáforas e hipóteses — que o pensador e provocador enfileira referências eruditas e pop, cultas e populares, para retratar o mundo ao seu redor. Sua recente visita ao Brasil aconteceu em decorrência do seminário Marx: A Criação Destruidora, realizado pelo Sesc e pela editora Boitempo (que está lançando Menos que nada: Hegel e a sombra do materialismo dialético, do próprio esloveno no país). Aproveitei para conversar com ele sobre um dos assuntos que mais o interessam, que é o papel da filosofia em relação aos desenvolvimentos tecnológicos atuais. Em uma hora de papo ele falou sobre isso, sobre livre sexo, religião, singularidade, gnose e tecnologia — a maior parte dessa entrevista você assiste no vídeo que fizemos para o site GALILEU. Por aqui, ele fala sobre a nossa relação com a tecnologia.

Você acha que podemos ser otimistas em relação ao futuro, devido ao avanço da ciência e da tecnologia no século passado?
A princípio, sim. Mas é bom não esquecermos de que a lacuna entre os mais pobres e os mais ricos é muito maior. Os ricos, verdadeiramente ricos, vivem num mundo bem diferente, mesmo no que diz respeito à ciência. Essas pessoas estão se prevenindo contra possíveis doenças, talvez até modificando seus cérebros para ficarem mais inteligentes. Pode ser que em breve as diferenças de classe se tornem diferenças na espécie. Mas concordo que há o velho pessimismo humanista europeu que prega a catástrofe, diz que a humanidade está em seus últimos dias e que estamos nos tornando máquinas que só se interessam pelo prazer.

Mas esta crítica tem a ver com o deslumbre atual pelo universo digital, que vem tomando conta das pessoas como se fosse um vício.
Não acho que isso seja um problema, pois a natureza humana tem uma habilidade incrível de incorporar e padronizar o que, a princípio, a chocava. Quem escreveu primeiro sobre isso foi Henri Bergson, que, ao se referir à Primeira Guerra Mundial, dizia que, antes da guerra, todos diziam: ‘Estamos vivendo 50 anos de paz na Europa, uma guerra nunca poderá acontecer de novo’. Mas então a guerra explodiu e dentro de uma ou duas semanas de choque, todo mundo a tomou como um fato.

Você não acha que há um tabu em relação à adaptação às novas tecnologias?
Sim, isso pode ser traumático. Por exemplo, pessoas com problemas renais precisam fazer diálises constantemente. Alguns pacientes me disseram que por mais que pensamos que somos autônomos e só precisamos de nossos corpos, eles dependem de uma máquina que está fora do seu corpo. Se o vínculo com a máquina é rompido, é a morte. E numa metáfora patética, será que a nossa linguagem, nosso sistema simbólico, não funciona da mesma forma? É o que diz, por exemplo, o estudioso da cognição cerebral Daniel Dennett, que fala que do mesmo jeito que um animal sem os pelos não é um animal — um coelho depilado é antinatural —, o mesmo vale para o ser humano — não em relação a nossas roupas, mas às nossas máquinas. Elas são partes da nossa identidade. Se você desconectar o ser humano de suas máquinas, você tem um animal mutilado.

Somos a nossa tecnologia.
Com certeza! E as tecnologias modernas só nos tornam mais conscientes disso.

Assim pode ser que a internet, por exemplo, seja uma manifestação física de nosso inconsciente coletivo?
Sim, isto está acontecendo, mas é algo que só faz sentido quando contraposto às nossas mentes individuais. Não compro essa história de “mente coletiva”. Se você matar as pessoas que operam as máquinas, elas não vão ficar felizes trabalhando sozinhas. São apenas máquinas burras funcionando. Máquinas inteligentes só trabalham de forma inteligente em contato com a inteligência humana. Não falo isso como um humanista, mas apenas consciente da subjetividade humana.

Os vídeos com a íntegra da entrevista seguem abaixo:

 

Bom saber #004: A era da filantropia digital

Na minha coluna no site da Galileu essa semana falo sobre como ações coletivas e processamento de dados podem melhorar o planeta.

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Amanda Palmer fala sobre “A arte de pedir” no vídeo ao final deste texto

A era da filantropia digital
Ações coletivas e uso inteligente de dados podem mudar o mundo em pouco tempo

Dois assuntos aos poucos se impõem como os grandes temas desta nova década: a ação coletiva e a utilização inteligente dos dados que temos sobre tudo. E os dois, juntos, podem mudar completamente as coisas em pouquíssimo tempo.

O primeiro parece uma reação natural da era eletrônica ao mercado de massas, criado pela era anterior e ainda vigente, a industrial. Este período histórico, iniciado com a revolução industrial há dois séculos e meio, foi um gatilho tecnológico que permitiu uma série de melhorias na vida cotidiana das pessoas, aos poucos tirou-as dos campos e transformou as cidades em palcos mundiais enquanto conectava, pela primeira vez, todo o planeta. Foi a época que inaugurou o conceito de conforto, consagrou os papéis de patrão e empregado e permitiu a explosão populacional que vimos nos últimos cem anos. A partir do surgimento da linguagem eletrônica, que tem pouco mais de 50 anos, estes conceitos começaram a ser desafiados pois a industrialização acaba tratando todos como números. A idade eletrônica, cuja influência só começou a ser sentida de fato em nossas rotina neste novo século, inverte essa lógica e possibilidade as potencialidades do indivíduo – inclusive como parte de um coletivo. É o que norteia a tal ação coletiva que faz iniciativas como crowdfunding, crowdsourcing e as redes sociais digitais serem tão populares atualmente.

O outro grande tema encontrou um rótulo no início do século quando foi decidido que o volume de dados disponíveis atualmente podem ser tratados pelo nome de Big Data – que, em muitos casos, reúne um número impossível de ser processado em aparelhos ou programas de porte médio, exigindo computadores mais poderosos. Big Data, na verdade, é fruto do excesso de informações gerado por qualquer ato ou movimento, seja pessoal ou de massa. Há desde gente colecionando dados médicos sobre si mesmos para antecipar problemas futuros com mais agilidade há empresas públicas inteiras tendo que abrir seus balancetes para justificar gastos e investimentos, além da obsessão humana em quantificar e mensurar diferentes tipos de atividade. Assim, há um volume de informações disponível que nunca vimos em toda a história – tema recorrente na coluna do redator chefe de GALILEU, Tiago Mali. A questão agora é o que fazer com esses dados. Mas no cenário atual, temos uma abundância de informação que pode nos ajudar a calcular melhor o que podemos – e queremos – fazer.

Há vários pontos em comum entre estes dois conceitos, mas queria chamar atenção de um deles: o fato de que, para funcionar, eles partem do pressuposto que as pessoas abram mão de algo para conseguir o que querem. No caso do crowdfunding, se abre mão de dinheiro, claro, mas no caso do crowdsourcing, das redes sociais e da disponibilização de dados, o que é oferecido não é mensurável. Estou falando de conhecimento, de disposição para ajudar e para trabalhar, de técnica e expertise, além dos próprios dados. Não quero fechar os olhos para áreas delicadas que são afetadas diretamente por essas mudanças, como a noção moderna de privacidade ou a transparência econômica e política. Mas o fato é que estas duas tendências desta segunda década do século 21 – ação coletiva e Big Data – serão ainda mais eficazes se as pessoas se dispuserem a participar.

Caso isso aconteça, podemos estar no início de uma era em que as pessoas possam começar a ajudar umas às outras sem ficar pensando em recompensas financeiras. E não estou falando em caridade (embora esta também seja importante), e sim de uma certa filantropia digital. E para começar a conseguir que isso ocorra também é importante saber o que é que precisa ser feito – e saber que isso pode começar com cada um de nós. Basta saber o que – e como – pedir.

Por isso encerro a coluna de hoje com o TED que a cantora Amanda Palmer apresentou este ano sobre “A arte de pedir”, abaixo:

Para quem não entende textos em inglês, segue abaixo a transcrição da participação de Amanda no TED em português, feita no próprio site do evento, abaixo:

 

Bom saber #003: O fim da leucemia à vista

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Na minha coluna no site da Galileu essa semana é sobre o tratamento contra a leucemia que, a partir do HIV, consegue exterminar as células cancerígenas do organismo.

Leucemia com os dias contados
Um estudo publicado na semana passada abre novas perspectivas para o tratamento deste tipo de câncer

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A pequena Emily, que se submeteu ao novo tratamento

Tratamentos que retardam o efeito devastador do câncer – ou que em alguns casos chegam a eliminá-lo por vez – aos poucos vêm mudando o peso que a doença tem sobre as pessoas. Até o fim do século passado, o simples diagnóstico da doença era o equivalente a uma sentença de morte. Mas na semana passada tivemos mais uma boa notícia nesta área.

Na quarta da semana passada, dia 20, o doutor Renier J. Brentjens e sua equipe no Memorial Sloan-Kettering Cancer Center, em Nova York, publicaram um estudo sobre um tratamento que vêm testando em pacientes com leucemia linfocítica aguda, uma das mais graves variações da doença, que abre novas perspectivas para os pacientes que sofrem deste mal.

O tratamento apresentado usou o vírus HIV como aliado e já havia sido testado por outras equipes médicas. O caso mais notório foi a revolução no estado de Emily Whitehead, menina norte-americana de 7 anos, que foi diagnosticada aos cinco anos com uma das piores variações da leucemia, que costuma ser avassaladora em adultos, mas que também não poupa crianças. A pequena Emily passou por tratamentos quimioterápicos que quase a mataram no início do ano passado, até que seus pais Tom e Kari resolveram apostar em um procedimento experimental que estava sendo desenvolvido no The Children’s Hospital of Philadelphia.

Como ela, doze pacientes que se submeteram ao novo tratamento tiveram seu quadro piorado em pouco tempo após a aplicação da nova prática, mas foi só a primeira mudança em seu quadro médico. Logo em seguida, todos começaram a se recuperar e a maioria teve suas células cancerígenas eliminadas do organismo. Apenas uma outra criança e quatro adultos não tiveram seus quadros completamente revertidos, enquanto em dois outros adultos (a doença é mais agravante quanto mais velho for o paciente), o tratamento não surtiu efeito. Mas, como Emily, cinco outros pacientes não apresentaram mais sintoma da doença desde que o novo processo foi iniciado, em abril do ano passado.

No tratamento, o vírus HIV foi modificado para reprogramar o sistema imunológico, de forma que este possa detectar células cancerígenas e eliminá-las. Ainda em fase experimental, a nova solução custa 200 mil dólares para os que se dispõe a experimentá-la e ainda não pode ser considerado eficaz. “Nosso objetivo é a cura, mas ainda não podemos dizer esta palavra”, declarou, com cautela, o doutor Carl June ao jornal The New York Times no final do ano passado, quando puderam comemorar o estágio atual da criança, que tornou-se símbolo deste novo tratamento. Jung coordena as pesquisas na Universidade da Pensilvânia e liderou o tratamento no caso do grupo de pacientes em que a criança esteve incluída.

Embora ainda seja um dos principais desafios da medicina moderna, os avanços contra este tipo de doença vêm melhorando consideravelmente – e a publicação do estudo realizada na semana passada pode ser o primeiro passo rumo à cura da leucemia. E, quem sabe, do câncer.

Galileu – Abril de 2013

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A edição deste mês da revista Galileu traz na capa uma matéria do repórter Rafael Tonon sobre como o que chamamos de livre-arbítrio talvez possa não existir, hipótese cogitada por três livros que estudam o comportamento biológico do cérebro humano. Há também o dossiê sobre o futuro da indústria do tabaco, uma matéria sobre como o TED conseguiu espalhar-se pelo mundo usando o formato TEDx, outra sobre o sucesso do grupo Porta dos Fundos na internet, a entrevista que fiz com o filósofo Slavoj Žižek em sua passagem pelo Brasil, um infográfico que disseca o trabalho escravo no Brasil e uma matéria sobre porque escovar os dentes faz bem para todo o corpo, não só para a boca. Abaixo, a Carta ao Leitor que escrevi na edição deste mês.

Coincidências

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REVISTA EM MÃOS: Žižek folheia a edição do mês passado após entrevista realizada pelo diretor de redação Alexandre Matias

Uma das melhores coisas de se trabalhar numa publicação como a GALILEU é constatar a amplitude dos temas abordados. À medida que vamos pensando em diferentes pautas e matérias — seja na versão impressa ou no site —, nos damos conta de que qualquer tema pode ser abordado por nós, desde que dentro da ótica da ciência e do conhecimento, nossas principais bandeiras. E, justamente por isso, é curioso perceber como, mesmo falando de temas tão amplos e distantes entre si, alguns assuntos acabam se interconectando.

A edição deste mês reuniu uma série destas coincidências. Fui entrevistar o filósofo esloveno Slavoj Žižek, que veio a São Paulo participar de um seminário sobre marxismo, mas queria ouvi-lo falar sobre ciência e tecnologia, e, sem que eu perguntasse nada que pudesse remetê-lo ao tema, em pouco tempo ele começou a falar sobre a conexão entre homens e máquinas e como ela acaba questionando nossa noção de livre-arbítrio, colocando em xeque até mesmo a possibilidade de não ser o nosso consciente quem decide as escolhas que fazemos em nosso dia a dia. Justamente o tema da capa desta edição.

A matéria, escrita pelo colaborador Rafael Tonon, foi conduzida por Priscilla Santos, uma das editoras da revista, que também tomou conta de outra grande matéria desta edição, a tradução que fizemos da reportagem que a revista norte–americana Wired fez sobre o sucesso dos chamados TEDx. Essas conferências-satélite são filhotes do evento-mãe TED (acrônimo para Tecnologia Entretenimento e Design), que acontece há décadas nos EUA, mas que desde 2006 começou a se espalhar: primeiro via web, com íntegras de suas curtas palestras em vídeo, e depois para o mundo offline, por meio dessas franquias que se espalharam por todo o planeta — inclusive por aqui. E aí outra coincidência da edição: o marido de Priscilla, Helder Araújo, não só assiste há seis anos as conferências originais nos EUA como também ajudou a organizar o primeiro TEDx no Brasil, em São Paulo, além do TEDx na Amazônia. Assim, foi inevitável o chamarmos para dar um depoimento que daria um sabor pessoal e brasileiro à matéria estrangeira.

Aproveito a deixa da colaboração do casal na revista para parabenizá-los em público por outra colaboração dos dois, já que em breve serão pais. Congratulações a eles.

Esta edição também é a última que conta com a participação do editor Diogo Sponchiato, que deixou o Jaguaré rumo aos velhos “novos desafios”. Boa sorte, Diogo!

Por aqui, seguimos mudando. Sempre, afinal, as novidades não param. Vamos lá!

matias-por-luis-douradoAlexandre Matias
Diretor de Redação
matias@edglobo.com.br

Bom saber #002: “Essa juventude está muito mudada”

Minha coluna de hoje no site da Galileu é sobre a geração de adolescentes do século 21.

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“Essa juventude está muito mudada”.
Uma nova geração de cientistas adolescentes pode mudar nossa concepção desta fase da vida

Até o século passado, a adolescência não existia. Se a infância foi uma invenção da Inglaterra Vitoriana, a puberdade só passou a ser vista como uma fase anterior à adulta na mesma medida em que o século vinte caminhava, culminando em sua segunda metade, quando os jovens se assumiram protagonistas das revoluções culturais dos anos 60. Foi o suficiente para que fossem estabelecidos uma série de dogmas sobre esta fase da vida que perduram até hoje – quase todos contrapondo pais e filhos.

Afinal, os instintos da puberdade pareciam ativar uma camada de rebeldia e confronto que fez algumas gerações de pais perguntarem-se, em desespero, sobre os rumos que sua prole teria com tal comportamento inusitado. O desespero paterno levou a uma espécie de ceticismo geral que conforma-se com o fato de todo adolescente fazer as coisas sem pensar, sem questionar, pelo puro prazer de fazer. E cada nova geração passa por um momento de frustração ao perceber que a geração adolescente de seu tempo está pior que a anterior.

Claro que é uma questão de perspectiva. Mas uma nova geração, amamentada pelo fácil acesso ao conhecimento graças à onipresença da internet aos poucos reverte essa premissa. São jovens que dedicaram seu tempo livre não ao ócio e à autoindulgência (nada contra), mas à pesquisa e à tentativa de melhorar o mundo. Uns mais ambiciosos que os outros, eles criam novas soluções e põem em prática ideias que, em outros tempos, passariam à distância de seu horizonte.

A edição de 2013 do TED, realizada no início deste mês em Long Beach, na Califórnia, resolveu jogar um holofote nesta geração. A conferência anual sobre novas ideias acontece há décadas mas tornou-se popular desde que suas palestras começaram a aparecer na internet, há pouco mais de cinco anos, e em outras cidades e países, graças à lógica de franquia que foi aplicada a eventos filhotes do original, os chamados TEDx. Na revista Galileu que chega às bancas no fim deste mês de março, falamos mais sobre esta iniciativa. E como tema de sua edição mais recente foi O Jovem, O Sábio, O Desconhecido.

Assim, três palestras específicas cativaram o público global do evento. Aos 18 anos, o norte-americano Taylor Wilson falou sobre como projetou um reator nuclear na garagem de sua casa, quatro anos antes, após perceber que um dos principais problemas do mundo é a produção de energia. Ele já havia participado da edição de 2012 contando sobre seu trunfo anterior, veja abaixo:

Na edição deste ano, Taylor – que já foi chamado de “o Bill Gates da energia” pela revista Forbes – falou sobre um novo projeto, os Reatores Modulares de Fissão Nuclear. São pequenos a ponto de serem transportados para gerar energia para fábricas, prédios de escritórios e lares, com a garantia de uma energia de melhor qualidade. Projetados para serem descartados após 30 anos de uso (sem intoxicar o meio ambiente), eles também foram desenhados para evitar desastres externos, tomando o acidente na usina japonesa de Fukushima, que aconteceu devido a um tsunami em março de 2011, como exemplo. Eles devem começar a ser produzidos e comercializados em cinco anos.

Outro palestrante adolescente desta edição foi de Jack Andraka, que no ano passado ganhou um prêmio da Intel por ter inventado um método de diagnosticar o câncer de pâncreas que era muito mais rápido, barato, sensível e eficaz que o método anterior – com apenas 15 anos. Ao perder um amigo devido à doença, ele começou a pesquisar sobre o assunto no início de sua adolescência, aprendendo tudo que podia. Descobriu, entre outras coisas, que o método de diagnóstico para aquele tipo de câncer tinha sido inventado há 60 anos – “era mais velho que meu pai”, como explicou na palestra. Após ter ganho espaço para trabalhar no laboratório da universidade Johns Hopkins, ele conseguiu criar seu próprio diagnóstico sendo inspirado pelo “lugar mais improvável para a inovação: a aula de biologia do segundo grau”. O projeto de Andraka ganhou o Intel International Science and Engeneering Fair do ano passado e hoje ele quer avançar rumo ao diagnóstico de outros tipos de câncer, problemas no coração e HIV.

O terceiro adolescente a falar no TED deste ano foi o queniano Richard Turere, de 12 anos, que, inconformado com o fato de leões devorarem o gado de sua família, no Parque Nacional do Quênia, onde vive, bolou uma alternativa para afugentá-los. Primeiro usou fogo, mas este facilitava a caça noturna dos grandes felinos. Depois tentou um espantalho, “mas leões são espertos”, disse. Finalmente, ao perceber que os bichos se afastavam quando viam luzes em movimento, inventou um painel de LED que espantava os leões à noite. Desde então, não aconteceram mais ataques. “Há um ano eu era um garoto que vivia na savana. Via aviões no alto e sonhava que um dia entraria num deles. E pude entrar num avião pela primeira vez ao vir para o TED”, contou em sua palestra.

Não são casos isolados. Aqui mesmo, no site da Galileu, volta e meia noticiamos casos de adolescentes versáteis que bolam novas soluções para velhos problemas. E nem isso é propriamente uma novidade. A novidade é que agora é mais fácil ter acesso ao conhecimento e a mostrar o que foi realizado para o resto do mundo. E uma nova geração pode mostrar toda sua capacidade – ou o início de seu interesse – em áreas da ciência e da tecnologia que décadas atrás seriam restritas aos adultos.

Bom Saber #001: Melhorando sempre

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Nesta quarta-feira estreei minha coluna semana no site da Galileu. Minha estréia, na verdade, é a inauguração da nova seção de colunistas do site, em que todo mundo da redação ganhou coluna para escrever sobre o que mais lhe interessava. A minha coluna, chamada de Bom Saber, procura uma abordagem otimista em relação às novidades da ciência e da tecnologia e os benefícios que estas trazem para o nosso dia a dia – além de funcionar como uma continuação da minha Carta ao Leitor que vem no início de cada nova edição impressa. Explico melhor abaixo:

Melhorando sempre
As novas colunas GALILEU e um novo otimismo científico

A estreia de novas colunas no site GALILEU talvez seja a primeira grande mudança na minha gestão como diretor de redação desta publicação. Quem acompanha o site e a revista já deve ter percebido as mudanças em andamento, principalmente no que diz respeito à integração e ao aprofundamento do conteúdo em ambas as plataformas, bem como a exposição da marca por outras mídias, para além da internet e do papel. Só neste ano já firmamos parcerias com a Campus Party e com o Fronteiras do Pensamento, além de lançarmos nosso boletim semanal na rádio CBN (todo domingo, às 13h30, dentro do Revista CBN), uma newsletter com as principais novidades do site e uma mudança na abordagem na forma como utilizamos as redes sociais.

Mas o lançamento de seis novas colunas e do blog da editoria de arte é uma ação que mexe internamente com a equipe, pois valoriza as qualidades dos profissionais que fazem GALILEU ser o que é: a publicação mais inteligente do Brasil. Também mostram o quão ampla é sua área de atuação. Grande parte dos diversos assuntos abordados não está automaticamente associada ao que se imagina quando falamos em uma revista de ciência. Talvez porque GALILEU há muito não só é uma revista de ciência — nem acadêmica demais a ponto de deixar leitores leigos fora da discussão, nem superficial demais a ponto de tratar seus leitores como meros curiosos.

Editorialmente, o que nos acostumamos a chamar de ciência também pode ser chamado de conhecimento. E a partir deste março de 2013 começamos a nos dedicar a áreas que fogem dos dois estereótipos acima. Nossa abordagem sobre a ciência diz respeito à vida de cada um de nós. O conhecimento não é uma enciclopédia só consultada em encruzilhadas intelectuais ou uma coleção de causos de almanaque exibidos apenas como cultura inútil.

Para nós, conhecimento e ciência são ferramentas que ajudam a viver melhor. Basta ver os temas escolhidos por cada profissional do título. O redator-chefe Tiago Mali, o capitão da revista impressa e responsável pela seção Numeralha desde a edição de fevereiro, passa a dedicar-se a um de seus temas favoritos – a relação entre dados e fatos, e a importância da transparência ao lidar com ambos. Essencialmente, o tema de Tiago é puro jornalismo, mas aplicado ao século digital, quando surge esta nova subdivisão chamada jornalismo de dados, em que o operário da notícia passa a navegar por planilhas e bancos de dados para descobrir manchetes que ninguém leu e levantar informações que poucos conhecem. Em sua coluna semanal (publicada todos os sábados), Tiago vai falar de temas que importam a todos, mas sempre partindo de um ponto de vista nem sempre fácil de lidar, pois requer paciência e dedicação. E mais do que atuar como um jornalista de dados, ele também cobrirá as transformações nesta área no Brasil e no mundo.

A editora Priscilla Santos tinha um blog sobre como viver bem na cidade grande antes de trabalhar em GALILEU, daí ter se apropriado de seções como Startup e Urbanidade, que edita mensalmente na revista. Pois em sua coluna semanal (publicada todas as quintas-feiras), ela volta a falar do tema sustentabilidade, sempre do ponto de vista do cidadão comum — pessoas que começam a pensar em soluções para os cada vez maiores problemas da cidade moderna.

O editor Tarso Araújo já tem um livro publicado (Almanaque das Drogas, 2012) sobre o tema de sua coluna, mas pedi para que não ficasse numa abordagem tão específica e sugeri ampliá-la para incluir o principal campo de atuação das drogas — lícitas ou não —, o cérebro. E assim, passa a abordar, como ele mesmo diz, “os truques e armadilhas” do órgão que controla nossa individualidade. Sua coluna é atualizada todas as sextas-feiras.

A editora do site GALILEU Débora Nogueira escreve sobre tecnologia e o impacto das novidades digitais em nosso dia-a-dia, sempre observando como um novo serviço ou um novo aparelho podem afetar — e até mesmo mudar completamente — nossos hábitos e comportamentos. Ela escreve todas as terças-feiras. Luciana Galastri, repórter do site, também fala sobre o mundo digital, mas seu foco está na cultura da internet, aquela que mistura ícones, inventa virais e faz todo mundo falar sobre um determinado assunto por horas ou semanas — sua coluna é atualizada toda segunda-feira.

Além destas cinco colunas, ainda há a estreia do blog Dpto de Arte, sob a responsabilidade da editoria de arte GALILEU, comandada pelo diretor de arte da revista, Fabio Dias, que, ao lado da editora Ana Paula Megda e dos designers André Moscatelli e Gabriela Oliveira, mostrarão as referências de design que os ajudam a tornar a revista mais inteligente do Brasil uma das mais bonitas e agradáveis de se ler.

Eu fecho o time de novos colunistas com uma coluna dedicada a mostrar como ciência e tecnologia vêm melhorando — e muito — nossas vidas. A cultura da virada do século 20 para o 21 parece ter nos acostumado a ter uma visão pessimista sobre o futuro — fatores como superpopulação, crise econômica, aquecimento global e estatísticas alarmistas nos induzem a pensar que o mundo está às vésperas de um colapso. Mas não é o que se vê ao observar o contexto. Cada vez menos gente morre pelos motivos que morriam nos séculos anteriores, cada vez mais gente tem melhores condições de vida e perspectivas de melhoria estão por toda a parte. Há um otimismo que falta ser disseminado, muito por conta das melhorias que vieram com a evolução da ciência e da tecnologia — e este será o assunto da minha coluna, que também funcionará como uma extensão digital da minha Carta ao Leitor, que abre todas as edições da versão impressa do título.

Como disse no início, é um passo importante para a GALILEU 2013. As mudanças continuarão, as novidades seguirão aparecendo — mas saber quem são as pessoas que fazem GALILEU é uma parte crucial desta nova etapa.

Mais uma vez na Campus Party

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Acompanho e participo da Campus Party desde a primeira edição, quando aconteceu no Ibirapuera, e para a edição deste ano estarei em diferentes atividades no evento, que desde o ano passado acontece no Anhembi. Hoje, no Palco Guttenberg, às 15h45 apresento a primeira mesa da Galileu na Campus Party, o debate E-books à Brasileira, que fala do mercado editorial no Brasil às vésperas da popularização do formato digital. A discussão será mediada por um dos editores da revista, Diogo Sponchiato, que escreveu matéria sobre este assunto na edição de janeiro, e ainda conta com a presença de Carlo Carrenho, do Publishnews; Sergio Herz, CEO da Livraria Cultura; Karine Pansa, presidente da Câmara Brasileira do Livro e Roberto Bahiense, diretor da Biblioteca on-line Nuvem de Livros. Às 17h participo do debate A Comunidade Conectada, que conta com a presenta de Dinho França, fundador da agência Dharma; Carol Romano, do AsBoasNovas, Rodrigo Masuda, da rede itsNOON e Patricia Santin, da Fundação Telefonica Vivo. Na sexta, às 11h, Palco Gutenberg, medio a discussão Jornalismo Reloaded, sobre como a mídia tradicional está se adaptando às novas tecnologias, que acontece entre Adriana Garcia Martinez criadora do serviço online da Reuters no Brasil; Gustavo Faleiros, do InfoAmazônia; Gilberto Dimenstein, do CatracaLivre; Beth Saad, da ECA-USP; e Leandro Machado, da Folha de S.Paulo. Na mesma sexta, também no Palco Gutenberg, a mesa Isso é Bizarro, sobre o interesse de leitores online por este tipo de tema, conta com a participação da repórter da Galileu Luciana Galastri, que toca o blog Buzz; da Carol Castro, do Ciência Maluca, da Superinteressante e de Juliana Emy Yokomizo, do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas. A outra mesa proposta pela Galileu acontece no sábado, às 14h30, no Palco Gutenberg, e discute a Contracultura digital no trânsito, sobre como a tecnologia pode nos ajudar a nos locomover pela cidade de maneira mais eficiente, sustentável e menos estressante. A mesa tem mediação da editora da revista Priscilla Santos, e conta com a participação de Paulo Hilário Nascimento Saldiva, do Laboratório de Poluição da USP; Arthur Costa Lima; sócio da Jurema, empresa de pesquisa e desenvolvimento de produtos baseados na internet; Marcelo Romera Dell Osso, gerente de comunidade do aplicativo Waze, e Marcio Henrique Nigro, do site Caronetas. A agenda completa da Campus Party tá aqui.

Galileu – Fevereiro de 2013

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Eis a segunda edição da Galileu comigo no comando. A matéria de capa, pauta sobre medicina integrativa conduzida pelo editor Diogo Sponchiato já vem causando polêmica da parte daqueles que sempre trataram terapias alternativas como acupuntura, fitoterapia, homeopatia e musicoterapia como charlatanismo, cobrando rigor científico – e é justamente este o assunto da capa, como a medicina vem reconhecendo este tipo de tratamento através de comprovações científicas. Além da capa, a edição de fevereiro ainda traz reportagens sobre o mistério da ressaca, a falta de criatividade em Hollywood, o primeiro livro de Julian Assange, a solução dos telhados verdes para as grandes cidades, um zoológico de clones de animais extintos no Brasil, um cemitério de aviões, o RPG de South Park, a morte de Aaron Swartz, pessoas que monitoram o próprio corpo para detectar doenças, como o sedentarismo é pior que o cigarro, hotéis feito para hospedar astrônomos amadores, uma bicicleta elétrica que pode tirar os carroceiros do trânsito, como as palavras podem provocar dores físicas, o mapa da corrupção no mundo, um biólogo de games, a primeira impressora 3D comercial do Brasil, dicas para economizar na conta de luz e uma entrevista que fiz com Cory Doctorow. E além da pauta, essa edição marca também um início de mudança no site do título, que ganha um reajuste de layout, como sua presença para além das bancas de revista e da internet – e a equipe Galileu estará não só cobrindo mas também participando de cinco mesas durante a Campus Party, que começa essa semana. Falo mais disso no meu editorial desta edição, reproduzido abaixo.

Mudando devagar

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À medida em que vamos fechando as páginas de GALILEU, este quadro, no meio da redação, vai sendo atualizado

Ainda não me acostumei com o ritmo de publicação de uma revista. Vim de jornal, onde o pique é acelerado e a pressa é companheira do fechamento, por isso sempre pergunto a alguém da redação se um determinado assunto cabe ou não na edição, se vale a pena cortarmos uma matéria que já está pronta e na página para a substituirmos por outra sobre algum assunto que acabou de acontecer. Conto sempre com a opinião do redator-chefe Tiago Mali para saber se vale investir nessa ou naquela pauta que acabaram de pintar.

Quase sempre repasso essas pautas para a Débora Nogueira, editora do site Galileu. A Paula Perim, diretora do núcleo que abrange GALILEU, fala que este jet lag entre os fusos horários dos fechamentos de jornal para a revista normalmente se estabiliza após três meses de casa. Tomara. Mas quando ficamos sabendo do suicídio de uma das mentes mais brilhantes do universo digital, Aaron Swartz, a pressa do jornalismo diário falou mais alto e invadiu o fechamento mensal, dedicando duas páginas da edição para celebrarmos sua importância.

Essas mudanças estão aos poucos entrando no dia a dia da redação. Nesta edição, dá para perceber outros pequenos detalhes que fizemos no percurso do fechamento. São mudanças discretas, mas que aos poucos mostram que 2013 será um ano bem agitado para o título.

Para começar, ao virar a página, você perceberá que a seção Online, antes dedicada às novidades do site da revista, mudou de nome. Agora ela chama-se Ecossistema Galileu, pois tratará da revista para além de sua edição impressa.

É claro que também estamos falando do site — mas não só. A nova seção mostra, por exemplo, que o título estará presente na próxima Campus Party, que acontece em São Paulo a partir do dia 28 de janeiro até o dia 3 de fevereiro, no Anhembi. Além de cobrirmos o evento, Galileu também estará presente com dois debates propostos pela revista: um sobre a influência do mundo digital no trânsito, idealizado e mediado pela editora Priscilla Santos, e outro sobre o mercado editorial brasileiro na época do e-book, que fica sob a batuta do editor Diogo Sponchiato. Nas próximas edições, você verá que a marca irá aparecer em outros lugares — e nossa equipe estará cada vez mais presente.

Outra mudança também anunciada nesta nova seção é a nova cara do site Galileu, que entra no ar a partir de fevereiro. É só a primeira das novidades que apresentaremos na área digital. Nos próximos meses, traremos ainda mais.

O ano de 2013 está só começando — e Galileu vai longe. É só acompanhar. Vamos lá!

matias-por-luis-douradoAlexandre Matias
Diretor de Redação
matias@edglobo.com.br

Galileu – Janeiro de 2013

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A primeira edição da Galileu sob a minha direção chegou às bancas um pouco antes do natal e, além da matéria de capa, que é um dossiê sobre maconha, saúde e legislação (escrito por um dos editores da revista, Tarso Araújo, autor do livro Almanaque das Drogas), a edição ainda traz matérias sobre o cérebro e o sexto sentido, a relação entre exercício físico e inteligência, as vacinas do futuro, livros inspirados em músicas, a chegada dos e-books ao Brasil, métodos de concepção humana que dispensam o sexo, os principais destinos turísticos do mundo, a primavera árabe e a falta de sexo, escritórios que não parecem trabalho, games indie, o novo Tarantino, RPG e o Facebook, obesogênese, um bilhão de “Gangnam Style”, uma casa com 92 centímetros de largura, os inimigos da eficiência e a disparidade entre a sociedade digital e as instituições analógicas que a gerem. Compra que eu garanto, custa só dez pilas. A capa acima você pode curtir lá no Facebook e abaixo reproduzo a primeira Carta ao Leitor que assino na revista.

2013 vai ser ‘o’ ano

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A vista do meu novo escritório: o heliporto, a ponte do Jaguaré e o Parque Villa Lobos, eis meu horizonte do desafio dos próximos anos

Não esperava pelo convite, mas quando veio, demorei para acreditar. Depois de quase seis anos editando o caderno de tecnologia e cultura digital do jornal O Estado de S. Paulo, o Link, começou a me bater uma certa inquietação. Nunca havia passado tanto tempo num mesmo emprego e temia me entediar com um dos meus assuntos favoritos, que é o universo digital. Mas quando me convidaram para ser o novo diretor de redação da GALILEU, essas preocupações sumiram. Afinal, tomar conta de uma grife cuja bandeira é a expansão do conhecimento, ao mesmo tempo que me permitia continuar olhando para as novidades eletrônicas, ampliaria ainda mais a minha área de atuação.

Aceito o convite, veio o fim do ano e um curto período de readaptação. Saí da marginal Tietê para a marginal Pinheiros, da Ponte do Limão para a Ponte do Jaguaré, de um caderno semanal em um jornal para uma revista mensal. Mas mais do que me adaptar a prazos e lugares, tinha que entender melhor a publicação e, principalmente, as pessoas que a fazem.

Aí entra a segunda parte do desafio, que, felizmente, foi bem mais fácil do que imaginava. A GALILEU é uma das melhores revistas do Brasil, seja em profundidade de conteúdo, amplitude de abordagens e concepção visual. E ela é assim por ser fruto de uma equipe curiosa e atenta, ávida por novidades e disposta a dissecar assuntos que não são tão fáceis de entender, como ficam parecendo depois que chegam às páginas da revista.

Como é o caso do tema desta primeira capa de 2013. Não é a velha pauta que pergunta se maconha faz mal — disso já sabemos. Maconha volta à capa da revista pois dois estados norte-americanos e o Uruguai resolveram legalizar todas as etapas relacionadas à cadeia de produção da droga, do plantio ao comércio, numa tentativa de enfraquecer o narcotráfico e, consequentemente, o crime organizado. O autor da matéria, o editor Tarso Araujo, aos poucos se firma como uma autoridade no assunto — é dele, por exemplo, a autoria do livro Almanaque das Drogas, lançado no ano passado. Aprofundar-se num tema que deve ecoar muito no ano que começa não foi propriamente uma dificuldade para o jornalista. As outras matérias da edição também seguiram esse tom e, durante 2013, vamos conhecer melhor os talentos desta equipe.

Termino minha primeira carta agradecendo à minha chefe direta, Paula Perim, por me servir como bússola na editora, e ao meu copiloto na revista, Tiago Mali, pelas boas-vindas na última carta ao leitor de 2012 e por me ajudar a entender a lógica por trás da GALILEU. 2013 promete!
Vamos lá!

matias-por-luis-douradoAlexandre Matias
Diretor de Redação
matias@edglobo.com.br