Só fui porque minha mulher havia comprado ingresso, mas lá pelo meio do show ela me olhou com uma cara de “vamos embora” que encontrou meu sorriso aliviado. Já tinha visto o Morrissey ao vivo no ano 2000 e não tinha achado nada demais – pelo contrário, a impressão que fiquei do show do ex-vocalista dos Smiths foi tão ruim que quando começou o auê sobre sua segunda vinda ao país, nem pensei em consultar o calendário para ver que dia o show cairia. Doze anos depois, restava-me exercitar expectativa – cogitei a possibilidade de curtir um show que, talvez por má vontade, cogitaria que fosse chato.
Mas há de ter muita boa vontade. O show foi tedioso e sem graça, a maior parte das músicas de sua carreira solo são chatíssimas e as músicas dos Smiths foram tocadas com preguiça. “There is a Light That Never Goes Out” – a deixa perfeita para ir embora (veja o vídeo abaixo) – parecia ser o momento “Yellow Submarine” do show de Ringo Starr no ano passado, caso Ringo tivesse algum remorso de um dia ter sido um beatle. Nem as brincadeiras com o público (“gracias?”, para com isso…) fizeram jus à reputação do ídolo dos anos 80. De que adianta alertar o público que o príncipe Harry está no Brasil querendo nosso dinheiro em um show em que os ingressos chegavam a 400 reais?
Além disso, o Espaço das Américas devia ser interditado para shows de médio porte para cima – aquele lugar insalubre só deveria funcionar para eventos de fim de ano de empresa ou festas de formatura. Pobre do público que vai assistir aos Los Hermanos ali.
Morrissey – “There Is A Light That Never Goes Out”
Fiz mais vídeos, se alguém tiver alguma curiosidade…