Da BBC pra Apple

, por Alexandre Matias

zanelowe

A Apple anunciou o que talvez seja sua ação mais esperta desde os tempos em que Steve Jobs era vivo. Se novidades como o relógio de pulso inteligente ou a compra da grife de fones de ouvidos de Dr. Dre não fizeram mais do que mexer algumas sobrancelhas em relação ao futuro da empresa, a contratação de um dos DJs mais importantes do rádio mundial atual é uma decisão mais do que acertada.

Zane Lowe talvez seja um dos melhores bens da decana BBC: um produtor e apresentador de rádio conhecido por seu vasto conhecimento pop, uma erudição crítica que convida os ouvintes mais rasteiros a pertinentes análises de nossos tempos e um carisma capaz de deixar nomes de diferentes estaturas no cenário pop mundial completamente à vontade. O anúncio de sua ida da BBC pra Apple não é apenas uma baita perda pra estatal de mídia inglesa, mas aponta um interessante futuro para a abordagem da Apple em relação à música.

Pois a compra da marca de fone de ouvidos Beats mexeu com o mercado mas deixou analistas suspeitos em relação àquela transação: muitos criticaram o fraco desempenho técnico dos fones de ouvido de Dr. Dre e reforçaram o fato de eles funcionarem mais como uma grife do que como uma empresa de tecnologia de áudio. Junto com os fones de ouvido veio também o serviço de streaming da empresa, que talvez seja onde a Apple esteja mirando – afinal a empresa comprou uma empresa de hardware que já traz seu próprio serviço digital embutido. E se lembrarmos que a Apple ainda não lançou seu serviço de streaming, as coisas começam a fazer ainda mais sentido.

E agora a contratação de Zane Lowe. Talvez a Apple não esteja apenas pensando num serviço de assinatura de áudio pura e simplesmente, mas queira usar sua grife para atrair nomes que possam fazer curadoria – e dar personalidade – para, quem sabe, reinventar o rádio. Se for isso, ponto pra eles.

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