Teenage Fanclub, por Fabio Bianchini

Quem quiser descrever os anos 90 vai ser obrigado a mencionar a ironia. Não aquela ironia fina e inteligente que apreciamos, mas a nefasta, de liquidação, acessível a qualquer pobre de espírito armado de sorriso desdenhoso e má fé. Dizer uma coisa dizendo que quer dizer outra e falar sem qualquer compromisso com o que se disse. Aí falar em sentimentos passou a ser brega, defender convicções políticas passou a ser panfletário e retrógrado, acreditar em amizade passou a ser babaca, pedir decência passou a ser patrulha e respeitar o próximo passou a ser coisa de otário. “Romântico”, vejam só, passou a ser pejorativo.

Assim Mumu começava o texto sobre os primeiros shows de sua banda contemporânea favorita, o Teenage Fanclub, que assistiu, há dez anos, em Londres. O texto saiu em uma das últimas encarnações da Bizz (na fase editada pelo Tomate) e ele aproveitou a década de distância dos shows originais para ressuscitá-lo. Emboa hora, ainda mais que estão cogitando a vinda dos TFC mais uma vez ao Brasil. Dedos cruzados!

Risada do Mutley

Pode ser útil.

Finde Floripa

Ótimo saldo da passagem por Floripa, sempre um prazer, resumida na coleção de fotos que as meninas do Donde Estás Corazón?, donas da festa, reuniram no (ótimo) blog, e na reportagem que a Rosielle, da revista Naipe, fez do papo da tarde de sábado. Um trecho:

Às 18h30, o bate-papo sobre os novos caminhos da música digital parecia show de stand up comedy. Sabe-se lá como, os convidados Alexandre Matias, Emerson Gasperin, Fábio Bianchini e Marcos Espíndola conseguiram misturar no mesmo debate temas como profissionalização musical, indústria da música, redes sociais, discos de ouro, funcionalismo público, movimento pós-punk, teoria da cauda longa e Dinho Ouro Preto. Esse último, concluiu-se, adotara o estilo grunge quando o grunge sequer existia e, portanto, merece passar a ser chamado “Dinho, o visionário sem talento”.

Vale ler toda matéria. E valeu Floripa!

Partiu Floripa?

Passo o finde em Florianópolis, onde tenho duas atividades agendadas para este sábado. De tarde, participo do Florianópolis Music Trends, falando sobre o ponto de encontro entre as principais tendências de cultura pop e digital atual (indo do micro ao macro, do global ao local), papo que é seguido de um debate com os chapas Fabio Bianchini, Marcos Espíndola e Emerson Gasperin (tudo em casa…). De noite, discoteco no Jivago onde já me apresentei com a Gente Bonita – mas o vôo dessa vez é solo, quando toco na festa Convida, ao lado de uma trupe de bambas locais. O domingo tá livre, mas pelo que diz a previsão do tempo, não tenho dúvida: praia. Depois eu conto como foi…

10 anos do melhor show da minha vida

Mumu lembra que hoje faz uma década que Neil Young deu o único ar de sua graça elétrica em solo brasileiro, num texto altamente pessoal:

Lembro de chegar na Cidade do Rock quando tocavam os Engenheiros. Pensei: “quero ver o Neil Young da grade, vou já pra briga”. Felizmente a Liana tava comigo e disse “nah, vamos depois, vai ser tranquilo”. Quase sempre ela tá certa, então concordei. Ela tava certa. Era o menor público de todo o festival, umas 150 mil pessoas no total. Tocou o Dave Matthews e, quando terminou a Sheryl Crow, era hora da aproximação. A Liana quase sempre tá certa, mas eu não podia esperar que fosse tanto. À medida que todo mundo ia embora depois da Sheryl, comecei a ficar puto e gritar “porra, vocês estão malucos, é o Neil Young que vai tocar agora”.

E ele ainda teve a manha de ressuscitar um texto que o Tomate já havia reativado em 2008, além de achar a resenha para o show que eu mandei no dia seguinte ao show (cá o republico em um minuto), pois meus últimos dias como editor do Caderno C do Correio Popular de Campinas foram dedicados a uma semana dedicadas ao terceiro Rock in Rio, há dez anos. Depois disso, tirei férias e comecei a trabalhar em São Paulo. Nunca nem tinha parado para relacionar uma coisa com a outra, mas…

Aquele Rock in Rio foi loucaço (esse próximo não me convence, mas estou ficando velho), mas os minutos na frente do Crazy Horse se alongam até hoje perenes, sóbrios, sem idade. Ecoa até hoje na cabeça, entre os fisgões que os anzóis de seus solos de guitarra engancham na memória sonora, o mantra do velho Young sobre a vida (“It’s all one song!”) que me persegue diariamente como uma versão sangüínea da noção de Robert Anton Wilson de que não somos substantivos e sim verbos – e nos flexionamos com o tempo. O transe a que Young submeteu seu público fez levitar. Não é à toa que carrego o ingresso desse show (um cartão magnético de cor marrom anos-70) em meu patuá.

E aí vasculho meus arquivos e descubro que a capa da edição reunia os dois últimos dias do festival, o dia do péssimo show do Red Hot (cujo maior destaque, se não me engano, foi o Deftones, pra você ter uma idéia) e o penúltimo, quando Sheryl Crow abriu pro Neil Young. Enquanto a página dois foi inteira dedicada ao mestre (sob o título que eu mesmo dei, quando enviei o texto do Rio – “O tempo não existe”), a capa sugere outra onda, com o título que brinca com o jingle do festival e parece me apontar um rumo: “A vida começa agora”. Como se os anos em Campinas tivessem sido os de ensaio.

Mas acho que é inevitável voltar ao passado e revê-lo como rascunho, não?

Isso me lembra que estou há quase dez anos em São Paulo. Caceta.

Nesta sexta, em Florianópolis…

Depois de meses contando os dias pro verão chegar, Mutlei e sua gangue o recepcionam nesta sexta-feira. Ele até xavecou pra rolar discotecagem GB, mas o trabalho falou mais alto e tive que pular. Mas uma Gente Bonita em Floripa janeiro 2011 não ia ser nada mal, já tou agitando com o Tomate

Rocker

Mumu contou que o Ulisses abriu um set dele em Floripa com essa pérola aí de cima – embore ele nem tivesse a listado em seu set. Sinistro.

Top 75 – 2 de agosto de 2010

E a capa do Top 75 da semana é do Mumu, que diz-se “inspirado no episódio da Turma do Didi” deste domingo. Vai entender.

  1. Soko – “I’ll Never Love You More
  2. Lulina – “Argumentos
  3. John Cale – “Fear is the Man’s Best Friend
  4. Nick Cave & the Bad Seeds – “Mersey Seat”
  5. The Bird and The Bee – “I Can’t Go For That (No Can Do)
  6. Supercordas – “Índico de Estrelas
  7. Arnaldo Baptista – “Eu Não Estou Nem Aí
  8. Lissie – “Pursuit of Happiness
  9. Tame Impala – “Remember Me
  10. Tulipa Ruiz – “Efêmera
  11. Xx – “Shelter (DJ Cremoso Remix)
  12. Mombojó – “Papapa
  13. Apples in Stereo – “Dance Floor
  14. Julian Casablancas – “I’ll Try Anything
  15. Lily Allen – “Everybody’s Changing
  16. Lobsterdust – “Say It Ain’t Flow
  17. Of Montreal – “Sex Karma
  18. Pavement – “Shady Lane
  19. Céu – “Visgo da Jaca
  20. Autotune the News – “Double Rainbow
  21. Jamie Lidell – “The Ring
  22. Darwin Deez – “Up in the Clouds
  23. Music Go Music – “Warm in the Shadows
  24. Tulipa Ruiz – “Brocal Dourado
  25. Lady Gaga – “Paparazzi (Samba Rock remix)
  26. Breakbot + Irfane – “Baby I’m Yours
  27. Mayer Hawthorne – “Your Easy Lovin’ Ain’t Pleasin’ Nothin’
  28. Miike Snow – “Billie Holiday
  29. Cut Copy – “It’s Working
  30. Scissor Sisters – “Invisible Light
  31. Franz Ferdinand + Marion Cotillard – “The Eyes of Mars
  32. Phoenix – “If I Ever Feel Better
  33. LCD Soundsystem – “You Wanted a Hit (Soulwax Remix)
  34. Kid Cudi – “Day’N’Night (Party Ben Remix)
  35. Dancing Pidgeons – “Ritalin
  36. N*E*R*D + Nelly Furtado – “Hot N Fun
  37. Bombay Bicycle Club – “Always Like This
  38. Wale – “Freaks (Bird Peterson Remix)
  39. Xx – “VCR (Matthew Dear Remix)
  40. Chromeo – “Don’t Turn the Lights On
  41. Two Door Cinema Club – “Something Good Can Work (Twelves Remix)
  42. Hot Chip – “Slush
  43. Chemical Brothers – “Another World
  44. Yeasayer – “O.N.E.
  45. Aloe Blacc – “I Need a Dollar (Pristine Blusters & DJ Mulher ‘Millionaire’ Remix)
  46. 80 Kidz + Lovefoxxx – “Spoiled Boy
  47. João Brasil – “One Poker Touch
  48. Miami Horror – “Sometimes (Bo$$ in Drama Remix)
  49. Time – “Get it Up
  50. Do Amor – “Chalé
  51. Superchunk – “In Between Days
  52. Beck – “Need You Tonight
  53. Paul McCartney- “Check My Machine
  54. Curtis Mayfield – “Move on Up
  55. Pacific! – “Hot Lips
  56. JJ – “I Know
  57. Jamaica – “Short and Entertaining
  58. Mayer Hawthorne – “Maybe So, Maybe No (Reggae Mix)
  59. Astrud Gilberto – “Beginnings
  60. Arnaldo Baptista – “Será Que Eu Vou Virar Bolor?
  61. Siba + Cidadão Instigado – “Deus é uma Viagem
  62. Cat Power – “Sea of Love
  63. Radiohead – “Gagging Order
  64. Anna Scouten – “Blood Bank
  65. Lou Barlow – “On Fire
  66. Jeff Mangum – “Oh Comely
  67. Paulo Moura + Wagner Tiso – “Doce de Coco
  68. Beck – “Beechwood Park
  69. Grizzly Bear – “A Boy From School
  70. National – “Bloodbuzz Ohio
  71. Céu + Herbie Hancock – “Tempo de Amor
  72. Wilco – “Via Chicago
  73. Beatles – “Helter Skelter
  74. Pink Floyd – “Interstellar Overdrive
  75. Grinderman – “Heathen Child

Mallu Magalhães de biquini

O Mutli foi entrevistar a moça na gravação do primeiro clipe do novo disco lá em Floripa, mas quem teve a manha de colocar a foto dela de biquini foi o Marquinhos.

Semana que vem eu falo direito do novo disco dela. Mas já dou uma dica: se até o Bruno gostou

O Dia dos Beatles

O Mutli aproveitou o dia de relançamento dos Beatles para retomar mais uma lista envolvendo os quatro. Entrei na onda e fiz a minha relação em cima das categorias que ele criou – ele até falou em criar mais categorias e tal, mas deu preguiça. Sacumé, tou de (micro)férias.

1. Melhor disco: Abbey Road
2. Melhor música: “A Day in the Life”
3. Melhor música John: “Strawberry Fields Forever”
4. Melhor música Paul: “Hey Jude”
5. Melhor música George: “Something”
6. Melhor música Ringo: “Don’t Pass Me By”
7. Melhor beatle: John
8. Melhor lado: O lado A do Help!
9. Melhor capa: Abbey Road
10. Melhor cover: “Rock’n’roll Music”
11. Melhor cover da Motown: “Please Mr. Postman”
12. Melhor cover deles por outros: “Happiness is a Warm Gun”, com as Breeders
13. Melhor cover deles pela Motown: “Come Together”, com a Diana Ross
14. Melhor capa: Álbum Branco
15. Melhor bateria: “A Day in the Life”
16. Melhor baixo: “Something”
17. Melhor guitarra: “The End”
18. Melhor vocal: “Oh! Darling”
19. Melhor cítara: “Within You Without You”
20. Melhor piano: “Sexy Sadie”
21. Melhor solo ao contrário: “I’m Only Sleeping”
22. Melhor sessão de fotos: Astrid Kirchherr, novembro de 1960
23. Melhor par de óculos: Ringo na contracapa do Revolver
24. Melhor show para programar a máquina do tempo: 31 de janeiro de 1969
25. Melhor frase de impacto: “I took LSD”, Paul McCartney, 1967
26. Melhor entrevista: The John Lennon Rolling Stone Interview
27. Melhor resposta capilar: “Seu cabelo precisa de algum cuidado especial?”, John: “Descuidado é o ponto central”
28. Melhor verso: “I’d love to turn you on”
29. Melhor disco solo: All Things Must Pass, do George
30. Melhor música solo: “Maybe I’m Amazed”, do Paul
31. Melhor momento escroto de Let It Be: George brigando com Paul
32. Melhor Ringuismo: “Are you a mod or a rocker?”, “I’m a mocker”.
33. Melhor visual: 1969
34. Melhor cena de filme: “Two of Us”, no Let it Be
35. Melhor filme: A Hard Day’s Night