Não aperta que dói

Ano passado o reverendo Al Green quebrou as pernas emocionais de nós todos ao regravar “Perfect Day” do Lou Reed – e não é que agora ele conseguiu ir ainda mais fundo? Pois saca essa versão inacreditável para “Everybody Hurts” do R.E.M. e nem tenta segurar a emoção…

Ouça abaixo:  

PJ Harvey ♥ Joy Division

Repetindo a dobradinha que já tinha feito com o compositor britânico Tim Phillips há dois anos, quando os dois regravaram “Who By Fire” do Leonard Cohen e a canção tradicional folk “Run On” para a trilha sonora da primeira temporada série irlandesa Mal de Família, PJ Harvey mais uma vez visita uma canção alheia – e que canção! – ao regravar nada menos que “Love Will Tear Us Apart”, música-símbolo da carreira do Joy Division. Lógico que é um deleite ouvir o timbre de Polly Jean declamando as palavras pesadas de Ian Curtis, mas a produção de Phillips plástica e oitentista deixa a música aquém do lugar que poderia chegar – e precisava desse vocoder quase no final da música?

Ouça abaixo:  

E o LCD Soundsystem tocando Bauhaus?

E o LCD Soundsystem está fazendo mais uma de suas residências musicais, desta vez do outro lado dos Estados Unidos, quando apresenta-se oito vezes em Los Angeles, quatro shows em uma casa específica – na semana passada tocaram no Shrine Exposition Hall e neste fim de semana estão tocando no Hollywood Palladium. O show traz poucas novidades apesar do grupo ter anunciado que está preparando um novo disco e uma das novas é justamente a primeira vez que inclui a recém-lançada “X-Ray Eyes” em seu repertório. Mas o grupo liderado por James Murphy começou a série de shows no dia das bruxas, puxando nada menos que uma versão inacreditável para “Bela Lugosi is Dead”, do clássico grupo dark Bauhaus. Felizmente alguém na plateia registrou esse momento épico, assista abaixo:  

E até o Hanson tocou Radiohead essa semana…

Pra você ver como são as coisas: na quarta-feira o Phantom Planet tocou uma versão de “Paranoid Android” no show que fez em Nova Jérsei e no dia seguinte, quando foram tocar no Palladium Times Square, em Nova York, contaram com os Hanson (sim, aqueles Hanson) como banda de abertura, que começou seu show tocando… “Optimisc” do Radiohead! Não é a primeira vez que a banda toca essa versão ao vivo e nem é a única versão que tocaram no show (também tocaram “Ain’t No Sunshine” do Bill Withers, “Feelin’ Alright?” do Traffic e “Everybody Wants To Rule The World” dos Tears for Fears), mas que tem uma vibe Radiohead no ar, isso tem… Assista abaixo:  

Uma vibe Radiohead no ar…

Não bastasse a Caroline Polachek regravar “True Love Waits” numa versão deslumbrante em frente a telas de Monet, o grupo californiano Phantom Planet puxou, de improviso, na quarta-feira passada, uma versão para “Paranoid Android”, também do Radiohead, quando apresentou-se no White Eagle Hall, em Nova Jérsei, nos EUA. Não custa lembrar que não é a primeira incursão do grupo no tema, já que seu vocalista Alex Greenwald foi convidado para regravar “Just” no disco que projetou a carreira do produtor inglês Mark Ronson, Versions, no longínquo 2007. Ficou demais, veja abaixo:  

“True Love Waits” com a Caroline Polachek

E essa versão deslumbrante de “True Love Waits” do Radiohead que a Caroline Polachek gravou no Musée de L’Orangerie, em frente às Nenúfares de Monet? Assista abaixo:  

E o Diiv tocando Pavement?

Segura essa pedra: o Diiv, os heróis contemporâneos do shoegaze que acabaram de passar pelo Brasil, fizeram essa versão absurda para “Cream of Gold” do Pavement em sua recente ida aos estúdios da rádio SiriusXM, em Washington, nos EUA, e o resultado ficou foda demais. Muito bom ver que a banda de Stephen Malkmus está sendo finalmente reconhecida como uma das principais bandas de rock da história.

Assista abaixo:  

Luedji Luna canta Sade

E se você estava esperando as datas dos shows da Luedji Luna cantando Sade em São Paulo anote aí: o espetáculo acontece três vezes durante o mês de novembro, além da data no Circo Voador (dia 19), que já teve seus ingressos esgotados. Na cidade, a musa toca dias 27 e 28 de novembro na mitológica sala Adoniran Barbosa, no Centro Cultural São Paulo, e no dia 30 no Festivalzinho, evento que será realizado no Parque Villa-Lobos, e pretende unir atividades para pais e filhos, trazendo shows infantis (como os palhaços Patati Patatá, o espetáculo Os Saltimbancos, a Galinha Pintadinha, o grupo Tiquequê e a banda Beatles para Crianças) e para o público em geral (e além de Luedji ainda se apresentarão Mariana Aydar com Mestrinho, Céu com seu Baile Reggae, Maria Gadú e a dupla Anavitória. Teve quem pedisse que ela fizesse esse show na abertura do show que vai fazer para Erykah Badu no dia seis de novembro, mas ela vai apresentar seu próprio show – mesmo porque além de fazer bonito frente à gringa com suas próprias músicas, ela não precisaria invocar outra diva gringa da soul music para dividir atenção com Badu. Os ingressos para os shows no Centro Cultural ainda não estão disponíveis para compra, mas os do Festivalzinho já estão à venda neste link.

Xande de Pilares ♥ Luedji Luna

Não sou propriamente fã do disco que o sambista Xande de Pilares gravou ano passado cantando Caetano Veloso porque acho que cai naquele lugar cinzento entre a MPB e o elemento fofo do cenário independente deste século, dois recortes que gentrificam – com meio século de diferença – a música brasileira (e eu que não vou entrar nessas polêmicas caça-clique, que preguiça…), mas entendo a importância do disco ao apresentar diferentes artistas para diferentes públicos, passo crucial rumo à união das duas metades de um país que sempre foi partido. Mas ao regravar “Banho de Folhas” de Luedji Luna, meu xará acerta na mosca em uma veia que precisava ser pressionada há tempos. Pois são dois artistas contemporâneos que vêm da mesma matriz mas saem de cenários distintos e a nova versão para a música de Luedji (com seu belo clipe, veja abaixo), reforça uma beleza sambista que a música original apenas insinuava – e isso sem precisar recorrer à nostalgia. A versão ficou lindona e, com isso, consagra de vez “Banho de Folhas” como um estandarte do repertório da atual música brasileira.

Assista abaixo:  

The National tocando Echo & The Bunnymen com o guitarrista do War on Drugs

Imagina que no meio do show do The National a banda convida o guitarrista do War on Drugs para tocar uma música do Echo & The Bunnymen. Pois isso aconteceu duas vezes neste fim de semana, quando Adam Granduciel se juntou ao grupo liderado por Matt Berninger na sexta (em Toronto, no Canadá) e no sábado (em Cuyahoga Falls, nos EUA), para tocar o hit “Bring on the Dancing Horses”. Nada mal, dá uma sacada como foi no show de sexta…