Para encerrar as comemorações do seu primeiro aniversário, o Cineclube Cortina exibiu o Bacurau de Kleber Mendonça Filho sob o efeito de um poderoso psicodélico: um show dos Boogarins, que toparam o desafio de fazer a trilha sonora ao vivo para o filme de 2019. E qual foi a minha surpresa quando em vez de simplesmente criar uma trilha nova ou de improvisar em cima das cenas, o grupo goiano preferiu costurar suas próprias canções com momentos de viagens instrumentais, realçando algumas falas do filme enquanto elas aconteciam (função que ficou a cargo do guitarrista Benke Ferraz, que aumentava o volume dos diálogos em alguns momentos-chave da apresentação). Não sei se vão repetir esse evento, mas deveriam, pois o grupo conseguiu misturar seus próprios temas com os do filme de maneira muito sagaz – o filme foi pontuado pelas variações de “Lá Vem a Morte”, o herói Lunga é apresentado ao som de “João 3 Filhos” e o “Bichos da Noite”, de Sérgio Ricardo, foi revisitada em outras passagens, com mais de duas horas de transe goiano no pleno sertão verde nordestino. Uma noite histórica, que ainda viu o público do Cortina sentar-se no chão voluntariamente para que todos assistissem bem o filme.
A carioca Ana Frango Elétrico encerrou o capítulo Little Electric Chicken Heart há pouco tempo, mas enquanto não lança seu tão aguardado terceiro álbum, que sairá em algum momento deste segundo semestre, ela não consegue parar quieta – e nesse sábado juntou-se a Thomas Jagoda para mostrar uma versão “de bolso” de seu show no Cineclube Cortina, fosse acompanhada apenas do teclado do amigo ou tocando sua guitarra ao mesmo tempo, num formato mais enxuto – mas não propriamente intimista. O público reunido, devoto de sua obra, acompanhava as canções de acordo com o clima que Ana as forjava, em alguns momentos quieto e passivo, em outros com seus berros regidos pela própria Ana. No repertório, ela passeou por faixas de seus dois álbuns, algumas músicas alheias que puxou da cartola (a excelente “O Leão e o Asno” do Vovôbebê, “Não Tem Nada Não” do Marcos Valle, “Cara do Mundo” da Gal em seu Recanto, “Debaixo do Pano” da Sophia Chablau), pinçou duas inéditas (“Insista em Mim” e “A Sua Diversão”) e encerrou com a ótima “Mulher Homem Bicho”, single que lançou neste interregno entre seu disco mais recente e seu próximo trabalho, deixando todo mundo querendo mais.
Tá com vontade de se acabar de dançar, né? Então separa aí na agenda o dia 5 de maio que toco mais uma edição das #noitestrabalhosujo dentro da segunda celebração do Alberta #3 que a Neiva e a Noemi estão puxando no Cine Cortina. Yuri Goo e Marcos Bacon abrem a noite com aquele gostinho de Funhell, deixando depois o som na mão da DinaMesmo do Bailindie, que passa a bola pra eu terminar a noite naquele nível de acabação feliz que você conhece. Os ingressos já estão à venda e a noite vai ser booooowa…
Encabeçado pelo músico Thiago França (Espetacular Charanga do França, Metá Metá), a festa Xepa Sounds chega ao Cineclube Cortina numa sessão dupla comigo. Ao lado dos percussionistas Samba Sam e Pimpa, ambos também integrantes da Charanga, França oferece o creme da música pra dançar brasileira que vai da axé music dos anos 90 ao piseiro do século 21, passando por clássicos do samba e hits pop, num repertório totalmente aleatório que, mesmo com a formação reduzida, sem os tradicionais elementos de harmonia na banda, contando apenas com um sopro, percussões e liberdade total, tornou-se um grande bailão-karaokê, dominado pelo calor da pista. Nesta edição, a Xepa me convidou para celebrar meus 48 anos, completos no último dia 13, ao lado do trio. Então trago mais uma vez as Noites Trabalho Sujo para o Cineclube Cortina, atravessando a madrugada por flashbacks do futuro e clássicos radiofônicos, enfileirando hits de todas as épocas, gêneros e lugares desde que faça a massa embalar na mesma onda coletiva, sempre dançando e sempre alto astral. Vamo dançar! Os ingressos podem ser comprados aqui.