E se o Yahoo usasse as cores do Google? Se o Mastercard tivesse as cores do Visa? Ou o McDonald’s tivesse as cores do Subway? Eis o interessante experimento iniciado pela designer catalã Paula Rúpolo em 2013, que acaba de ser revisitado. Separei algumas trocas de cores de marcas abaixo.
O russo ferveu um refrigerante e só sobrou essa lama grossa, puro açúcar:
Durante os anos 60, enquanto inventava a pop art, Andy Warhol transformou o simples teste de câmera sobre o rosto de um protagonista em uma expressão artística encerrada em si mesma. Seus screentests ficaram célebres por reunir, entre 64 e 66, nomes que circulavam o núcleo criativo na Factory em sessões mudas de closes em primeiro plano (Dean Wareham e Britta Philips transformaram esses pequenos curtas em espetáculo, que passou inclusive por São Paulo). O screen test de Lou Reed é especialmente memorável por tratá-lo como um ícone norte-americano tão clássico quanto a garrafa de Coca-Cola que exibe durante o filme:
Comentei outro dia a participação do Tom Zé na nova campanha do refrigerante mais popular do mundo e, nessa sexta, ele respondeu sobre o caso na sua página do Facebook. Com a palavra, o mestre Tom Zé:
Pois é, pessoal, estou preocupado.
Eu dou importância à opinião de vocês. Essa alegria sempre me acompanhou.
Quando o anúncio saiu na tv, imaginei que até as opiniões contrárias eram uma espécie de comemoração por eu aparecer com status de locutor de uma propaganda grande. Mas agora, quando perco o sono por causa do assunto… não, agora eu estou preocupado!
O apoio de vocês sempre foi uma base de sustento. Será que uma alegria nascida do privilégio de até hoje, aos 76, ter vivido dessa profissão de músico e cantor, me fez pensar que eu poderia afrontar essa sustentação?
É curioso que quando fui consultado sobre o anúncio nem pensei nessa probabilidade. No ano passado meu disco fora patrocinado pela Natura e como eu nunca tinha recebido patrocínio desse tipo – nem de nenhum outro – , cara, eu me senti como um artista levado em conta!
Para profissionais de meu tipo as gravadoras são agora inalcançáveis. A Trama, de João Marcello Bôscoli, me deu grande apoio nos anos 90 e até Estudando o Pagode, em 2004. Mas em Danç-Êh-Sá”, já dividimos as responsabilidades. Em 2008 Estudando a bossa foi muito ajudado pela Biscoito Fino; Agradeço, mas ficou difícil continuar lá. No ano passado o apoio da Natura me deu tanta confianca pessoal que ousei fazer o Tropicália Lixo Lógico.
No lançamento de Danç-Êh-Sá, em 2005, o resultado foi de extremos. A gravadora francesa teve um ódio tão grande do disco que quase perco até a amizade de Henri Laurence, que lá me lançava pela Sony. Nos E.U.A. houve comentários apaixonados na crítica, mas Yale Evelev recusou o disco na Luaka Bop. Logo a seguir a mesma Luaka Bop me respondeu com entusiasmo ao Estudando a bossa de 2008 e depois lançou o super set box de vinis com os 3 Estudando…
E o … Lixo Lógico recuperou também a amizade de Henri Laurence.
Toda essa dança de lançamentos e esse céu-e-inferno com os editores-lançadores é própria desse setor onde não devo nem quero relaxar o arco-tenso-da-ousadia. Mas nos dias atuais vivemos a era da internet e a venda de disco passou a ter um peso insignificante. Já o papel desses lançamentos, em termos de divulgação, é muito eficiente.
* * *
Voltemos ao presente. Atualmente sinto paixão pela retomada do projeto dos instrumentos experimentais de 1972. Com a eficiente colaboração do engenheiro Marcelo Blanck, começamos a desenvolver alguma tecnologia, mas com recursos parcos, insuficientes. Os resultados estão nos animando muito. Aí entrou o anúncio da Coca-Cola que, mesmo sem ela saber, patrocinaria boa parte da pesquisa.
Será que o uso dos recursos obtidos com o anúncio muda a avaliação de vocês?
Madrugada de sexta, 8 de março, 6h22. tom zé
Pronto, basta explicar. Esse papo de “as contas não param” é muito reacionarismo.
Ouçam só:
Você lembra dessa música?
Ou lembra porque parece essa?
Na real, essa comparação é tão antiga que até o Nowaysis (banda cover de Oasis que existia nos anos 90) já fez uma versão do jingle à Oasis num Top of the Pops do século passado.
Não invalida a qualidade de “Shakermaker”, mas eu não conhecia essa comparação.
Isso me fez lembrar do jingle que o Jack White fez pra Coca-Cola na Austrália.
Lembro que perguntei sobre isso pra ele, quando o entrevistei pra Rolling Stone há uns cinco anos:
Pra mim, escrever uma música para a Coca-Cola foi como se fosse uma afirmação sobre essas pessoas que se importam em ser cool e hipster, que se importam com estilo, que eu não tenho nada a ver com esse tipo de gente. Eu não quero ter nada a ver com eles. Eu amo Coca-Cola de verdade, não estou mentindo! E fiz o comercial porque eu quis! Eu não fiz isso por dinheiro, recebo ofertas como essa 15 vezes por semana, para escrever músicas para comerciais de carro, filmes, programas de TV… E isso tem tudo a ver com esses caras do underground, que são tão melhores do que todo mundo, esses roqueiros de garagem, porque eles sempre dizem que você deve fazer o que quiser e não se importar com o que as outras pessoas pensam. Foi exatamente o que eu fiz com essa música.
O mesmo Van Zoggel que fez os selos de Guerra nas Estrelas já tinha imaginado pôsteres de filmes sobre memes da internet, veja abaixo…
Me chamem quando bancos fizerem caixas eletrônicos assim.