Matt Groening e a origem dos Simpsons

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Podia ser um filme de férias, mas o registro que Homer Groening faz dos filhos Matt, Lisa e Maggie (sério!) deixa o amadorismo histérico típico dos vídeos caseiros em segundo plano e mostra em que tipo de ambiente cresceu a mente que nos deu os Simpsons. Impressionante, veja esse filme descoberto pelo Dangerous Minds:

Acha pouco? Que tal esse curta Basic Brown Basic Blue, também dirigido por Homer?

Pink Floyd, 1969: The Man and the Journey

PinkFloyd

No final dos anos 60, o Pink Floyd ainda andava perdido após expulsar seu antigo Syd Barrett por motivos de excesso de psicodelia e seguia experimentando possibilidades sonoras em busca de sua própria voz. Até o lançamento de Atom Heart Mother, em 1970, Roger Waters, David Gilmour, Nick Mason e Rick Wright oscilavam entre jam sessions explosivas e números acústicos bucólicos, sem saber exatamente onde ia chegar. É desta época que data a suíte The Man and the Journey, espetáculo ao vivo em que o grupo tentava achar uma coesão narrativa entre músicas que seriam lançadas oficialmente em discos posteriores (principalmente Ummagumma e a trilha sonora do filme More, quando ganharam novos títulos). Desta época também vem as experiências do grupo com efeitos sonoros – tanto usando instrumentos improváveis quanto sons pré-gravados – e com happenings ao vivo (em dado momento do show um roadie aparecia fantasiado de gorila no meio do público, em outra hora serviam chá para a banda durante a execução de uma música – “Teatime”, claro -, além de fumaça e canhões). O Dangerous Minds encontrou a gravação do espetáculo More Furious Madness from the Massed Gadgets of Auximenes no YouTube, um show que foi ensaiado para ser apresentado no Royal Festival Hall londrino, mas que pode ser ouvido abaixo no show que fizeram em Amsterdã, na Holanda, no dia 17 de setembro de 1969, no Concertgebouw, que foi transmitido por uma rádio local.

Abaixo, além das faixas tocadas no show (com seus nomes oficiais entre parênteses) também há um vídeo do ensaio para a apresentação no Royal Festival Hall. Enjoy:

 

Uma música inédita do Velvet Underground

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Que tal começar a semana ouvindo uma música inédita do Velvet Underground, gravada ainda na fase clássica do grupo, com John Cale na formação? “I’m Not A Young Man Anymore” foi gravada ao vivo no Gymnasium, em Nova York, no dia 30 de abril de 1967, e só havia aparecido em um disco pirata. Mas a versão abaixo, pinçada pelo Dangerous Minds a partir do material da edição tripla do White Light/White Heat que chega às lojas este mês, veio direto da coleção do próprio John Cale, que participou da reedição do disco tão bem como Lou Reed, pouco antes de morrer. Falando sobre a morte de Lou Reed à revista Rolling Stone, nosso amigo sonic youth Thurston Moore comentou sobre a canção que finalmente será lançada oficialmente:

“I was at South by Southwest in 2008, playing at a Lou Reed appreciation concert. I’d just heard “I’m Not a Young Man Anymore,” which had just surfaced on a Velvet Underground bootleg. It was this powerful song I’d never heard before. Before we went on, I was talking to Lou and told him about it and he said, “How the hell do you know about that song?” I said, “It just surfaced on a bootleg on the Internet.” I said I thought it would be a good song to play since I just turned 50. And when I said that, he looked at me, half smiled and embraced me. It was wonderful and completely unexpected.”

Sem mais conversa: eis “I’m Not a Young Man Anymore”. Boa semana.

Zé do Caixão x Velvet Underground

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Ainda celebrando a importância de Lou Reed, Marc Campbell, colaborador do excelente blog Dangerous Minds, misturou trechos do Despertar da Besta (ou Ritual dos Sádicos) às clássicas The Legendary Guitar Amp Tapes, um pirata do Velvet Underground em que o gravador foi posicionado em frente ao amplificador da guitarra de Lou Reed, capturando todas as nuances de suas distorções e ritmo elétrico. Som e imagem se completam de forma assustadora nesse curta magnífico, que não deve ser assistido nem no trabalho nem perto de pessoas que se ofendem facilmente…

 

US$ 10 mil pelo Álbum Branco A0000001

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The Beatles – o primeiro disco duplo da carreira dos Beatles e o primeiro álbum lançado pelo grupo em seu próprio selo, a Apple – é o disco mais polêmico do grupo inglês. Foi lançado após seu primeiro fracasso de crítica e público: o filme psicodélico Magical Mystery Tour, exibido pela BBC no natal de 1967, não foi entendido por quem assistiu e foi considerado caótico, amador e mais uma prova que os Beatles não iam bem. Seu empresário Brian Epstein havia acabado de morrer logo após o lançamento do mítico Sgt. Pepper’s e havia uma nuvem negra no horizonte do grupo (que culminou com o fim da banda, poucos anos depois). Ao apresentar-se em quatro lados de vinil (com um deles – o último – contando com a longa e caótica colagem sonora chamada “Revolution #9”), o grupo criou um debate que se discorre até hoje, sobre o excesso de gordura em álbuns duplos, e pintou o autorretrato do próprio esfacelamento como unidade, perceptível por todas as faixas do disco.

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O diagnóstico seria mais preciso ainda ao levar em conta que o título original do disco seria A Doll’s House (em homenagem à peça do dramaturgo norueguês Herink Ibsen, que questiona as regras do casamento tradicional e termina – spoiler, hehe – com a esposa saindo de casa para “descobrir a si mesma”) até sua capa final e definitiva, de uma única cor – o branco. O minimalismo se refletiria também no título escolhido – apenas The Beatles – escrito em autorrelevo na capa de papelão ao lado de uma numeração em série, que começaria no código A0000001.

Com o tempo, a numeração da capa foi abandonada nas reedições posteriores (nos anos 90 uma versão em CD retomou essa referência) e sempre imaginara-se que os primeiros números desta série fossem os discos que passaram para a coleção dos próprios Beatles. Até parece. Ficou na mão de um executivo de gravadora, que vendeu à loja Let it Be Records, de São Francisco, no início dos anos 70. Ele mudou de mãos em abril de 1989, quando a loja o vendeu para David Mincks, em uma carta escrita pelo dono da loja, Clifford J. Yamasaki, que dizia:

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“This is to certify that ___ purchased Beatles ‘White Album’ number: A0000001 in mint condition on this date. It is one of approximately two dozen copies given out as early promotional items to the Beatles and top Capitol Records executives. I purchased said copy from one of the above executives in the early 1970’s. Said executive was head of the classical division at Capitol Records. The ‘White Album’ number A0000001 was shown at a Beatles Convention one time only. ‘White Album’ copies with this number A0000001 were never sealed with records or sold to the public. I certify that all of the above is true and correct.”

Agora o próprio Mincks põe a cópia à venda num site de leilões online com o lance inicial saindo de 10 mil dólares. Quem quiser fazer alguma proposta, faça aqui.

Vi essa notícia no Dangerous Minds, que ainda desenterrou essa entrevista com o artista plástico Richard Hamilton, responsável pela criação da capa que ele chama de “uma das primeiras capas conceituais de disco”, veja abaixo:

 

Só o vocal de David Bowie e Freddie Mercury em “Under Pressure”

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Essa versão a capella do encontro de dois gênios já rodou bastante a internet essa semana (eu vi no Dangerous Minds), mas não custa abrir um espaço aqui pra quem ainda não teve essa oportunidade, abaixo:

 

O dia em que John Belushi e Dan Aykroyd obrigaram Brian Wilson a surfar

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O produtor de TV Lorne Michaels, que havia acabado de emplacar seu Saturday Night Live em 1975, foi chamado para produzir o especial It’s OK, sobre os Beach Boys – e chamou Dan Ackroyd e John Belushi – os célebres Irmãos Cara de Pau – para atuar como policiais em um trecho cômico do programa. Sente só:

Vi no Dangerous Minds.

E o cúmulo da vergonha alheia de hoje…

…está à venda! Sim, é um casaco que imita um galã dos anos 70 sem camisa. Pela madrugada!

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Você podia dormir sem essa, dizaê! Vi no Dangerous Minds.

Dançando ao som do Velvet Underground nos anos 50

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Alguém no Dangerous Minds encontrou no YouTube uma cena de um programa de TV dos anos 50 daqueles em que vários adolescentes dançam sem parar – só que sem som. E resolveu colocar toda aquela juventude para dançar Velvet Underground, Buzzcocks, Outkast e Cure, entre outras pérolas de décadas seguintes. O resultado – e a lista das músicas usadas – segue abaixo.

 

Morrissey x Ramones

E por falar em Morrissey, vale citar a carta que o jovem autor, na época com 17 anos, enviou para o Melody Maker em 1976 desancando um hype de Nova York que começava a ser comprado pela imprensa londrina. Ela foi desenterrada pelo Dangerous Minds e a tradução foi feita pelo blog Tenho Mais Discos Que Amigos (dica dum certo XyZ, valeu):

Os Ramones são a mais recente banda de presunçosos degenerados e sem talento cuja realização mais notável até hoje é a habilidade de passar das fronteiras de Nova York, e puramente pela força de uma enxurrada de textos convincentes que projetam os Ramones como um presente de Deus ao rock.

Eles foram recebidos pela bajulação instantânea de um exército de fãs enganados. Musicalmente, eles não lidam com detalhes ou variações de nenhum tipo, a regra da banda é ser tão incompetente quanto o possível.

Para uma banda que diz projetar a juventude da América, a vida suburbana de Nova York, anti-conformismo, sexo e lutas, ou seja lá o que for, eles falham miseravelmente. E na luz sóbria do dia, suas imperfeições têm uma chance.

Os Ramones fazem o Stooges soarem como mestres da música clássica e eu sinto que o único lugar para sua música contraditória é o centro rico de Manhattan com o qual eles, sem dúvidas, estão acostumados.

O New York Dolls e Patti Smith provaram que há alguma vida pulsando nos pântanos e entranhas de Nova York, e eles são os únicos grupos surgidos da cena underground de NY que merecem reconhecimento. Os Ramones não têm absolutamente nada a adicionar em relevância ou importância e deveriam ser esquecidos.

O original, em inglês, segue abaixo: