A minha coluna no Caderno 2 foi sobre o debate sobre música eletrônica e redes sociais que mediei no YouPix, semana passada.
O DJ e a internet
Redes sociais e vida noturna
No dia 2 de abril, a colunista do C2+Música Claudia Assef publicou o artigo A Música Eletrônica Cresceu Demais?, em que comentava que os hábitos noturnos de São Paulo haviam mudado e como a noite paulistana havia deixado de se importar com música. Conversando com Facundo Guerra, empresário da noite e dono de casas como o Lions e o Vegas, ela ouviu que “os clubes já não são mais templos de música. São extensões das redes sociais, ponto de encontro. O cara vai na boate pra encontrar aquela menina que ele cutucou no Facebook. A música virou trilha de fundo”. E com as redes sociais, o artigo correu sozinho pela internet, gerando comentários acalorados e discussões enfurecidas.
Foi o suficiente para que a publicitária Lalai Luna, que também produz festas, resolvesse entrar na discussão, incentivando-a. Lalai estava na curadoria de uma das áreas do festival YouPix, que cresce ano após ano e que pode ter fôlego para disputar com a Campus Party o título de principal evento de cultura digital do País. E resolveu convidar algumas pessoas para continuar a discussão iniciada nas páginas do caderno. Além da Claudia e de Facundo, Lalai também participou da mesa e chamou a blogueira e produtora de festas Flávia Durante, o produtor e publicitário Bruno Tozzini e o jornalista e DJ Camilo Rocha e este nada modesto missivista para mediar a mesa. O título da discussão era propositalmente polêmico – As redes sociais estão matando a música eletrônica? –, mas o debate fugiu de rusgas fáceis e a discussão chegou a alguns pontos interessantes, que resumo aqui.
Sim – a noite virou uma extensão das redes sociais. As pessoas estão realmente mais interessadas em “reencontrar” pessoalmente os amigos com quem passaram o dia conversando, seja no Twitter, via Gtalk, no Facebook ou pelo MSN. E não é que as pessoas deixaram de se interessar por música, mas é que elas querem ouvir músicas que já conhecem, daí um fenômeno recente – de uns dez anos para cá – do frequentador que pede música para o DJ, algo considerado profano nos tempos em que o DJ era o soberano da noite. Talvez isso ocorra porque as pessoas estão ouvindo menos rádio e encontram, na noite, uma alternativa à zona de conforto que era o rádio em seus dias de glória.
Acontece que o DJ está perdendo a importância vertical que tinha sobre a pista – algo que afetou qualquer área que tenha sido invadida pela internet. Do mesmo jeito que as indústrias da música, do cinema, dos games, das notícias, entre outras, a cultura noturna também foi afetada pela horizontalização imposta pela rede. Agora é hora de aprender a lidar com isso para seguir a história.
Já já tou no YouPix de novo, pra mediar um papo sobre como a internet matou (matou?) a música eletrônica como nicho de uma galerinha só:
* 19:00 – 20:00 > AS REDES SOCIAIS ESTÃO MATANDO A MÚSICA ELETRÔNICA? (música)
A música eletrônica não é mais nicho. Ganhou público, mas, dizem os puristas, perdeu sua essência. Resultado disso é a superlotação das pistas dos principais clubes de São Paulo, com público mais interessado no local como ponto de encontro transformado em uma extensão das redes sociais do que como um ambiente pra ouvir boa música. Alexandre Matias (Vida Fodona e Trabalho Sujo) tem a missão de pilotar uma mesa que conta com a presença de Facundo Guerra (empresário da noite, dono dos clubes Vegas e Lions, e dos bares Carniceria Z e Volt), Claudia Assef (DJ, autora do livro Todo DJ Já Sambou, diretora de conteúdo do Vírgula, colunista do Estadão), Flavia Durante (editora dos sites Trip e TPM, DJ e ativista cultural), Camilo Rocha (DJ e editor do Vírgula Música), Lalai Luna (publicitária, produtora de festas e DJ) e Bruno Tozzini (publicitário e produtor de festa).
Bora?
Mas volto em seguida. Na real, chego pela manhã e participo de um bate-papo sobre música e internet dentro do evento Coca-Cola Parc, que, além dos shows de bandas como No Age, Matt & Kim, Copacabana Club, Pata de Elefante, entre outros, ainda conta com esse ciclo de debates chamado Indústria Criativa, que reúne bambas e compadres como o Miranda, Frank Jorge, Lucio Ribeiro, Claudia Assef, Pena Schmidt, entre outros. Minha participação acontece no Módulo Música e Tecnologia, onde converso com o Ronaldo Lemos e o Ivo Correa, do Google, com mediação da Ana Carla. Não fico pros shows porque a vida continua uma pilha, mas quero ver se pego pelo menos algum deles aqui em São Paulo, no finde. Na verdade, o que mais me chama atenção é o bom & velho Mickey Gang, que podem até me arrastar pra ver o show do The View. Vamos ver se topo.
Pra quem estiver em Porto Alegre, o papo acontece no auditório da Fundação Iberê Camargo (Av. Padre Cacique, 2000) e, pra participar, você tem que confirmar presença no email imprensa@opuspromocoes.com.br. Cola lá.