O clássico grupo indie escocês Teenage Fanclub mostra “Home”, single que anuncia o lançamento do primeiro álbum do grupo após a saída de Gerard Love em 2018. Endless Arcade será lançado em março do ano que vem e traz pela primeira vez a formação do grupo como um quinteto, com Norman Blake e Raymond McGinley nas guitarras e vocais, Francis MacDonald na bateria e os novatos Dave McGowan, no baixo, e Euros Childs (sim, o mesmo do Gorky’s Zygotic Mynci) nos teclados.
Amo o solo dobrado da música. Endless Arcade, cuja capa e ordem das faixas vêm abaixo, já está em pré-venda.
“Home”
“Endless Arcade”
“Warm Embrace”
“Everything is Falling Apart”
“The Sun won’t shine on me”
“Come With Me”
“In Our Dreams”
“I’m more inclined”
“Back in the Day”
“The Future”
“Living with You”
“Silent Song”
Desde o final do ano passado Billie Eilish vem ameaçando seu segundo álbum mostrando aos poucos músicas novas: primeiro foi a melancólica “Everything I Wanted”, que seguiu-se da suntuosa “No Time to Die”, tema do próximo filme de James Bond, para finalmente chegar à balada “My Future”. Em comum, as três músicas encontravam-na mais reservada, mais séria e de alguma forma introspectiva, mas finalmente ela mostra que a Billie que encantou o mundo ano passado segue firme, ao apresentar o single – e o clipe – de “Therefore I Am” nesta quinta-feira.
Sozinha num shopping center (a Glendale Galleria, um dos maiores shoppings de Los Angeles), ela diverte-se sozinha, passando por cima de balcões, surrupiando comida e dominando o cenário como se fizesse uma metáfora para a invasão que fez ao showbusiness no ano passado. A letra encerra um pé na bunda com estilo e o clipe, filmado em uma noite, com um iPhone, reforça que ela só precisa dela mesma para seguir galgando rumo ao topo do pop.
Quando assisti Luna França apresentar-se como uma das convidadas da temporada que Rafael Castro fez no Centro da Terra, no longínquo mês de setembro de 2017, ela mostrava, pela primeira vez em público, suas próprias canções. Quem esteve nesta noite foi fisgado instantaneamente pelas deliciosas crônicas que apresentava cantando, bem como por sua doce voz e sua presença de palco. Desde então venho acompanhando sua evolução como artista, embora ela tenha acontecido quase como uma metamorfose, uma vez que raramente apresentou-se ao vivo com seu próprio nome (embora seguisse tocando com outros artistas, como Tiê, Papisa, Bruno Bruni e o próprio Rafael). Fechada em seu estúdio-casulo (uma edícula na Vila Anglo, em São Paulo, onde morou até o início do ano), cutuquei-a várias vezes para ver se ela não queria mostrar o disco que vinha gravando antes de lançá-lo, em uma data única no mesmo teatro, mas ela sempre dizia que ainda não era a hora. Agora chegou a hora e ela começa a mostrar seu primeiro álbum no fim deste estranho ano de 2020, quando ela apresenta em primeira mão para o Trabalho Sujo o clipe do primeiro single, “Minha Cabeça”.
“Acho que a decisão de lançar ‘Minha Cabeça’ como primeiro single teve muito a ver com o momento de pandemia e isolamento social que estamos passando”, ela me explica por email. “Apesar de não ter sido composta para esse momento, acredito que ela reflete bem a sensação que eu e muitas pessoas tivemos de claustrofobia e ansiedade. Para muitos, esse tem sido um momento de olhar para dentro e lidar com partes de nós mesmos que nos assusta, mas que estão lá. E a música fala dessa busca por uma saída e o encontro consigo mesmo.”
“Além disso, ‘Minha Cabeça’ foi minha primeira composição e uma das últimas músicas a entrar no disco. Quando ela ficou pronta eu pensei: ‘Quero que ela seja a primeira a ser lançada!'”, ela prossegue. “Apesar do disco ter canções bem diferentes entre si, creio que o fio condutor de todas elas está nas letras bem pessoais, simples e sinceras, sem muitos floreios, apenas o pensamento ou sentimento do momento retratado na canção.”
Produzido e arranjado por ela e por André Whoong, o disco será o segundo lançamento do selo Cena, do jornalista Lúcio Ribeiro e tem previsão de lançamento apenas para o ano que vem. A suave e hipnótica “Minha Cabeça” é apenas um teaser do disco que, originalmente, sairia em 2020. “Quando a pandemia começou, decidi parar um pouco e entender o momento antes de tomar uma decisão de lançar. Quando percebi que as coisas demorariam a voltar da forma que eram – se voltarem -, resolvi pensar no lançamento, pois sentia que já estava com isso guardado para mim há bastante tempo.”
“Criei e gravei muitas das ideias de arranjo sozinha na minha casa. Essas ideias eu levava para o André e a gente lapidava juntos e somava com a ideias dele”, explica, lembrando o processo que começou há dois anos, quando ela só queria mostrar as músicas para Whoong, que acabou se empolgando com as canções. “Criei vários dos arranjos em minha própria casa, principalmente os arranjos vocais, presentes em todo o disco, além de synths e beats. Como eu sempre fui uma pessoa apaixonada por voz e arranjos vocais, acredito que isso virou uma marca que conecta todas as músicas.” Ela deve lançar um novo single no início de 2021, este com uma participação especial – que prefere não revelar ainda, bem como o título do disco: “Sou libriane, vai que muda!”, ri.
O mestre Itamar Assumpção ressurge na póstuma “Beleléu Via Embratel”, faixa produzida por sua filha Anelis, que traz participações de nomes como Liniker, Vange Milliet e Tata Fernandes nos vocais de apoio, com Paulo Le Petit no baixo e Luiz Chagas na guitarra (ambos integrantes de sua clássica Isca de Polícia), Marquinho Costa na bateria e Edy Trombone no instrumento de sua alcunha. A faixa, originalmente composta para o festival MPB-Shell de 1981, nunca teve registro oficial e essa ressurreição também anuncia o tão aguardado MU.ITA, o Museu Virtual Itamar Assumpção que Anelis vem desenvolvendo e que deve ser apresentado finalmente no próximo dia 20.
Que maravilha!
Kassin e Frank Jorge, dois pilares do rock independente dos anos 90 que se tornaram referências musicais nas respectivas cenas de suas cidades, já se conheciam há tempos. “Eu conheci o Frank assistindo ao Graforreia Xilarmônica no festival SuperDemo, se eu nao me engano em 1992”, o produtor carioca puxa pela memória. O gaúcho complementa: “Fui conhecer conhecer mesmo foi quando o Kassin e o Berna produziram o disco da Graforreia Xilarmônica Ao Vivo, lançado pela Senhor F Discos, gravado em Porto Alegre num bar chamado Manara, que não existe mais nem a edificação, inclusive, e foi lançado em 2006”, lembra Frank sem precisar a data do show.
Os dois se reencontraram em 2020 para começar a trabalhar num disco em dupla, mas o coronavírus obrigou a mudança de planos. “Inicialmente haveria encontro no disco , eu iria a Porto Alegre e Frank viria ao Rio , eu pensava em um disco mais tocado com sintetizadores e baterias eletrônicas e acústicas juntas quando vimos que isso não seria possível resolvi fazer tudo programado”, lembra Kassin. “Inicialmente, seria uma fusão de composições autorais inéditas ao estilo de músicas bregas brasileiras com rock internacional da mesma época, tipo bandas do CBGBs…”, lembra Frank, “mas o rumo que foi tomando as composições e produções a partir das guias mostrou um universo diferente, mais rico ainda, bem brasileiro, bem diversificado, com bastante programações de bateria eletrônica, baixos synth ou ‘tocados no dedão’, arranjos maravilhosos do Kassin para sopros, enfim… Um álbum muito único que me deu muito prazer em fazer.”
Ainda sem data de lançamento precisa – os dois falam no começo de 2021 -, o disco Nunca Fomos Tão Lindos começa a ser mostrado esta semana, quando o single “O Que Vou Postar Aqui” chega às plataformas digitais na sexta, mas os dois antecipam a faixa, que mistura as melodias básicas de Frank à fissura de Kassin por música eletrônica avançada, ao mostrar o clipe primeiro aqui no Trabalho Sujo. “É uma canção tipicamente ‘frankeana’, composta com certo DNA do velho e famigerado iê-iê-iê que existe incrustrado em mim – e adoro!”, descreve Frank. “Mas a liberdade de criação foi o princípio básico do trabalho e o que o Kassin trouxe de contribuições foi sempre surpreendente; apontou para direções muito diferentes em termos rítmicos, soluções harmônicas bacanas e de bom gosto. Um resultado final bem diferente dos respectivos trabalhos solos, e em alguma medida, modestamente falando, muito único, muito raro”. Kassin reforça que a faixa é uma boa introdução ao disco: “O disco vai pra muitos lados sonoramente, mas dá pra entender o que esperar do álbum.”
Frank detalha como foi a criação do disco: “Fiz uma guia inicial em fevereiro deste ano com violão, baixo, teclado, guitarra, vozes, para 14 músicas com o Beto Silva no Estúdio Marquise 51. Tiveram umas dinâmicas de deixar algumas de lado e inserir outras no decorrer do processo, de abril em diante. Em síntese, dez composições do álbum foram escritas entre novembro e fevereiro e duas já existiam no meu repertório próprio, não lançadas. Kassin produziu as gravações via software Zoom a partir do seu estúdio ou sua casa no Rio de Janeiro. Beto e eu em Porto Alegre no estúdio Marquise 51, gravando a partir das orientações do Kassin. Trocamos vários telefonemas e algumas vídeo chamadas para discutir as músicas, buscar soluções, cortes… Fluiu tudo de modo muito legal, cooperativo, colaborativo. Conversamos bastante sobre música em geral. Celly Campelo, High Llamas, Paulo Sérgio, Jackson 5, documentários sobre música, etc. Tudo isto impactou no resultado e no astral geral do álbum. ”
Cada um segue seus projetos individuais. Enquanto Kassin prepara mais um disco solo, Frank segue dando aula de Produção Fonográfica na universidade Unisinos, em Porto Alegre “e compondo canções em espanhol; lendo Jonathan Franzen, Henry Jenkins, jornal e revistas Bizz antigas; sempre ouvindo muita música; assistindo seriado sobre o Império Romano”, conclui.
“Esse refrão surgiu pra mim depois de um ensaio com a Juçara Marçal para um episodio da série Cantoras do Brasil em homenagem à Isaurinha Garcia. Uma das músicas, ‘Sem Cuica Não Tem Samba’, falava do encontro do corpo de Laurindo numa ribanceira no morro de mangueira e outro, ‘Procura o Miguel’, fala de um desaparecido ‘há quatro semanas’. coincidentemente o assunto do desaparecimento do Amarildo estava no noticiário por conta de uma decisão sobre indenização. Laurindo, Miguel, Amarildo são todos personagens cariocas vítimas de alguma violência”, lembra o produtor e compositor Maurício Tagliari, puxando pela memória a origem do single que lança em primeira mão no Trabalho Sujo, no dia de seu aniversário. O clipe é dirigido por seu filho, Daniel Tagliari.
Ele explica porque o samba “Amarildo”, gravado ao lado de Rodrigo Campos, Mauricio Badé, Janine Matias e Val Andrade, ficou de fora de Maô: Contraponto de Fuga da Realidade, que lançou no ano passado. “Fiquei um tempo mexendo na música mas quando fui gravar meu primeiro disco solo, ela ficou de fora porque eu e meu produtor Jesus Sanches decidimos não fazer um disco só de samba. Metade do disco já era samba. E naquele momento eu também achei de alguma forma um pouco ‘oportunista’ tratar desse assunto num primeiro disco. Depois de ter lançado um segundo disco bem mais experimental eu me senti mais à vontade para gravar algo mais ‘engajado’. Na verdade me senti impelido diante de tanta barbárie e violência que se manifestou após a eleição de 2018. Meu Amarildo é uma personagem arquetípica, uma vítima da violência não se sabe se do estado ou de milícias. Mas em comum com o Amarildo real é que seu corpo não aparece. Eu gosto de pensar que ele foi batizado em homenagem ao Amarildo do Botafogo e da seleção brasileira que brilhou substituindo Pelé na Copa de 62. Por isso descrevo um cara de boa, que joga bola, toca cavaco e não quer encrenca. E de repente, mesmo assim, é arrastado de alguma forma por aquele universo sem segurança, sem instituições confiáveis.”
“Nunca vi algo tão ruim como o que estamos vivendo”, reclama, “como artista, sinto que fui sendo direcionado para colocar na rua meu trabalho solo justamente pela percepção de uma piora da situação. um certo dever de botar a boca no trombone.”
A canção é o primeiro single de seu próximo disco, o terceiro álbum da série Maô, cujo subtítulo é Allegro Dentro do Possível e que está previsto para o ano que vem. Este álbum segue Falta de Estudo #1, que foi gravado e lançado logo no início da quarentena. “A ideia desse novo trabalho é um pouco uma síntese dos dois primeiros. No primeiro me apoiei muito nos amigos, parceiros, músicos e intérpretes. Tanto que somente uma música cantei sozinho e somente uma outra não era parceria. No segundo fiz tudo, de ponta a ponta, incluindo criar, tocar, gravar, mixar, fazer a capa. Nesse terceiro a maior parte das músicas será só de minha autoria mas terei participações e colaborações gravadas à distância. posso confirmar, por enquanto, Cuca Ferreira, Thiago França, Rodrigo Campos, Guilerme Kafé. outras estão já encaminhadas mas não confirmadas. por isso prefiro não comentar ainda.”
E além disso, ele prepara singles inéditos ao lado de Juliana Perdigão (“Yamamoto”), Guilherme Kafé (“Vaso Quebrado”) e Lenna Bahule (“Diabim”), além das atividades da YB, sua gravadora, que andam intensas. Além de terem lançado de discos do Negro Leo, Guilherme Held, Ava Rocha, Joana Queiroz e outros, também vem fechando parcerias com outros selos, como Disgrama, QTV, Matraca, Mundaréu Paulista, São Mateus e Alea. “Uma coisa muito interessante foi que aquilo que era quase impossível no mundo real, encontrar e reunir todo ou boa parte do elenco para se conhecer, trocar experiências e ideias, foi possível nesse mundo das reuniões virtuais. temos feito reuniões mensais e isso deve produzir colaborações interessantes em breve.”
Os Rolling Stones liberaram online a primeira performance de seu clássico “Sympathy for the Devil” ao vivo, quando a tocaram pela primeira vez no mitológico especial Rock and Roll Circus, que gravaram no final de 1968, logo após terem lançado o disco Beggar’s Banquet, mas que só foi oficializado quase trinta anos depois, em 1996 (falei desse clássico num CliMatias dia desses). Nesta primeira versão, que ficou de fora da versão final do especial, não só assistimos à estreia como a vemos tocada com apenas uma guitarra, uma vez que o fundador dos Stones, Brian Jones, limita-se a tocar maracas. E pelas performances de Mick Jagger e Keith Richards dá pra cravar que este é o momento em que os dois assumem as personalidades que iriam ditar os rumos da banda pelas décadas seguintes. Jagger em especial está brilhante, numa apresentação histórica desde o início – sem contar quando ele tira a camisa para revelar um certo desenho tatuado no peito.
E cuidado pra não perder o John Lennon fritando perto dos cinco minutos do vídeo.
“Sei o que me salva, sei o que me mata”, canta hipnoticamente Alzira E sobre o poema do compadre Arruda, antes de explodir no refrão que batiza a nova música do Corte, banda em que ela toca ao lado de integrantes do Bixiga 70, “só não sei a dose exata!”. A faixa, escolhida para mostrar o vídeo-álbum Corte Vivo em SP, que foi gravado no Itaú Cultural no ano passado e que o grupo começa a lançar semanalmente a partir deste mês de novembro e que você assiste em primeira mão aqui no Trabalho Sujo.
“Bati o olho e veio”, lembra a compositora, quando leu o poema no segundo livro do poeta, A Representação Matemática das Nuvens. “A gente já tinha gravado o disco do Corte quando fiz essa música e achei que o poema tinha a ver com isso, com essa explosão, essa coisa mais radical do grupo. Foi essa sensação que eu tive quando li o poema, que virou música na hora, fiz no baixo. E fiquei surpresa, porque o poema tem três linhas e achava que não ia rolar, é diferente fazer uma música com um poema tão curto, mas ele é muito intenso e muito inteiro. O fato de ter pouco verso não fez falta, porque é muito completo.”
Letrux lança clipe para “Abalos Sísmicos” feito remotamente com onze ilustradores diferentes, que recriaram a banda desenhando por cima de imagens filmadas, usando aquele formato chamado rotoscopia.
Ficou fera – e assista até o fim para ouvir a troca de áudios hahahaha
O jovem mestre Kevin Parker recria a clássica “Why Won’t They Talk To Me?” do segundo disco do Tame Impala Lonerism em um vídeo em que assume que, afinal, ele é uma banda de um homem só.










