Entrevista

O futuro logo ali

logologo

Conversei com o casal Kelly e Zach Weinersmith, autores do livro Logo, logo – Dez novas tecnologias que vão melhorar e/ou arruinar tudo, que está sendo lançado no Brasil pela editora Intrínseca, sobre a noção atual de futuro, em um papo para o site da editora. Um trecho:

Qual é o papel da ficção científica na previsão do futuro?
Achamos que há uma espécie de ecossistema criado entre ciência e ficção científica, onde eles se afetam mutuamente o tempo todo. A ficção científica dá ideias para os cientistas e inspira jovens a seguirem carreira na ciência. E cientistas podem criar novas coisas que também inspiram a ficção científica. E o ciclo se repete. A ficção científica tem um papel especial ao prever os perigos e as preocupações éticas nos quais os cientistas talvez não estejam pensando.

Teorias terraplanistas, criacionismo e todo tipo de pseudociência são comuns atualmente nas mídias sociais: estamos vivendo numa época perigosa para a ciência. Como ela pode atravessar esta fase obscura que está encarando?
Difícil dizer. Uma coisa que pode ser importante, mas que há poucas pessoas estudando, é algo chamado de “a ciência da política científica”. Em resumo: temos muitos programas públicos e privados feitos para criar mais cientistas ou criar uma sociedade mais cientificamente alfabetizada. Mas nós não temos uma boa ciência que possa nos dizer o que funciona!

A íntegra da conversa pode ser lida no site da Instrínseca.

geoffemerick

Conversei com o engenheiro de som dos melhores discos dos Beatles, que vem ao Brasil para dar uma masterclass neste fim de semana, em Porto Alegre, para uma matéria para a revista Trip. Um trecho da conversa:

“Os Beatles não eram meus ídolos, porque eu vi eles acontecendo”, lembra-se. “Eles gravaram ‘Love Me Do’ dois dias depois que eu comecei a trabalhar em Abbey Road. Era só um trabalho, mas eu vi o crescimento deles como parte do meu trabalho. Nós não éramos conhecidos mas reconhecíamos uns aos outros no estúdio, sabe? Até que eu comecei a trabalhar com masterização e eu passei a trabalhar diretamente com eles a partir do álbum Revolver, de 1966. Eu assisti à carreira deles do começo até o final.”

Ele explica que, embora estivessem cansados de fazer shows, o que fez o grupo se dedicar principalmente aos discos foi seu senso de aventura, mais do que a estafa e a exaustão dos dias de turnê. “Quando gravamos o Revolver eles ainda estavam fazendo shows, mas eles não conseguiam reproduzir o que fazíamos no estúdio nos palcos. Eles até tentavam, mas era um desastre”, ri. “Quando começamos a gravar Sgt. Pepper’s, em 1967, John Lennon dizia que, agora que eles não iriam mais fazer shows, a gente não precisava se preocupar com a sonoridade ao vivo daquelas novas músicas — e isso deu um rumo completamente diferente para eles. E todos olharam pra mim e eu não tinha nenhum equipamento, não havia plugins, era só um gravador de dois canais e uma câmara de eco, sabe? O desafio era criar a partir daquilo, a partir do nada. Metaforicamente eu só tinha cola e fita adesiva, eram esses os recursos que eu tinha para criar o que eles queriam.”

Ele também conta de sua relação com seu chefe direto na época, o mítico produtor George Martin (1926-2016). “Muito se fala da relação dos Beatles com George Martin como se ele fosse o diretor da escola — e de fato ele era. No começo, eles ficavam nervosos quando ele vinha falar com eles. Aos poucos, isso foi diminuindo, mas a gente se entendeu a partir disso e muito rápido, principalmente por termos o mesmo tipo de senso de humor. Então desenvolvemos uma cumplicidade que bastava olhar no olho um do outro para saber o que estava certo ou errado, trocávamos olhares e sorrisos mais do que palavras. Líamos a mente um do outro e muita gente comentava sobre isso durante as sessões de gravação: ‘Você e o George não se falam durante as gravações?’ A gente não precisava, não tinha muita discussão.”

Geoff lembra da dinâmica dos Beatles em ação. “A parte mágica daquilo era que Lennon e McCartney eram opostos completos. Quando os dois começavam uma música, um deles escrevia algo num papel — uma estrofe, um refrão — e falava para o outro que não tinha uma ideia de como terminar aquela parte. Era essa combinação entre os dois que faziam as coisas acontecerem, além de George e Ringo trabalharem cada vez mais pesado para soarem melhor.”

Leia a íntegra lá na Trip.

Foto: Breno Galtier (Divulgação)

Foto: Breno Galtier (Divulgação)

Larissa tinha acabado de tocar com a banda Papisa na segunda edição de seu espetáculo Tempo Espaço Ritual no Centro da Terra quando fui cumprimentá-la ao lado do palco. Ela estava exausta e elétrica como sempre fica após os shows, mas seu olhar, em vez de eufórico, estava perdido no infinito. Não consegui segurar e perguntei o que ela tinha – e ela desabafou, lágrimas nos olhos: “A Ventre acabou!”.

Não é preciso nem conhecê-la direito para saber o impacto daquela notícia em sua vida – qualquer um que já tenha assistido a um show do trio formado por Larissa Conforto (bateria e voz), Hugo Noguchi (baixo e voz) e Gabriel Ventura (guitarra e voz) sabe que a intensidade emocional carregada sobre o grupo transpira por todos os poros, atingindo o público como uma tempestade de fortes sensações misturadas: tristeza e esperança, choro e euforia, pânico e êxtase. E se o trio tem sua dose equânime de talento e sensibilidade, a força-motriz deste temporal é Larissa, tanto ao esmurrar sua bateria quanto ao entregar-se nos vocais. E isso não é mérito apenas em sua banda – já a vi fazendo isso nos shows de Thiago Pethit em homenagem à Patti Smith, com o My Magical Glowing Lens e com a Papisa de Rita Oliva, como naquele fim de fevereiro em que a encontrei desolada. Fora seu papel como agente cultural – já trabalhou em gravadora, teve casa de shows e é uma das instrumentistas mais intensamente ativas na cena indie brasileira -, além de ser um amor de pessoa.

Foto: Breno Galtier (Divulgação)

Foto: Breno Galtier (Divulgação)

Era fevereiro deste ano e o Ventre ainda iria tocar no Lollapalooza naquela que seria sua grande apresentação às vésperas do segundo álbum. Mas no fundo o trio já sabia que teria que suspender as atividades desde o início do ano, antes de abrir para os shows do Toe em São Paulo e de participar do festival catarinense Psicodália, no carnaval. Encontrei com Larissa pouco tempo antes deste show no Lollapalooza e combinei de bater um papo com ela sobre o fim da banda – que depois o grupo passou a se referir como “pausa” – e o que ela deve fazer em breve. E aproveitei para conversar sobre a cena independente brasileira, arte e política. O papo, via Whatsapp, levou alguns dias entre março e abril, perto do lançamento da primeira parte do EP que encerra as atividades do grupo (Saudade (O Corte 切り)), por isso só agora consegui organizar os áudios e publicar toda nossa conversa.

Foto: Breno Galtier (Divulgação)

Foto: Breno Galtier (Divulgação)

Fale sobre o fim da Ventre.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-fale-sobre-o-fim-da-ventre

É o fim, é uma pausa ou está 100% em aberto?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-e-o-fim-e-uma-pausa-ou-esta-100-em-aberto

Como foi o último show da banda no Lollapalooza?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-como-o-ultimo-show-da-banda-no-lollapalooza

E vocês ainda lançam um EP antes de acabar de vez?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-e-voces-ainda-lancam-um-ep-antes-de-acabar-de-vez

Vocês vão fazer mais shows ou fazer um show de despedida?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-voces-vao-fazer-mais-shows-ou-fazer-um-show-de-despedida

O que mais você vai fazer agora que a Ventre acabou?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-o-que-mais-voce-vai-fazer-agora-que-a-ventre-acabou

Como você vê o mercado independente brasileiro de dez anos pra cá?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-como-voce-ve-o-mercado-independente-brasileiro-de-dez-anos-pra-ca

Você falou sobre festivais, mas queria que você falasse sobre o papel das casas de show.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-voce-falou-sobre-festivais-mas-e-as-casas-de-show

E como entra a comunicação e a divulgação nesta história?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-e-como-entra-a-comunicacao-e-a-divulgacao-nesta-historia

É nítida a evolução da cena independente brasileira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-e-nitida-a-evolucao-da-cena-independente-brasileira

Arte é resistência?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-arte-e-resistencia

Foto: Breno Galtier (Divulgação)

Foto: Breno Galtier (Divulgação)

Numa época política tão conturbada, por que a música brasileira não protesta?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/larissa-conforto-2018-numa-epoca-politica-tao-conturbada-por-que-a-musica-brasileira-nao-protesta

Foto: Rui Mendes

Foto: Rui Mendes

Maurício Pereira gentilmente disseca seu belo sétimo disco, Outono no Sudeste (que ele antecipou com a faixa “Quatro Dois Quatro” há uma semana), produzido por Gustavo Ruiz e lançado nessa sexta-feira, exclusivamente para o Trabalho Sujo. Fala Maurício!

Abaixo o novo disco do mestre, na íntegra.

balaclava-farah-dotta

Entrevistei Fernando Dotta e Rafael Farah para a revista Trip, fundadores da Balaclava Records, núcleo de produção indie que, com a nova edição de seu festival, dá passos firmes para se estabelecer como um dos principais players do mercado independente brasileiro. Um trecho da conversa com os dois:

O selo ainda contou com a sorte ao fechar a vinda de sua primeira turnê com um artista gringo poucos meses antes de seu disco projetá-lo para um público maior: “Foi um choque”, lembra Dotta. “Era uma aposta, a gente fechou o show dele um mês antes do lançamento do disco Salad Days e o disco tinha acabado de vazar na internet. No dia do show todas as pessoas estavam cantando todas as músicas no Sesc Belenzinho”. Farah completa ao lembrar de outro momento emblemático com o indie alto astral. “Um ano depois tínhamos a Audio lotada para ver o show dele e uma turnê que passava por sete cidades do Brasil — e isso só um ano depois do primeiro show. E o mais legal foi que o Mac era o único headliner gringo e o povo chegou cedo, pra ver as outras bandas brasileiras”.

A segunda vinda de DeMarco para o Brasil foi na segunda edição do Balaclava Fest, que o selo lançou em abril de 2015 no Centro Cultural São Paulo, ao trazer o fundador do Superchunk e dono da gravadora Merge para apresentar-se sozinho em São Paulo. Em novembro daquele ano, trouxeram Mac DeMarco acompanhado de artistas como Mahmed, Terno Rei, Séculos Apaixonados, Jovem Palerosi e Nuven. As outras edições do Balaclava Fest trouxeram o Swervedriver (no Cine Joia, em maio de 2016), Mild High Club (no Clash Club, em novembro daquele ano), Slowdive, Clearance e Widowspeak (no Cine Joia, em maio de 2017) e Washed Out e Homeshake (no Tropical Butantã, em novembro do ano passado), além de uma edição em Porto Alegre (com Yuck e Tops, em novembro de 2016). Todas as edições do Balaclava Fest contaram com pelo menos duas bandas brasileiras em cada show, e não apenas bandas que pertenciam ao selo. Além dos artistas do festival, também fizeram shows do Sebadoh e do Tycho, além de levar as bandas Câmera e Terno Rei para tocar no festival espanhol Primavera em 2015.

Mas eles sabem que não conseguiriam fazer o que fazem se não fossem os pioneiros do rock independente brasileiro, como o selo carioca Midsummer Madness, que citam como referência. “Um cara que nos ajudou muito foi o [produtor mineiro Marcos] Boffa, que nos ajudou muito e deu várias consultorias, e também o [produtor sergipano] Bruno Montalvão, que já tinha uma expertise de produção, a gente não sabia como começar uma planilha”, reconhecem. Mas mesmo estando numa fase relativamente estável, sabem que não é fácil. “É mais insistência. A gente sabe que não pode deixar a bola baixar, porque senão acaba”, resume Dotta.

A íntegra pode ser lida aqui.

meridienbrothers

O Brasil ainda tem um enorme débito com o resto da América Latina, para quem historicamente sempre deu as costas, mas a música parece estar disposta a reverter esse processo. Enquanto os hermanos da América espanhola bem conhecem os grandes nomes da nossa música – os históricos e os atuais -, aos poucos nomes manjados no resto do continente dão as caras por aqui graças a iniciativas heroicas de produtores, músicos e outros agentes deste novo mercado independente brasileiro. É o caso dos Meridian Brothers, um dos grandes nomes da música colombiana, que passeia pelo Brasil durante a semana, com passagens pelo Rio de Janeiro (onde tocam nesta quarta, na Audio Rebel), Goiânia (sexta no festival Bananada) e Brasília (domingo na Cervejaria Criolina). No meio do percurso, passam por São Paulo nesta quinta, quando tocam no lançamento da festa WahWah, que também é o nome de guerra da dupla de DJs Maurício Fleury (tecladista e guitarrista do Bixiga 70) e Giu Nunes, dedicada à expansão do conceito de psicodelia para além do padrão sessentista, “forma antropofágica e sincrônica, buscando a transcendência dos sentidos no som de sintetizadores, ecos de fita, instrumentos ancestrais e distorções de guitarra”, como explicam (mais informações aqui). Os dois conversaram com o guitarrista, produtor e compositor Eblis Álvarez dos Meridian Brothers, e mandam o papo direto aqui para o Trabalho Sujo e o show ainda contará com a participação da Ava Rocha.

O Meridian Brothers é um projeto que já tem seus vinte anos e passaram de um projeto solo e laboratório de sonoridades para uma banda. Quando começaram estes experimentos com a música latina?
Meridian Brothers é um grupo que começou como uma espécie de laboratório, um lugar de experimentação de diferentes ideias que eram alternativas para o momento nos anos 90 e que, aos poucos, foi virando uma banda com exatamente a mesma intenção: tocar ao vivo certas ideias que não tinham nada a ver com os formatos tradicionais do rock ou a música de canção. Depois, paulatinamente, fomos incluindo a música latina na ideia como resultado de uma investigação que havíamos começado a fazer em Bogotá, com muitos músicos indo a festivais, comprando discos de música tradicional. Eu fazia parte desse movimento e tive também essa mesma ideia dos músicos dessa época de começar a incluir música latina em formatos de rock experimental.

Quais são as suas maiores influências na música?
As influências são muitas. No entanto, para apontar, digamos que o que mais influencia os Meridian Brothers, mais que os artistas, são os formatos. Existem certos tipos de formato como a música eletrônica, o rock, certos gêneros que vão se transformando de disco para disco e de época em época que nos influenciaram, de formatos de música latina a formatos de rock experimental, experimentos com eletrônica, além da relação entre esses formatos e certos artistas importantes, mas que foram muitos. De qualquer forma, quanto a essa pergunta, sobre o que nos influencia, pode-se ver que também há um pensamento originário da música acadêmica ocidental, a música clássica, porque dentro de tantos anos de transformação sempre se volta às músicas populares e seu papel nos contextos sociais e no contexto fonográfico.

Há uma presença psicodélica muito forte na sonoridade de vocês e também a utilização de recursos eletrônicos. Como isso se mistura aos elementos latinos? Existe diferença entre o que fazem no estúdio e no palco?
Sim, temos muitos componentes eletrônicos que, imediatamente, podem bem remeter ou ir até a psicodelia. No entanto, são mais experimentos de programação, esquemas técnicos ou de ‘settings’ e portanto é um pouco casual que se chegue à psicodelia. Quanto à diferença entre o estúdio e ao vivo, sempre tive a ideia do estúdio como um espécie de espaço ideal com todas as possibilidades dentro dele e a ideia é fazer ao vivo o máximo possível parecido com o que se fez no estúdio.
Este esforço para fazer com o que ao vivo soe como em estúdio nos levou a muitas possibilidades e desenvolvimentos técnicos que não seriam possíveis se não houvesse esse rigor para fazer as coisas ao vivo parecidas com o que tivemos no estúdio, então desenvolvemos várias técnicas como as transformações da voz, novas coisas dramáticas, tocar com sequências que se combinam com a percussão… Todo esse tipo de coisa surgiu a partir de querer imitar tudo o que se faz em estúdio e quando você está em estúdio, não pensa em como vai ser ao vivo, a solução vem depois.

Vocês têm influência da Tropicália? O que conhecem e gostam da música brasileira atual?
Perfeitamente, somos muito influenciados pela Tropicália, pessoalmente penso que a Tropicália é uma das respostas mais perfeitas à combinação de rock global e músicas tradicionais e por isso realmente nos interessa muito esse movimento e o que ouvimos, ou o que eu, como compositor, ouvi foi todo o básico como Gilberto Gil, de Caetano Veloso, Novos Baianos, Gal Costa etc. E sobre o que eu gosto mais das coisas novas: eu sou muito fã da Ava Rocha, que vai participar do show com a gente, ultimamente tenho ouvido muito a cantora Soledad, que me parece ser de São Paulo (ela é do Ceará)… O Terno também me parece um grande grupo, gosto muito dos Boogarins, gosto muito da Tulipa também e por aí vai…

É fácil encontrar temas religiosos e ligados ao sofrimento em suas composições, existe uma relação entre esses temas e questões sócio-políticas? É possível traçar um paralelo entre Brasil e Colômbia nesse sentido?
Em nossa música criamos cenas fictícias e personagens às vezes esquisitos, às vezes bizarros, e sim, há um inconsciente político, um inconsciente também um pouco de sofrimento em parte porque as situações latinoamericanas atuais são bem difíceis em nosso país e então ficamos tocados pelas coisas que acontecem na Colômbia e isso termina se ligando a diferentes temas das canções. Quanto ao paralelo entre Brasil e Colômbia, digamos que em toda a América Latina estamos sofrendo uma entrada forte da exploração de recursos por parte de grandes grupos econômicos estrangeiros com a permissão de políticos de tendências de direita e o que fazem é privatizar várias entidades que antes eram do Estado, o que permite a entrada de monopólio, há crescimento da desigualdade social. Esse é o paralelo que encontro entre Brasil e Colômbia e que está acontecendo muito também no resto da América Latina.

O que podemos esperar desta primeira apresentação em São Paulo?
O que o público de São Paulo pode esperar é uma varredura por muitas das composições dos últimos quatro discos dos Meridian Brothers e que são bastante variados, com focos diferentes: o disco Desesperanza, de 2012, é um disco dedicado à salsa, Los Suicidas, de 2015, é um disco de órgão instrumental, Salvadora Robot, de 2014, é um disco com um escopo mais amplo, influenciado por músicas do caribe colombiano e, por último, ¿Donde Estás Maria?, de 2017, que é um disco muito inspirado nos formatos da Tropicália brasileira e de MPB, vamos tocar umas três canções deste último trabalho. Então, o que se pode esperar é um resumo de todas essas coisas que fizemos nos últimos anos, mostrar a nossa música no Brasil é uma honra para nós do Meridian Brothers.

guizado-centrodaterra

Maior satisfação em deixar o grande Guizado tomar conta das terças-feiras de maio, com a temporada O Multiverso em Colapso, feita durante a gravação de seu próximo disco, no Centro da Terra. O disco foi pré-produzido pelo grande Miranda e deverá ser gravado exatamente no meio do mês, quando a banda formada por Guizado (um time de peso que inclui nomes como os guitarristas Regis Damasceno e Allen Alencar, o baixista Meno Del Picchia no baixo, Zé Ruivo nos sintetizadores e Richard Ribeiro na bateria) recebe diferentes convidados para visitar os multiversos abertos pelo trompetista durante estas quatro terças: na primeira, dia 8, ele reúne Maurício Takara, Negro Leo e Kiko Dinucci; para a segunda, dia 15, ele chamou o rapper Edgar, de Guarulhos; na terceira terça é a vez de uma sessão descarrego com Junior Boca e Thiago França; para terminas na última terça do mês com as presenças de Ava Rocha, Sandra Coutinho das Mercenárias e as meninas do Ema Stoned (mais informações aqui). Conversei com o Guizado sobre este novo trabalho, com influência de free jazz, política e histórias em quadrinhos.

O que é o Multiverso em Colapso?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-o-que-e-o-multiverso-em-colapso

Como a temporada se relaciona com o seu próximo disco?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-como-a-temporada-se-relaciona-com-o-seu-proximo-disco

Fale sobre as noites. Como será a primeira terça-feira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-fale-sobre-as-noites-como-sera-a-primeira-terca-feira

Quem é o convidado da segunda terça?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-quem-e-o-convidado-da-segunda-terca

Quem fará as participações na terceira terça?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-quem-fara-as-participacoes-na-terceira-terca

Quem são as convidadas da última terça?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-quem-sao-as-convidadas-da-ultima-terca

Quem são os músicos que tocarão em todas as apresentações?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-quem-sao-os-musicos-que-tocarao-em-todas-as-apresentacoes

Em todas as noites vocês tocarão o mesmo repertório?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-em-todas-as-noites-voces-tocarao-o-mesmo-repertorio

Fale sobre o papel do Miranda na pré-produção deste disco?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/guizado-multiverso-em-colapso-fale-sobre-o-papel-do-miranda-na-pre-producao-deste-disco

Um dos grandes nomes da música popular contemporânea, o músico e compositor Edgard Scandurra é mais conhecido como a força cerebral e emotiva do Ira!, mas tem uma carreira solo paralela que ergue-se tão importante, embora não tão popular, quanto o trabalho de sua banda original. Um dos principais nomes da música paulistana desde os anos 80, Edgard Scandurra trilhou uma carreira solo ímpar, com projetos paralelos, tributos e discos solo que flertam com o rock clássico, o punk, a música eletrônica, o pós-punk, o noise e a canção francesa. Convidei-o para dissecar sua musicalidade solo na programação do Segundamente do mês de maio e ele dividiu suas quatro segundas em quatro shows diferentes: na primeira segunda, dia 7, ele recria seu primeiro disco solo, Amigos Invisíveis, de 1989; na segunda, dia 14, ele volta para o início dos anos 80, quando fez parte das bandas Mercenárias e Smack; na terceira segunda-feira, dia 21, ele visita suas canções de formação apenas no piano e guitarra (indo de Aphrodite’s Child a Eric Carmen) no espetáculo Lembranças Afetivas; e ele finalmente encerra seu mês no Centro da Terra mostrando sua faceta eletrônica ao tocar com os filhos no projeto Benzina aka Scandurra. Conversei com ele sobre estas quatro apresentações, que ele batizou de Operário do Rock (mais informações aqui).

Quando foi que você se viu como um operário do rock?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-quando-foi-que-voce-se-viu-como-um-operario-do-rock

Como Operário do Rock virou o o mote da temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-como-operario-do-rock-virou-o-o-mote-da-temporada

Fale sobre a primeira noite, Amigos Invisíveis.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-fale-sobre-a-primeira-noite-amigos-invisiveis

A segunda noite é Smack e Mercenárias.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-a-segunda-noite-e-smack-e-mercenarias

E a terceira noite? É a primeira vez que você usa esse formato?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-e-a-terceira-noite-e-a-primeira-vez-que-voce-usa-esse-formato

A última noite é do Benzina aka Scandurra. Como ele funcionará ao vivo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-a-ultima-noite-e-do-benzina-aka-scandurra-como-sera-ao-vivo

Quais projetos ficaram de fora dessa temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-quais-projetos-ficaram-de-fora-dessa-temporada

Você acredita que a temporada funcionará como uma terapia?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-voce-acredita-que-a-temporada-funcionara-como-uma-terapia

Foto: Rui Mendes

Foto: Rui Mendes

Prestes a lançar seu sétimo álbum nas vésperas de uma Copa do Mundo, Maurício Pereira não esconde sua paixão pelo futebol e dedica uma faixa inteira de seu Outono no Sudeste, que será lançado ainda este mês, ao belo jogo. “Eu adoro futebol”, me escreve o Pereirão. “Mas o futebol como ele é hoje, veloz, racional, às vezes me enche um pouco o saco. Não sou nostálgico, mas sinto falta de um pouco de fuleiragem, sonho, molecagem.”

“Então um dia – um pouco antes do famoso 7 a 1 – catei um groove do Tonho Penhasco e viajei em cima dele. Pensei no Tião, parceiro clássico do Rivelino no meio campo do Corinthians. Bola no chão, olhar no infinito, cadência, respiro. No arranjo, um toque precioso do Gustavo: a bateria do Biel (Basile) e o baixo do Henrique (Alves) é que iam conduzir o groove, deixando espaço vazio pra a conversa do piano do Pedro (Montagnana) com o violão do Tonho. Nos coros, novamente os Pereirinhas (os filhos de Maurício: Tim, Chico e Manuela) – e de quebra ainda matei a vontade de fazer uma locução de futebol nos moldes do mestre Fiori Gigliotti.”

Ele mostra a futebolística “Quatro Dois Quatro” em primeira mão no Trabalho Sujo – e a ação nas quatro linhas é só mais uma canção que usa o futebol como metáfora para a vida em versos como “buscar o espaço, se apresentar”, “levantar a cabeça e imaginar”, “sentir que tudo tem seu tempo”, “coração é o nosso escudo e um par de asas, o único peso que devemos carregar”, “beber com o inimigo”, “atirar todo o dinheiro pela janela e depois sair correndo atrás dele feito louco”, “perder o medo de perder”, “bola pra frente, sem nostalgia nenhuma”, entre outras pérolas líricas.

O disco foi produzido por Gustavo Ruiz – sugerido por seu filho Tim – e ainda conta com parcerias de Maurício com Skowa, Edson Natale, Lu Horta (a já lançada “Mulheres de Bengalas“) e Arthur de Faria. Eis a capa (da artista plástica Biba Rigo) e a ordem das músicas do novo disco:

outononosudeste

“A Mais (Rubião Blues)”
“Tudo Tinha Ruído”
“Cartas Pra Ti”
“Florida”
“Os Amigos ou O Coração é Um Órgão”
“Mulheres de Bengalas”
“Outono no Sudeste”
“Não Me Incommodity”
“Piquenique no Horto”
“Quatro Dois Quatro”
“Maldita Rodoviária”
“Uma Pedra”

Foto: Fátima Pombo

Foto: Fátima Pombo

Um dos nomes mais ativos da cena carioca, o baterista Marcelo Callado – integrante do grupo Do Amor e ex-baterista de Caetano Veloso – lançou seu segundo disco solo no fim do ano passado, coletando canções de diferentes épocas de sua carreira num ousado álbum duplo. Musical Porém, lançado fisicamente apenas em vinil (além de estar nas plataformas digitais), é uma viagem por diferentes gêneros musicais e formatos de composição em que o músico mostra toda sua amplitude musical. O disco começa a ser mostrado visualmente com o clipe de “Fica”, que ele mostra em primeira mão no Trabalho Sujo:

Aproveitei para bater um papo com o Marcelo sobre este novo disco e saber o que mais ele anda aprontando.

Como Musical Porém começou?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/marcelo-callado-como-musical-porem-comecou

O disco sempre foi pensado como tendo diferentes facetas musicais?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/marcelo-callado-o-disco-sempre-foi-pensado-como-tendo-diferentes-facetas-musicais

O fato do disco em vinil ser duplo divide o álbum em quatro capítulos específicos.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/marcelo-callado-o-fato-do-disco-em-vinil-ser-duplo-divide-o-album-em-quatro-capitulos-especificos

Como aconteceram as participações especiais?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/marcelo-callado-como-aconteceram-as-participacoes-especiais

Como você relaciona esse disco com seus trabalhos anteriores?
Marcelo Callado: Como você relaciona esse disco com seus trabalhos anteriores?

É um disco influenciado por outros discos?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/marcelo-callado-e-um-disco-influenciado-por-outros-discos

Por que lançar em vinil em vez de CD?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/marcelo-callado-por-que-lancar-em-vinil-em-vez-de-cd

Como é esse disco ao vivo? Quem mais toca contigo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/marcelo-callado-como-e-esse-disco-ao-vivo-quem-mais-toca-contigo

E o que mais você anda fazendo, além deste seu disco solo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/marcelo-callado-e-o-que-mais-voce-anda-fazendo-alem-deste-seu-disco-solo

Musical Porém: Faixa a faixa

Aproveitei a conversa com Callado para que ele dissecasse o disco faixa a faixa: