John Lennon e Paul McCartney em 1960

Ainda tou digerindo isso, é muito pra cabeça do cidadão: que tal essas gravações caseiras de John e Paul em 1960, sem bateria, com o baixo ocasional de Stuart Sutcliffe nas únicas gravações que se tem notícia do sujeito? Ainda não consegui assimilar, mas esse presentaço que o Marcelo arrumou nos 46 do segundo tempo deste ano (todos os MP3 aqui) já se firma como um dos grandes momentos de 2010. Que ano!


John Lennon + Paul McCartney – “One After 909

Gente!

Desligue o volume e coloque uma música melhor de fundo… e play.

TV Ana Freitas

Olhômetro girl leaves the building: e agora?


Ana e eu

Ana Freitas é um caso clássico de amizade virtual: você começa a visitar alguém online em seu canal favorito (antigamente era só o site ou o blog, hoje tem o Flickr, o Fffound, o canal do YouTube, o Fotolog, o FEICE, o Twitter e a lista só aumenta) e aos poucos vai se afeiçoando ao jeito da pessoa, independentemente de gostar dela ou não. E o canal vai se tornando, aos poucos, um conhecido, o que me lembra aquela situação sempre citada da velhinha que dava “boa noite” pro Cid Moreira. Sim, um dos motivos que fez a televisão se tornar tão popular nas últimas décadas era que ela preenchia emocionalmente um vácuo espiritual – o dos amigos. O sujeito chega em casa e não tem ninguém – liga a TV e está numa mesa discutindo futebol, num filme policial ou no meio de uma novela mexicana. Com a internet, é como se as pessoas virassem canais de TV – com o agravante de que a maioria destes não são feitos por equipes pagas para pensar em entretenimento para os outros e sim por uma pessoa desaguando sua personalidade online.

E eu sempre vi a Ana como um programa de TV a cabo que comentava a TV aberta. Mais do que isso: um programa sobre o mundo a cabo que comentava o mundo aberto. Ela fazia a ponte entre estes dois universo – o cool e descolado mundo digital de grandes novidades da moda da semana e o apaixonado e intenso universo da vida real do povo brasileiro. Reddit e Rede TV!, Foursquare e A Praça é Nossa, probloggers e vendedores no trem, Analytics e Ibope. O fato de ela andar de skate e morar em Santo André diz muito sobre esta personalidade.

Mas, em pouco o tempo, a conheci no escritório que trabalho. Foi quando veio o momento mágico da revolução eletrônica, quando você conhece a pessoa que está do outro lado da tela. E lá estava Ana, com seu sorriso de criança, seus olhos de moleque que fez merda e tá torcendo pra que você não perceba, cabelo chanelzinho, bermuda jeans, tênis All-Star, falando com as mãos e erguendo as sobrancelhas quando quer sinalizar alguma travessura ou boa idéia, que quase sempre vêm juntas, em seu caso. Mas uma coisa eu já conhecia e mesmo sem ouvi-la falar: era exatamente a mesma voz que eu li em seu blog, com as mesmas frases extensas, gírias paulistanas e comparações inacreditáveis.

Ela trabalhava em outro departamento, como estagiária, e eu tinha uma vaga de estágio sobrando na minha equipe. Seu contrato terminaria no meio do ano passado e ela, com sua estrela natural, já tinha agilizado três ou quatro opções para trabalhar longe do Limão – uma delas, viajando pelo Brasil. Quando eu e Helô chegamos nela dispostos a transformá-la em integrante da equipe do Link, ela balançou. Queria conhecer o mundo, ir pra fora de São Paulo, ver o que tinha para além do horizonte e estava programando o fim de seu estágio como início desta oportunidade. Não foi preciso muito para convencê-la ficar (trabalhar no Link é altos, geral sabe) e, em menos de seis meses, estávamos contratando-a como repórter. É uma sensação boa, efetivar estagiário como profissional. Mas no caso da Ana foi especial porque era mérito dela por ter investido na própria carreira no mesmo lugar em que estava, só que com outras pessoas.

Mas o bicho da viagem quando belisca, não para – e pelo meio do primeiro semestre deste ano, Ana começou a se mostrar inquieta, às vezes distraída. Primeiro abriu pra Helô e logo depois veio me contar: queria sim viajar pelo mundo. Adorava o trabalho, mas tinha que sair. Não só a gente como quase todos que a conhecem endossaram: vai nessa. Velho clichê: “Você é jovem, tem a vida toda pela frente, depois vai se arrepender de não ter ido”. E como clichês não viram clichês por conta própria, ela os ouviu várias vezes até decidir-se. E ela começa 2011 indo para fora do Brasil.

E volta a ser aquele canal de TV pessoal que eu acompanhava antes, com o agravante que agora eu conheço sua autora-produtora e sei que seu potencial de genialidade não fica só dos dedos pra tela – Ana é quase uma força da natureza em miniatura – você olha para ela e não dá muita coisa, mas ela tem uma energia natural tão intensa que contagia qualquer ambiente. E sem pressionar. Ela torna tudo mais familiar, mais caseiro, menos épico, menos hiperbólico, mais pé no chão. Lembra que, mais do que uma grande jornalista em formação, ela é uma pessoa prontinha pra vida. Ela é fodaça e um amor ao mesmo tempo – quantas pessoas você conhece que são as duas coisas?

Na festa de fim de ano do Link, falamos que 2010 foi o ano Ana. De certa forma foi mesmo, pois tivemos o prazer de sua companhia diária. Mas não. 2011 é o ano Ana.

Vai lá, menina. Quebra tudo, mostra pra eles. Eu fico aqui do outro lado, te lendo e sabendo que, a cada frase espertinha e citação improvável, tem um riso de moleca, uma gargalhada gostosa, gírias idosas e um olhar confiante que me põe a gente no mesmo nível – aquele de gente que gosta do que faz.

Sigo aqui lhe assistindo. E, como você mesma disse, também tenho certeza que vamos trabalhar juntos de novo.

Grafitti sem parar

É o velho clichê: as idéias mais fodas são também as mais simples. Neste site, os caras ensinam a fazer esse looptagger.

Tumblr do dia: Exaltatumblr

Que parada gênio esse Exaltatumblr. Quem me indicou foi a Rebeca.

“You gotta hold on to what you got”

Aí o cara flagra o maluco no telão, que se empolga no Bon Jovi e atiça a torcida no ginásio.

Vale ver em melhor definição.

Vi lá no Papel de Homem, de onde também pinço um comentário bem apropriado:

Reparem no gordão de azul que empurra e faz cara feia desprezando o Jeremy, mesmo com todos os outros batendo palma. Ele é a perfeita metáfora social da rejeição. Gordões de azul como esse infestam nossos pesadelos imaginários.

Em não sou desses que têm pesadelos (inda mais imaginários), mas sei bem quem são esses gordões de azul…

Cargobaiques

Ah, Copenhagen, que cidade foda…

Ajuda muito o fato da cidade ser toda plana. Mas, ah que cidade foda…

Jetman

Rá! O cara até loopa!

As pessoas mais legais do mundo

Dica do Tiago Lyra.

Bill Hicks: “O mundo é como um parque de diversões”

A última faixa deste Yoshimi Hip Hop, no entanto, não usa rappers como vocalista – e sim o comediante Bill Hicks. Uma pequena aulinha de vidafodona, olha só:

“The world is like a ride at an amusement park. And when you choose to go on it, you think that it’s real because that’s how powerful our minds are. And the ride goes up and down and round and round. It has thrills and chills, and it’s very brightly coloured, and it’s very loud and it’s fun, for a while. Some people have been on the ride for a long time, and they begin to question – is this real, or is this just a ride? And other people have remembered, and they come back to us. They say ‘Hey! Don’t worry, don’t be afraid, ever, because, this is just a ride.’ And we…kill those people. Ha ha ha. ‘Shut him up! We have a lot invested in this ride. SHUT HIM UP! Look at my furrows of worry. Look at my big bank account and family. This just has to be real.’ It’s just a ride. But we always kill those good guys who try and tell us that, you ever notice that? And let the demons run amok. But it doesn’t matter because: it’s just a ride. And we can change it anytime we want. It’s only a choice. No effort, no work, no job, no savings, and money. A choice, right now, between fear and love. The eyes of fear want you to put bigger locks on your doors, buy guns, close yourselves off. The eyes of love, instead, see all of us as one. Here’s what you can do to change the world, right now, to a better ride. Take all that money that we spend on weapons and defence each year, and instead spend it feeding, clothing and educating the poor of the world, which it would many times over, not one human being excluded, and we could explore space, together, both inner and outer, for ever, in peace.”

Se alguém se dispuser a traduzir, por favor, o faça – que eu publico aqui.

O João traduziu, se liga:

“O mundo é como um passeio em um parque de diversões. E quando você escolhe entrar nele, você pensa que ele é real porque nossa mente é poderosa. E no passeio você vai para cima e para baixo e dá voltas. Ele tem emoções e calmarias, e é muito brilhante e colorido, e é muito barulhento e é divertido, por um tempo. Algumas pessoas estão no passeio por muito tempo, e elas começam a questionar – isso é real ou é só um passeio? E outras pessoas lembram, e elas voltam para a gente. Elas dizem “Ei! Não se preocupe, não fique com medo, nunca, porque é só um passeio”. E a gente… mata essas pessoas. Ha ha ha. “Calem a boca dele! Nós temos muito investido nesse passeio. CALEM A BOCA DELE! Olhe para minhas rugas de preocupação. Olhe para minha rica conta bancária e minha família. Isso tem que ser real.” É só um passeio. Mas nós sempre matamos esses caras bons que tentam e nos dizem isso, você já percebeu isso? E deixamos os demonios enlouquecer. Mas isso
não importa porque é só um passeio. E podemos mudar a hora que quisermos. É só uma escolha. Nenhum esforço, nenhum trabalho, nenhum emprego, nenhuma economia, e dinheiro. Uma escolha, agora, entre medo e amor. Os olhos do medo querem que você coloque fechaduras maiores nas suas portas, compre armas, se tranque. Os olhos do amor, por outro lado, veêm todos nós como um. Eis o que vocês podem fazer para mudar o mundo, agora, para um passeio melhor. Pegue todo o dinheiro que gastamos em armas e defesa todo ano e ao invés disso invista em alimentação, roupas e educação para os pobres em todo o mundo de forma que nenhum ser humano seja excluido e nós poderemos explorar o espaço, juntos, tanto por dentro quanto por fora, para sempre, em paz.”

Valeu, bicho!


The Kleptones – “Last Words (A Tribute)