Imagine que você está em Glasgow, na Escócia, curtindo o show foda de praxe do Yo La Tengo quando dois dos principais representantes da música local sobem ao palco para dividir uma música, transformando o trio em quinteto. Foi isso que aconteceu nesta terça-feira, quando, no meio do show que o grupo nova-iorquino fazia na casa de shows SWG3, os dois guitarristas fundadores do Teenage Fanclub, Norman Blake e Raymond McGinley se juntaram ao guitarrista Ira Kaplan, à baterista Georgia Hubley e ao baixista James McNew para tocar uma versão fabulosa da clássica “I Heard You Looking”, um dos momentos mais transcendentais do show do Yo La Tengo. Por sorte tínhamos uma heroína na plateia que registrou esse acontecimento, confira abaixo:
Finalmente vi Barbie, mas atropelo o comentário sobre o filme de Greta Gerwig para falar sobre o novo filme de Kleber Mendonça Filho, que Dodô usa como gancho para falar sobre museus e acervos – neste caso, pessoais. E em mais um DM emotivo, mergulhamos na coleção de lembranças que cada um de nós carrega e usa como autoficção para definir quem somos, cada um de nós. Isso é deixa para mergulharmos em amizades que nos deixaram, como a do meu querido irmão Fred Leal – que Dodô só conheceu pela internet, como pode? -, a trágica história de seu compadre de adolescência Elmer e, vamos festejar nossos amigos em vida, do grande Fabio Bianchini, o Mumu, uma das melhores pessoas que conhecemos (e olha que conhecemos muita gente boa).
Daqui um mês é carnaval e esse ano a gente já tem uma ideia do nível de acabação que vai ser. Mas resolvi dar início aos trabalhos mominos de maneira recatada, ecoando o carnaval do centro de Florianópolis, capital do estado mais reacionário do país mas que resiste na marra à tragédia pesada que se abate em nossos tempos. Eis que surge o herói indie Fabio Bianchini, o eterno superbug, com seu projeto pessoal Gambitos mais uma vez celebrando esses quatro (cinco? seis?) dias de farra na singela e ingênua marchinha “Hercílio Luz”, que será lançada só no fim do mês mas que ele antecipa em primeira mão no Trabalho Sujo. Ouça abaixo:
Foto: Mariana Garcia
O indie-mor Fabio Bianchini, guitarrista do clássico Superbug, recepciona esse não-Carnaval com a marchinha twee “Carnaval de Novo”, que ele lança com seu nome solo Gambitos em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. “‘Carnaval de Novo’, na real, é uma música de carnaval que não sabe o que vai ser do carnaval, né?”, ele me explica por email. “A gente tá botando ela na rua, é sexta de manhã e ninguém sabe ainda o que vai ser do sábado aqui em Florianópolis, imagino que em mais um monte de lugar também esteja assim.” Ouça abaixo.
Mais uma conversa boa sobre música, desta vez com meu velho compadre Fabio Bianchini, o Mutlei ou “Mumu” para os mais próximos. Conversamos sobre seus anos de formação e quase sempre resvalamos numa outra entrevista que faremos no futuro, já que Bianchini cobre música há décadas. E o papo inevitavelmente visita shows que assistimos juntos, suas duas estadas em São Paulo, como ele conheceu suas bandas favoritas – Cure, Echo & The Bunnymen, Beatles e Teenage Fanclub -, como o Dear Wareham lhe falou para ele ficar de olho numa banda nova chamada Strokes, entre outros causos que lembramos no caminho…
No nosso décimo programa, eu e Dodô finalmente começamos a conversar sobre o Juntatribo, embora sugerimos apenas o início de algo maior, e contamos com a participação do grande Fabio Bianchini numa edição do DM que retoma as raízes dos primeiros episódios: longos papos sem rumo que vão da eleição deste ano ao drama da passagem de som, passando por Ernesto Lecuona, 1984, a volta da inflação, mulheres negras, o palco que caiu, a demo do Astromato, o pato da Fiesp na testa, o gorro dos Beastie Boys, a árvore do Fabio Leopoldino, o prenúncio da geração digital e até Engenheiros do Hawaii.
O Gambitos de Fabio Bianchini lembra a data do vexame da seleção brasileira de 2014 ao lançar o clipe de um single que traduz o espírito dos dias de hoje, “Uma Palavra em 7a1emão”, nesta quarta-feira, 8 de julho. “Não tem como dar tudo certo; tudo errado também não vai dar; tentar um média decente é a história de qualquer lugar”, ele sussurra sobre uma base indie-pop com guitarra praiana, lembrando que desde então “todo dia é um 7 a 1”.
O clipe ainda tem uma versão instrumental, pra você cantar com os amigos.
“Uma Palavra em 7a1emão” faz parte do EP Ilha de Pathos pt. 2 que ele lançou no final de abril pelo Midsummer Madness.
Mais uma pérola desenterrada pelo Mutlei: a íntegra do show do Teenage Fanclub no festival de Reading em 1992, aquele que, por algum motivo estranho e aleatório, passou na Bandeirantes naquele mesmo ano, causando comoção em quem acompanhava as notícias de música no conta-gotas da imprensa imprensa (lembre-se que não havia a internet como a conhecemos hoje naquele momnento). Showzão.
“So Far Gone”
“Mr. Tambourine Man”
“What You Do to Me”
“Star Sign”
“God Knows It’s True”
“Take the Skinheads Bowling”
“The Concept”
“Everything Flows”
“Satan”
Imagine você ligar o rádio e ouvir “As Rosas Não Falam” mostrada em público pela primeira vez por seu próprio autor – foi isso que aconteceu em 1974, quando Agenor de Oliveira, o Cartola, comentou sobre o presente que fez de aniversário aniversário para si mesmo na rádio JB FM.
Dica preciosa do Mumu.
Não conhecia essa versão da balada psicodélica “Planet Caravan” do Black Sabbath que o Mercury Rev gravou numa Peel Session em 2001.
Dica do Mumu.