Cincos vídeos que definem a PELVs, por Dodô
Ao contrário do que falei, Dodô não deverá tocar com a PELVs no show desta quarta-feira em São Paulo, mas virá à cidade prestigiar sua banda ao vivo. Descolei três pares de ingressos para quem quiser ver o show deles, que acontece no Da Leoni (o antigo Studio SP da Augusta), nesta quarta. Para faturar, basta responder nos comentários qual é a sua música favorita da banda e porque gostaria de vê-la ao vivo. Aproveitando a vinda de Dodô para São Paulo, também o convidei para discotecar comigo na próxima Noite Trabalho Sujo, e pedi para ele selecionar e comentar cinco vídeos importantes da PELVs. Os vídeos – e as justificativas – seguem abaixo. Fala, Dodô:
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“Demo completa que definiu o álbum Peter Greenaway. Nesta época, estávamos compondo uma grande canção por dia, sem parar. Decidi, então, que o álbum teria um conceito: a canção pop reduzida a apenas suas células, tocadas sem repetição. A + B + Refrão, fim. Músicas de 30 segundos que decretassem, naquela época 1993, o fim da canção pop. As mais belas canções do mundo cuidadosamente arranjadas e gravadas para que o ouvinte tivesse a maior dificuldade possível em acessar sua beleza. A antítese do que a música, inclusive a alternativa, viraria no século 21, PELVs incluída: todos passaram a fazer confort music.”
O videomaker Alexandre Guena foi o que mais entendeu a proposta da PELVs fase Peter Greenaway’s Surf. Em 1993 não existia internet, e o recurso de “repeat” num CD era tambem algo novo. Fez-se, entao, uma canção de 30 segs apenas com o A da música. O ouvinte que a coloca-se no repeat para ter a canção completa. O internauta que clique em “ver de novo”, para apreender esta video instalação do Guena.
Esta faixa é do disco seguinte ao Peter Greenaway, o Members To Sunna, considerado o melhor disco da banda pelos integrantes. Aqui, Guena consegue fazer o que não conseguimos: estabelecer um elo entre o lo-fi de Peter Greenaway’s Surf e o hi-fi confort que iria caracterizar a banda a partir dali. Este elo é estético: screentests a la Warhol e uma obsessão por mulheres inteligentes. Se coloquei na capa de Peter Greenaway’s Surf a atriz Catherine Spaak, Alexandre coloca aqui a linda e inteligentissima cineasta Fernanda Fontes e a atriz Amanda Gracioli, a quem não conhecia na época, mas que o destino me fez na Europa conhecê-las, me apaixonar, tornar amigo e trabalhar junto.
“Essa canção tá muito bonitinha. Tem citação a Antonio Carlos e Jocafi, tá muito acessível. O que fazer pra escondê-la dentro do álbum? – Já sei! Vamos colocá-la tocando simultaneamente junto com outra música. Cada uma numa das caixas de som!” – Nossa cabeça fervilhava ao bolar o conceito de Peter Greenaway’s Surf. Esta é a canção que tocava na caixa da direita – Guena isolou o som aqui e facilitou o trabalho do consumidor. Deu ao consumidor uma colher de chá que eu, sinceramente, acho que não merece.
E essa tocava no na caixa de som da esquerda. Guena aqui isolou tb. Sugeri que a banda montasse duas bandas no palco e que tocasse as duas músicas ao mesmo tempo, para ficar exatamente fiel ao conceito do disco. Mas o público não iria curtir. E, com o tempo, ficamos velhos: passamos a nos importar com o público.