A nova safra indie brasileira está vindo à toda e há artistas novos surgindo em todos os lugares – e não é diferente em Belo Horizonte, terra da Clara Bicho (já tinha falado dela no ano passado), que lança mais um single nesta terça-feira e antecipa em primeira mão aqui no Trabalho Sujo. O delicioso groove minimalista de “Cores da TV” também marca sua parceria com Sophia Chablau e o primeiro degrau de seu EP, que será lançado ainda neste semestre. “Um dia compartilhei que gostava muito de uma música da Sophia e nunca tínhamos conversado antes”, lembra a compositora mineira, que conheceu o trabalho de Sophia com sua banda Uma Enorme Perda de Tempo há uns três anos. “E ela me respondeu dizendo que curtiu meu trabalho, me mandando uma mensagem logo em seguida me convidando para a gente fazer alguma música juntas”. Clara lembra que “sempre me chamou atenção a forma como ela compõe, como escreve, como usa as palavras e cria as melodias – de alguma forma me identifiquei.” Marcaram de se conhecer quando Clara veio a São Paulo, mas, por motivos de saúde, as duas só puderam se conhecer quando Sophia foi para Belo Horizonte. Ao perguntar pra Sophia como ela foi convidar alguém que mal conhecia para compor juntas e “ela me disse que antes tinham falado de mim para ela e que ela ‘tinha que me conhecer e nos daríamos bem'”. Tanto deu que eis aí a colaboração, ouça abaixo:
Tem um bicho vindo aí e seu nome Clara. Segredo belorizontino que começa a ser revelado lentamente (como de praxe), Clara Bicho está despontando na cena independente brasileira e lança seu terceiro single, “Eu e a Lua”, feito em parceria com o produtor Linguini, nessa sexta-feira, só que o antecipa em primeira mão aqui para o Trabalho Sujo. “A música veio de uma vontade de fazer uma coisa diferente do que eu já lancei e ando gravando, não se parece muito com ‘Luzes da Cidade’ nem com ‘Tarde’ e nem com o meu EP, que vai sair”, ela explica, falando dos singles anteriores e do próximo lançamento. “Eu estava escutando muito Kaytranada e pensei que queria fazer um house, pelo que eu pesquisei, não tem muito house em português e queria fazer, aí chamei o Linguini. Não sei se o pessoal que me acompanha vai gostar, porque é outra ideia, mas me sinto feliz de ter feito.”
Para ela, o produtor que a acompanha é o artista mais talentoso de sua cidade. “Tentei fazer o house sozinha, não estava dando certo, aí me lembrei dele e mandei uma mensagem, já ele que tem a manha desse tipo de música”, explica a cantora mineira. “Nós estudamos no mesmo curso na mesma faculdade, fazemos Jornalismo na UFMG e temos alguns amigos em comum. Mandei para ele um áudio com voz e piano e ele começou a desenvolver a música, mexer na estrutura e fazer o beat. A música se transformou muito. Fiquei feliz de ter trabalhado com ele, foi incrível.”
Com influências que vão de Marcos Valle a Ana Frango Elétrico, ela ainda cita o synthpop do francês Lewis Ofman, a cena city pop do Japão e outras referências brasileiras, do Clube da Esquina a Sophia Chablau e uma Enorme Perda de Tempo. “Sempre fiz arte e há alguns anos, criei uma conta no Instagram para postar os meus desenhos e pinturas. Coloquei o nome de ‘Bicho’, porque queria que fosse algo sem gênero, sem idade, sem nome, apenas um bicho mesmo”, continua. “Aí começaram a me chamar de Clara Bicho, mas acho que ‘Clara Bicho’ sempre existiu em mim, antes de eu saber o nome.” Além dos primeiros singles, ela planeja lançar um EP na segunda metade do ano, apenas com músicas inéditas, que ela considera suas melhores composições. “Quem gostou desses singles muito provavelmente vai curtir o EP, toquei as músicas ao vivo e o público gostou… É um bom sinal, eu acho! Estou animada também porque terão algumas participações de artistas e músicos que admiro bastante”, comemora. Abram alas pra Clara Bicho!