Com Cowboy Carter, Beyoncé conseguiu de novo

, por Alexandre Matias

Se você ainda não ouviu o disco novo da Beyoncé, Cowboy Carter, lançado nessa sexta-feira, faça isso agora, pois ela conseguiu de novo. O segundo ato de uma trilogia iniciada há dois anos, é um disco ainda mais complexo e cheio de camadas que o primeiro volume, Renaissance, e a quantidade de referências, citações, vinhetas, vocais maravilhosos e sentimentos suscitados ergue seu trono ainda mais rumo ao topo do pop desta década – e deste século. É uma obra que mantém o sarrafo altíssimo durante toda sua duração, seja na inacreditável e fidedigna versão para “Blackbird” dos Beatles às aparições de Willie Nelson, Linda Martell, Chuck Berry e Dolly Parton, passando pela montanha russa de emoções de faixas épicas como “Ya Ya” (citando Beach Boys e Nancy Sinatra), a sequência “Riiverdance”/”II Hands II Heaven”/”Tyrant” e “Sweet ★ Honey ★ Buckin'”, os duetos de chorar ao lado de Miley Cyrus (“II Most Wanted”) e Post Malone (“Levii’s Jeans”), as irresistíveis “Bodyguard” (meu hit até agora, que entrou no meu set desde os primeiros segundos), “Spaghettii” e “Just for Fun” e sua versão maravilhosa do hino “Jolene”. Com seu olhar implacável, ar de rádio em seus melhores momentos e sentimentos à flor da pele, ela estabelece um parâmetro não apenas para 2024 quanto para o resto dos anos 20, cobrando artistas de todos os gêneros a desafios tanto artísticos quanto comerciais mais ousados. Disco do ano em pleno março, Cowboy Carter é nota 10 e é pouco provável que algum artista chegue perto – e olha que estou me referindo a um ano que, esperamos, ainda veremos discos de Dua Lipa, Taylor Swift, Rihanna, Charlie XCX, Lorde e Billie Eillish, o que não é pouca coisa. E, como ela mesma disse, não é um disco country, é um disco dela.

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