Vida Fodona #393: Demorei, mas tou aqui

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Acontece.

Marcelo Jeneci – “Alento”
Lorde – “Royals”
Chet Faker + Kilo Kish – “Melt”
Criolo – “Duas de Cinco”
Arctic Monkeys – “Hold On, We’re Going Home”
Arcade Fire – “Afterlife”
David Bowie – “Love is Lost (James Murphy Remix)”
Herbie Hancock – “Chamaleon”
Chromeo – “Sexy Socialite”
Haim – “The Wire”
Mahmundi – “Vem”
Cícero – “Duas Quadras”
Rodrigo Amarante – “Hourglass”
Elf Power – “Lift in the Shell”
Of Montreal – “Amphibian Days”
Boogarins – “Doce”
Neutral Milk Hotel – “Naomi”
Unknown Mortal Orchestra – “Swim And Sleep (Like A Shark)”

Deixa de onda…

“A gente nunca ensaia”: Neutral Milk Hotel, outubro de 2013, por Fabio Carbone

Carbone assistiu a um dos shows de volta do Neutral Milk Hotel na semana passada e eu pedi para que ele escrevesse sobre o que viu pra cá. As fotos e o áudio do show em Covington, Kentucky, foram registrados pelo próprio Fabio.

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“Neutral Milk Hotel?” – perguntou franzindo a testa e com um sotaque difícil de entender.

Percebi que teria que explicar de novo que banda era essa, como já fiz pra tantos amigos e parentes. Achei melhor não entrar em detalhes, quem perguntava dessa vez era um policial que trabalhava na divisa de Indiana com Ohio, onde a velocidade máxima baixa de 70 para 65 milhas por hora e confesso que vi a placa avisando, mas o jazz da WICR no carro, o piloto automático liberando meus pés pro air drum e o sol gostoso na cara me impediram de mudar a velocidade de cruzeiro. Acabei fazendo tudo isso quando um carro com estrela de xerife no capô e luzes azuis e vermelhas piscando por todo lado me fizeram encostar e contar porque tinha saído do Brasil decidido a rodar mais de mil quilômetros dentro dos Estados Unidos para ver a banda mais importante da minha vida. Tudo terminou com um aperto de mão e a promessa de que iria procurar a Rebecca Parker que estudou com meu amigo xerife e hoje mora na América do Sul.

A esperança de ver o Neutral Milk Hotel ao vivo surgiu quando Jeff Mangum decidiu se apresentar sozinho novamente, depois de um hiato de turnês por uma década e meia. A receptividade nos seus shows solo em teatro e a maneira que hipnotizou os manifestantes no Occupy Wall Street contribuíram muito para ele trazer a banda de volta para pra rua. No festival de Coachella, em 2012, a magia aconteceu por alguns momentos: Scott Spillane e o chegado Jeremy Thal se juntaram a ele. Bastava esperar.

Os ingressos da primeira parte da turnê americana se esgotaram em minutos. Consegui ingresso para a terceira data, na cidade de Covington, Kentucky. Teria seis meses para me planejar e partir para essa cidade que nunca tinha ouvido falar. Nesse meio tempo, perguntei ao Jeremy Barnes (bateria) quando veio ao Brasil para se apresentar com A Hawk and A Hawksaw como estavam os ensaios para os shows: “Não tem, a gente nunca ensaia”.

Quem abriu a noite foi o Elf Power, outra uma banda do núcleo duro do coletivo Elephant 6. A banda empolgava as pessoas mais próximas do palco e entretia as conversas dos outros presentes que já lotavam o Madison Theatre. Com o barulho da galera no bar atrapalhando, consegui refúgio no primeiro terço do tablado a poucos metros do palco. Cheguei junto com uma homenagem da banda ao Bill Doss, um dos mentores do coletivo, morto em 2012 e membro do Olivia Tremor Control e Apples in Stereo, entre outros projetos. A música escolhida foi “Jumping Fences”, numa versão bem mais lenta e linda, responsável por afogar nossos olhos em lágrimas antes até dos instrumentos entrarem, para nossos alento, como se fôssemos também íntimos da pessoa mais querida que deixou o coletivo muito cedo.

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Esperava Jeff Mangum entrando sozinho no palco para tocar “Two Headed Boy”, como nas outras duas noites. Dessa vez, a banda tomou o palco todo logo de cara para fazer a plateia duvidar da realidade e tocaram “The King of Carrot Flowers, pt I, II & III”. Nada de respirar, “Holland, 1945” acelerou o público da frente, enquanto outros choravam ou fechavam os olhos depois dos três hinos.

Da esquerda para a direita, o palco era preenchido pelo naipe de metais, mas que também ajudavam com violões, baixo e teclado: Jeremy Thal, Laura Carter (Elf Power), Astra Taylor – esposa do Jeff Mangum – e Scott Spillane, que repetia cada sílaba de Jeff encarando a multidão hipnotizada. No centro do palco, Jeremy Barnes na bateria e Julian Koster, multi-instrumentista como todos, responsável pelos serrotes e que pogava quando tinha instrumentos “fáceis de controlar”, como o acordeão. Espera, são mesmo aqueles serrotes! Jeff Mangum ficava mais à direita, separado do resto da banda por um abat-jour de ovelha sobre os amplificadores.

“Gardenhead” e “Everything Is” chegaram para cantar com os punhos cerrados. Jeff aponta para uma menina e pede para ela não tirar fotos. De fato, todos respeitavam o pedido da banda, salvo por um breve click desesperado para tentar levar alguma imagem para casa. Pouca coisa apareceu nas redes sociais depois do show.

O público também era peculiar para um show de rock. Ao final de cada música, os gritos e aplausos duravam bastante, até um silêncio profundo devolvendo a vez para a banda. Veio “In the Aeroplane Over the Sea” e surgiu um abraço coletivo que juro não ter iniciado. A banda deixa Jeff sozinho com “Two Headed Boy”. Jeff chama o público para cantar o final da música quando a banda volta armada para “The Fool”.

Só para ter certeza que todo mundo estava derretendo, a música seguinte foi “Naomi”.

Tirando Scott e sua barba fistáile, a banda não interage tanto com o público. Jeff responde de maneira monossilábica às declarações de amor e pedidos de casamento de homens e mulheres. Quando alguém agradeceu a volta da banda, ele respondeu que nunca haviam se separado. É verdade.

Foram mais nove canções. Do ITAOTS, só “Communist Daughter” ficou de fora. O show termina com “Engine” e uma brincadeira de Jeff depois do Julian queimar a largada avançando uma nota com seu serrote. “Obrigado! Essa foi ‘Engine, part II'”.

As pessoas já se olhavam com cumplicidade, éramos testemunhas de um momento que jamais nos esqueceremos, com ou sem fotos proibidas.

On the run 104: Zeuhl: blum hamtai itah, und^em, zanka, walomend^em, por Fabio Bianchini

Já é uma tradição: ao começar a primavera, Fabio “Mutley” Bianchini (o Mumu) começa sua expectativa para a chegada da mais bela estação. E este é o segundo ano em que sua espera diária se materializa no Tumblr Contagem Regressiva para o Verão, com links diários para vídeos ensolarados – como os dias que têm feito essa semana, a penúltima da primavera de 2011. Sabendo desse astral, a Dani pediu para ele fazer uma mixtape temática sobre a próxima temporada, e sua resposta foi em kobaïano, sua atual fixação progressivista, idioma que batiza a coleção de hits. A foto que embeleza a mixtape foi tirada pela Malg, em uma passagem pelo mítico Riozinho, uma das melhores praias de Florianópolis, de onde Mumu transmite.

Zeuhl: blum hamtai itah, und^em, zanka, walomend^em, por Fabio Bianchini (MP3)

Undertones – “Here Comes the Summer”
Katrina & the Waves – “Walking on Sunshine”
Amigos Invisibles – “Merengue Killa”
Verano – “Summerlove”
Eddy Grant – “I Don’t Wanna Dance”
Beatles – “Ob-La-Di, Ob-La-Da”
Bodysnatchers – “Let’s Do Rock Steady”
Erasmo Carlos – “Maria Joana”
Plastilina Mosh – “Pervert Pop Song”
Weezer – “Island in the Sun”
General Johnson + Joey Ramone – “Rockaway Beach”
Divine Comedy – “Pop Singer’s Fear of the Pollen Count”
Panda Bear – “Surfer’s Hymn”
Elf Power – “Stranger in the Window”
Jorge Ben – “Que Maravilha”
Teenage Fanclub – “Aint That Enough”
Lulu Santos – “Como uma Onda”
Fun Lovin’ Criminals + Ian McCulloch – “Summer Wind”

Um documentário sobre a Elephant 6

Sim, Chad Stockfleth está dirigindo um documentário sobre o genial coletivo de bandas dos anos 90 (e, possivelmente, uma das coisas mais legais daquela década). Curte lá:

Ele descreve o projeto:

By the mid-1990s, indie music was in a sorry state. Even the good stuff was obsessed with doubt, aggression and misery. At the same time as the grunge implosion was sucking all the joy out of music, four friends from small-town Louisiana started calling themselves Elephant 6 and tuned into what had been lost: friendship and joy. They got together, swapped tapes, taught each other chords, had visions, wrote songs, formed bands, recruited friends, made classic records, went on tour, had fun, and, over time, changed American music. But to move forward, they had to look backward.

Bill Doss, Will Hart, Jeff Mangum and Robert Schneider formed the Elephant 6 collective in Ruston, La. Their musical touchstones, painfully unfashionable at the time, were the Beatles, the Beach Boys, early Pink Floyd, Love, the Zombies…the daydream/nightmare psychedelia of the late 1960s. The first three bands to coalesce from Elephant 6 were the Apples in Stereo, the Olivia Tremor Control and Neutral Milk Hotel, but there were no clear boundaries between projects. The four friends collaborated on everything, and produced some of the decade’s most visionary music, including In the Aeroplane Over the Sea, Dusk at Cubist Castle, and Fun Trick Noisemaker, each of them an undisputed classic.

Because it was founded on friendship and cooperation, Elephant 6 was destined to grow. By the end of the decade, Doss, Hart, Mangum and Schneider had gathered dozens of like-minded musicians into the Elephant 6 fold. Some of the bands they formed lasted a day, some lasted a week, some are still making music: Of Montreal, Elf Power, Circulator System, The Music Tapes, The Minders, Beulah, Dressy Bessy, the Essex Green, the Gerbils, and on, and on, and on….

The Elephant 6 story has never been told. Made with the cooperation of the founding members of the collective, this film documents Elephant 6 through exclusive interviews, video archives, found footage, and live performance, following the collective from its beginnings, through its heyday, to its resurgence in the last few years, and finally to the Elephant 6-dominated All Tomorrow’s Parties, in Minehead, England, in the winter of 2011.

“What a beautiful dream,” sang Jeff Mangum, “that could flash on the screen in the blink of an eye and be gone.” “Define a transparent dream,” sang Doss and Hart. “What do you see,” sang Schneider, “when you dream about the future?” You see the past and the present. You see the Elephant 6.

E fala sobre o material que está reunindo nessa entrevista:

“Some of the live performances I’ve found are really good. I’m thankful that someone was there with a camera because those performances would have been lost to time. Getting an intimate look at how these guys create music with all of the esoteric instruments and machinery is quite interesting, too. Also, just learning how genuinely friendly everyone is has been a bit of a surprise”

Agora chore:

Demais! Demais!