
Em uma semana cheia de shows já considerados clássicos e de artistas de peso, foi muito bom poder ver outro de uma artista que vem se firmando como um dos novos nomes da música internacional. A cantora e compositora Nilüfer Yanya ainda é desconhecida do público brasileiro, mas mesmo assim reuniu um bom público nesta quarta-feira para vê-la no Cine Joia. Com sua voz grave e suave e canções entre a melancolia e a doçura, ela conquistou o público – que cantou várias de suas músicas em coro – acompanhado do sax derretido de Jazzi Bobbi, que faz às vezes dos solos de guitarra com um som alongado e metálico e além de músicas encantadoras como “My Method Actor” (faixa-título de seu ótimo disco do ano passado), “Like I Say (I Runaway)”, “Wingspam”, “Call it Love” e “Midnight Sun”, ainda encontrou uma brecha para celebrar uma de suas musas, PJ Harvey, na faixa que batiza seu primeiro álbum, “Rid of Me”. E apesar do show não ter bis, Yanya desceu para cumprimentar o público ao final do show, conversando com quase todos os fãs que foram vê-la, sempre com o mesmo sorrisão agradecido que atravessou seu rosto na maior parte do show..Muito bom.
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Tá certo que ao fazer um show fora de festival, o Yo La Tengo garantiria um brilho especial para sua apresentação, mas o critério de desempate nem pode ser a duração, já que o show que fizeram nesta segunda-feira no Cine Joia teve quase a mesma duração (pouco mais de uma hora e meia) de seu show no festival na Balaclava, no dia anterior. Mas se no domingo rasgaram a microfonia em números gigantescos – e canções doces e singelas no percurso -, no show acústico preferiram não optar por um setlist pré-definido e foram atendendo aos pedidos do público (e escolhendo músicas entre si) à medida em que o show ia acontecendo, como fazem todo ano ao participar do programa beneficente da rádio nova-iorquina WFMU, quando tocam músicas que às vezes só conhecem de nome. E nem mesmo ao optar por versões delicadas de músicas conhecidas não foi o suficiente para domar o brio elétrico do guitarrista Ira Kaplan, que por vários momentos arrancou ruídos brancos do amplificador de seu violão, acompanhado do baixo presente de James McNew e da bateria reduzida a um surdo, pratos e caixa, que Georgia Hubley tocava de pé, ao centro do palco. E entre músicas menos cotadas (como a estreia ao vivo de “The Way Some People Die”, do primeiro disco da banda, “Satellite”, “Pass the Hatchet, I Think I’m Goodkind” e “Season of the Shark”), ainda se dispuseram a fazer várias versões, começando com uma versão instrumental para “Blitzkrieg Bop” dos Ramones e passando por músicas menos conhecidas do Love (“A Message to Pretty”), do The Scene is Now (“Yellow Sarong”), dos Angry Samoans (“Right Side of My Mind”) e Gary Lewis & The Playboys (“Count on Me”). Mas ao exibir suas próprias joias de indie de maior quilate, o grupo não teve modéstia e passeou por “From a Motel 6”, “Nowhere Near”, uma versão de chorar para “Tom Courtenay”, “Last Days of Disco”, “Damage”, “Black Flowers” e a dobradinha “Moby Octopad” e “Our Way to Fall”, que encerrou a primeira parte do show. No bis, os três voltaram brincando de fazer bossa nova (com a lindinha “Center of Gravity”), além do cover do Gary Lewis e a perfeita “My Little Corner of the World”. Foi perfeito.
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“Eu nunca achei que a gente ia viver de música quando a gente fez essas músicas, eu nunca achei que ia ter esse tanto de gente pra ouvir e cantar essas músicas desse jeito, quando a gente lançou esse disco a gente nem tocava ele inteiro”, comemorou Dinho no final da comemoração de dez anos do segundo disco dos Boogarins, Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos, que o grupo fez nesta quinta-feira no Cine Joia. Com a casa lotada e o público cantando todas as músicas (inclusive os solos de guitarra), o grupo deslizou seu disco mais pop com a química musical e a excelência sonora que atingiram picos que os goianos nunca poderiam imaginar quando o gravaram originalmente, como o guitarrista bem salientou ao final da última música, “Auchma”, esticando sempre os miolos instrumentais para lugares improváveis. E para não ficar preso no passado, o grupo sequer parou para um bis e já emendou com uma sequência de músicas do disco novo Bacuri (“Amor de Indie”, “Chrystian & Ralf”, “Chuva dos Olhos” e a faixa-título) e encerrou a viagem com uma versão delírio para o hit “Foi Mal”. E os cabelos do Fefel estavam ótimos.
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Cataploft! Nilufer Yanya no Brasil sem aviso assim mata o coração de qualquer vivente! Dona de um dos melhores discos do ano passado, ela toca no Cine Joia dia 12 de novembro — e os ingressos começam a ser vendidos nessa sexta. E tenho a sensação que uma sessão vai ser pouco…

A Balaclava acaba de confirmar que o clássico grupo Yo La Tengo, que virá ao Brasil este ano como parte de seu festival anual (que acontece no dia 9 de novembro e ainda conta com Stereolab, Geordie Greep, Fcukers, Gab Ferreira, Jovens Ateus e Walfredo em Busca da Simbiose), fará mais um show em São Paulo quando apresenta–se em versão acústica e intimista no dia seguinte, dia 10, no Cine Joia. Quem comprou ingresso para o festival tem desconto para ir no show do Yola no dia seguinte – e os ingressos já estão à venda. Que notícia foda!

Sempre é um prazer poder ver nossos amigos musicais escoceses quando eles vêm ao Brasil – e felizmente o show do Teenage Fanclub segue sendo aquela celebração ao alto astral, mesmo quando puxam canções mais melancólicas. Escrevi sobre esse momento pro Toca UOL.

Não é só a Céu que está comemorando aniversário de disco clássico em outubro: os Boogarins acabaram de anunciar para o primeiro show de celebração de seu clássico Manual ou Guia Livre de Dissolução dos Sonhos, que completa uma década em 2025. O show acontece dia 30 de outubro no Cine Joia e deve seguir como turnê logo em seguida, como o grupo fez com o aniversário de 10 anos de seu disco de estreia. E esse Manual é bom demais… Os ingressos já estão à venda.

Numa cartada ousada e acertada, Odair José abrirá o show que o Brian Jonestown Massacre fará no Brasil no dia 28 de novembro, no Cine Joia. A ótima banda paulista Ema Stoned também fará parte da programação, abrindo a noite, mas ela de alguma forma está dentro do espectro psicodélico noise da banda dos Estados Unidos. Já o veterano outsider Odair José pode parecer peixe fora d’água aos ouvidos incautos, mas tem tudo para funcionar bem como aquecimento para show, numa aposta tão firme quanto a escolha de chamar o Trio Mocotó para abrir o último show que a mesma banda fez por aqui há dois anos, na mesma casa de shows. Assim que se faz.

Uma das principais mulheres na história do reggae, Sister Nancy vem ao Brasil mais uma vez para fazer três shows no Brasil, o primeiro deles no festival Afropunk, em Salvador, quando a diva jamaicana visita pela primeira vez a Bahia acompanhada do BaianaSystem, no dia 9 de novembro (e os ingressos já estão à venda). O festival ainda terá shows de Jorja Smith, Attooxxa, Tems, Liniker, BK’, Budah, Péricles, MC Luana, entre outros. Em São Paulo, seu show acontece no Cine Joia, com abertura da Lei Di Dai dia 11 (ingressos à venda neste link) e dia 13 ela vai pro Rio, onde apresenta-se no Kingston Club acompanhada da crew dos Digitaldubs (ingressos aqui). Vai ser pesado…

Além de seu evento principal, o Popload desse ano desdobrou-se em dois eventos paralelos realizados no Cine Joia – o primeiro deles com a banda nova-iorquina Lemon Twigs, um dia antes do festival e o outro no dia seguinte, com a mestra Kim Gordon fazendo uma apresentação solo. E diferente do primeiro deles, o segundo contou com uma abertura à altura da atração principal. E não apenas porque a norte-americana Moor Mother – artista,ativista e poeta – transita em uma seara musical tão perigosa e transgressora quanto a atual fase da fundadora do Sonic Youth, mas por ter convidado Juçara Marçal e Kiko Dinucci para a acompanharem na primeira parte de sua apresentação, que pode ser considerada um dos grandes momentos do festival como um todo. Juntos, os três desbravaram um caminho tortuoso entre o canto e a fala, com Moor Mother e Juçara entrelaçando vozes em uma ação contínua entre som e sentido, enquanto Kiko seguia tornando seu violão percussivo, batucando riffs, linhas de baixo e ruídos para as duas soltarem-se livres. Depois que a dupla saiu, Moor Mother seguiu sozinha no palco igualmente virulenta, cuspindo versos em dois microfones, um deles sempre com algum efeito, enquanto disparava bases eletrônicas e pesadas a partir de seu computador. Mas depois do ataque inicial do trio, seu solo perdeu um pouco do atordôo, tornado livre justamente por não ter nenhum elemento sonoro pré-gravado. E era só o começo da noite…

Depois Kim Gordon subiu ao palco do Cine Joia para encerrar as atividades do Popload Festival deste ano como principal artista do segundo show paralelo do evento – e quanta diferença um lugar pode fazer a um show. Porque ela apresentou um show bem parecido – tanto em repertório quanto em duração – com o que fez na versão completa do festival, no dia anterior. Mas colocá-la em uma casa de shows sem luz natural e com o foco totalmente preso nela fez toda a diferença – principalmente porque no sábado ela tocou ao ar livre, sob a luz do sol e com o som e atenção do público dispersos. O domingo foi a vingança de Kim Gordon, que ainda contou com um ótimo som no Cine Joia, que potencializou ainda mais a virulência de sua apresentação. Vestindo uma camisa social e gravata preta no lugar do moletom do dia anterior, ela veio mais a rigor para um show que, como o outro, priorizava seu segundo álbum, The Collective, à frente de uma banda de rock novíssima que não ficava presa às amarras do gênero – muito pelo contrário, buscava explorar com vigor e ruído os espaços abertos por Kim em sua investigação musical em torno da música urbana deste século. O canto falado e quase ausência de contato com o público reforçavam a frieza da sonoridade daquele quarteto, solapando bordoadas sonoras que passavam pela banda anterior de Kim como referência (ela inclusive pegou na guitarra em várias canções), mas não reverência, fazendo todos saírem felizes do encontro ao perceber que ela continua um motor da transgressão, mas não quer olhar para trás. Muito foda.
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