Smack no Centro Cultural São Paulo

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A lendária banda Smack, fundada do falecido guitarrista Pamps ressurge no palco da Sala Adoniran Barbosa do Centro Cultural São Paulo nesta quinta-feira, com a formação original quase completa, com Edgard Scandurra (do Ira!) na guitarra, Sandra Coutinho (das Mercenárias) no baixo e Thomas Pappon (do Fellini) na bateria, com Fábio Golfetti (do Violeta de Outono) como convidado especial. O show começa às 21h (mais informações aqui).

Edgard Scandurra apresenta Amigos Invisíveis no CCSP

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O guitarrista do Ira!, Edgard Scandurra, recria seu primeiro disco solo, Amigos Invisíveis, de 1989, neste domingo, no Centro Cultural São Paulo a partir das 18h (mais informações aqui).

Edgard Scandurra: Operário do Rock

Um dos grandes nomes da música popular contemporânea, o músico e compositor Edgard Scandurra é mais conhecido como a força cerebral e emotiva do Ira!, mas tem uma carreira solo paralela que ergue-se tão importante, embora não tão popular, quanto o trabalho de sua banda original. Um dos principais nomes da música paulistana desde os anos 80, Edgard Scandurra trilhou uma carreira solo ímpar, com projetos paralelos, tributos e discos solo que flertam com o rock clássico, o punk, a música eletrônica, o pós-punk, o noise e a canção francesa. Convidei-o para dissecar sua musicalidade solo na programação do Segundamente do mês de maio e ele dividiu suas quatro segundas em quatro shows diferentes: na primeira segunda, dia 7, ele recria seu primeiro disco solo, Amigos Invisíveis, de 1989; na segunda, dia 14, ele volta para o início dos anos 80, quando fez parte das bandas Mercenárias e Smack; na terceira segunda-feira, dia 21, ele visita suas canções de formação apenas no piano e guitarra (indo de Aphrodite’s Child a Eric Carmen) no espetáculo Lembranças Afetivas; e ele finalmente encerra seu mês no Centro da Terra mostrando sua faceta eletrônica ao tocar com os filhos no projeto Benzina aka Scandurra. Conversei com ele sobre estas quatro apresentações, que ele batizou de Operário do Rock (mais informações aqui).

Quando foi que você se viu como um operário do rock?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-quando-foi-que-voce-se-viu-como-um-operario-do-rock

Como Operário do Rock virou o o mote da temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-como-operario-do-rock-virou-o-o-mote-da-temporada

Fale sobre a primeira noite, Amigos Invisíveis.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-fale-sobre-a-primeira-noite-amigos-invisiveis

A segunda noite é Smack e Mercenárias.
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-a-segunda-noite-e-smack-e-mercenarias

E a terceira noite? É a primeira vez que você usa esse formato?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-e-a-terceira-noite-e-a-primeira-vez-que-voce-usa-esse-formato

A última noite é do Benzina aka Scandurra. Como ele funcionará ao vivo?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-a-ultima-noite-e-do-benzina-aka-scandurra-como-sera-ao-vivo

Quais projetos ficaram de fora dessa temporada?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-quais-projetos-ficaram-de-fora-dessa-temporada

Você acredita que a temporada funcionará como uma terapia?
https://soundcloud.com/trabalhosujo/edgard-scandurra-operario-do-rock-voce-acredita-que-a-temporada-funcionara-como-uma-terapia

Karina Buhr no Altas Horas


Foto: dudavieira

Pressão! Que banda!

Edgard Scandurra + Bárbara Eugênia

O melhor é como essa música parece aquele beeeem dos anos 80, sem ironia, tipo Lulu Santos ou Marina…

Gainsbourgaço: Um réquiem para um escroto

Les Provocateurs no Centro da Cultura Judaica
18 de junho de 2011


Les Provocateurs – “New York U.S.A.” / Les Provocateurs + Bárbara Eugênia – “Roller Girl”


Les Provocateurs + Andrea Merkel – “L’Helicoptère”

Que beleza essa banda que o Scandurra reuniu para celebrar Serge Gainsbourg. Um dos artistas de seu país mais importantes do século 20, Serge vem sendo reavaliado constantemente desde sua morte, há vinte anos, quando deixou de ser o hitmaker provocador de plantão, uma mistura de Sullivan & Massadas com Carlos Imperial com uma queda pesada por gatas e meninas novinhas, que usava a escrotice de sua obra como medida para sua reputação. Em vida, passou por altos e baixos, porres e pés-na-bunda, hits nacionais, discos conceituais e vexames autoconscientes em programas de TV, sempre saindo-se como um fanfarrão, um canalha, um vilão, um palhaço. Pop por todos os poros, abandonou o jazz quando viu que conversava apenas com uma panelinha de intelectuais esnobes e abraçou a música pop com a devoção de um pai, buscando maneiras de traduzir a tensão entre o amor e o sexo da forma mais escancarada possível para toda uma geração de novos ouvintes.

Como autor, Serge foi muito além da música. Músico, cantor e compositor, extrapolou tais funções para assumir-se um artista da própria personalidade – profissão: bon vivant -, e criou uma casca dura para encarar o resto do mundo. Foi assim que aproximou a música francesa da música africana, que diluiu a melodia da chanson para o pop mais trivial possível (o yé-yé, como era conhecido no país), assumiu a dance music pós-discoteca como campo autoral e flertou com o reggae e o hip hop – inventando, basicamente, a música pop francesa atual, em diferentes momentos de sua carreira. Foi assim também que ladeou-se de algumas das deusas mais extraordinárias de seu tempo, extraindo-lhes valor musical como se isso fosse apenas um detalhe – um Andy Warhol parisiense, afinal. Foi assim que sussurrou um orgasmo feminino nas rádios do mundo todo e conseguiu ser autor da música francesa mais conhecida do século 20. Foi assim que dirigiu filmes, comerciais de TV, atuou, deu entrevistas, queimou dinheiro e disse, na cara dela, que queria comer Whitney Houston, e escreveu um livro sobre um sujeito que descobre-se um compositor de sinfonias de peido. E isso fumando sem parar.

“Sujeitinho desagradável”, escarneceria-lhe o século 21. Seculozinho de merda esse que estamos vivendo, não? Isso há de mudar. ZOL.


Les Provocateurs + Crioulo Chris- “Le Poinçonneur des Lilas”


Les Provocateurs + Juliana R.- “Les Sucettes” / Les Provocateurs + Alex Antunes – “Requiem pour un Con”

Mas felizmente há quem carregue sua chama para estes tempos obscuros de totalitarismo politicamente correto e de reaças disfarçados de politicamente incorretos – e um de seus fiéis súditos é o guitarrista Edgard Scandurra, que, seduzido pela cultura francesa, montou uma banda para tocar em seu bistrô (ou teria sido o contrário?) e chamou alguns bambas e chapas pra incrementar o tributo. Batizada de Les Provocateurs, a banda se reuniria mais uma vez para um grande espetáculo, uma espécie de versão Mr. Hyde para o comportado e solene tributo que a Orquestra Imperial fez ao compositor em setembro de 2009, no Sesc Pinheiros.


Les Provocateurs + Blubell – “Le canari sur le Balcon” / “Contact”


Les Provocateurs + Crioulo Chris – “Aux Armes et Cætera”

Pra começar, o fato de ser orquestrado por um guitarrista de banda de rock transforma o Provocateurs em um ensemble mais agressivo e intenso que a exibição de gala regida pelo maestro Jean-Claude Vannier, que dirigiu a Orquestra no show de dois anos atrás. Era inevitável que, sempre que a música permitia, Scandurra deslizasse em direção ao rock psicodélico, a seus clássicos solos que fundem Hendrix, Townshend, Jeff Beck e acordes de soul music, pesado e contido, músico único na paisagem nacional. Isso tornava a entrada dos crooners mais natural, era mais show do que apresentação, mesmo que o público estivesse confortavelmente sentado no belo e amplo teatro do Centro de Cultura Judaica, ali do lado do metrô Sumaré.


Les Provocateurs + Andrea Merkel + Crioulo Chris + Juliana R. -“Ballade de Melody Nelson” / “Valse de Melody” / “Ah! Melody” / “L’Hôtel Particulier”


Les Provocateurs + Fausto Fawcett- “Love on the Beat” / “No Comment”

(A descoberta desse lugar merece um parêntese. No lado menos badalado da Oscar Freire, o Centro fica escondido do lado da estação do metrô e é um pequeno oásis encravado bem na pontinha do morro que começa na Doutor Arnaldo, o mesmo da Paulista. Com um teatro confortável e aconchegante, ele é uma opção elegante e aprazível a ser desbravada pela vida cultural da cidade – e é do lado do metrô!)


Les Provocateurs + Fausto Fawcett- – “Sea, Sex & Sun”

A noite começou com um pequeno curta sobre Gainsbourg, em que ele falava sobre a diferença entre a musica que fazia na época e que a fazia antes de assumir o pop (“dinheiro”, respondia). Depois veio Xico Sá e, como mestre de cerimônias, apresentou-nos à banda depois de ler um longo poema escrito na noite anterior, inspirado em Gainsbourg. Mais longo do que precisava, mas eis o homem, Xico Sá, quem sou eu para censurá-lo (embora haters gonna hate). O trio Suite, que assumiu a apresentação logo em seguida, passeou por um repertório francês pré-Gainsbourg, mas não houve contextualização para sua presença, descrita apenas no programa que era distribuído à entrada. Um bom show, seguido, aí sim, dos Provocateurs de Scandurra.


Les Provocateurs + Rodrigo Carneiro – “Les Amours Perdues”


Les Provocateurs + Crioulo Chris + Bárbara Eugênia – “Bonnie and Clyde”

Além de Scandurra, que ainda canta algumas músicas, a banda é formada por Claudio Fontes na bateria, Henrique Alves no baixo e Astronauta Pinguim nos teclados, além de diversos vocalistas: entre as meninas, as queridas Bárbara Eugênia e Juliana R. formam o trio ao lado de Andrea Merkel, mulher de Scandurra, se não me engano, e revezam-se no papel de musa de Serge: Juliana faz as vezes de France Galle (e de Charlotte Gainsbourg, em “Lemon Incest”), quando Scandurra explora bem sua voz pueril; Bárbara assume vocais que foram de Bardot ou Birkin, de sensualidade conversada, enquanto Andrea faz par, literalmente, com Scandurra por quase todo o show – valsa com o guitarrista no trecho do show dedicado a Melody Nelson e o beija ao final de “Je T’Aime…”.


Les Provocateurs + Crioulo Chris + Andrea Merkel – “69 Année Érotique”

Na ala masculina, Alex Antunes e Rodrigo Carneiro não convenceram ao cantar suas versões abrasileiradas para os hits que, até então, vinham apenas em francês. Conheço o trabalho de ambos para saber que eles se sairiam melhor do que se saíram no sábado. Talvez seja o ambiente teatral que os tenha deixado acanhados, distantes do contato quase íntimo que as vocalistas conseguiam com o público. Em contrapartida, outro vocalista, menos ilustre, roubou a cena. Crioulo Chris (creditado na programação como “francês legítimo”) não apenas segurou com toda a compostura necessária a obra de Gainsbourg como revelou-se um crooner de primeira, seu timbre grave e didático contrapondo-se à sua presença quase discreta, não fossem os dreadlocks (bom) e os solos de air guitar quando Scandurra começava a solar (péssimo). Uma senhora surpresa.


Les Provocateurs + Juliana R.- “Lemon Incest”

O show de sábado foi o primeiro de duas noites (“um Gainsbourgaço”, como definiria mais tarde Fausto Fawcett), com convidados diferentes. No domingo, viriam Thiago Pethit e Wanderléa (alguém filmou?). No sábado, os dois convidados foram Blubell e Fausto Fawcett. Blubell roubou a cena: começou cândida e doce para depois tirar o curto vestido branco de boneca e sair com um collant prateado para cantar a sci-fi “Contact”, hit de Brigitte. Fausto também não fez feio e suas versões em português para os versos de Gainsbourg saíam mais naturalmente do que os cantado por Alex e Carneiro. Mas Fawcett é escolado em Serge, talvez seja o artista brasileiro que mais deve ao mestre francês, por isso sua presença não era apenas uma boa pedida como funcionou perfeitamente, quando Fausto assumiu três músicas menos festejadas de seu ídolo.


Les Provocateurs + Andrea Merkel- “Je T’Aime… Moi Non Plus”

Eis outra característica desse show: a busca por um Serge menos trivial, menos histórico. É inevitável recorrer a alguns hits, mas o repertório foi atrás de músicas menos aclamadas em busca de pérolas escondidas da carreira do sujeito – o que não é pouco. Ao final, a apresentação não apenas fez jus à memória de Gainsbourg como funcionou como mais um tijolo na construção de sua reputação póstuma, uma obra em constante crescimento. Genial.

Alex Antunes x Serge Gainsbourg

Com a banda de versões do bardo francês liderada pelo Scandurra, o Les Provocateurs.

Alex: gênio da raça.

Quando o Trabalho Sujo era uma central de caderno de jornal

Não resisti e resgatei umas edições velhas do Trabalho Sujo impresso, tirei umas fotos e redimensionei pra colocar aqui no site. As fotos estão com cores diferentes não por conta da idade do papel, mas porque parte delas eu fiz de dia (as mais brancas) e a outra de noite (as amareladas). Dá uma sacada como era…


Nesta edição, dois segundos discos: o do Planet Hemp e o do Supergrass.


Nesta eu falei do Panthalassa, disco de remix que o Bill Laswell fez com a obra de Miles Davis, o segundo disco do Garbage, entrevista com Virgulóides, disco de caridade organizado pelo Neil Young e uma explicação sobre um novo gênero chamado… big beat.


Entrevistei os três integrantes do Fellini (Jair, Thomas e Cadão) para contar a história da banda, numa época em que eles nem pensavam em voltar de verdade (depois disso, eles já voltaram e terminaram a bandas umas três vezes). Também tem a história do Black Sabbath, uma entrevista que eu fiz com o Afrika Bambaataa e o comentário sobre a demo de uma banda nova que tinha surgido no Rio, chamada Autoramas.


Disco de remix do Blur, disco póstumo do 2Pac, Curve e entrevista com Paula Toller.


Discos novos da Björk, dos Stones, do Faith No More e do Brian Eno.


Discos novos do Wilco (Summerteeth), Mestre Ambrósio, coletâneas de música eletrônica (da Ninja Tune, da Wall of Sound – só… big beat – e de disco music francesa), resenha da demo da banda campineira Astromato e entrevista com o Rumbora.


Resenha do Fantasma, do Cornelius, do Long Beach Dub All-Stars (o resto do Sublime), do Ringo e do show dos Smashing Pumpkins em São Paulo, com a entrevista que fiz com a D’Arcy.


Vanishing Point do Primal Scream, disco-tributo ao Keroauc, Coolio e a separação dos irmãos da Cavalera.


Reedição do Loaded do Velvet Underground, Being There do Wilco e o show em tributo á causa tibetana.


Especial Bob Dylan, sobre a fase elétrica do sujeito no meio dos anos 60, com direito à entrevista com o Dylan na época, que consegui através da gravadora e um texto de Marcelo Nova escrito especialmente para o Sujo: Quem é Bob Dylan?


30 anos de Sgt. Pepper’s e o boato da morte de Paul McCartney.


Terror Twilight do Pavement, Wiseguys (big beat!), o disco de dub do Cidade Negra (sério, rolou isso), a demo do 4-Track Valsa (da Cecilia Giannetti) e entrevista com o Rodrigo do Grenade.


Pulp, Nação Zumbi, Ian Brown e Seahorses, uma coletânea de clipes ingleses e entrevista com Roger Eno, irmão do Brian.


30 anos de Álbum Branco, show do Man or Astroman? no Brasil, primeiro disco do Asian Dub Foundation, entrevista com a Isabel do Drugstore e demo do Crush Hi-Fi, de Piracicaba.


Os melhores discos de 1997: 1 – OK Computer, 2 – Vanishing Point, 3 – When I Was Born for the 7th Time, 4 – Homogenic, 5 – O Dia em que Faremos Contato, 6 – Dig Your Own Hole, 7 – Sobrevivendo no Inferno, 8 – I Can Hear the Heart Beating as One, 9 – Dig Me Out, 10 – Brighten the Corners… e por aí seguia.


20 anos de Paul’s Boutique, do Beastie Boys, disco do Moby, demo do Gasolines e entrevista com Humberto Gessinger.


Rancid, Superchunk e entrevista com o Mac McCaughan (do Superchunk), Deftones e Farofa Carioca (a banda do Seu Jorge).


Simpsons lançando disco e a lista dos 50 melhores do pop segundo Matt Groening, segundo disco do Dr. Dre, entrevista com Júpiter Maçã que então lançava seu primeiro disco.


A coletânea Nuggets virou uma caixa da Rhino, a cena hip hop brasileira depois de Sobrevivendo no Inferno, disco dos Walverdes e entrevista com Henry Rollins.


Sleater-Kinney, Fun Lovin’ Criminals, Little Quail, demo do MQN e entrevista com o Mark Jones, da gravadora Wall of Sound (o lar do… big beat).


25 anos de Berlin do Lou Reed, disco novo do Pin Ups, disco do Money Mark e entrevista com Chuck D, que estava lançando um livro na época.


Especial soul: a história da Motown e da Stax (lembre-se que não existia Wikipedia na época) e caixas de CDs do Al Green e da Aretha Franklin.


Retrospectiva 1998: comemorando um ano que trouxe artistas novos para a década…


…e os melhores discos de 1998: 1 – Hello Nasty, 2 – Mezzanine, 3 – Fantasma, 4 – Jurassic 5 EP, 5 – Carnaval na Obra, 6 – Deserter’s Songs, 7 – This is Hardcore, 8 – Mutations, 9 – The Miseducation of Lauryn Hill, 10 – Samba pra Burro. Em minha defesa: só fui ouvir o In the Aeroplane Over the Sea em 1999. Não tente entender visualmente, era um método muito complexo de classificação dos discos, um dia eu escaneio e mostro direito.


Beastie Boys, Scott Weiland e Boi Mamão.


A história do Kraftwerk (que vinha fazer seu primeiro show no Brasil), o acústico dos Titãs, Propellerheads (big beat!) e entrevista com Ian Brown.


Segundo disco do Black Grape, coletânea de 10 anos da Matador e entrevista com o dono da gravadora, Gerard Cosloy.


A carreira de Yoko Ono, disco novo do Ween, coletânea de Bauhaus, John Mayall e Steve Ray Vaughan e a trilha sonora de O Santo (cheia de… big beat).


Stereolab, Racionais, Metallica e 3rd Eye Blind (?!).


Disco de remixes do Primal Scream, caixa do Jam, entrevista com DJ Hum, Sugar Ray e disco solo do James Iha.


Cornershop, show à causa tibetana vira disco, Bob Dylan, Jane’s Addiction, Verve e entrevista com Lenine.


Disco de remixes do Cornelius, Sebadoh, Los Djangos, Silver Jews, entrevista com o Lariú e demo do Los Hermanos.


Disco de remixes da Björk e o novo do Guided by Voices.


Disco novo do Sonic Youth, reedição dos discos do Pussy Galore e entrevista com Edgard Scandurra.


Cobertura dos shows do Superchunk no Brasil, Pólux (a banda que reunia a Bianca ex-Leela que hoje é do Brollies & Apples e a Maryeva Madame Mim), Prince e Maxwell, coletânea da Atlantic e entrevista com os Ostras.


…e na cobertura dos shows do Superchunk eu ainda consegui que a banda segurasse o nome do Trabalho Sujo para servir de logo na página.

Editei o Sujo impresso entre 1995 e 2000. Durante esse período, ele teve vários formatos. Começou como uma coluna na contracapa do caderno de cultura de segunda e em 1996 virou uma coluna bissemanal ocupando 1/6 da página 2 do mesmo caderno. No mesmo ano, voltou a ter uma página inteira, nas edições de sábado e entre 1997 e 1999 ocupou a central do caderno de domingo. Neste último ano, voltou a ter apenas uma página, nas edições de sábado. Na época em que eu fazia o Sujo impresso, eu era editor de arte do Diário do Povo e, por este motivo, participei da criação do site do jornal em 1996 – e garanti que o Sujo tivesse uma versão online desde seu segundo ano. Foi o suficiente para que ele começasse a ser lido fora de Campinas (onde já tinha um pequeno séquito de leitores, que compravam o Diário apenas para ler a coluna) e ganhasse algum princípio de moral online, que carrego até hoje.

Na época, eu dividia o gostinho de fazer a coluna com dois outros compadres – o Serjão, que era editor de fotografia do jornal e que hoje está no Agora SP, e o Roni, um dos melhores ilustradores que conheço. Os dois são amigos com quem lamento não manter contato firme, mas são daquelas pessoas que, se encontro amanhã, parece que não vi desde ontem. Juntos, éramos uma minirredação dentro da redação – tínhamos reunião de pauta, discussões sobre o layout da página e trocávamos comentários sobre os discos que eu trazia para resenhar. No fim, eu fazia tudo sozinho na página (como faço até hoje), da decisão sobre o que entra ao texto, passando pela diagramação. Sérgio e Roni entravam com fotos e ilustras, mas, principalmente, com o feedback pra eu saber se não estava viajando demais ou de menos. Nós também começamos a discotecar juntos, mais um quarto compadre, o William, e, em 97, inauguramos o Quarteto Funkástico apenas para tocar black music e groovezeiras ilimitadas, em CD ou em vinil. Não era só eu quem escrevia no Sujo (eu sempre convidava conhecidos, amigos e alguns figurões), mas Roni e Serjão, por menos que tenham escrito, fizeram muito mais parte dessa história do que qualquer um que tenha escrito algo com mais de cinco palavras.

No ano 2000 eu fui chamado pelo editor-chefe do jornal concorrente, o Correio Popular, maior jornal de Campinas, para editar seu caderno de cultura, o Caderno C, cargo que ocupei durante um ano, antes de me mudar para São Paulo. Neste ano, para evitar confusões entre os dois jornais sobre quem era o dono da coluna (e não correr o risco de assistir a alguém depredar o nome que criei no jornal que comecei a trabalhar), decidi tirar o Sujo do papel e deixá-lo apenas online. Criei minha página no Geocities para despejar os textos que publicava em outra coluna dominical, no novo jornal, chamada Termômetro. Mas, online, seguia o Trabalho Sujo -até que, do Geocities fui para o Gardenal, e isso é ooooutra história.

Um dia eu organizo tudo bonitinho, isso é só pra fazer uma graça – e matar a minha saudade.