“Uma oração, uma reza” – assim BNegão resume sua homenagem a Dorival Caymmi, projeto que acalanta desde os anos 80 e só começou a tomar coragem de executar este ano, quando estreou o espetáculo no Sesc Pompeia em abril deste ano. O espetáculo Bernardo Santos canta as Canções Praieiras (e Outras Estórias do Mar), que ele realiza ao lado do violonista xará Bernardo Bosisio (que já tocou com Bebel Gilberto, Arthur Verocai, Ed Motta, Zeca Pagodinho e Virgínia Rodrigues) volta aos palcos paulistanos neste sábado, quando ele apresenta a celebração no Sesc Santo Amaro (mais informações aqui). Conversei com o Bernardo sobre este novo espetáculo e ele descolou um clipe exclusivo do primeiro show para o Trabalho Sujo.
Como foi sua aproximação com Dorival Caymmi? Fale sobre sua história com o compositor.
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Como você transformou esta adoração num show? Fale sobre o processo de criação disso.
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Como você criou os arranjos em cima dessa ideia?
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Fale sobre a sua relação específica com a Bahia.
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Conte sobre Bernardo Bosisio. Como o conheceu?
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Como foi sua preparação vocal para este show?
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O show foi pensado para fazer as pessoas descobrirem Caymmi?
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Como vê a evolução cena musical brasileira nestes anos?
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Como você tem visto a situação do país neste 2018?
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Esqueci de linkar aqui o post que fiz pro Instagram da revista Trip no meio do mês sobre o show que o grupo fez para lançar seu excelente Quebra-Cabeças no Sesc Pompeia – com direito a vídeo da faixa-título. Abaixo, a íntegra do texto que mandei pra revista.
Música de protesto instrumental
O Bixiga 70 lança seu quarto disco, pegando ainda mais pesado na veia política, mesmo sem vocais
A máquina de groove Bixiga 70, hidra paulistana de dez cabeças que conquistou o Brasil e o mundo, está prestes a lançar seu quarto álbum, Quebra-Cabeças, e começam a apresentá-lo a partir desta quinta-feira até sábado, com três shows no Sesc Pompeia. É o disco do grupo que mais demorou tempo para sair e o primeiro que leva um título – os anteriores foram batizados apenas com o nome da banda. Também muda a abordagem musical – é um disco mais
introspectivo e pesado que os discos anteriores.
“Reflete o momento: tem sido bem pesado viver no Brasil”, conta o guitarrista e tecladista Maurício Fleury, “a gente nunca quis cair numa coisa que fosse muito parnasiana, o som pelo som, a gente precisava achar um eixo que foi falar sobre o que a gente vive.”. “A gente sempre teve isso, de fazer música de protesto mesmo sem escrever letra”, emenda o saxofonista Daniel Oliveira.
“A gente sente isso todo dia, em cada treta que acontece em São Paulo. A gente fazia o Dia do Grafitti no Bixiga todo ano, mas no ano passado não conseguimos fazer porque não teve apoio da prefeitura”, continua Fleury. “A política acaba intervindo no nosso trabalho de uma forma muito direta. Tem gente que quer extinguir o Ministério da Cultura. Não tem música que não seja de protesto numa situação dessas! Qualquer mínimo de pensamento já é protesto. Querem que a gente vá contra a ciência, contra a cultura, a arte, o respeito à vida humana… É muito terrível o que a gente tá vivendo, o que a gente faz é uma ilustração, talvez não seja tão transformador, é só uma forma de reagir. Não tem como não se posicionar”.
O disco demorou para sair pois foi atropelado pelas turnês globais do grupo, especificamente uma que durou 45 dias no meio do ano passado, que fez a banda passar por Los Angeles e pela Índia. Gestado durante quatro dias em um sítio no interior de São Paulo em maio do ano passado, Quebra-Cabeças começou a ser gravado ainda em 2017, quando o grupo lançou a faixa “Primeiramente”. Foi a primeira colaboração com o engenheiro de som Gustavo Lenza, que assumiu a produção do disco – é a primeira vez que alguém de fora dá pitacos na criação do Bixiga 70. O tom ainda é festivo mas parte do novo repertório é lento e melancólico.
“A gente poderia lançar coisas novas, porque a gente já tem música novas que vão estar no próximo álbum”, explica o fundador do Linguachula, Dê Ferro, sobre a volta da banda campineira com uma música de Paulo Diniz, “I Wanna to Go Back to Bahia”, composta a partir das cartas que Caetano Veloso enviava para o jornal Pasquim quando estava exilado do país na Inglaterra, no início dos anos 70. “Acreditamos que lançar essa versão agora é de certa forma estar contribuído para uma reflexão e clamando por dias mais ensolarados.”
O Linguachula era uma das melhores bandas de Campinas no início dos anos 90, quando o underground do interior de São Paulo movia-se a guitarras e vocais gritados contra a pressão sertaneja vigente em todo o estado. Lançou seu único disco pelo Banguela quando a mítica aventura de Miranda com os Titãs como heróis de uma indústria fonográfica alternativa tinha ido para o saco, fechando a tampa da discografia do selo com o CD batizado com seu nome (disco para o qual escrevi o release – morador de Campinas que era eu). Era um trio que misturava rock e música brasileira com muita desenvoltura, mas que foi engolido pelos contratempos do período e não conseguiu terminar o século.
Seu líder e cabeça, o guitarrista e vocalista Dê Ferro, manteve suas conexões musicais por outras vias. “Nunca me desliguei da música. Nesse período, mergulhei no universo de musicas sagradas e ancestrais ligadas à umbanda, candomblé, capoeira e ayahuasca. Vivenciei a musicalidade dos guaranis, gravando junto com meu amigo o produtor Maurício Cajueiro os cantos sagrados daquela cultura em que tive o grande prazer de receber o batismo Guarani”, ele me conta por email. Marcelo e Nani, baterista e baixista originais, deixaram a banda dando espaço para Adriano Caetano e Victor Coutinho.
“Retomei meu contato com o produtor Caio Ribeiro, que produziu e gravou o CD de 1993 e estávamos desenvolvendo a comunicação do Stage Record, seu novo estúdio em Campinas, quando começamos a tramar produções musicais que culminaram no ‘reativamento’ do Linguachula”, continua Dê, que fala que irá relançar o disco original nas plataformas digitais, além da produção de um novo álbum com o mesmo Caio e dois singles e um clipe que serão lançados em pouco tempo.
O trio gaúcho Dingo Bells continua rodando com seu disco Todo Mundo Vai Mudar, lançado no semestre passado, e mostra, em primeira mão no Trabalho Sujo, o clipe da faixa “Na Carona”. Filmado no estúdio durante a gravação do álbum, o clipe flagra o trio trabalhando no disco atual, em uma canção que sempre foi pensada em ser registrada ao vivo. “Essa é a música que desde o inicio já sabíamos que teria um registro da banda tocando junta, em oposição à gravação por canais, onde cada um grava seu instrumento separado. E isso se deu por sua natureza soul, bebendo da música negra norte-americana feita nas décadas de 60 e 70, na qual as interações registradas em um take único são mais importantes do que a sobreposição de elementos de forma artificial. É um registro mais íntimo e caloroso, assim como essa música também é”, conta o baterista Rodrigo Fischmann.
“Eu acho que este é um disco bastante autoral, onde eu compus quase tudo sozinha e que traz letras bastante confessionais, não conseguia pensar em um nome melhor que sintetizasse o que eu estava dizendo ali”, me explica a cantora paulistana Stela Campos quando pergunto porque seu sétimo álbum leva apenas seu nome como título. “A esta altura da minha carreira, achei que poderia dar o meu próprio nome. É a primeira vez também que eu apareço na capa, embora seja difícil de me identificar”, ri.
Stela Campos, o disco, chega às plataformas digitais até o final do mês, mas já nesta sexta-feira o primeiro single, “Take Your Time”, começa a abrir caminho, mas ela antecipa a bela canção para o Trabalho Sujo revelando o clima invernal do disco. “Foi uma coincidência (lançar o disco na estação), mas acho que sempre pensei nele mais como inverno. Tanto que as imagens que eu fiz na Patagônia que acabaram entrando no clipe e na capa se encaixaram muito bem com a proposta do disco, mesmo depois que ele já estava pronto”, ela continua. “As músicas foram compostas em uma mesma época, logo após os shows do disco Dumbo, então pensei muito na banda enquanto compunha – estou falando de Clayton Martin, Monstro, Diogo Valentino e Felipe Maia -, sabia que ficaria muito legal com eles. As gravações aconteceram em vários períodos, com intervalos grandes entre eles, mas a unidade sempre esteve lá por conta das composições que eram muito fortes para mim e que foram pensadas para esse formato.”
“O clipe foi resultado de algumas filmagens que eu fiz quando fui para a Patagônia e que foram depois editadas pelo Monstro, que ‘psicodelizou’ tudo”, prossegue. “Eu me divido em várias pessoas e pensando na minha vida de profissional, mulher, mãe e compositora, acho que simbolizou muito bem quem eu sou. Tanto que a capa do álbum acabou saindo de uma cena desse clipe. A Patagônia com as suas geleiras, aquela imensidão fria e vazia, sempre me fascinou. Era o lugar que eu mais tinha vontade de conhecer na vida e quando fui não me decepcionei. Um dia ainda quero morar numa cabana por lá. Foi uma viagem simbólica para mim e acho esse cenário fazer parte do primeiro disco que leva o meu nome tem tudo a ver.”
Ela também antecipa a capa e a ordem das músicas a seguir:
“Take Your Time”
“Cats”
“Lost”
“Move On”
“Long”
“Walk With Me”
“Don’t Give it Up”
“Into the Night”
“Hate”
“Shadow”
Os títulos curtos e as letras em inglês encaixam-se perfeitamente com as influências pinçadas por Stela no disco, embora sua voz esteja firme e com mais personalidade do que nunca, talvez fruto da zona de conforto criada por esta nova banda. “Na época em que estava compondo esse disco, estava ouvindo muito Neil Young, mas vejo também surgirem coisas do passado como David Bowie, Blondie, e tem um lado meio impressionista também, de natureza remota, de Vashity Bunyan, Nick Drake – e até punk rock”, explica. “Acho que musicalmente, ele foi composto com bastante liberdade e conversa com o que eu fazia lá no começo da carreira, só que com mais maturidade, mais sutileza.”
Veterana da cena independente, ela compara seu próprio =amadurecimento musical com o da cena. “Eu comecei com meu trabalho solo no início dos anos 2000 com o disco Céu de Brigadeiro, mas já frequentava a cena indie há um bom tempo. Tive uma banda com o Cadão Volpato, Jair Marcos e o Ricardo Salvagni (os ex-Fellini) em 91 chamada Funziona Sensa Vapore e também tive a minha banda, o Lara Hanouska. A gente fazia panfleto, cartaz, fita cassete – aliás fiz uma para o disco de remix Dumbo Reloaded e estou fazendo outra para o disco novo -, enfim, a divulgação muito era no boca a boca e os shows saiam sem muita infraestrutura. Em Recife, onde fiquei de 94 até 2000, a cena mangue também era feita na raça, shows improvisados nos puteiros, tudo do mesmo jeito. Hoje com a internet a gente consegue dar um alcance maior ao nosso trabalho, mas eu acho que a lógica do gueto e do boca a boca continua. Não adianta você estar em todas as plataformas se as pessoas não te ouvem. As playlists, a panelinha, o mainstream continuam existindo, só que de outro jeito. Não é jabá na rádio mas é quase. As pessoas estão mais seletivas do que antes, porque não são obrigadas a escutar o que toca no rádio, mas se perdem com tanta informação. Elas acabam vivendo no seu próprio mundo paralelo e é difícil se aventurarem por outras esferas para ouvir coisa nova. O mangue era muito abrangente, incorporava vários estilos musicais, hoje não vejo tanto essa mistura entre as bandas.”
“Um artista como eu, nos Estados Unidos, por exemplo, conseguiria se sustentar da música. Existe uma estrutura por trás, lugares para tocar com som bom e cachê, um circuito, a música independente circula. Aqui é tudo muito precário ainda. Você conta nos dedos os lugares com som legal e que respeitam o artista. Os lugares grandes são para artistas grandes, então acho que falta um meio termo”, conclui.
Ela equilibra sua carreira musical com sua vida como jornalista. “Trabalhar dá trabalho”, ri. “Ainda mais hoje quando a gente se preocupa com o futuro do emprego e com tantas questões que abalam a nossa indústria. Eu escrevo sobre carreira, então imagine que eu sofro mais do que todo mundo falando diariamente sobre essas incertezas. A música ocupa um lugar especial para mim, mas sempre conciliei com o trabalho. Talvez hoje por conta de tudo que eu falei seja mais difícil dedicar mais tempo a ela. Mas a música é parte da minha essência e quando eu penso que não quero fazer tudo de novo, ralar para gravar, lançar etc lá vou eu e faço tudo de novo. Ser artista independente não é fácil, custa caro, mas daí começo a compor, os amigos músicos se juntam, incentivam e pronto caio na estrada novamente.”
O pianista pernambucano Vítor Araújo transformou sua temporada em julho no Segundamente do Centro da Terra em uma residência que vai além dos quatro shows de julho. Durante todas as segundas do mês, ele irá retrabalhar e remixar músicas, texturas, sons e ruídos produzidos por seus convidados – que serão anunciados no decorrer do mês – para depois transformar o processo em um disco. Concebido por Vítor e seus parceiros GG Albuquerque e Raul Luna, a temporada Mercúrio vai da música erudita à canção popular, passando pela vanguarda contemporânea e por sons aleatórios, todos conspirando em prol de uma obra que será construída em frente ao público. Nomes como Cadu Tenório, Negro Leo, M. Takara e Alada já confirmaram presença e na primeira noite Vítor recebe Ayrton Montarroyos, Aduni Guedes, Miazzo, Thiago Nassif e Sérgio Machado para começar a elaborar as matrizes desta peça musical contínua (mais informações aqui). Conversei com o Vítor sobre suas intenções nesta temporada.
Fale sobre o conceito da sua temporada no Centro da Terra.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/vitor-araujo-mercurio-fale-sobre-o-conceito-da-sua-temporada-no-centro-da-terra
Mercúrio termina com o fim da temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/vitor-araujo-mercurio-mercurio-termina-com-o-fim-da-temporada
Qual é a graça de se assistir aos quatro shows da temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/vitor-araujo-mercurio-qual-e-a-graca-de-se-assistir-aos-quatro-shows-da-temporada
Quem mais ajudou você a compor esta temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/vitor-araujo-mercurio-quem-mais-ajudou-voce-a-compor-esta-temporada
O que você acha da possibilidade fazer uma temporada como esta no Centro da Terra?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/vitor-araujo-mercurio-o-que-voce-acha-da-possibilidade-fazer-uma-temporada-no-centro-da-terra
Qual o maior desafio desta temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/vitor-araujo-mercurio-qual-o-maior-desafio-desta-temporada
A banda Corte, formada por Alzira Espíndola (guitarra e vocais), Nandinho Thomaz (bateria), Marcelo Dworecki (baixo), Cuca Ferreira (sax) e Daniel Gralha (trumpete), os três últimos integrantes do Bixiga 70, é autora de um dos grandes discos do ano passado e também dona das terças-feiras de julho no Centro da Terra, quando aprofundam-se na poesia de sua obra ao convidar artistas da palavra na temporada Sorver o Verso (mais informações aqui). Na primeira terça-feira, dia 10, a convidada é a poeta Alice Ruiz. Na terça seguinte, dia 17, é Paula Rebellato, do Rakta, quem surge como convidada do grupo, seguida do técnico Bernardo Pacheco, convidado do dia 24, até o final com a participação do poeta arrudA, na última terça, dia 31. Conversei com o Dworecki sobre a temporada e como ela se encaixa na evolução do grupo desde o lançamento do ano passado.
Como esta temporada se relaciona com o primeiro disco do Corte?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-como-esta-temporada-se-relaciona-com-o-primeiro-disco-do-corte
Como serão as dinâmicas das terças-feiras com os convidados?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-como-serao-as-dinamicas-das-tercas-feiras-com-os-convidados
Como será a primeira terça-feira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-como-sera-a-primeira-terca-feira
Quem será o convidado da segunda terça-feira?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-quem-sera-o-convidado-da-segunda-terca-feira
Quem vem na terceira terça?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-quem-vem-na-terceira-terca
E na última terça-feira, quem é o convidado?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-e-na-ultima-terca-feira-quem-e-o-convidado
A temporada consolida a primeira fase da banda ou abre espaço para um novo momento?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-a-temporada-consolida-a-primeira-fase-da-banda-ou-abre-um-novo-momento
Qual a diferença em apresentar um trabalho durante todo um mês, com o público sentado?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/corte-sorver-o-verso-qual-a-diferenca-em-se-apresentar-por-um-mes-com-o-publico-sentado
O paraense Saulo Duarte vem guardando músicas que não irão para seu grupo A Unidade há quase uma década e no ano passado resolveu assumir sua carreira solo quando aceitou o convite que fiz para ser dono de uma temporada no Centro da Terra. Foram quatro shows e repertórios diferentes – um ao lado dos músicos João Leão e Victor Bluhm, outro com Josyara, Bruno Capinam, Igor Caracas e Giovani Cidreira, outro sozinho e um quarto, mágico, com Curumin e Russo Passapusso – que formaram a temporada Persigo São Paulo, inspirada por Itamar Assumpção, e que ajudaram a depurar estas canções, chegando a uma musicalidade específica, que não foge completamente do trabalho com sua banda, mas tem sua própria personalidade. Ele também expandiu ainda mais suas fronteiras musicais ao assumir o posto de guitarrista de duas bandas incríveis: a de Curumin e a de Anelis Assumpção. Batizado de Avante Delírio, o disco começa a ver a luz do dia com a faixa “Flor do Sonho”, parceria com o poeta cearense Daniel Medina, que ele lança em primeira mão no Trabalho Sujo.
O single dá dicas sobre o disco que vem por aí: além de solar e pra cima, Avante Delírio, também mistura gêneros musicais (o ijexá baiano e o carimbó paraense no mesmo groove) e foi calcado no violão de nylon, instrumento-cerne deste primeiro trabalho solo. Ele está prometido para o meio de agosto, foi coproduzido por Saulo, Curumin e Zé Nigro (que também é a banda-base do show) e a partir da semana que vem o trio embarca para a Europa, para uma breve turnê em que começa a mostrar esta nova faceta.
O grupo sergipano The Baggios começou os trabalhos de seu festejado disco mais recente, o pesado Brutown, lançando o single de “Saruê” no Trabalho Sujo, em 2016, e agora voltam ao site para encerrar o ciclo deste álbum com o clipe da mesma canção, que tem a participação de Jorge Du Peixe. “É uma música forte que traduz bastante o mundo doido que vivemos, e foi esse universo que quis descrever no disco. Justamente nesse clipe que chegamos mais próximo de retratar a Cidade Brutal”, me explica o vocalista e guitarrista da banda, Julio Andrade. “A ideia do clipe partiu de quando uma amiga me apresentou o filme paraibano O Matador de Ratos, de Arthur Lins. Logo de cara eu me identifiquei com ambiente sombrio do filme e associei ao clima do Brutown. Guardei a ideia até esse ano, quando colocamos em prática as ideias que tive de somar as imagens do filme com a banda tocando num ambiente similar . A música fala sobre os seres almas sebosas que habita esse plano, seja em forma de politico ou de cidadão, e no clipe existe um personagem que extermina os ratos-humanos, uma especie de anti-herói viciado em pesticida.”
“A cabeça vive fervilhando de ideias, desde o ano passado venho trabalhando em novas músicas e já planejava que gravaríamos um disco neste ano”, continua o vocalista. “A chegada do novo sempre nos anima, é massa pensar ‘o que o povo vai pensar desses sons?’, ‘o que podemos aprontar dessa vez?’ e é justamente esse momento que estamos vivendo. Estamos na gestação de um novo disco, e somos muito gratos por todo reconhecimento que o Brutown teve, e onde ele nos levou. Agora é hora de encarar o novo.”
Brutown também se encerra como um disco em um show no Sesc Pompeia, no dia 14 de julho (mais informações aqui), quando o grupo, que agora é um trio, mostra suas canções acompanhado de um naipe de metais. “Os metais nos acompanham desde o primeiro disco, em 2011 e todos os nossos discos têm metais, mas é raro conseguirmos circular com eles. Fizemos alguns shows pelo Brasil em 2014 nesse formato, mas estamos numa outra época, com outras músicas e acredito que sera ainda mais massa esse show no Pompeia. Traz um clima mais soul para nosso show e eu me amarro em soul.”
Sobre o próximo trabalho, Julio explica que é uma espécie de continuação de Brutown, embora seja “uma outra viagem, um outro conceito”. “É como se o ser cansasse do caos urbano e fosse em busca de sua nova natureza no mato, e essa busca naturalmente influencia na sonoridade das músicas.” O disco será lançado ainda este ano.
Começando a preparar seu quarto disco, batizado de Tuda, Bárbara Eugenia lança mais um single reforçando a vibe “Brasil Caribe Tropical Bahia Hippie Style” que determinou ao novo disco no início do ano, quando apresentou sua versão para “Sintonia”, de Moraes Moreira. “Confusão”, faixa em parceria com Felipe Cordeiro, e não só produziu a faixa, como fará durante seu próximo disco, como também dirigiu o clipe, reforçando a ideia que irá segurar ela mesma as rédeas do próximo trabalho, prometido para o segundo semestre. A faixa também mostra sua afeição em relação aos timbres eletrônicos, que devem dominar o disco, e que serão sublinhados pela nova aquisição de sua banda, a tecladista Cris Botarelli, que também toca e canta no Far from Alaska.